- Katniss acorda! – ouço uma voz já irritada

Resmungo qualquer coisa e viro para o outro lado.

- Katniss – adverte a voz – ACORDA!

Coloco o travesseiro na cara e digo com a voz embargada:

- Eu não quero leite mãe...

- Acho que essa menina ta louca! – diz a voz

- Eu já resolvo isso – diz uma outra voz maligna – KatKat... Acorda, o Peeta ta aqui na porta...

- Eu sei que não, me deixa dormir – respondo emburrada

- ACORDA IMBECIL! – a voz maligna grita irritada

- ME OBRIGUE – grito de volta

Ouço passos e fico mais tranquila. Foram embora! Graças aos céus! Agora posso dormir em paz e...

Paz? Quem precisa de paz quando te jogam água fria?

- CLOVE! – grito me levantando

Ela sorri presunçosamente.

- Te obriguei. – diz com superioridade

Ok, Katniss 0 X Clove 349.

- Ótimo! Olha pra mim! – digo e olho para o relógio – Ta louca garota? São nove e meia ainda! Hoje é feriado, esqueceu?

- E você esqueceu que vamos sair com os meninos hoje? – diz Clove

Eu queria responder a altura, mas não posso porque é verdade.

Olho para Clove e Madge, que já estão vestidas e arrumadas.

- Anda logo que a gente ta com fome – diz Clove olhando as unhas

Madge cora.

- Não Kat, que é isso, estou sem fome... – diz

- Não era isso que você estava dizendo até agora – diz Clove e Madge a fuzila com o olhar

Levanto e vou batendo o pé até o banheiro. Tomo banho, escovo os dentes e penteio o cabelo. Saio com a toalha envolta do corpo e escolho uma roupa cuidadosamente.

As meninas já desceram, devem estar me esperando lá embaixo.

Nós vamos hoje em um parque de diversões perto daqui de casa que inaugurou há pouco tempo. Chamamos Peeta, Cato e Gale para vir conosco. Por que será?

Por fim, acabo escolhendo uma blusa preta com uma caveirinha cinza, um shorts jeans um pouco rasgado e meu tênis All Star vermelhos.

Agora o que eu faço com meu cabelo? Pelo amor de Deus, parece que ta cada dia pior!

Decido prende-lo em uma trança e finalmente desço as escadas.

- Aleluia! – diz Clove jogando as mãos para o céu – Achei que ia morrer de fome.

Reviro os olhos e vamos para a cozinha comer cereal com leite.

Pelo que me lembro, os meninos disseram que iriam passar aqui por volta do meio dia. Já são onze e meia e aqueles inúteis ainda não chegaram. Quando digo “inúteis” refiro-me a Cato e Gale.

Vamos para a sala assistir TV e Madge fica reclamando do cabelo.

Ela está perfeita. Com uma blusa rosa clarinha, uma calça preta e uma sandália rosa também. E nos cabelos louros ela têm uma fitinha branca e os deixou soltos. Ai meu pai, como ela consegue?

- Cale a boca Madge – diz Clove olhando para a TV – Você está linda.

Clove usa uma blusa vermelho sangue, um shorts preto e uma sapatilha da mesma cor. Os cabelos negros estão presos em um rabo de cavalo e ela usa um colar com pingente de faca que Cato lhe deu.

Vai entender o amor agressivo dos dois.

- É verdade Madge – digo – Você está linda, então pare de reclamar.

Madge abre a boca para protestar e a campainha toca. Clove vai atender e abraça Cato da maneira mais forte possível, Madge cumprimenta Gale timidamente e Peeta vêm em direção ao sofá me dar um beijo estalado na bochecha.

Bochecha. Que droga Peeta!

- Eaí povão? – diz um garoto que eu nem tinha percebido a presença

É aquele tal de Finnick que está de mãos dadas com a garota de olhos verdes, Annie.

- Eu chamei eles também, espero que não se importem – diz Peeta

- Claro que não – lanço-lhe um sorriso e me levanto para cumprimentar os dois.

- Sou Katniss Everdeen. – digo para Finnick e Annie

- Então você é a famosa Katniss? – diz Finnick olhando para Peeta, que cora violentamente – Sou Finnick Odair.

- E eu Annie Cresta – diz a morena sorrindo

- Ela é bonita mesmo Peeta – diz Finnick me analisando, Annie lhe dá um tapa

- Ai amor! – diz Finnick – Doeu!

Todos rimos.

- Todas contra Finnick! – brinca Gale

No caminho do parque, parece que nos conhecemos há anos. Finnick é extrovertido e engraçado, enquanto Annie é tímida e risonha, mas os dois parecem se encaixar perfeitamente. Sempre de mãos dadas e sorrindo um pro outro, chamando-se de “amor” ou “baby”. Então é assim que namorados se comportam?

Peeta e eu estamos agindo como se nada diferente tivesse acontecido, e isso está acabando comigo aos poucos. Observar Annie e Finnick de repente parece deprimente.

- Chegamos – anuncia Cato, que está de mãos dadas com Clove – Parece bem grande.

- Parece legal – diz Clove

- É legal! – diz Madge e todos olhamos para ela – Vim aqui na inauguração, é enorme! Não pude ir em todos os brinquedos.

- Então vamos aproveitar ao máximo – diz Peeta me puxando pela mão

Primeiro entramos na fila para a Casa dos Espelhos, onde Gale estava quase chorando para ir.

Depois de rir bastante com nossas imagens bizarras saímos e vamos direto para as barraquinhas de premio.

Nós brincamos com aquelas arminha de água, enchendo os balões até estourar. Minha pontaria é boa, então acabo estourando o balão antes de Peeta, que bufa irritado.

