A lua brilhava suavemente dentro de seus olhos aquele dia. Eu jamais esquecerei o suave toque de sua pele fria. Por que tudo tinha que ser  tão injusto assim? Você olhava  tristemente, era algo tão inevitável? Por que tínhamos que perder? Por que não podíamos viver em paz como sonhávamos? Onde estavam nossas vontades?  Era injusto! Por quê? Porque tão injusto?

“Vai ficar tudo bem”, em um sussurro calmo você disse naquele dia, mas era tão obvio. Eu sabia que não ia ficar, pelo menos pra mim. “Não se preocupe, vai ficar tudo bem”. Por que ele queria me abandonar daquele jeito?

A doce lua, que selou o nosso amor aquele dia, estava o deixando partir. Eu gritei o máximo que pude. Eu sabia que ele me ouvia, mas ele não ousou olhar pra trás. Eu não queria perdê-lo. Eu corri com a lua.

“Por que você está me torturando?”, ele perguntou choroso. “Não vê que eu posso te... machucar? Ou até pior...”

“Eu não me importo!”, lembro de ter respondido. “Eu não me importo! Desde que seja por suas mãos... eu-não-me-importo”, sussurrei encostando minha cabeça em suas costas.

Ele se virou segurando minhas mãos, seus olhos estavam um pouco surpresos. “Como isso? Por que você se sujeita a isso? O que você vê de feliz nessa história?”

“Eu não verei fim feliz se eu não puder viver com você! Sem você meu coração pára, falta o chão, o ar! Será que você não entende que eu te amo?”

Ele sorriu desacreditado. Segurou carinhosamente meu rosto em suas mãos. Minhas lágrimas caiam gentilmente. “Eu – Eu realmente nunca esperei causar tudo isso a você”

“Não queira tratar isso como se fosse a pior coisa do mundo”, rebati entre as lágrimas. “Por que você acha que você é a pior das pessoas? Por que você não dá uma chance a você mesmo? A nós?”

“Porque eu não sou uma pessoa! Eu não posso dar a chance de te machucar! Não existe nós aqui”

“Eu disse que eu não me importo... Por favor, me deixe ficar com você pra sempre”

Suas mãos se afastaram, seus olhos perderam a cor brilhante sob o luar. Era um desejo simples a meu ver. Seria a melhor coisa que eu poderia pedir para continuar com ele.

“Você me tortura”, ele respondeu frio. “Você não sabe o quanto! Eu estou fazendo isso porque eu te amo. É tão difícil de você entender?”

“Se você me ama faça o que te peço! Eu não conseguirei viver sem você”

“Não posso! Não quero. Existirão arrependimentos futuros. Lágrimas que não poderão ser derramadas”

“Não haverá isso se você continuar ao me lado pra sempre”

Derrotado, ele se aproximou e me abraçou gentilmente “Espero que um dia você me perdoe por esse erro chamado amor”

A lua que iluminava o céu banhou uma pequena lágrima de prata “Nunca irei me arrepender. Nunca”, sussurrei.