Alice’s POV

Finalmente hoje é o grande dia, o aniversário do Layne. Passamos os últimos dias planejando as coisas escondidos dele e tudo saiu bem barato, já que Tony e algumas outras pessoas cheias da grana e que tem alguma relação com o AIC decidiram ajudar.

Estamos na casa do Lay esperando ele se arrumar. Viemos buscá-lo com o pretexto de que vamos assistir Avengers no cinema.

Julie está aqui também, meio caladona. Ela está de bico desde que conheceu a Linn. Aliás, a Linn deu para o Layne o presente que eu ia dar, o box de “O Poderoso Chefão”. Bem, pelo menos fiquei com ele pra mim e ela me ajudou com a escolha de um novo presente, Linn garantiu que era o melhor presente possível. Veremos.

E nós duas nos resolvemos. Não que Linn confie em mim ou eu nela, mas decidimos nos aceitar, pelo Layne. Ah! E a pilantra assumiu que ele fala a meu respeito sempre que liga pra ela, mas ela não quis contar antes por ciúmes. E no final eu sou a ciumenta, né?

E Linn me contou algo... Algo que me deixou preocupada, mas ela me garantiu que por hora não devo me preocupar com isso. Pelo Layne irei tentar, mas francamente...

-E então, estou lindo, não? –Layne interroga descendo as escadas e cortando meus pensamentos. Mas tudo bem, gatinho do jeito que está, ele pode interromper o que quiser.

-Layne, deixa de ser convencido e vamos logo.

Nós saímos e Julie já se agarra em um dos braços de Layne, e ele me oferece o outro.

-Ah, amor, você vai ser o mais lindo de sua festa. –Julie pilantra, ela sabia que não era pra comentar sobre a festa com o Lay. Aposto que só comentou porque não a deixamos ajudar em nada.

-Festa? –Layne me encara confuso. –Minha festa?

-Ah agora já era, já que a senhorita bocudinha comentou o jeito é a gente contar logo. –Angel diz sorrindo de um jeito fofo enquanto dá um tapinha de leve na cabeça da Ju. Angel tão fofa.

 -Desculpa. Eu esqueci que não era pra comentar. Minha cabeça ainda tá meio bagunçada poxa.

-Ah deixa pra lá. –Encaro Julie que tá com a carinha cínica dela... A cabeça dela tá bagunçada, né? Vai ficar ainda mais se ela ficar me irritando, vai ter pedaços da cabeça dela até no Japão.  –Lay, a sua mãe me contou que seu níver seria hoje e a gente decidiu fazer uma festa surpresa pra você, é pra lá que estamos indo agora.

-De quem foi a ideia? –Layne pergunta erguendo uma sobrancelha... Ih, lá vem.

-M-minha? –Digo com medo. O que? Vai que o menino surta aí porque não gosta de festas e decide me atacar com a correntinha de plástico que fica pendurada na calça dele.

Mas Lay não diz nada, ele só me abraça e sussurra um “obrigado” em meu ouvido. Ai, meus pelinhos do braço se arrepiaram aqui!

Mas a melhor recompensa é ver Ju me fuzilando com o olhar sem poder fazer nada. Imagino que ela esteja pensando em uma lista com formas de me matar. Que lindo isso! BWAHAHA.

-Chega! Chega! Chega! Minha irmãzinha pura e inocente aqui, ô marmanjo. –Sean, que é um tremendo estraga prazeres, diz enquanto nos separa. Sean... Porque meu filho, porque, oh Judas?

Continuamos andando e damos de frente com uma senhora que está com um menino de uns nove anos ao seu lado, ela está pedindo dinheiro, pois diz que não tem como alimentar o filho. O garoto me é familiar, acho.

-Oi. –Layne se agacha a seu lado e sorri para os dois, aquele sorrisinho infantil que ele faz às vezes. Tão lindo. –Então, eu não tenho dinheiro aqui comigo, mas meus amigos estão dando uma festa pra mim e... Bem, não querem vir conosco? Vocês podem comer o quanto quiserem lá.

