Como Um Sonho escrita por Night Crow


Capítulo 9
O julgamento.


Notas iniciais do capítulo

A droga do laptop desligou, perdi o capítulo de mais de 2,000 palavras que levei um dia inteiro para escrever. Espero que gostem desse lixo. E obrigada a Fernanda Beatriz por continuar lendo e comentando, se não fosse você eu não saberia se a história está boa ou ruim.



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Acordei indispota na manhã seguinte. Não queria levantar, mas o fiz mesmo assim. Fui ao banheiro e tomei um banho que me fez sair pior do que entrei. Vesti meu pijama de volta e desci para comer algo, pois meus estômago deu um grande ronco quando pensei que não estava com fome.

Desci as escadas e fui a cozinha, fiz um sanduíche natural e preparei um suco de laranja, andei até a sala, liguei a TV e ajeitei-me no sofá. Estava passando Bob Esponja, o que era bom pois eu não ficaria no tédio.

Engraçado como as horas passam voando, não é? Quando olhei para o relógio já eram 14:30 e eu tinha que me arrumar para ir ao julgamento. Não, o tal policial ainda não havia me ligado, mas eu queria me arrumar o quanto antes, para não ficar correndo e esbarrando em tudo depois.

Subo ao meu quarto e passo meia hora escolhendo o que vestir, até que finalmente decido que vou usar uma blusa branca de manga curta com um rosto estampado, um short jeans claro, uma sapatilha rosa clara e uma jaqueta por cima também rosa clara. Admito que fiquei estilosa.

Peguei uma bolsinha rosa, nossa, estou muito rosa hoje, e coloquei meu celular e algumas balas, para passar o tempo. Desci devolta para a sala e decidi convidar Gabi para ficar esperando comigo. Peguei o telefone e disquei seu número, quem atendeu foi sua mãe.

– Alô, quem fala? - Perguntou ela.

– Olá, é a Carol - Respondi.

– Ah olá querida, como vai? Quer falar com a Gabi? - Pergunta animada.

– Vou bem, muito obrigada. - Não era mentira, mas também não era totalmente verdade - E sim, poderia chamá-la, por favor?

– Claro! Espere só um segundo. - Diz e logo escuto Gabi falando animada do outro lado da linha.

– Oi Carol! - Anima-se - Tudo bem?

– Oi Gabi! Sim, e você? - Respondo animando-me também.

– Tudo! Novidades? - Pergunta.

– Até agora não e você? - Respondo fazendo outra pergunta.

– Não... Mas por que ligou? - Pergunta, curiosa.

– Eu apenas liguei para perguntar se você gostaria de vir aqui, para ir ao julgamento comigo, depois. - Respondo.

– O tal policial já te ligou? - Pergunta.

– Não, mas então, aceita? - Pergunto, esperando que ela diga sim.

– Claro, só espere um pouco que vou falar aos meus pais. - Responde e eu ouço-a gritando para seus pais.

– Eu chego aí em alguns minutos. - Responde, feliz.

– Está bem então, tchau! - Digo.

– Tchau, até! - Diz e nós duas desligamos.

Depois de algum tempo ouço a campainha tocar e vou correndo abrir a porta.

– Oi oi Carol! - Sim, ''Oi oi'' mesmo, minha amiga é muito doida.

– Oi oi Gabi! - Faço o mesmo e nós duas rimos feito bestas. - Olá tia Thaís e tio Renato. - Sorrio para eles, que retribuem.

– Olá querida. - Diz a mãe dela.

– Soubemos do acontecido, garanto que eles terão o que merecem. - Disse o pai dela, ficando sério. Referia-se ao meu pai e a bruxa.

– Assim espero. - Respondo, também ficando séria. - Querem entrar? - Convido-os, sendo educada.

– Ah não, muito obrigada. Agradecemos o convite mas temos que ir. - Dizem os pais dela ao mesmo tempo e todos nós rimos. - Então se cuidem, hein?

– Sim senhor! - Nossa vez de falarmos juntas. Nos olhamos e rimos novamente. Gabi deu um abraço em cada um e entrou, enquanto seus pais iam embora. Fechei a porta e fomos nos sentar no sofá.

– E aí? Qual é? - Pergunta Gabi, de repente.

– Qual é o que? Ficou doida? - Pergunto, com cara de espanto. Ela consegue me impressionar cada vez mais com a loucura dela.

– Ah... Sei lá. - Diz ela dando de ombros. Reviro os olhos.

Ficamos em silêncio.

– AAAHH! - Dou um grito, assustando-a e fazendo-a dar um pulo no sofá.

