Os ninjas seguiam sem parar, o mais rápido possível, mais o acampamento norte era muito distante da vila. Já anoitecia e uma fina garoa caia sobre os jovens, mas não os intimidavam, quando Kakashi decide parar para descansar, em uma caverna encontrada pelo caminho. A chuva apertava se tornando mais grossa sendo seguida de raios brancos que riscavam o céu negro daquela, já antecipada noite, e os ninjas não tiveram muita opção.

- Vamos parar pra descansar nessa caverna essa noite, amanhã pela manhã continuaremos. Já estamos próximos, mais meio dia de caminhado e chegaremos lá... – nem termina de falar começa a adentrar na caverna retirando a camisa molhada e jogando num canto – “To com sono...”. Boceja. - Neji... Você vai ficar de vigia hoje. – fala Kakashi já se sentando num canto da caverna, oposto ao que ele jogou a camisa, enquanto os outros acendiam uma fogueira.

- Hai! – responde Neji seriamente.

Todos se acomodaram em volta da fogueira com seus sacos de dormir... O silencio se instalou, e a chuva só se fazia aumentar do lado de fora, da fria caverna. O dia havia sido cansativo e cada ninja sentia isso em sua própria pele.

O jovem Hyuga permanecia na entrada da caverna, de vigia, com seu Bayakugan ativado, resmungado alguma coisa consigo mesmo, inaudível aos ouvidos dos demais. Totalmente desagasalhado. Neji sentiu o vento frio cortar-lhe a face alva, mas ele não se levantaria dali. Não se daria por vencido contra um simples vento frio. Já havia lutado muito, contra adversários que jamais imaginaria, e não perdeu. Não seria um simples vento que o derrotaria. Tudo estava quieto, só se podiam ouvir os pingos finos da chuva, que batiam no chão e as trovoadas vindas de longe. O jovem provavelmente havia se arrependido de não ter levado um agasalho, afinal não contava com o mau tempo... Finalmente o gênio Hyuga havia sido pego de surpresa.

Ruídos abafados são ouvidos por Neji. Passos, calmos e delicados rumavam em sua direção, parando a pouca distancia. Ainda de costas ele pode ouvir uma voz fina e doce, que o desconcertou pela sua tonalidade terna.

- Está com frio Neji-nii-san?

- Não. – respondeu friamente sem encará-la nos olhos. Estaria ele sendo muito duro com a prima?Em tratá-la daquela maneira tão rude e fria. Quando o que ela só queria era ajudar?Ele não sabia ser gentil. Esse era seu jeito. Mas Hinata não merecia ser tratada daquela maneira tão fria. E ele sabia disso.

- Mesmo assim vou deixá-lo aqui... Caso você precise. – repousou o manto azulado ao lado do primo, que permanecia de costas. Ela ia saindo quando sentiu uma mão fria segurar seu pulso com força. Desativando o bayakugan a encara, fixando-se em seus olhos brancos como a luz da lua, que aos poucos surgia no céu daquela noite fria acompanhado por algumas tímidas estrelas. A chuva estava indo embora.

- Obrigado Hinata-sama... Por se preocupar comigo. - Ele não sabia ser delicado, mas pelo menos estava se esforçando. Hinata sorriu acanhada. E naquele momento ela sentiu alguma coisa estranha, ao olhar nos olhos do primo. Alguma coisa nova surgiu. Pela primeira vez, ela tinha visto uma demonstração explicita de sentimentalismo de Neji. Não precisou interpretar o silencio dos olhos ou das ações dele. Aqueles olhos a mostravam, outro mundo, a deixaram sem ar e com as pernas tremulas. O que estaria acontecendo?

- Você não vai precisar? – ele perguntou tentando ser gentil mesmo parecendo ríspido a ela.

- Não se preocupe nii-san. Eu trouxe um reserva caso alguém precisasse. - sorri sentindo a face corar. – Boa noite nii-san.

- Boa noite Hinata-sama. – ele se vira para frente olhando a noite e sorri consigo mesmo.

Na verdade Hinata não queria dormir, mais estava tão confusa... O que estava sentindo pelo primo?O que foi aquilo?Aquele olhar tão cheio de... Carinho?! Alguma coisa dentro dela indicava que o que tinha naquele olhar era alguma coisa a mais. Diferente, estranha. Ou teria sido somente sua imaginação querendo lhe pregar uma peça?

- “Não pode ser.. Somos-nos primos... E além do mais ele gosta da TenTen e eu do Naruto.Sempre foi assim.E sempre será.”

Mesmo ela repetindo isso para si mesma. Não conseguia tirar a imagem do primo da sua cabeça. Alguma coisa estava acontecendo com o coração da jovem Hyuga. Alguma coisa estava mudando. Tudo por causa de um simples olhar. Mas tudo não podia passar de uma fantasia. De uma mentira. Confundir sentimentos é facial demais quando se está sozinha. Quando o homem que ama, não lhe dá valor.