-Layne... Tem certeza? –Ju diz com a típica carinha de princesinha enojada dela. Julie não está sendo má, só fresca mesmo.

-Claro que tenho. –Layne olha para meu lado como que esperando aprovação, provavelmente porque fui eu quem planejou a festa.  Como ele ousa ser tão adorável?

-Ahhh sim, vamos lá, só vai ter gente chata naquela festa mesmo, vou precisar de alguém com quem conversar.

-Bem... Se não formos incomodar. –A senhora sorri meio sem jeito. –A senhorita e seu namorado são muito gentis.

Ambos ficamos vermelhos, mas ninguém nega nada. Não até Julie abrir o bocão novamente pra declarar que Layne não é meu namorado, e que ele é o “queridinho amore-amore” dela e cócócó. Pensando bem, acho que vou precisar da correntinha de plástico fajuto do Lay... Pra enforcar ela!

Chegamos ao local da festa, que na verdade é a garagem do Tony. Ela é gigante, então cabe todo mundo e ainda sobre espaço. O lugar está cheio de gente, todos conhecidos nossos, mas mesmo assim... Muita gente reunida. Socorro.

A festa começa com Layne fingindo surpresa (e só pra constar: ele como ator é... Um ótimo cantor. Se dependesse de atuação pra viver o bichinho morreria de fome) e tudo vai bem. Ju está largada em um canto e... Eu em outro, haha. Layne está dando toda sua atenção para o garotinho, deu até pro garoto o carrinho que ganhou de um dos donos de um dos bares onde o AIC faz shows... O carrinho na verdade é de coleção e custa uns 1000 reais. MIL REAIS. Não, você não tá entendendo. M-I-L R-E-A-I-S. Layne porque você tem que ser tão fofo? Babaca tão perfeito! A mãe do garotinho se aproxima de mim sorridente.

-Ele é um bom rapaz. –Ela diz enquanto observa Layne e o filho dela brincando. –Será um ótimo pai.

-Uma criança cuidando de outra pode ser meio complicado. –Digo enquanto dou risada. Imaginar Layne sendo pai é... Estranho. Pergunto-me quem seria a mãe... –Mas é, Layne é um anjo.

-Ah então esse é o nome dele. E o seu, qual é?

-Eu sou Alice.

-Prazer em conhecê-la, meu nome é Martha e meu filho é John.

-O prazer é meu.

-Agora me diga como é que você não está namorando com aquele rapaz? Está perdendo muito, mocinha.

-Ah ele já tem namorada.

-É, mas ele não fica olhando pra ela o tempo todo com aquele sorriso meio bobo. –Ela me observa sorrindo. –Você parece ser uma ótima garota, se meu filho mais velho prestasse, seu amigo loirinho ali perderia você, pois eu a apresentaria para ele.

-Filho mais velho é? Porque ele não presta?

-Está envolvido com venda de drogas e outras coisas do tipo. Ainda é um bom garoto, mas não aceito nada que venha dele, não quero que seu jeito de ser influencie o irmãozinho.

-Eu sinto muito por ele estar envolvido com essas coisas. Mas quem sabe um dia ele não muda? Posso tentar dar uns puxões de orelha nele.

Martha sorri e passamos um bom tempo conversando.

Layne’s POV.

As horas passaram e as pessoas agora estão indo embora. John e sua mãe também estavam indo, mas pedi para esperarem. Apesar de não ter dinheiro em mãos, quero ajudar. Pedi emprestado para Alice, Sean e os outros, mas todos estão duros por causa da festa.

-Eu posso ajudar. –Tony diz sorrindo. Claro que pode. Aí a Alice vai se impressionar com a generosidade dele e vai ser conquistada, né? Safado!

-Garoto, eu não estou querendo roubar ela de você. –Tony diz sorrindo. –Você é tão óbvio... Eu posso te emprestar o dinheiro e, quando você receber o adiantamento pelo nosso contrato, me paga. Garanto que a jovem Alice não saberá disso.

