Sonho Imortal escrita por Isabelle Carvalho


Capítulo 7
Droga de vida...


Notas iniciais do capítulo

Ela acorda assustada... O lugar onde havia feito os dois cortes estava doendo como nunca. Ela desceu as escadas a procura de um remédio e o encontrou. Ele cuidou dela e a colocou pra dormir e ficou lá té ela pegar no sono. E ela conseguiu dormir sem pesadelos!



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Minha mãe mentira pra mim novamente... Dissera que meu pai
havia morrido em um acidente de carro, mas era tudo mentira. Ela me deixou 17
anos praticamente sem pai, me impediu de conhecê-lo, e todos aqueles dias dos
pais que eu escrevia cartinha, fazia desenho, na verdade não passava de uma
farsa, porque na verdade eu tinha a quem dar tudo aquilo, mas minha mãe me
deixou crescer sem pai. E quando todos os pais iam passear com seus filhos,
busca-los na escola, quando tinha homenagem aos pais no colégio e eu não tinha
quem levar vocês não sabem como eu me sentia.

POBRE, UM LIXO!

Não sei por que ela havia feito àquilo comigo, não sei por que ele não veio
me procurar.  Culpa era dele também, ele
não sabe a falta que um pai faz. Ele não sabe e nunca vai saber o tamanho da
minha dor. Agora eu tinha mais um inimigo a vista, quem mais ressuscitaria?
Minha tataravó, pra me dar umas palmadas e pedir desculpas pelo tempo que
estava desaparecida?

Estava odiando todos eles.

A
té o Markin estava metido até a cabeça nessa história... Por mais que ele
me amasse tinha que contar pra mim toda a verdade, mesmo que eu me machucasse! Droga de vida.



Levantei do chão e peguei uma faca na cozinha ignorando os
olhares e as tentativas de me acalmar de todos. Não dirigi uma palavra ao meu
pai e fui para o meu quarto com os dentes cerrados de raiva e as lágrimas
irrompendo incessantemente.



-Leslie, volta aqui agora. Larga essa faca garota!



Bati a porta atrás de mim e pulei na minha cama. Estava com
vontade de quebrar tudo que estivesse ao meu alcance, mas ao invés disso,
segurei a faca com força e senti a ponta penetrar meu braço. Primeiro um,
depois outro. Dois cortes que agora sangravam. Eu estava anestesiada pela
raiva, meu braço estava sangrando muito e a faca suja eu joguei no lixo do
banheiro. Deitei na cama. Arranquei folhas e mas folhas do meu caderno, quebrei
um vasinho de flores e arranquei o olho do meu ursinho de pelúcia.

EU QUERO MORRER!



Abracei o travesseiro com força e deixei as lágrimas
teimosas rolarem. Os soluços altos cessaram, como se alguém tivesse desligado
uma torneira, as lágrimas pararam rapidamente. Ainda tinha um pouco de raiva em
mim, mas não tanto. Percebi o quanto eu estava deprimida. Meus olhos estavam
ardendo, estavam fundos. Minhas bochechas estavam vermelhas, meu cabelo
desgrenhado. Olhei o caos que eu havia transformado meu quarto. O lençol sujo
de sangue... O sangue, porém, o fluxo de sangue diminuíra apenas um ardor
percorria a região dos cortes. Eu estava cansada, arrasada...

Continuei deitada e ali mesmo peguei no sono.



Estava deitada em uma poltrona, em uma casa no meio do
bosque, onde todas as luzes encontravam-se apagadas. Apenas uma televisão
estava ligada e eu estava assistido a um desenho que passava. Alguém bateu na
porta. À uma hora daquelas e naquele lugar, quem poderia ser? Não fui atender,
mas aí bateram de novo. Fui até lá, o frio era intenso aquela hora da
madrugada. Não havia ninguém.

Deveria ser um daqueles garotos idiotas. Mas
ali não tinha garotos, a casa mais perto ficava a mais de dois quilômetros.
Então eu desliguei a TV e fui pra o quarto dormir. A madeira começou a ranger,
estava tensa.

-Tem alguém aí?!

Ah não, eu tinha esquecido de trancar a porta dos fundos! Mas não poderia ser
alguém. Deitei de novo e dessa vez parecia que a madeira rangia mais perto e
por um momento eu ouvi um assovio. Levantei da cama, quase que entrando em
pânico. Fui até a sala onde eu estivera assistindo TV mais cedo. Na verdade não
cheguei a ir até lá, porque eu vi um homem vindo em minha direção.

-Quem é você?!

Mas ele não respondeu então eu vi um vulto que o cobriu, como um manto negro e
de repente ele não era mais ele. Havia se transformado em um homem magricelo,
de pele esverdeada, cabelo completamente branco e sem olhos. É apenas escuridão
no lugar dos olhos.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Eu corri para a porta dos fundos, mas aí tinha um desses entrando por lá
também, então eu me lembrei de outra saída e foi por lá que eu corri para o
bosque. Entrei em uma área de floresta densa e foi então que meu pé ficou
enroscado em um ramo. Eu tentava tirá-lo de lá, mas foi tudo em vão. Eu vi as
coisas se aproximarem e então eu gritei por ajuda, mas nada adiantou. Então
aquelas criaturas chegaram bem em cima de mim. Eu estava ofegante, em pânico,
paralisada, acho que tinha até mudado de cor. Um dele pegou um graveto de ponta
fina e riscou em cima dos dois cortes que eu tinha no braço. E então eles se
abaixavam em minha direção.



