Meu mundo é você escrita por Karmen Bennett


Capítulo 10
Sob o mesmo teto


Notas iniciais do capítulo

Gente mil desculpas. Deixe eu explicar o que aconteceu. Eu não sei se vcs aqui conhecem minha outra fic CS, mas o cap dessa semana foi complicado de fazer e eu me desconcentrei dessa aqui. Mas aqui estou!! Espero que vcs gostem e se não ficou bom pode falar, fiz com muito carinho!! Ah agradeço as meninas que recomendaram Cs, mas acho que ela nem le essa por tanto qd eu postar eu faço um agradecimento mais a altura!! Boa leitura



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Ela tinhas as costas doloridas pelos movimentos repetitivos que fazia para limpar as escadas.

Ele tinhas as costas doloridas por estar a horas na mesma posição na carruagem.

Ela desejava que as escadas tivessem menos degraus.

Ele desejava que as estradas tivessem menos buracos.

Sam terminou de lavar as escadarias do salão, que davam acesso ao corredor de quartos, e se dirigiu a cozinha para a execução de novas tarefas.  Sentia as costas pediram descanso aos gritos, não tanto pelas escadas quanto pelos treinos excessivos que vinha fazendo. Passara a madrugada reunida com outros companheiros de missão, arquitetando defesas e agora desejava dormir.

O rei preparava o castelo há algumas semanas para receber um convidado. E não dizia quem era de forma alguma. Tampouco o dia da chegada. Parecia querer sigilo e discrição, e Sam desconfiava de que se tratava de alguém voltado a aniquilação de traidores e/ou revoltosos. Ela se encaixava em um desses grupos. Estava apreensiva e temerosa, e a falta de noticias concretas a impacientava muito. Havia momentos em que ela pensava seriamente em deixar tudo aquilo para trás, mas observando as possibilidades que lhe restava, continuava firme.

-Nossa, Sam que cara é essa? –Perguntou Doroteia assim que a viu. –Parece que nem dormiu.

-Não brinca. –Respondeu atirando o balde e a escova num canto. –Pra que temos que descascar tantas batatas?

Doroteia tinha quarenta e cinco anos, tinha a pele clara e enrugada, e lhe faltava alguns dentes na boca. Ao vê-la, Sam sempre se sentia motivada a cuidar dos seus próprios dentes. Mas era agradável e cordial e sempre disposta a ajudar. Tinha uma filha de vinte e cinco anos, que casada, passava os dias em casa cuidando de filhos e do marido, para um dia assumir o lugar da mãe. Era o tipo de coisa que motivava Sam a estar na missão.

-Parece que o convidado chega hoje, e que querem preparar um grande jantar.

-Parece. Falaram a mesma coisa ontem, e ante ontem, e há vários dias. E ninguém apareceu. Não sei pra que esse segredo todo.

-Meu marido disse que é pó segurança. Deve ser alguém muito importante.

-Sem dúvidas.

-Parece aborrecida. Mocinhas como você não são habituadas ao ritmo daqui.

-Definitivamente não. –Respondeu com um sorriso no rosto.

Sam começou a descascar as batatas com agilidade e impaciência. A cozinha úmida e escura, escondia o belo dia que fazia la fora. Era uma linda manhã de verão. E ela tinha que ficar amontoada entre panelas, caldeirões, recebendo o calor do forno e pra completar, o serviço ainda era dobrado. Estava aborrecida com o convidado antes mesmo de saber quem era. O sujeito mal chegara e já lhe sobrecarregava daquele jeito. Não fosse aquela situação durar tão pouco tempo, já teria desistido.

Quando acabou de descascar, foi a vez de cozinhar. Havia muito o que cozinhar. Carne, verduras e pratos que ela se quer sabia o nome. Enquanto trabalhava, ela conversava com as outras mulheres, tentando se distrair  na esperança de que as horas passassem mais rápido.

A tarde chegou ainda mais linda e ensolarada que a manhã, e ela ainda estava cercada por aquelas paredes que a sufocavam.

“É por pouco tempo, Sam logo você será rica.” Repetia em pensamento.

Estava imersa em seus devaneios, mexendo uma panela, quando um ruído alto e desagradável vindo do lado de fora a trouxe de volta. Virou-se para Doroteia que parecia tão surpresa quanto ela. A mulher mais velha se dirigiu lentamente para a porta da cozinha, e após alguns segundos voltou com um sorriso estranho no rosto no rosto.

