Saito’s POV

  Hiraga Saito, meu nome, eu escutava ele ser dito em um tom tão .. infeliz e desesperado. Ódio. Ódio era o que eu sentia naquele momento, ódio de mim mesmo por ser tão fraco, por ser tão inútil e por fazê-la sofrer, ela, logo ela, Louise.

- Saito! Saito! Não .. Não ... Saito!

   A voz chorosa de Louise ecoava por minha mente que já estava quase vazia, eu sentia todos os meus pensamentos se esvairecerem para qualquer lugar, separados, fragmento por fragmento como se quisessem fugir daquela voz de desespero, fugir daquele problema, daquele peso que era deixá-la sozinha.

  Ela se debrussou sobre meu peito, minha jaqueta branca e azul agora manchado por uma enorme poça de um vermelho sangue, aquele sangue era meu, aquele sangue tinha um cheiro incrívelmente forte e ele era a única coisa que me fazia juntar forças para poder dizer uma única coisa a Louise.

  Para mim, tudo estava acontecendo tão depressa, eu sentia que não iria ter tempo o suficiente mas me esforcei para ainda não morrer. Sim, era isso o que me restava agora, morrer diante da única pessoa que eu realmente amei, que eu superei incontáveis coisas, desde batalhas horríveis até seus ataques de ciúmes e coisas do tipo.  Só de lembrar eu me sinto tão bem, tão leve.

  Eu ouvi passos, me perguntei de quem seriam mas logo eu ouvi uma voz fina. Tiffania, ou Tiffa como era mais conhecida desde que chegara na escola. Ela também parecia abalada por seu tom de voz, mas desta vez não havia nada que ela pudesse fazer por mim, não haveria acessório élfico que fosse me fazer voltar a vida desta vez.

   Alguém se aproximou de Louise e eu ouvi ele dizer de modo autoritário e amendrontador:

- Louise Françoise De La Baume Le Blanc De La Valière! Afaste-se do cadáver ou irá se arrepender!
 

  Droga, eu sabia que não era algum aliado, eu ouvi ele se aproximar cada vez mais de Louise que eu sabia que não iria ter reação, eu só podia contar com Tiffania, que de um modo ou de outro, conseguiu ao menos deixá-lo inconsciente. Tiffa, nunca vou poder te retribuir tantas coisas que já fez por mim.

  Eu havia finalmente conseguido juntar forças o suficiente para afagar a cabeça de Louise, tentando não lhe preocupar tanto, assim ela levantou seu rosto ainda inundado pelas lágrimas. Eu tentei dar-lhe um sorriso torto e fiz esforço para conseguir falar com ela pela última vez.

- Louise ... – Minha voz era baixa como um sussurro. – Tudo bem, Louise ...
   Ela tentou me interromper mas eu tinha que continuar, eu tinha que dizer, eu quase supliquei para que ela me deixasse fazê-lo, mas o fiz sem dizer uma única palavra. Ela entendeu e secou suas lágrimas.

  Tomei algum folêgo para dar, literalmente, meu último suspiro. Com a mão que a pouco afagava os fios rosados dela, eu deslizei para o rosto da mesma a aproximando levemente de mim, ridículo, pensei de mim mesmo, nem para isso eu tinha forças ... Finalmente, eu soltei como um último suspiro, minha voz quase não saiu mas ela entendeu perfeitamente as minhas palavras, e visto que eu tinha mais um único segundo de vida, Louise deixou as lágrimas escaparem assim que me ouiviu, mas ela sorriu, sorriu como quando dançamos pela primeira vez no baile, no primeiro ano que passei ao seu lado, o meu sorriso, logo me disse com uma voz calorosa que poucas vezes podia ouvir.

- Aishiteru mo, Saito.

  Eu sabia que ela estava se segurando para logo não desabar sobre meu corpo novamente, meu corpo que agora já era realmente um cadáver como antes dito pelo guarda que havia pronunciado o nome daquela garota. Eu podia morrer feliz, meio inconformado, mas feliz por ter escutado a resposta de Louise antes que todos os meus fragmentos se perdessem pelo mundo.