Mas então eu consegui abri os olhos e acordar daquele
pesadelo infernal.

Ai senhor, como os dois cortes que fizera mais cedo estavam ardendo. Era uma
dor insuportável, na verdade. Eu fritei lá na cama e por fim resolvi descer pra
tomar um comprimido pra dor. Não esperava encontrar o Markin lá na sala. Ele
estava de frente pra TV, sentado no sofá, mas estava tudo desligado. Acho que
me ouviu chegar.



-Aconteceu alguma coisa?



Não respondi e fui pegar o remédio para dor no armário.
Revirei-o um tempão até achar o bendito remédio e quando fui apagar a luz do
quartinho, a mão do Markin estava em cima do interruptor. Desviei e ia sair,
mas ele segurou meu braço.



-Qual o motivo desses remédios, Leslie?

-Não te interessa.

-Tem que acabar com isso um dia, mais cedo ou mais tarde. Então vamos começar
mais cedo. O que você fez?

-To com dor de cabeça, me deixa em paz!

-Esses não são remédios pra dor de cabeça.



Ele apertou mais forte o meu braço, bem no lugar dos cortes.
Senti o sangue queimar, acho que um filete de sangue saia dos meus cortes.
Gemi!

-Ai.

-Leslie, me diz o que foi.



Eu não ia dizer, mas acabei falando. Não com a boca, mas com
o olhar. Olhei para os cortes embaixo da blusa de moletom e ele acompanhou meu
olhar. Apertou o mesmo lugar de novo.



-Ai, você tá me machucando.

-Deixa eu ver isso!

-Isso o que?



Ele levantou a manga da minha blusa e viu os ferimentos.
Chorei!



-Meu Deus Leslie. Você é maluca?!Porque fez isso?

-Se eu pudesse teria feito muito mais. Eu estava muito enraivada, foi a única
maneira.

-Não precisava fazer mais isso.

-Solta meu braço.

-Você nunca mais vai fazer isso, entendeu? Nunca mais!



Ele estava realmente bravo, preocupava-se comigo. Sim eu não
precisava fazer aquilo, eu sei, mas o que estava passando pela minha cabeça na
hora, era incontrolável! Olhei pra mim esperando alguma resposta, mas eu estava
chorando, só isso. Ele aliviou a expressão e acalmou-se mais.



-Prometa pra mim, por favor.

-Tá, eu prometo, mas deixa eu ir. Vou tomar esses remédios!

- -misch- Não chora – Ele falou e enxugou minhas lágrimas, eu funguei e engoli
o choro! Parei no mesmo instante e deitei a cabeça no ombro dele.

-É muito difícil pra mim, insuportável. – Enxuguei o rosto com a manga do
moletom e ele me abraçou.

-Eu imagino, mas isso vai passar. Agora o que não vai passar é essa dor dos
cortes. Vem cá, deixa eu fazer um curativo, porque tá feio e pode infeccionar.



Sorri minimamente! Não tinha como não trata-lo bem pelo modo
como ele era carinhoso, apesar de tudo. Não tinha como rejeitá-lo, como dizer
não. Simplesmente cedi a seu pedido e sentei em um banquinho, onde ele fez os
curativos. Estava bem melhor agora, ele tinha passado uma pomada e tudo!



-Não sabia que era médico.

-Eu não sou, mas dá pra o gasto. Como está?

-Bem melhor, amanhã deve estar melhor ainda.

-Vai demorar um pouco pra ficar bom, mas vou cuidar disso aí todos os dias.



Repousei a mão em seu rosto e acariciei-o.



-Valeu mesmo.

-Agora vai lá e vê se dorme tá?



Ele deu um beijo no topo da minha cabeça e eu dei um sorriso estreito. Ele me
levantou, me segurou pela mão e me levou para o quarto. Não falou nada quanto o
caos e eu me deitei na cama. Ele desembolou o cobertor e me enrolou até o
queixo. Deu um último beijo em minha bochecha.



-Boa noite, sonhe com os anjos.



Fechei os olhos e fiz sinal pra ele chegar mais perto, dei
um terno beijo em sua bochecha e disse:



-Obrigada mesmo de verdade. Mas temos muito que conversar.

-Amanhã falamos sobre isso. Qualquer coisa é só descer e me chamar, tá?

-Pode deixar.



Segurei sua mão. Senti sua presença ainda ali
quando eu adormeci, ele tinha cuidado de mim e eu não estava mais brava com
ele. Taylor e Markin eram as únicas pessoas que eu continuava não odiando
naquela casa. Foram com esses pensamentos que eu adormeci.

NADA DE PESADELOS!


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Notas finais do capítulo

Reviiiiiews.



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