_A-Avatar? –disse Shen com os olhos surpresos. –I-Isso é impossível!

_É mesmo? Então por que você não vem tirar uma prova? –disse ele parecendo estar se preparando para lutar com um sorriso atrás daquela fumaça de poeira que não permitia ver o seu rosto.

Shen olha-o com ódio, mas tenta conter seu corpo de atacá-lo antes de confirmar algo.

_Foi você que matou minha mãe? –pergunta com uma voz séria.

_Ah, ela morava ai? Que pena, ela teve azar. A casa que eu ia atacar eu escolhi a dedo e pelo visto foi essa. Ela deve ter sido uma boa mãe, né? –disse ele friamente.

Shen serra o punho e Mei tenta o impedir, mas não consegue. Ele pisa forte no chão e uma gigante pedra se forma se levantando no ar e logo sendo chutada para o oponente com toda força possível. Porém aquela figura desvia num simples rodopio e para ao lado da casa em que a pedra caiu. Shen trinca os dentes e seu adversário surge com fogos em suas mãos. Ele começa a lançar bolas de fogo em movimentos rápidos para Shen que forma uma parede de pedra para se proteger. Depois de ouvir o som das bolas de fogos batendo na parede com força e depois desaparecendo, um silêncio aparece, o que deixa tanto o rapaz quanto Mei desconfiados. O que havia acontecido? Seu oponente tinha desaparecido? Não, eles ainda sentiam o cheiro de queimado por ali. Mei olhava para todo lado e apenas alguns segundos depois viu uma luz vermelha no céu empoeirado se aproximar deles a toda velocidade.

_Shen! –grita Mei empurrando-o para o lado e sendo atacada por cima pelo inimigo que a lança um Raio.

Mei estremece e cai no chão. O homem desvia novamente de uma parede que Shen forma com toda raiva e ódio acumulada em seu corpo e para próximo da menina pegando-a no colo.

_Agora você viu o meu poder, dobrador de terra. E só desta vez vou ser um pouco bondoso e não matarei esta garota, mas vou ainda vou deixar minha marca aqui.

Disse se aproximando do rosto de Mei deixando seus lábios se tocarem. A garota mesmo com a surpresa não tem forças para impedi-lo de continuar. Seus braços não se moviam e suas pernas tampouco, apenas seus olhos conseguiram transmitir uma expressão de surpresa e terror. A figura que a beijava fazia movimentos ferozes e só a soltou depois de um tempo quando viu a expressão de surpresa e raiva de Shen tão a mostra que até por trás de toda aquela poeira podia-se ver. Ele colocou Mei no chão com um pouco de cuidado e depois sorriu malvadamente para o rapaz.

_Adeus, dobrador. Desculpe por minha retirada tão repentina, mas ainda tenho contas para acertar em Ba Sing Se.

A figura desaparece no meio daquela fumaça. Shen se aproxima de Mei e ajoelha ao seu lado. Mei recupera algumas forças e coloca a mão na nuca do amigo.

_Mei, você está bem?

_Estou. Não se preocupe tanto comigo, Shen. Você já tem problemas demais agora com o Avatar.

_ELE NÃO É O AVATAR! –grita ele bravo.

Mei fica em silêncio quando percebe o olhar de ódio do amigo. Ela nunca o vira assim.

_O Avatar nunca atacaria uma casa apenas por prazer. E além disso, aquele homem ou rapaz, seja o que era, só usou a dobra de fogo contra mim. Ele é um impostor. E eu não vou permitir que ele faça isso com as outras cidades. Tenho que chegar a Ba Sing Se antes dele.

_Shen...- disse Mei se sentando com um pouco de dificuldade e o olhando determinada. –Eu vou junto.

_Mei, você não pode, se algo acontecer com você como você vai se proteger?

_ Eu posso não ser nenhuma dobradora, mas eu também tenho contas para acertar com ele e também não vou deixar isso acontecer de novo em outro lugar.

_Mei, não. Você vai ficar aqui.

_E morar onde, posso saber? Mesmo se tivéssemos casa eu ainda iria com você, Shen.

Disse ela séria, o rapaz suspirou e disse cansado:

_Está bem. Mas agora vamos. Temos que dormir hoje na casa de um de meus amigos. Acho que o Ryu nos deixaria dormir lá por uma noite.