-Então está bem.

Tony me entrega 200 reais, ele diz que só preciso pagar 100, mas faço questão de pagar tudo assim que puder. Entrego todo o dinheiro para a mãe de John, que me abraça chorando e então abraça Alice e nos agradece por tudo.

Agora só ficou nosso velho grupo de sempre reunido. Tony vai a uma reunião e por isso precisamos deixar sua garagem, sendo assim, vamos para minha casa. Dona Nancy como presente de aniversario liberou ela e disse que vai dormir fora. Espero que esse “dormir fora” queira dizer "na casa de uma amiga", pois não quero minha mãe linda namorando um qualquer por aí.

Paramos em um dos bares onde os meninos e eu costumamos fazer shows, pois Alice tem de conversar com o dono que quer que façamos alguns shows lá essa semana.

Enquanto ela conversa com ele e os outros, com exceção de Sean, se espalham pelo bar pra resolverem coisinhas rápidas, eu avisto o rapaz de cabelo ensebado que atacou Alice. Dá pra acreditar que a conheço por causa dele e nem sei o nome do cara? Ele está magro, muito magro e meio pálido, não parece nada bem. O cara sorri para mim, um sorriso meio sem jeito e continua andando. Atrás dele vem Anthony, meu antigo parceiro de banda e Andrew, irmão do que acabou de passar. Ambos param de andar e depois de alguns segundos conversando caminham em minha direção.

-Layne, e aí, como você tá? –Anthony diz meio sem jeito enquanto joga seu longo cabelo negro para trás. –Pow, cara, fiquei sabendo do contrato, parabéns.

-Obrigado. Eu vou bem, Anthony.  E vocês, como vão?

-Bem. –Anthony sorri sem jeito. –Alguns problemas, mas estamos na luta. Sinto muito por todo aquele lance, Layne.

-Eu também sinto. Meu irmão assumiu que assustou a garota, então você não agiu de forma errada, mas sabe como é né, ele é meu irmão. –Andrew faz uma cara de quem está realmente arrependido, a sorte é que ele não falou isso com o irmão dele dentro do campo de visão do Sean, ou ele realmente lamentaria muito. Muito mesmo, pois ouço o gorilão do Sean respirar fundo aqui a meu lado.

-Tudo bem gente, acontece.  Falando no seu irmão... Andrew, ele passou por aqui e tá tão magro.

-Smack. –Andrew diz fazendo uma cara triste e eu fico boiando. O que diabos é “smack”?

-Heroína. –Sean diz a meu lado e fico chocado. Sabia que algumas pessoas consumiam heroína, mas nunca havia visto algum usuário pessoalmente.

-Andrew, eu... Eu realmente sinto muito.

-Obrigado cara. Ele garante que não é usuário frequente, mas duvido.

-E deve duvidar mesmo. –Sean diz sério. –Quando eu era mais novo vivia rodeado de caras que trabalham com isso e via vários usuários, de todos os tipos. Seu irmão é usuário frequente, e sugiro que você o aconselhe a se internar antes que seja tarde.

-Ah bem... Obrigado pelo conselho, cara. –Andrew olha para meu lado meio confuso.  Claro, Anthony e ele não conhecem Sean.

-Gente, esse é o irmão da... Bem, da garota que... Hã. É... Esse é o Sean. E, Sean, esses são Anthony e Andrew.

-Pô, valeu por desistirem do Layne, conseguimos um excelente vocalista e ótimo amigo graças a vocês. –Sean diz meio sarcástico e logo sorri de um jeito amigável. –Desculpem, não quis soar rude, não muito e... Enfim, cuidem do garoto lá.

-Eu cuidarei dele, obrigado pelo conselho. –Andrew diz sorrindo meio triste e então Anthony e ele se despedem e saem. Anthony ainda é um ótimo amigo, eu gosto muito dele e acho que depois vou ligar para ele e ver se nos acertarmos...

-Você não precisava ser tão... “delicado”, Sean.

