Lá estava eu, segundos antes de tocar nas suculentas amoras que o garoto do 12 havia colhido. Não foi exatamente um impulso porque eu estava com fome, eu tinha meus motivos. Primeiramente eu gostaria de avisar a todos que eu sabia que eram amoras-cadeado. No distrito 5 eu era a mais esperta. Tinha 4 irmaos menores, um namorado e meu pai, que nao ligava muito pra gente. Minha mãe havia desaparecido dias antes da colheita. Talvez com medo que eu seja sorteada e acabada nos braços da capital, ela tinha noção da minha capacidade de vencer. Eu sabia que se vence-se sem matar nenhum tributo ou simplesmente vence-se seria uma tortura para mim e meu namorado, principalmente para meus irmãos.
Quando eu estava no meu momento "revivendo minha vida no 5" pensei no que minha mãe faria. Dei mais uma olhada nas amoras e sabia qual era a coisa certa a fazer. Peguei todas as amoras e sem querer deixei umas cairem no chão antes de seguir caminho. Olhei novamente para a variedade de comidas e peguei um pacote de queijo para desfarçar. Ninguem pegaria SÓ as amoras, pensei.
No momento seguinte, dou uma ultima olhada na arena e nas arvores que me era totalmente desconhecidas, pego algumas amoras e as enfio na boca. Imagino a reação de meus irmaos e penso: eles vão entender. Sempre entendem.
Dou um ultimo adeus mentalmente para todos os telespectadores. Escuto meu canhão e me certifico que estou totalmente morta.