Shen pega Mei no colo e começa a seguir para fora daquela fumaça. Algumas pessoas corriam para lá, curiosas para ver o que tinha acontecido, principalmente guardas do reino que procuravam sobreviventes por ali. Se Shen estivesse no seu comportamento de sempre ele certamente iria ajudar, mas Mei percebeu que o rapaz estava mudado, ele parecia mais frio e se mantinha em silêncio enquanto andava. A garota se perguntava se algum dia o veria no seu jeito de sempre. E também se perguntava o que aconteceria quando encontrassem novamente o “Avatar”.

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Longe dali, uma figura acompanhada por uma outra também encapuzada, se aproximava do Labirinto dos Amantes, onde um homem usando uma máscara e vestindo roupas elegantes os esperava.

_Vocês estão atrasados. –disse o homem.

_Desculpe, senhor. –disse uma figura com uma voz feminina.

_Estávamos ocupados como pôde ver. –disse a outra figura apontando para o céu que se formava uma fumaça. Sua companheira deu uma cotovelada leve mostrando que era para ele se calar.

_Isso não é desculpa para esse atraso. Agora apressem-se que vocês tem que chegar a capital antes que a noticia desse incidente se espalhe. A nave já deve estar indo pra lá. –disse o homem com uma voz autoritária.

_Sim, senhor.

_Ótimo. Mas antes de chegarmos lá quero ter certeza de que a casa foi destruída com todos os moradores de você, meu rapaz.

_Sim, senhor. Apenas um sobrevivente sobrou.

_UM?!-gritou o homem. –E POR QUE VOCÊ NÃO O MATOU, SEU IDIOTA?

_Ele não me parece alguém muito forte, senhor. Até sua companheira teve que protegê-lo do meu Raio. E além do mas... –disse o rapaz sorrindo. –Pelos meus atos tenho certeza que nos veremos em breve.

O homem bufou. As duas figuras começaram a andar até os portões da capital até sumirem de lá. O homem mascarado esperou um pouco antes de sair. Quando começou a andar percebeu que um carro preto o esperava próximo dali. O homem olhou para o céu e depois sorriu antes de entrar no carro.

_Bem... ao menos os alvos principais foram destruídos. Estamos quase conseguindo, Mestres. –disse cheio de satisfação.

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De repente, Mei acorda com um grito. Tinha tido o mesmo pesadelo de sempre. Por que isso sempre acontecia? Ela nunca tivera outro pesadelo a não ser esse. A garota olha ao redor e se surpreende. Onde ela estava? Aquela não era sua casa. Seu quarto era maior e ... Ah, agora se lembrava. Sua casa havia sido atacada ontem. A menina se levantou e saiu do quarto.

_Bom dia. –disse Ryu sério sentado numa mesinha comendo seu café da manhã.

_Bom dia. Cadê o Shen? –pergunta Mei meio sonolenta.

_Já partiu. –disse o rapaz tranquilamente enquanto tomava seu chá.

_O que?! –gritou Mei surpresa.

A menina se dirigiu para a porta, mas Ryu logo a pega pelo braço impedindo-a de continuar.

_Mei, seu irmão me pediu claramente não deixar você ir a lugar algum até que o seu pai volte. –disse ele sério.

Ryu podia ser apenas um ano mais velho que Shen, mas já agia como se fosse um adulto. Ele sempre olhava para tudo com muita maturidade e sempre mantinha as promessas que tinha feito. Ele, assim como seu pai quando jovem, ansiava para se tornar um guarda do castelo e mesmo sabendo que podia ainda levar alguns anos, o garoto não desistia. Shen o salvou uma vez de um deslizamento quando os dois foram fazer uma viagem juntos com os pais que eram melhores amigos e assim Ryu ficou devendo uma para Shen.

Mas Mei naquele momento estava com muita pressa para ficar discutindo com o rapaz sobre o pedido do irmão adotivo. Então ela resolveu ir direto ao ponto.

_Ryu, você não entende? Nossa mãe foi morta pelo Avatar. Seja qual for o motivo, Shen não vai ter piedade. Ele está com tanto ódio que é capaz de não conseguir dobrar a terra com tanta facilidade e... –disse Mei nervosa falando rapidamente.

Ryu não pareceu convencido, ele colocou a mão no ombro da menina e disse ainda com seu olhar sério.

_Seja o que for, seu irmão me pediu para cuidar de você. Ele sabe que você vai estar mais segura aqui do que se for com ele. Tente entendê-lo um pouco.