-Parece que dessa vez, é ele. Há oito carruagens na estrada.

Um estranho pressentimento surgiu inesperadamente na garota, fazendo-a para de cortar as verduras. Pensou que deveria ser um outro rei ou duque a quem o rei desejava se aliar. Mas se fez questão de que houvesse tanto sigilo,  deveria haver mais coisas por trás, e ela deveria se prevenir. Lentamente, foi até porta da cozinha verificar.

Da porta da cozinha se via pouco, as carruagens se dirigiam a frente do castelo, e sua visão estava limitada ao celeiro. Com a garganta seca devido a súbita ansiedade que se apoderava dela, Sam entrou rapidamente no castelo e se dirigiu as escadarias que levavam as masmorras, onde havia uma janela que dava ampla visão ao que ela desejava observar.

Haviam muitas pessoas aguardando. Alguns criados observavam a certa distancia, curiosos em saber a identidades dos recém-chegados. O coração de Sam começava a bater aceleradamente. As carruagens pararam. As pessoas começaram a descer lentamente. Sam se aborreceu com a lentidão deles. Haviam alguns nobres locais descendo de carruagens mais afastadas. Um homem com roupa esquisita e gorro saiu de uma dessas mais afastadas e soou uma trombeta. Mas a centralidade se dava em torno das oito carruagens mais próximas ao palácio.  Da mais luxuosa dessas oito carruagens, desceu um jovem de alto, robusto e com lindos cabelos castanhos.

Freddie sentiu uma sensação maravilhosa ao pisar em suas terras. Melhor ainda em finalmente deixar aquele assento, que a principio pareceu tão confortável. Caminhar foi um doloroso alivio. As lembranças foram enchendo a sua mente a medida que fitava aqueles campos verdes distantes. No palácio, estava tudo do jeito que ele lembrava, exceto algumas peças de decoração novas. Quadros, tapetes e cortinas. O resto, inclusive a organização dos móveis, estava exatamente como ele lmebrava. Sentia vontade de chorar. A felicidade o dominava em estar novamente com a sua família, na sua casa.

Carly estava mais alta e mais bonita, tinha os cabelos presos num coque elegante e vestia um lindo vestido verde, que combinavam perfeitamente com as esmeraldas que suava. Sorria largamente, maravilhada em revê-lo. O pai parecia radiante em vê-lo em casa novamente, já que era comum ele lhe visitar no palácio do conde. A sua mãe tinha os olhos cheios de lagrimas, e soluçava sem parar. Freddie observou, quem embora estivessem mais velhos e aparentassem certo cansaço, seus pais mas permaneciam elegantes.

Olhou para alguns criados que o observavam e uma certa repulsa o dominou. Todos maltrapilhos e curiosos, cochichando quando deveriam estar trabalhando. Abanou a cabeça e continuou andando pelo palácio sem dar muita atenção ao que lhe era dito. A emoção e o cansaço o impediam de pensar direito.

“Sentimos saudades”

“Esta muito mais bonito”

“Tem muito trabalho a fazer aqui, meu jovem”

Ele respondia com toda a paciência de que dispunha, mas aos poucos, a felicidade foi dando espaço ao enorme cansaço que o afligia, e depois de conversar um pouco com todos, no salão principal, e de pé ( o que foi ótimo devido ao tempo em que esteve sentado), ele resolveu deixar claro seu desejo de descansar. Isso certamente frustraria os nobres que o acompanhavam desde que chegou na cidade, mas ele pouco se importava com isso.

-Sinto-me lisonjeado com a presença de todos. –Disse educadamente. –Mas sinto-me também muito cansado por causa da longa viagem e sinto informar que estou me recolhendo aos meus aposentos. Mais tarde desço para o jantar.

Todos pareceram desapontados.

-Querido, mas...

-Lamento mamãe. Não se preocupe em meia horas desço renovado! –Afirmou sorrindo –Ah, por favor,ordene que acomodem Paul, ele também esta cansado. Agora se me dão licença...

Freddie sorriu e subiu as escadas, disposto a dormir até o dia seguinte, se assim fosse de sua vontade. Não é que não gostasse de ser bajulado em todo o tipo de cerimônia, como sempre era, mas estava de fato muito cansado, e a veneração em torno de sua pessoa era tão comum, que uma mais ou a menos não fazia diferença.