- Eu deixei você vencer... – diz

Dou risada.

- Parece que alguém está com o ego masculino ferido... – digo provocando

- Vamos logo – puxo ele para outra barraquinha, a do basquete

Eu não penso mesmo né? Peeta me destruiu, ficaram 107 a 23.

Depois de ir a uma série de barracas, decidimos encontrar todo mundo para ir à montanha-russa.

A fila é enorme, e nós ficamos um tempão nela, mas quando finalmente chegamos ao inicio da fila, fomos recompensados com um vagão inteiro só nosso. Eu e Peeta, Clove e Cato, Madge e Gale e Finnick e Annie.

A montanha-russa parece ser monstruosa, e quando ela começa a dar voltas, me agarro a Peeta gritando loucamente. Ele me acompanha, mas parece feliz.

Quando saímos, decidimos todos ir ao barco viking. A fila também é enorme e eu me sento ao lado de Peeta e Madge quando conseguimos entrar.

- A gente vai morrer – choraminga Madge

- Não fica com medo Mad – diz Gale – Estou aqui pra te salvar

O barco começa a ficar mais rápido.

- CREEMDEUSPAITODOPODEROSO, SOCORROOOOOOOOOO – grita Gale

- É Madge, nós vamos morrer. – digo

Aí a coisa aperta. O barco parece que vai virar de ponta cabeça. Eu, Peeta, Madge e Gale gritamos loucamente enquanto Cato, Clove, Finnick e Annie no banco da frente pedem mais rápido.

- Vocês enlouqueceram?! – grito desesperada – PAREM O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!

Peeta gargalha ao meu lado.

Quando o barco da morte finalmente para nós descemos e eu quase beijo o chão.

- Vamos em algo mais tranquilo sim? – digo

Peeta dá risada.

- Vamos comer algo, depois iremos no carrinho de bate-bate – diz

Aprovo a idéia e vamos comer cachorro-quente.

- Quando eu era pequeno – diz Peeta – Achava que era cachorro de verdade e me recusava a comer.

Dou risada.

- Todo mundo diz isso, mas eu nunca imaginei assim – dou os ombros

Ele ri.

Depois de um tempo, vamos ao carrinho bate-bate, como Peeta prometeu.

Fico com um carrinho vermelho e ele com um azul. Ponho o cinto para não morrer.

O alarme soa e eu me sinto perdida por um tempo, mas acordo quando sinto uma batida forte no meu carrinho.

- Peeta! – grito – Você vai me pagar!

- Veremos... – devolve ele virando o carrinho e dando outra investida

Olho para ele com raiva e viro o carrinho para ir atrás dele, mas Peeta já está bem longe rindo da minha cara.

Viro o volante e trombo com um desconhecido. O bom desse brinquedo é que eu não tenho que pedir desculpas a ninguém, pois esse é o objetivo, bater os carrinhos.

Encontro Peeta e bato no carrinho dele com tudo.

- Há! – grito

Ele devolve a batida.

- Há! – ele me imita

Ficamos indo um atrás do outro e rimos muito. Depois de um tempo decidimos ir ao Splash, aquele brinquedo em que a gente se molha todo depois de completar um circuito de água.

Depois de meia hora de fila, entramos no barquinho em forma de tronco, ficamos no terceiro, onde não nos molharemos tanto.

Depois de cair da água e ela espirrar em todo mundo na frente e nós rirmos da cara deles, decidimos entrar na fila da roda-gigante Encontramos todo mundo lá também. Ficamos conversando e quando chega nossa vez entramos no pequeno vagão laranja. O moço fecha o dispositivo de segurança.

Clove e Cato estão um vagão acima de nós e já estão se beijando. Reviro os olhos. A roda-gigante começa a se mover e para quando chegamos lá em cima.

Olho para o céu e percebo que já escureceu, e a noite está linda.

- Linda não? – digo

- É... – diz Peeta olhando para mim

Coro um pouquinho e sorrio para ele.

- Katniss... Eu queria perguntar uma coisa – diz Peeta parecendo um pouco atrapalhado

- Diga

- Você sabe que eu gosto de você há bastante tempo – começa ele – E que estive esperando bastante por isso, e que não sei o que falar agora, justo eu, que sempre lidei bem com as palavras...

Inclino-me para frente, quase que por um impulso, e o beijo apaixonadamente, como nunca beijei ninguém. Peeta parece surpreso, mas logo corresponde colocando suas mãos na minha cintura enquanto eu entrelaço meus dedos em seus cabelos, o puxando para mais perto. Quem diria, Katniss Everdeen em um beijo romântico em uma roda-gigante com seu possível namorado.

Quando o ar faz falta, nós no separamos e nos entreolhamos com sorrisos abobados no rosto.

- Quer ser minha namorada? – pergunta Peeta simplesmente

Balanço a cabeça positivamente e sorrio para ele.

Têm como ser mais perfeito?

Nos aproximamos novamente e ouvimos palmas. De novo?

Olhamos para cima e encontramos Cato e Clove rindo.

- Own, quanta fofura! – diz Clove rindo ainda mais

Sem pensar, jogo um sapinho verde que estava ao meu lado na cara dela. Acerto, mas o sapinho acaba caindo. Eu e Peeta olhamos para baixo e observamos o sapo cair em cima de Finnick e Annie, que estavam abraçados em um banquinho.

Rimos juntos e logo estou em seus braços.

Clove e Cato nos deixaram em paz, e agora estamos observando um ao outro. E eu continuo me perdendo naqueles olhos azuis.