Pansy escrita por Sushi


Capítulo 1
One-Shot




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Jersey amanheceu fria, e permaneceu assim pelo resto do dia. Era inverno, início de Janeiro.
No jardim em frente à própria casa, Frank Iero chorava. Tinha as bochechas e o nariz vermelhos pelo frio gelado e pelas lágrimas. A mãe tentava consolá-lo, mas sem sucesso.
— Não chore, querido, está tudo bem... — Linda afagava os cabelinhos castanho-escuros do filho.
— Podemos comprar outra, depois. — Disse Frank, o pai.
— Não! — Choramingou o pequeno, indignado.
Frankie! — Uma voz infantil gritou, fazendo o pequeno Iero virar-se para olhar. Gerard, seu melhor amigo e vizinho, vinha correndo. Era pálido, um pouco gordinho, com cabelos lisos e pretos, curtos. — Frankie... É verdade? — Disse, depois de chegar ao lado do amigo e ficar de joelhos ao seu lado.
Frank apenas suspirou, triste, e acenou com a cabeça.
— Frankie, eu sinto muito... — Gerard abraçou-o pelos ombros. Mais uma lágrima escapou pelos olhos cor de mel de Frank.
— Eu vou fazer um chocolate quente. — Disse Linda, se levantando junto com o marido, que saía para trabalhar.
Pansy, a cachorrinha Cocker Spaniel de Frank, tinha morrido. O garoto amava cachorros, e estava inconformado com a morte de sua mascote.
— Não chora, Frankie... — Gerard fez um leve carinho nos cabelos de Frank. — A Pansy foi pro céu agora! — Disse, sorrindo levemente.
Os olhos de Frank brilharam.
— Jura?! Eu não sabia que animais também iam pro céu, Gee!
— Ah, eles vão, sim. — Disse Gerard, firme, mas sem deixar de ser carinhoso. — Existe um céu pra eles!
— Será que lá tem aqueles biscoitos que ela gostava? — Perguntou Frank, inocentemente preocupado.
Gerard sorriu.
— Sim. Um montão deles.

Frank sorriu levemente.

— Meninos! Venham, o chocolate está pronto!

xxx


10 anos depois


Frank andava ao lado de Gerard, com uma expressão chateada no rosto. Desde pequenos, os dois eram melhores amigos, e agora, com 16 anos, nada havia mudado.
— Frank, não fica chateado. — Gerard tentava animar o amigo, sem muito sucesso.
Frank suspirou.
— Você pode comprar outra, depois. Se conseguiu juntar dinheiro para comprar ela, pode comprar outra... — Disse, embora soubesse que Pansy tinha valor sentimental, e não seria fácil substituí-la.

Frank estava voltando de um ensaio com Ray, carregando Pansy, sua guitarra, nas costas, dentro de um case, quando foi atropelado por uma bicicleta. Frank saiu perfeitamente bem, mas o mesmo não podia ser dito de sua Les Paul branca. Quebrou-se ao meio. Sem conserto.

— Vai, o Halloween tá quase aí. Você adora o Halloween, Frankie. — Gerard sorriu. Tinha mudado; agora era alto, magro (nunca tinha deixado de ser pálido, porém) e tinha os cabelos negros e lisos na altura dos ombros. Era bonito, mas tímido.
Frank também estava diferente. Continuava baixinho, um pouco mais corado que Gerard. Havia feito algumas tatuagens e colocado um alargador e piercings — um no lábio inferior e outro no nariz. O cabelo castanho escuro era curto e repicado, com uma franja cobrindo parcialmente o rosto.
Mas o fato era que Gerard estava apaixonado por Frank. Não sabia ao certo à quanto tempo, mas era um segredo que ele não sabia se deveria revelar. Amava Frank, acima tudo, como amigo. Não suportaria perder sua amizade. Sabia que Frank era bissexual e um defensor dos direitos iguais para todos. E Frank sabia que Gerard era gay. Não haviam segredos entre os dois.
Bom, exceto a paixão de Gerard.

— Mas ela era única, Gee.

Gerard deu um sorrisinho triste.

— Eu sei, Frankie.

Frank sorriu ao ouvir seu apelido que só Gerard usava.

— Um frappuccino e um mocha, por favor. — Pediu o mais alto, quando chegaram à Starbucks.

xxx

 Frank? O Gerard está aí! —  Disse Linda, do outro lado da porta do quarto.
—  Manda ele entrar. —  Disse, com uma voz sonolenta.

Eram três e quinze da tarde, dia 31 de Outubro —  aniversário de 17 anos de Frank. Ele ainda não havia acordado; os pais vieram cantar Parabéns e entrgar os presentes de manhã cedo, mas ele dormiu logo depois, obviamente. Estava deitado na cama, com o cobertor puxado até a altura os olhos.
Ouviu a porta se abrir e depois fechar. Sonolento, fechou os olhos, quase voltando à dormir, quando sentiu um peso sobre si.

Feliz aniversário, Frankie! — Disse Gerard, num tom de voz animado. Frank não pôde deixar de sorrir.
— Oi, Gee... — Disse, entre um bocejo. Foi cacoalhado por Gerard, que ria.

— Vai, acorda, acorda. — Ria o mais velho, quase pulando. — Eu tenho um presente pra você.
— Então sai de cima de mim! — Frank escondeu o rosto em baixo do edredom.

Gerard obedeceu, saindo e ficando ao lado da cama. Frank se levantou, ficando sentado na ponta e se espreguiçando. Gerard deu um sorriso largo.