Sam desceu da carroça em que havia pegado carona há alguns minutos atrás na estrada. Parecia tudo muito confuso. Se encaminhava naquele momento para a aldeia, sem nem saber ao certo o que de fato deveria fazer. Não conseguia pensa, parecia tudo extremamente confuso. Só aceitara se infiltrar ali pela ausência de Freddie, o retorno dele representava um grande percalço.

Sua mente estava  dando voltas. Queria abraça-lo, chegar perto e saber como ele esteve durante os últimos cinco anos. Mas sentia uma profunda dor ao pensar que a probabilidade dele se recordar dela depois de tanto tempo convivendo com a nobres como ele, era inexistente. Se perguntou o que tinha na cabeça quando era criança por um dia acreditar que podiam ficar juntos, por acreditar que tinha o direito de se apaixonar por ele. Como resultado, a culpa por estar traindo a ele e sua família a dominava naquele momento.

Assim que chegou na aldeia, se dirigiu a casa de sir Nicolau para falar com ele. O homem não estava e ela teve que aguardar sentada na porta. Enquanto isso, pensava na desculpa que dera a Gertrudes. Pensou que talvez tivesse sido um erro ter saído tão rápido, poderiam desconfiar. Mas a probabilidade de desconfiarem de uma menina magra e de aparência frágil era a mesmo de Freddie se lembrar dela. Ainda mais depois de ter inventado que um garoto fora avisar que o seu avo estava passando mal. Estava convicta de que fora bem em sua mentira.

Quando o homem chegou, acompanhado de seus dois filhos, de quarenta e trinta anos, Sam solicitou uma conversa urgente, e em particular com ele. Pelo semblante, o homem já sabia o que havia ocorrido, pediu que ela entrasse na salinha que ele usava como gabinete e o trancou. Ela sentou apreensiva e começou a falar:

-O príncipe esta aqui. E agora?

-É, eu fiquei sabendo. O rei conseguiu manter segredo por um bom tempo. Esta desconfiado de nós, muito. Não devia ter vindo.

-Precisava saber como fico... –Disse gaguejando.

-Entendo. Mas fique tranquila. Ele voltou, mas só irá casar daqui há três anos. Não oferece perigo algum.

-M-mas por que ele voltou antes?

-Por que ele partiu antes. – O homem a estudava atentamente. –É o que parece. Mas que diferença faz, Sam?

-Ele sabe da história toda? Da família dele?

-Não sei. Outra coisa que quero que você descubra. Quer me dizer mais alguma coisa, Sam?

-Não. –Disse num suspiro. –Só fiquei preocupada.

-Não há motivos. –Disse pacientemente. –Continue a procurar as provas.

Sam levantou derrotada. Não podia contar a ninguém que Freddie fora seu amigo na infância e que a presença dele atrapalharia o trabalho. Caminhava pela aldeia, pensando que talvez conseguisse. Só restavam alguns meses, Carly nunca aparecia na ala de criados, não deveria diferente com ele. Ela limpava os ambientes que eles ficavam apenas quando não estavam, de noite ou de manhã bem cedo, e alem de tudo, estava mudada, não poderia haver grandes problemas.

-Fora o fato de que você esta traindo um amigo. –Balbuciou baixinho.

A noite já começava a cair. Achou melhor não passar na casa dos pais, isso a atrasaria muito. Robie não se importou em leva-la até o palácio. Ele até tentou, mas Sam não conseguiu corresponder a sua conversa empolgada sobre uma viagem que ele pretendia fazer. Ele se mostrou compreensivo, mas ficou decepcionado diante da fria despedida, limitada a um “até mais”.

Os planos de descansar de Freddie foram frustrados pela presença da mãe e da irmã, que quatro horas após os convidados se cansarem de esperar por ele e irem embora, foram bater no quarto dele.  Disseram que queria saber como estava depois de se acomodarem em cadeiras,  começaram a contar coisas que haviam acontecido durante a sua ausência. A mãe falava dos títulos que o rei havia concedido há alguns amigos, e Carly dos pretendentes que surgiam. Quando viu que elas estavam apenas querendo matar a saudade, Freddie sentou e fingiu estar interessado.

Após pensar um pouco, Freddie comoçou a falar, sem demonstrar grande interesse, de pessoas que vira na cidade assim que chegou. Fingia lembrar deles da época em que era criança, e teve que inventar para parecer convincente. Elas não se mostraram animadas, como já era de se esperar, e antes que elas dessem um jeito de encerrar o assunto que até mesmo pra ele pareceu entediante, ele perguntou:

-Vocês lembram de um senhor que vendia maçãs aqui no castelo?