– FICOU DOIDA? TÁ QUERENDO ME MATAR, É? - Grita ela, pondo a mão no coração e respirando rapidamente. Me acabei de rir com isso, mas depois parei e encarei-a, o que fez nos duas cairmos na gargalhada.

– Tá, me desculpa, eu não quis te assustar. - Digo, ainda rindo um pouco.

– Quis o que então? - Pergunta, em tom acusatório.

– Eu não quis nada tá? - Respondo, fingido magoamento. Ela revirou os olhos. - Eu apenas não acredito que hoje é o julgamento, e que eles vão finalmente apodrecer na cadeia.

– Isto é, se eles não conseguirem se salvar. - Diz ela. Não acredito que essa garota consigue ser mais pessimista do que eu em alguns momentos.

– Mas é claro que não vão, Gabriela, por que pensas assim? - Respondo fazendo uma cara de quem não crê no que ouve.

– Não sei... Mas é claro que eles não vão, nós temos mais provas do que eles sobre isso... Não é? - Pergunta, em dúvida.

– Mas é claro que sim, o que há com você? - Pergunto, chacoalhando-a.

– Ah, sai pra lá. - Empurra-me - Estou bem, só nunca havia presenciado um julgamento antes e estou apenas nervosa.

– Ei, não seria eu a falar isso? - Pergunto, tentando nos descontraír.

– Engraçadinha. Ei, o que é aquilo na janela? - Pergunta, atraíndo nossa atenção até a janela.

Havia outra coruja tentando atravessar a janela, pobres animais, será que eles não sabem pelo menos pousar no parapeito da janela, tem que tentar atravessá-la? Fui até a janela, abrindo-a e arrancando de uma vez a carta do bico da coruja, que deu um pio alto e saiu voando para longe.

– Nossa, quase que arranca o bico da pobre ave junto. - Diz Gabi, arrancando a carta de minha mão e abrindo-a. Quanto mais seus olhos passavam pela carta, mais seu rosto se animava.

– Olha, mais uma carta daquela escola de bruxos! E essa tem os materiais!- Disse, quase pulando de alegria. Quem deveria estar quase pulando de alegria sou eu, mas não estou muito afim. Arranquei a carta de suas mãos e li, sem acreditar no que via.

– Nossa, você é tão educada que até pediu por favor para pegar a carta. - Disse ela, irônica.

– Ah Gabriela, nem vem. - Digo fazendo cara de tédio - Você também foi muito educada arrancando a carta de minhas mãos.

– E você foi muito delicada quase arrancando o bico do pobre animal. - Falou sobre a coruja, certamente ficou sem argumentos.

– Querida, o único animal aqui é você. - Digo brincando e ela me taca uma almofada. Sento ao seu lado e nós duas lemos e relemos a carta.

– Olhe aqui. - Diz ela apontando para as penúltimas linhas da carta. - Diz aqui que as aulas começam dia 1° de setembro.

– Então é depois de amanhã. - Respondo, contraindo a boca.

– E aqui também diz que temos que ir na estação de Kings Cross, não é aquela que fica na outra rua? - Pergunta, ainda olhando para a carta.

– Sim, mas nós não vamos até lá, certo? - Digo, dobrando a carta e colocando-a de volta no envelope.

– Errado. Nós vamos sim. - Diz Gabi, contrariando-me.

– Por que ainda insiste nisso? - Pergunto, bufando e reviro os olhos.

– Por que ir á uma estação não mata. - Responde, olhando-me com os braços cruzados - Então, vamos?

– Já vi que te convencer vai ser difícil... Então vamos, sim. - Respondo, vencida.

– Eba! - Diz e fica batendo palminhas, uma verdadeira criançona essa Gabriela.

Estamos já no carro do policial, soube que seu nome era Edward, em direção ao julgamento. Estava nervosa demais para falar algo, e Gabi estava com a mesma cara de vazio. Chegamos, enfim, ao local e descemos do carro. Seguimos Edward por um corredor cheio de gente nos olhando, o que me fez querer encolher e sumir.

Entramos em um grande salão, cheio de gente, e nos sentamos onde nos foi indicado. Olhando em volta, vi meu pai a bruxa conversando, e quando me viram fizeram uma cara de nojo para mim. Aquilo me apertou o coração. Não estou falando da bruxa, não me importo com ela, estou falando de meu pai, ele, que deveria me amar, como os outros pais amam seus filhos, me olha com desprezo e me trata feito um animal.

Decido não olhar mais para eles, e logo o juíz começa a falar.

– Olá senhoras e senhores, aqui estamos para julgar o Sr. Brown e a Sra. Haley, por maltratos á uma criança.