-Eles que pediram isso ao te expulsar da banda deles, cara. E eu realmente não quis ser rude. –Sean sorri. –Melhor não contar pra Alice que o esquisitinho frequenta esse lugar, não quero minha irmã com medo daquele cara.

-Ok.

Não conversamos mais nada até os outros voltarem. Sean sabe muitas coisas sobre drogas por causa de seus antigos amigos e eu quero perguntar a ele se a situação do carinha realmente é grave, mas prefiro não tocar no assunto, afinal o cara em questão assediou a irmã dele.

Partimos em direção a minha casa e chegamos nela já bem tarde. Nenhuma das pessoas do grupo me deu seu presente ainda, então estou curioso. Nos sentamos esparramados pela sala e eles vão me entregando os presentes.

Glória me dá uma coleção de jogos para meu Xbox, abençoada seja. Mike uma coleção de óculos escuros, o que é perfeito, pois amo óculos escuros, Sean me dá a trilogia de livros de “O Senhor dos Anéis”, escolha mais que perfeita. De Angel  eu ganho uma câmera nova. O bom de ter melhores amigas é que elas sempre sabem do que você precisa. Jerry me dá umas calças, pois de acordo com ele, eu estou precisando pra ver se paro de usar calças rasgadas. É o sujo falando do mal lavado...

Julie me dá uma blusa de frio, é meio esquisita, mas muito confortável. E Alice... Bem... Alice disse que me dará meu presente depois... Pergunto-me que raio de presente é esse que ela não deu agora. Mas é melhor esquecer isso por enquanto e aproveitar a festa.

O tempo voou e agora já é de madrugada. Todos estão indo embora de minha casa. Sean já está em seu carro com a Glória esperando a Alice que ainda está aqui. Jerry levará Julie, Mike e Angel até suas casas. Ju já foi para o carro, ela tá meio emburrada porque a deixei de lado em minha festa, mas nem ligo.

-Layne. –Angel sorri e me abraça com força. –Vê se não come bolo demais e não vai dormir tarde. - Ela aperta minhas bochechas e beija meu rosto, caminhando em direção ao carro do Jer em seguida.

-E então... –Alice se aproxima de mim e começa a mexer no cabelo dela, ela sempre faz isso quando tá nervosa. –A doida esquisita da Linn te ligou pra desejar os parabéns?

-Sim, logo cedo. –Vejo a pontadinha de ciúmes no olhar da minha morena tão linda e não posso evitar o riso. –Ei, e cadê meu presente.

-Ah, olha, eu... Aquela doida te deu o presente que eu ia dar e... Bem... –Alice fica bem vermelha e então me entrega um papelzinho, me dá um tchau com um beijo no rosto e então começa a se afastar. No papelzinho está escrito “Vale um presente, qualquer um”. Penso nas palavras da Linn sobre aproveitar oportunidades... O que posso fazer com essa?

Alice já está a alguns passos de distância, eu a chamo e ela se vira meio sem jeito.

-Já pensei no presente que quero. –Digo assim que ela se vira. –Pode ser qualquer coisa mesmo, né?

-Sim. E o que seria?

-Um dia.

-Como assim? –Ela interroga, dando uns passos em minha direção.

-Um dia. –Caminho até estar bem perto dela e a olho nos olhos. –Eu quero que você seja minha namorada por um dia, para que eu possa te convencer que a gente pode dar certo.

-Mas a J...

-Um dia sem a Julie, sem Mike, sem nenhuma preocupação, sem problemas e complicações. Um dia inteiro só nosso. E então, o que me diz?

Alice me olha meio confusa. Acho que foi burrice minha pedir algo assim, é obvio que ela vai dizer não. Que tipo de idiota sou eu para dizer “Um dia sem Julie, um dia sem Mike”? Layne idiota! Idiota! Julie é um problema nosso, não posso querer apagar ela assim. E Mike é importante para Alice e sei que ela está meio confusa em relação a ele e... AHH! Será que ela pode me responder algo antes que eu enlouqueça?