-Não. –Respondeu Carly.

-Deixe-me ver... –A mulher pôs um dedo no queixo. –John Puckett. Lembro sim. Por que a pergunta, querido?

-Nada. Eu o vi. Ele sempre passava aqui pelas manhãs, eu o via da janela.

-Ainda vem. Esta velho, mas por que falarmos de plebeus quando o filho do duque Santiago veio pedir a mão da Carly na semana passada?

O sono voltou a dominar Freddie. Tinha a esperança de que a mãe falasse algo, ainda que sem querer de Sam, mas parecia impossível. E perguntar seria suspeito. Ele mesmo não sabia por que estava tão interessado em saber dela. Se deixou acreditar que fora apenas pela conversa com Paul, ignorando o fato de seu coração ter acelerado ao ver o sobrenome dela ser pronunciado. Estava convicto de que uma noite de sono afastaria as lembranças. Que há anos o perseguia.

Ainda não haviam dado nem quatro da manhã e Sam já estava de pé. O trabalho ali parecia dobrar a cada dia. Gertrudes estava muito aborrecida pela sua demora no dia anterior e resolveu testar a sua paciência ainda mais. Cobrira a garota de tarefas, e ordenara  inclusive, que ela limpasse todas as molduras de todos os quadros. O problema é que ela já havia feito isso no dia anterior.

-Ela faz isso só pra ter uma desculpa de nos mandar embora caso a gente reclame. –Dizia a Spencer enquanto areava a prataria.

-E por que não vai? Soube que tem muitos pretendentes, não entendo por que prefere ficar aqui, sendo tão jovem...

-Melhor enquanto sou jovem, do que quando for velha. Quando chegar la, eu quero apenas descansar.

-Tudo bem. Eu já vou agora, também tenho trabalho a fazer.

-Spencer...

-O que? –Ele parou sorrindo na porta.

-Há... Deixa pra la.

Ele deu de ombros e se afastou sorrindo. Sam percebeu a tempo que não era adequado fazer pergunta alguma sobre Freddie. Mas a curiosidade a matava. E ainda tinha os quadros. Não estava nem na metade da prataria, e assim sendo, quando os fosse limpar, ele já poderia estar circulando pelo castelo. Talvez não fosse tão fácil quanto ela pensou.

Freddie levantou por volta das dez horas. O sol já brilhava com força. Espreguiçou-se e saiu lentamente da cama. Higienizou-se vestiu-se elegantemente. Não tinha animo para sair, mas era quase certo que alguém apareceria para visita-lo. Ao acabar de se arrumar, deu uma olhada em volta. Havia malas por todos os lados, deixando o quarto com um aspecto bagunçado. Provavelmente as criadas aguardavam que ele saísse para poder entrar e arrumar. Freddie deu  uma ultima olhada no espelho e já ia saindo quando lembrou-se de algo. Voltou, abriu uma de suas malas e pegou um papel amassado. Enfiou o desenho aberto dentro de um livro e o colocou numa gaveta da cômoda que ficava ao lado da cama.

Ele desceu as escadas sentindo-se mais disposto. Surpreendeu-se ao encontrar a sala vazia. De certa forma foi um alivio, ainda planejava descansar um pouco mais. Havia um silencio incomodo no ar. Tudo estava limpo como sempre, e havia um rotineiro ruído baixo de criados transitando pelos corredores. Ele continuou caminhando e quando viu uma criada, de costas limpando um quadro de Giotto, sentiu uma sensação estranha. Seu coração disparou de repente, uma sensação de déjà vu o invadiu. Saiu do transe que a figura lhe causou e ordenou aborrecido:

-Deixe o que esta fazendo e suba imediatamente para arrumar os meu aposentos.

Deu as costas e se dirigiu a biblioteca sem nem ao menos ver o rosto da moça, e muito menos esperar que ela assentisse.

A biblioteca estava vazia, ele decidiu ler enquanto descansava um pouco mais. Caminhou entre as estantes e após escolher um livro de capa vermelha, sentou-se iniciando uma leitura concentrada. Quando virava a terceira página, ouviu um barulho na porta. Aborrecido pela interrupção, baixou o livro para verificar de quem se tratava e um sorriso involuntário surgiu em seu rosto quando uma garota se aproximou timidamente.


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Notas finais do capítulo

Muito ruim? Eu vou tentar melhorar, ta bem? Deixem reviews pfv bjs até mais!!