Annabell nos levou em direção à barraca de algodão doce, dizendo que o meu futuro “paquera” estava nos esperando lá. Preciso dizer que fui o caminho inteiro rezando para que o maldito não estivesse lá? Mas infelizmente ele estava.

“Ele” era um garoto alto, com cabelos num tom forte de vermelho. Ah, Annabell sua maldita, você ainda me paga. O garoto usava uma camiseta, também vermelha. Uma calça jeans preta e all stars igualmente pretos. Era bonito, tenho que admitir. Pelo menos do lugar onde eu estava.

- E ai? O que achou? – Anna perguntou, me cutucando.

- É, é bem bonito. Pelo menos daqui.

- Ele é bonito de perto e de longe. Você vai ver. – Annabell piscou para mim e foi pegar na mão de Sam, que até agora estava muito calado para o meu gosto. Ou talvez ele fosse assim mesmo, vai saber.

O “garoto” parecia impaciente, pois batia o pé no chão sem parar. Pela cara que ele fazia começo a desconfiar de que Annabell – ou talvez Sam – usaram da mesma artimanha para fazê-lo ir até ali.

Quando chegamos perto o suficiente da barraca de algodão doce Annabell começou a literalmente berrar para o garoto. Ele se limitou a fazer um aceno de cabeça para que ela parasse de gritar, mas ela não parou, é claro. Ela é a Annabell.

- Anna, afinal. Qual é o nome dele? – Eu perguntei, finalmente. Annabell não tinha me falado o nome do maldito garoto. Ela disse que era “um segredo e que eu teria que descobrir sozinha”. O que não me ajudaria em absolutamente nada se eu quisesse algum tipo de aproximação com ele. Por que provavelmente ele já sabia o meu nome.

- Não vou contar Giu. Já te disse que é segredo.

- Isso é injusto ele já sabe o meu nome.      

- Quem disse? Ele está na mesma situação que você. Terão que descobrir o nome um do outro sozinhos. – Sam respondeu. Eu olhei pra ele lhe lançando um olhar fuzilador. Ele que agradeça por eu não ter os olhos do Superman.

- Isso mesmo. Já que nunca da certo quando eu lhe conto tudo sobre os seus encontros você e ele teram que descobrir tudo sozinhos. – “Até você Anna? O que esse ser fez com a minha doce e querida Anna que me contava tudo? Não brinco mais!”

- Até que fim vocês chegaram. Pensei que tinham desistido na metade do caminho ou coisa parecida. – O garoto disse vindo ao nosso encontro. Ele tinha uma voz um pouco rouca o que o tornava muito mais sedutor se juntasse com suas roupas e seu cabelo. Mesmo eu odiando a cor vermelha, nele ficava bom.

- A Annabell demorou para se arrumar. – Sam respondeu enquanto passava os braços pelos ombros da Anna. Pobre Anna. “Espero que ele te faça feliz, minha amiga.” Sei que não descrevi minha querida Annabell, então me desculpem por isso. Ela é uma garota um pouco baixa pra sua idade, tem longos cabelos na cor rosa e olhos verdes. Um amor de pessoa.

- Sempre a Annabell não é? – O garoto passou a mão nos cabelos da MINHA Anna e os bagunçou. Tenho que dizer que em nenhum momento ele olhou pra mim? Pois bem.

- Ei, pare com isso. – Anna disse arrumando seu cabelo.

- Então, é ela? – O garoto disse apontando pra mim.

- Sim. – Sam respondeu.

- Isso vai ser ótimo. – O maldito murmurou com uma expressão que misturava raiva e nojo. Lembrei de Micki nesse momento. Pareceu-me uma ótima lembrança.

- Olhe, eu também não estou nada feliz com isso tudo. Então se não quiser que eu... – Ei, calma ai. Eu não disse nada. – Ele me interrompeu.

- Claro claro. “Isso vai ser ótimo” – Eu falei, fazendo uma imitação muito ruim de sua voz. Não teve o resultado que eu esperava. Ele riu.

- Não foi isso que ele quis dizer Giu. Ele não gosta de parques. – Annabell me explicou e Sam lhe lançou um olhar matador. Eu lancei um olhar 3 vezes pior para ele. E depois percebi: aparentemente, essa era uma das coisas que eu teria que descobrir sozinha.

- Então, né. – Sam falou coçando a parte de trás de sua cabeça. – Aonde nós vamos primeiro?

- KAMIKAZE! – Annabell gritou e todos nós nos assustamos. Automaticamente eu já fiquei mais alegre. “Anna, eu podia te dar um beijo agora.” O Kamikaze era o meu brinquedo favorito e Annabell sabia disso.

- Hum... Tem certeza Annabell? – Sam perguntou. Pelo visto o Sam não conhecia minha Annabell. Ela era quase tão fanática pelo Kamikaze quanto eu.

- Absoluta. – Annabell disse e me olhou toda sorridente. Eu sorri de volta mesmo sentindo que aquele sorriso queria dizer algo como “se prepare”. Annabell era o tipo perfeito de yandere e ela conseguia ser bem maligna quando queria.

- E você? – Sam perguntou apontando pro garoto. Ele deu de ombros.

- Então já que todos concordam, vamos ao Kamikaze. – Sam disse. “Esse projeto de surfista barato. Nem perguntou a minha opinião.”

Eu e Annabell fomos andando na frente até o nosso brinquedo favorito. Ele nós atraia. Enquanto os dois projetos de seres humanos vinham atras.

- Hey, Giu. O que achou? – Anna me perguntou, baixo o suficiente para que só eu e ela escutássemos.

- Hum, não sei Anna. Ele é serio demais pra mim.

- Ah, como se você também não fosse igualzinha a ele. Até as suas roupas são um pouco parecidas. – Foi quando finalmente eu vi o que estava usando. Eu usava uma calça jeans num tom azul marinho, uma camisa branca onde estava escrito “Gazerock is not Dead” e um all star com vários desenhos no estilo Alice no Pais das Maravilhas. Que foi? Deixem-me em paz, okay?!

- É, pode até ser. Mas isso não quer dizer que nós somos parecidos.

- Vocês se vestem de um jeito parecido, isso já é um ponto positivo. Agora não direi mais nada, descubra sozinha. Sua ingrata. – Anna disse fazendo um biquinho. Então eu a abracei. – Own, sua linda. Não sei se você conseguiu dessa vez mais mesmo assim, obrigada. – Eu disse. Então Annabell me abraçou também.

- Vão ficar ai se abraçando ou vão entrar na fila do brinquedo? – Sam perguntou. “Eu ainda te capo por acabar com esse momento maravilhoso.”

- Okay. – Eu disse me soltando de Annabell.

- Eu vou comprar os ingressos. – O garoto disse e saiu logo em seguida.

- Espera. – Annabell gritou e o garoto se virou para ve-la. – A... Ela vai com você. – Annabell disse me empurrando para cima dele.

- Mas o quê? – Eu disse olhando pra Annabell. Aquela baixinha ainda me paga.

- Vamos, não temos tempo a perder. – O garoto disse me puxando pelo braço.

- Claro. Mas eu sei andar sozinha então não precisa ir me arrastando. – Ele soltou o meu braço. – Bem melhor.