Disse Ryu voltando a se sentar na mesa. Mei começou a pensar sobre os planos de Shen. Primeiro, se ele chegasse a Ba Sing Se iria, provavelmente, procurar o seu pai e este ao saber do acidente poderia querer ficar e lutar com o filho contra o Avatar, ou seja, Mei ficaria na casa de Ryu até só Deus sabe quando. Segundo, se aquela pessoa fosse mesmo o Avatar, então Shen poderia estar em grande perigo. Terceiro, Shen havia dito para ela que a levaria consigo, então ela iria, pois mesmo se o amigo pedira para Ryu cuidar dela, ele não havia dito que ela não poderia ir.

Mei olhou para Ryu que parecia meio distraído e depois olhou para a porta. Se ela corresse agora, Ryu provavelmente a pegaria. E agora? Precisa de uma distração. Por um milagre do destino a porta, de repente, bate e Ryu se levanta com um suspiro para atender. Assim que a abre, aparece um vendedor que começa a falar sobre seus produtos para o rapaz pouco interessado. Mei aproveita o tempo para achar alguma saída da casa. Ela vai até a cozinha e vê uma janela aberta. Porém quando olha para baixo suas esperanças acabam quando vê uma altura totalmente difícil de cair sem se machucar. Não havia jeito de escapar. Mei olha para frente e percebe uma parte do escorregador do sistema de correio. De repente, uma idéia surge. A garota sobe na janela e se prepara para pular. Só faltava um pouco de coragem, mas ela logo surge quando percebe Ryu se aproximando. Agitada, Mei pula com todas suas forças até o escorregador e cai dentro meio tonta.

_Mei?! –diz Ryu se aproximando da janela.

E agora? Ryu iria vê-la e... Repentinamente, a garota sente algo se aproximando a toda velocidade. Era uma caixa enorme. A garota tenta correr mais rápido, mas é logo pega e começa a descer a toda velocidade. Sem ter coragem de soltar, Mei grita desesperadamente. A descida vai de plana a cada vez mais íngreme. A uns metros de distância havia um dos guardas do castelo cuidando do sistema. Mei se desespera quando vê uma caixa surgindo a sua frente. O guarda só a vê quando as duas caixas colidem e a menina é jogada para frente. Mei estava prestes a cair de cara no chão, quando, de repente, ela é pega por dois braços fortes que a trazem com segurança para o chão.

_Você está bem, menina?

Ela houve uma voz familiar. Quando abre os olhos percebe o homem de ontem que a ajudara a se esconder de Shen. Ele parecia mais alto e forte agora sem aquela longa manta que o cobria além de mais jovem com o cabelo escuro bem penteado e não bagunçado que nem no dia anterior.

_É você! –grita surpresa no colo dele.

O homem abre um sorriso.

_Você se lembra então. Está procurando algum lugar para se esconder do seu amigo de novo? Bem, se esse for o caso, acho que o escorregador não é um dos melhores esconderijos, né? –diz brincando e colocando a menina no chão com cuidado.

_Hehe...Bem, na verdade, estou precisando ir a Ba Sing Se.

_Ba Sing Se? Por que você quer ir pra lá? –diz ele curioso.

_Eu estou indo atrás de um amigo meu.

_O dobrador?

_É.

O homem solta uma gargalhada e diz:

_Vejam só. Um dia é a caça, outro dia a caçadora. HAHA!

_Pois é. Mas acho que eu já vou agora. Até.

_Ei, espere, menina. Eu posso te levar se quiser.

_Você pode? Mas isso não vai atrapalhar os seus negócios?

_Nah. Eu já estava planejando viajar amanhã para a Nação do Fogo. Posso dar uma parada em Ba Sing Se e depois continuar minha jornada. Isso, é claro, se você quiser que eu te leve.

_Por favor. –disse ela animada.

_Ok ok. Espere que só vou pegar minha tralha e nós já poderemos ir.

Disse começando a andar. Levou um pouco menos de uma hora até os dois atravessarem os portões de Omashu e seguirem em viagem.

_Hum... ei! –disse Mei quando passou pelos portões.

_O que foi, menina? –disse o homem com um sorriso.

_Como você se chama?

_Oi?

_Ah, é só pra saber. É que você já me ajudou duas vezes e eu ainda nem sei o seu nome. O meu é Meiying, mas pode me chamar de Mei.

_Prazer. Touya.

Disse o homem com um sorriso de orelha a orelha.

_ Touya? Que nome bonito. Desculpe por ter atrapalhado seus negócios. Quando eu encontrar o Shen pode ter certeza que vou pedir pra ele te dar umas moedas.

_Não tem problema, menina. –disse Touya sorrindo e depois começando a coçar a barba pensativo por um momento.- Mas pensando bem... Se você insisti tanto assim, acho que posso receber alguns bronzes por essa viajem.