Mesmo ela tentando dormir, não conseguia. Passou a noite toda se revirando no saco de dormir, sendo atormentada por sonhos que fantasiavam ela e Naruto juntos e quando tudo parecia um mar de rosas. Aparecia o moreno de olhos como o seu. Naruto desaparecia. E Neji a puxava para um longo beijo. A imagem do primo, que é inegavelmente bonito, a atormentava até nos sonhos. Mas ela não podia ter esses pensamentos para com ele!Eles são primos. É totalmente imoral, eles ficarem juntos... Se um dia isso acontecesse. Ela teria que afastar esses pensamentos. Pensamentos insanos que nunca iriam se realizar. (?)              

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O dia nasceu claro e límpido. Os raios de sol se esgueiram por entre as arvores, entrando na caverna em que os ninjas haviam passado à noite. Logo um a um foram acordando... Exceto Naruto que permanecia dormindo pesadamente. Mas niguém deu por falta do loiro até que durante o café a Haruno sente falta do companheiro de equipe sempre feliz. Naruto.

- Kakashi-sensei... - chama baixo. – Onde está o Naruto-kun? – pergunta preocupada, olhando disfarçada para os lados.

- Não sei Sakura. – fala ainda sonolento se espreguiçando, fazendo com que seus cabelos brancos (ou prata ou cinza... Sei lá.) dessem uma leve tombada para trás.

Sasuke que estava a ouvir a conversa dos dois em silêncio tratou logo de se intrometer...

- Dormindo... Ainda. – Comenta o moreno com desdém, porém sem olhá-los nos olhos. Sempre com o olhar baixo e uma voz fria.

A rosada o observa por alguns minutos. O que estaria passando na cabeça de seu companheiro de time, pra falar naquele tom do Naruto?Tudo bem que era mais do que normal. Mas ela não gostou nem um pouco.

Por que depois de tudo que ele já lhe fez, de todo sofrimento que ele já lhe proporcionou, não conseguia ficar chateada com o moreno?Ela já não gostava mais dele. Não sustentava aquele amor de criança, mais não conseguia odiar o Uchiha prepotente. Ele estava entalado na sua garganta. Queria dizer algumas verdades a ele mais aquela não era à hora nem o lugar ideal.

O moreno por sua vez, quando percebeu que Sakura o observava ficou completamente sem jeito e corou de leve virando seu rosto rapidamente para o outro lado.

- “O que foi isso?” - pensou se repreendendo, tomando um gole de chá.

A kunoichi se levantou de onde estava, e começou a caminhar com certa pressa em direção à caverna, quando Naruto surge na porta com uma péssima aparência. Parecia cansado. Doente. E ela reconhecia um homem doente há quilômetros de distancia.

- Naruto-kun! – aproxima-se do garoto colocando, suave, as costas da mão, direita, na testa dele. - O que foi?Está se sentindo mal?

- Não... Estou bem... – fala desanimado, retirando a mão da garota de sua testa e a segurando delicadamente entre suas mãos quentes. – Obrigado. – sorri amarelo, tentando se animar, o que foi em vão. O garoto se sentia cansado e sem disposição, nem deveria ter se levantado. –“Não podia ficar doente em outra ocasião?” Se perguntava sem animo algum. Enquanto observava o rosto alvo da kunoichi de orbes esverdeados a sua frente, que corava de leve com um sorriso sem graça nos lábios.

Hinata que estava a pouca distancia dos dois, presenciou aquela situação e sentiu seus olhos marejarem e uma dor súbita invadir seu coração. Parecia uma simples preocupação de amigo. Mas seu coração dizia que não. Ela os encarou por alguns instantes e voltou a tomar seu café procurando com os olhos o primo que estava de um lado totalmente oposto ao dela encostado em uma arvore,solitário,tomando seu chá.

Café tomado. Mochilas arrumadas. Os ninjas seguiam para o norte apressados, pulando de galho em galho. Quase todos perdidos e seus próprios dilemas pessoais. Lutando contra suas emoções que estavam à flor da pele.

O sol ia alto ao céu iluminando toda a extensão da floresta ainda nos arredores de Konoha, as nuvens claras e brancas seguiam seu curso tomando formas toscas. O vento vagava pelo lugar carregando consigo algumas poucas folhas, que se soltavam das arvores. Tudo parecia tranqüilo e calmo. Calmo demais para Kakashi. Alguma coisa estava para acontecer e ele sentia isso. Seus músculos vibravam pela sensação de que alguém os observava. Olhos treinados que espreitavam por detrás das arvores, esperando o momento certo para atacar. Olhos estes, que o ninja copiador não conseguia ver, mas podia sentir....

Foi quando...