— E aí, como você tá? — Perguntou ele.
Frank deu um sorrisinho.
— Bem...
— Ainda sente falta da Pansy? — Gerard parecia um pouco preocupado, mas não tinha parado de sorrir. Agora, Frank havia percebido, ele segurava uma caixa grande e preta atrás das costas.

— Um pouco. — Frank brincou com um fio escuro de seu cabelo.
— Bom... — Gerard sentou-se ao lado de Frank na cama. — Feliz aniversário, Frankie. — Disse, estendendo a grande caixa para o amigo.

Frank sorriu, arqueando uma sobrancelha.
— O que é isso? — Perguntou, num riso.
Abre! — O mais velho sorriu, mostrando seus dentes pequenos.

Frank abriu a caixa preta com cuidado, curioso.  Dentro, havia um case preto em formato de guitarra.

— Gee... — Os olhos do menor brilhavam.

Abre!

Frank abriu o zíper, revelando uma Les Paul branca, parecida com Pansy, mas esta tinha adesivos diferentes — letras finas e compridas, vermelhas, formando o nome “Bella”.

Frank sorriu, maravilhado.

— Gee! É linda! Deus, eu não sei o que dizer, eu... Onde você conseguiu grana? Quem você matou, vampiro?! — Riu, com os olhos brilhando de felicidade e um sorriso largo no rosto, revelando seus dentes bonitos.

Gerard apenas riu e balançou a cabeça.

— Usei um dinheiro que eu estava guardando. Sei que não é a Pansy, mas... Bom, é o mesmo medelo. — Gerard deu um sorrisinho simples.

— É linda... — Disse Frank, contornando a guitarra com a ponta dos dedos. — Obrigado, Gee. Não vejo a hora de tocar! — Sorriu, levantando-se da cama e levando a guitarra consigo, feliz da vida.

— Que bom que gostou. — Suspirou Gerard, se deitando na cama e fechando os olhos, relaxado. — Te amo.

Puft. Saiu assim, um “te amo” espontâneo e não planejado, da boca de Gerard. Quando se deu conta do que havia dito, seu sangue gelou e ele nem abriu os olhos, com uma vontade gigantesca de sair dali, se estapear.
Sair dali e depois se estapear. Forte.

Quê...? — Ouviu Frank, a voz não muito mais alta do que um sussurro.

Gerard suspirou, apertando com força os olhos e depois abrindo-os. Levantou-se, ficando sentado.

— Frank, me desculpe. Sério mesmo, não era minha intenção, mas... — Engoliu em seco. — Eu... Tô gostando... De você. E não me faça perguntas difíceis! — Disse, antes mesmo de Frank dizer qualquer coisa. — Eu sei que não deveria, e nunca disse nada porque não queria nossa amizade acabada. — Gerard encarava o chão. — Droga, Frankie. Me desculpe. — Passou a mão pelos cabelos compridos, nervoso.

Sentiu um peso ao seu lado no colchão. Frank havia se sentado ali.

— Ei... — Frank passou levemente a mão pelos cabelos lisos de Gerard. — Não fica assim, Gee. — Frank abraçou o amigo pelos ombros, fazendo igual à Gerard quando eram pequenos e Pansy, sua cachorrinha, morreu.  — Sabe, quando eu ficava triste, você me dava um beijo e eu sarava. — Frank sorriu levemente. Gerard virou o rosto, olhando fundo nos olhos amendoados de Frank.

Olhos verde-oliva e olhos cor de mel.

Lentamente, Frank deixou um leve beijo na bochecha de Gerard. Depois, outro perto do olho, e um no canto da boca.
Gerard estremeceu.

— Frankie...

Te amo, Gee. — Murmurou Frank, finalmente selando seus lábios aos do outro. Gerard suapirou, levando uma mão à cintura de Frank enquanto ele puxava levemente seus cabelos compridos e subia em seu colo, com uma perna de cada lado do corpo do maior. Aprofundaram o beijo, com Frank mordendo levemente o lábio inferior do mais velho. Gerard abriu a boca, sentindo a textura macia e a temperatura quente da boca do pequeno.

Frankie!  — Gerard suspirou e riu quando os dois se separaram e o outro pôs-se a beijar seu pescoço, dando leves selinhos e fazendo cócegas. O menor subiu novamente a cabeça, roçando os narizes.

— Foi o melhor presente de todos. — Suspirou Frank, fechando os olhos.

— Que bom que gostou, Frankie. Foi a guitarra mais bonita que eu achei.

— Não tô falando disso, bobo! — Riu Frank. — Tô falando de você. — Disse, dando mais um pequeno beijo na bochecha macia de Gerard.

O maior corou, sorrindo, e aninhou Frank em seus braços.

— Vou chamá-la de Bella Way. — Disse Frank, com a voz levemente abafada pelo peito do maior. Gerard riu, afagando os cabelos de Frank.

— Me promete uma coisa, Frankie?

Hm?

Gerard soltou Frank, olhando-o nos olhos.

— Promete que nossa amizade nunca vai acabar? — Gerard tinha um tom de preocupação na voz.

Frank sorriu, sincero.

— Prometo. Te amo Gerard, principalmente como amigo.

Gerard sorriu.

— Eu também.

Frank colou seus lábios aos de Gerard novamente, e eles estavam prestes a iniciar um beijo mais intenso, quando foram interrompidos por alguém batendo na porta.

Frank? Gerard? — Era Linda. — Venham, eu fiz um lanche!

Os dois se levantaram, Frank segurando a mão do amigo.

— Vem, vamos comer uns waffles.


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Notas finais do capítulo

Ficou bobinha. Primeira história que eu posto, tô nervosa, muito nervosa, porque eu sou retardada. Enfim. Não me matem. ;-;