Jin passava pelas barracas do acampamento de Grand Chase à procura de uma de suas armas, que provavelmente Lupus havia escondido. ‘Típico daquele atacado...’ pensou ele. Parou em frente à barraca do garoto de cabelos castanhos. Olhou pros dois lados; pra cima; pra trás e pra baixo. Nem sinal dele. Chamou pelo nome do companheiro, mas ninguém respondeu.

Resolveu entrar na instalação. Adentrando o cômodo, se deparou com uma cena que definitivamente não o animou: na cama e por todo o chão se acumulavam roupas sujas, a maioria cuecas, além de lixo, como maçãs roídas e pacotes de salgadinho abertos. Ele teria que procurar naquela imundice...

O iluminado começou tirando o entulho de cima da cama e quase berrou ao escavar e encontrar a cabeça de Lupus no travesseiro. Ele dormia e babava excessivamente... Jin bloqueou o nariz com os dedos e chegou à conclusão que nem aquele traste dormiria em cima de uma arma: era muita idiotice.

Resolveu vasculhar o resto do quarto e achou o que procurava num canto sombrio do aposento, então saiu xingando baixinho e limpando sua espada.

– Filho de uma boa mãe, esse oligofrênico rouba e ainda suja a... – Ele parou ao perceber que Amy praticava alguns passos de dança num campo aberto perto dali. Deixou-se apoiar num tronco de árvore, encarando os movimentos graciosos da garota com um sorrisisinho bobo e um olhar compenetrado, até ouvir um risinho abafado e dar um pulo, quase caindo em cima de Arme, que se encontrava ao seu lado, observando-o.

– Há há há! Eu sempre soube que você se sentia atraído pela Amy. Você não engana a Arme aqui não, seu danado! – disse num tom de deboche.

– MAS QUE POR...!

– Não fale palavras feias, Jiiiiiiiin!! - disse ela com uma voz chorosa - E pode ficar tranquilo que eu não conto pra ninguém. – completou com um sorriso ingênuo nos lábios – Pra sua sorte, eu conheço até um feitiço que pode te ajudar a conquistar a Amy!

Voltando ao seu estado naturalmente sério (apesar de seu rosto absurdamente vermelho) ele questionou com certo desinteresse sobre o feitiço. Arme explicou que era uma coisa da qual se recordava dos seus tempos na Academia de Magia: as garotas mais velhas descobriram um tal ‘Feitiços Loveô’ em um livro da Biblioteca e resolveram testar com os pretendentes.

O feitiço não conseguia um amor verdadeiro, mas intensificava a atração natural do enfeitiçado por uma pessoa pré-selecionada e a partir daí, se tornava muito mais fácil a aproximação. A maga roxa passou algum tempo grudada às pernas do garoto enquanto ele andava, tentando convencê-lo a aceitar a sua ajuda.

Ela era tão entusiasmadamente irritante que conseguiu fazer com que ele aceitasse. Passaram o restante do dia colhendo os ingredientes, que eram coisas simples como grama, bolor, açúcar e minhocas. De noite, após o jantar, se reuniram na barraca de Arme, se escondendo para que ninguém os visse e suspeitasse... ‘Principalmente Amy e Elesis’ pensou Jin.

Arme preparava alegremente a poção enquanto Jin dava os ingredientes para ela, completamente entediado. Enfim ela parou em frente à tigela onde havia há pouco tempo acrescentado tudo e proferido encantos. Olhou com os olhinhos brilhantes para Jin e disse:

–Kyaaaah! Está pronto, Jin! Agora nós temos que esperar até amanhã para o pó assentar e esfriar – disse ela tampando a bacia com um pano – e você venha me ver amanhã depois de acordar. O plano é o seguinte: Jin-kun joga o pozinho na Amy sem ela ver e diz exatamente ‘Oi, Amy, estive procurando por você’ – disse a garota imitando a voz do guerreiro – e quando ela voltar os olhos para a sua pessoa... POW!! – Jin dá um salto com o grito da amiga - vai ser arrebatada pelo seu charme. Daí você faz o que souber fazer de melhor, mesmo que até se você der um rolo de papel higiênico de presente pra ela, ela te amará.

Ela empurrou o pobre rapaz pra fora da sua barraca, acenando alegremente e voltando a entrar logo em seguida. Para a má sorte de Jin, ao se virar para ir aos seus aposentos, deu de cara com Ryan.

–R-Ryan?... Não é o que você está pensando... E-eu...

–A sua sorte, seu panaca, é que eu não posso contar nada pra Elesis porque o seu castigo seria cruel, assim como o da Arme. Volta essa bunda gorda pra tua cama que eu vou ficar a noite toda de olho em você, TÁ OUVINDO?!

O garoto irritado seguiu o amigo até a barraca dele, fuzilando-o com os olhos, e seguiu para a sua, olhando para trás para verificar se ele continuava lá dentro.

Durante a noite, o pano que tapava a poção no quarto de Arme voou e, dentro da mistura, pousou um pequeno grilo, que foi pulverizado e absorvido pela mesma, tornando o pó um tanto mais claro, mas nada que fosse perceptível.