– É mentira! - Gritou meu pai.

Começou a falação, o juíz teve que ficar 5 minutos martelando a mesa para as pessoas ficarem quietas novamente.

– Ordem, ordem! - Falou alto, chamando a atenção de todos os presentes. - Como disse anteriormente, estamos aqui para julgá-los por maltratos á uma criança. Algum protesto?

– Sim. - Meu pai levantou-se, a bruxa imitou-o.

– Diga. - Falou o juíz, paciente.

– Essa garota - Apontou grosseiramente para mim - está mentindo. Como o próprio pai dela a maltrataria? - Fez-se de coitado.

Aposto que ele sabe de todas as crianças que são abusadas e mortas todos os dias por seus próprios pais.

– Acredito que o Sr. tem conhecimento das muitas crianças que são abusadas e mortas todos os dias por seus próprios pais. - O juíz repetiu meus pensamentos.

– Ah... é, claro que sim... - Meu pai ficou sem ter o que dizer e sentou-se em seu lugar.

Tive vontade de rir, mas não o fiz, não queria voltassem a atenção para mim, pelo menos não agora.

– E a Sra. Haley, o que tem a dizer a respeito? - Perguntou, agora olhando para a bruxa.

– Eu concordo com meu amor. - Tive vontade de vomitar - Nós nunca fizemos nada a esse pequeno anjo e... - Não deixei-a continuar. Desde quando ela me chama de anjo? E desde quando ela não me maltrata?

– Mentira! - Gritei, atraindo todos os olhares para mim, inclusive o de Gabi, que olhou-me espantada pela minha reação.

– Está me chamando de mentirosa? - Pergunta a bruxa, ficando nervosa.

– Quer que eu minta e diga que você só fala a verdade? Desculpe, não dessa vez. - Disse e vi que o juíz reprimiu um sorriso.

– Como ousa, sua... - Bateu as mãos na mesa e levantou-se, pronta para me chingar, mas meu pai acalmou-a com um abraço e um selinho.

Aquilo fez meu coração doer, como ele pôde? Ele deveria ser fiel à minha mãe, não foi por isso que casaram-se? Meus olhos lacrimejaram, mas me mantive com a expressão forte. Gabi percebeu e me deu um abraço, que correspondi, triste.

– Creio que a Srta. Valery tem algo para nos provar que era maltratada, certo? - Pergunta-me o juíz, dando um sorrisinho.

– Claro, claro que sim. - Respondi e olhei para Gabi, que entendeu o olhar e pediu permissão para falar.

– Conheço a Carol desde que eramos pequenas, então acredito nela. Além de ter visto seu pai dando-lhe um tapa, na minha frente mesmo, sem nenhuma vergonha. - Diz ela, calmamente.

– É mentira! - Grita novamente meu pai.

– Sr. Brown, acalme-se por favor. - Diz o juíz, perdendo a paciência e vira-se para mim. - Há outra coisa que queira nos mostrar ou contar?

– Certamente mais mentiras. - Sussurra alto meu pai.

– Claro que há, e essas são as provas finais. - Digo um pouco alto, olhando de esguelha para meu pai e ''Tiffy''.

Tiro a jaqueta e mostro algumas cicatrizes de cortes em meu braço esquerdo, que sofri quando meu pai me batia.

– São cortes que meu pai fez enquanto me batia, algumas vezes. - Disse dando de ombros. O juíz arregalou levemente os olhos. Não sei o porque, já que eram quase invisíveis.

– Com essas provas e pelas atitudes rudes dos Srs. neste tribunal, eu vos declaro culpados, com sentença de passar o resto de suas vidas na cadeia.

– O QUE? - Perguntam os dois em uníssono.

– Guardas, podem tirá-los daqui, por favor. - Diz o juíz, olhando para nós e dando uma piscada rápida. Nos olhamos, demos um gritinho de felicidade e nos abraçamos, é o melhor dia de minha vida.

Voltamos para minha casa, já era de noite. Gabi pediu, ou melhor, implorou de joelhos para seus pais deixarem ela dormir aqui em casa, dando a desculpa que não queria me deixar sozinha, mas a verdade é que ela me acordaria bem cedo amanhã para irmos à estação de Kings Cross, para vermos se há algo suspeito lá. Admito que também estou curiosa para saber. Depois de ficarmos acordadas até a meia noite fazendo besteiras, finalmente adormecemos. Amanhã será um grande dia.


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Notas finais do capítulo

Não dá nem para ir ao banheiro que essa coisa já desliga. Comentem, por favor.



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