Acordo de manhã com o celular tocando. Que saco. Além de ter que ir a escola de segunda a sexta tenho que acordar cedo. Maravilha.

Coloco no modo “soneca” e volto a dormir.

Quando acordo de novo, olho para o relógio. Meu Deus! Estou completamente ferrada. Já se passou meia hora do momento em que eu deveria ter acordado! Xingo o despertador e pulo da cama para me arrumar. Faltam somente quinze minutos para começar a aula. Ah, quer saber? Se eu entrei na chuva é pra me molhar. Vou matar a primeira aula.

Tranquilamente escolho uma blusa preta com uma caveirinha de fones de ouvido e uma calça jeans rasgada com meu tênis all star vermelho.

Arrumo meu cabelo, que acordou horrível, o que só dificulta meu trabalho. Fico mechendo nele até que o resultado me agrade.

Agora falta meia hora para a próxima aula começar.

Desço as escadas e pego uma torrada para ir comendo no caminho da escola. Ando vagarosamente pela rua, ouvindo musica. Quando chego na escola, tenho que esperar apenas mais cinco minutos para entrar na próxima aula.

Vou até o meu armário para pegar meu material. Quando o abro um papelzinho cai. Abaixo e pego.

No bilhete tem uma simples frase, escrita em caligrafia cuidadosa e bonita:

“Encontre-me na frente da arvore grande, na hora do intervalo. Peeta”

Peeta quer que eu o encontre. Ótimo, aposto que é sobre o trabalho. Não estou nada a fim, mas como preciso enrolar ele tenho que fazer isso.

Bufo irritada e ouço o sinal tocar. Vou para a classe, para a aula de matemática. Argh, como odeio matemática. Entro na classe e atraio olhares, já que cheguei atrasada. Não me importo, estou até acostumada. Vou até o fundo da sala e sento-me em meu lugar ao lado de Clove.

O professor Snow, como eu o odeio, entra na sala já nos mandando fazer exercícios.

– Por que chegou atrasada? – sussurra Clove

– Acordei meia hora atrasada – respondo – até tempo de chegar, mas eu não estava afim.

Clove me lança um olhar de desaprovação.

– Katniss, assim você repete o ano.

– Clove – falo imitando a voz dela – dane-se.

Ela volta a olhar para seus exercícios. Clove é meio nerd, sempre preocupada com as notas. Também, com pais como os dela até eu me esforçaria para tirar no mínimo sete.

Olho para os lados e vejo Gale fazendo par com Madge. Eles conversam animadamente sobre as equações. Rio, porque sei que ele não está entendendo nada.

– Olha lá – digo dando um cutucão em Clove – Olha quem tirou a sorte grande.

Clove ri.

– Sempre achei que eles ficariam juntos – diz ela – Eles combinam.

– Estou interrompendo alguma coisa? – pergunta o professor Snow

Olho para cima. Ele me dá náuseas. Pequeno, magro. Cabelos e barba brancas. Desprezível. Abro a boca, para dizer que sim, só que Clove me dá uma cotovelada.

– Não senhor – diz ela, de cabeça baixa – Desculpe.

Ele nos olha com desprezo e sai andando. Como eu o odeio.

A aula acaba um pouco depois e nós vamos para o intervalo.

– Vou comprar na cantina hoje – diz Clove – vem comigo?

– Não posso hoje – respondo – tenho que me encontrar o Peeta.

Clove sorri, maliciosamente.

– O Peeta é? Ta bom então vou lá com a Delly.

Reviro os olhos.

– Ele que conversar sobre o trabalho.

– Sei – diz Clove – vai logo Katniss.

Dito isso ela vai para fila junto com minha prima Delly. Ela é loura, pálida e um pouco desajeitada. Ela é simpática com todo mundo, principalmente comigo. É a melhor amiga de Peeta. Assim que Clove começa a conversar com ela, Delly me avista dá um “tchauzinho”. Sorrio e me viro.

Vou até a árvore que Peeta disse, e o encontro lá lendo um livro com uma capa azul.

Pigarreio para chamar sua atenção. Ele levanta os olhos, azuis como o céu. Os cabelos louros caindo acima dos olhos, bagunçados de um jeito bonito.

– Posso me sentar? - pergunto cautelosa

O que está acontecendo comigo? Estou sendo educada? Eu nunca sou educada!

Peeta sorri e balança a cabeça em concordância.

– E precisa perguntar Katniss? – diz ele

Sorrio sem graça e me sento ao seu lado.

– Que livro é esse? – pergunto

– A Marca de uma Lagrima – responde – está na lista dos livros que teremos que ler. Achei que seria bem chatinho, mas é bem legal. Ainda não leu?

– Tenho cara de quem lê?

Peeta ri. Uma risada tão contagiante que rio também.

– A prova sobre ele é semana que vem – diz ele – quer que eu lhe empreste depois?

– Não precisa – respondo – sobre o que queria falar?

– Sobre o trabalho.

Eu sabia.

– O que tem? – pergunto

– Só quero avisar, que não vou fazê-lo sozinho Katniss – diz ele – eu sei que você vai tentar não fazer nada, mas não vai dar certo.

Ok, isso me pegou de surpresa. Como ele sabia? Nunca havia feito trabalhos comigo. Só pode ter sido a maldita da Delly.

– Oh Peeta, como você pensou que eu faria uma coisa dessas? – pergunto, toda inocente.

Ele olha para mim desconfiado.

– Conheço seu histórico de trabalhos – diz ele sério – sei que fará de tudo para que eu o faça sozinho. Desculpa te decepcionar, mas não vou deixar que isso aconteça.

Fico sem palavras. Eu ainda mato a Delly.

Depois disso ele simplesmente suaviza a expressão e diz:

– Te encontro hoje à tarde, na sua casa então, ok?

Ele levanta-se, me dá um ultimo sorriso e vai embora.

Fico lá, parada, com a boca entreaberta, sem poder me mecher.

Logo Gale senta ao meu lado.

– O que acontece Catnip? – pergunta

– Peeta – respondo

– O que tem ele?

– Não vai fazer o trabalho sem mim.

Gale levanta as mãos para o céu.

– Aleluia um que não cai na sua e faz tudo sozinho.

Dou um tapa nele.

– Gale, eu não tenho idéia do que é pra ser feito.

– Não imaginei que você copiaria alguma coisa do quadro.

Bufo, frustrada.

– Como vão as coisas com a Madge? – pergunto

Gale cora com a simples menção do nome dela.

– Ótimas... – ele murmura – acha que eu tenho chances com ela?

– Não – respondo – olha pra ela Gale, muita areia para o seu caminhãozinho.

Ele me olha feio. E fica olhando para o lugar onde Madge está conversando com Delly.

– Ela é perfeita – comenta Gale

O sinal bate.

– Vamos apaixonado – digo rindo – ou vamos nos atrasar.

– Como se você ligasse – diz ele se levantando

Vamos para a sala, ter mais umas daquelas aulas inúteis até o sinal bater.

Levanto e pego minhas coisas, não espero Clove ou Gale de novo. Minha cabeça está confusa demais e eu quero ir embora sozinha.

Vou andando até a frente da escola.

– Katniss! – uma voz me chama

Continuo andando e finjo que não escutei. Não quero conversar com ninguém.

– Katniss! – a voz fica mais próxima

Viro-me irritada e me deparo com Peeta.