Nina Narrando

Diogo saiu e eu já fui tentar tirar as respostas do Breno.

-Não quero ser intrometida, mas posso perguntar uma coisa?

Ele me olhou curioso.

-Pode, claro.

- Breno, por que você tem tanta raiva do seu pai?- Joguei verde para tentar colher maduro.

Ele se encolheu minimamente e olhou para baixo.

-Esta tão na cara assim?

   Abri outro sorriso tentando confortá-lo.

-Não! Eu que reparo de mais!

Estou conseguindo!

Ele levantou a cabeça e suspirou exasperado e eu percebi que ele não se sentia muito confortável em contar sua historia, então eu recuei me arrependendo de ter perguntado.

-Se você não quiser me contar não precisa.

-Não tem problema é que... Eu nunca gostei do meu pai, ele sempre tinha muito ciúmes da minha mãe, batia nela quase todo dia quando eu estava fora de casa.

Como eu disse a historia dele não é muito legal.

-Que horror! E a sua irmã?

-Ele tentou bater nela uma vez quando era apenas uma criança e eu não permiti, mas minha mãe eu nunca consegui fazer ele parar de bater nela.

-E você sabe aonde ele esta agora?

-Aquele bêbado deve estar em algum bar por ai!

O que ele contou me assustou e ao mesmo tempo fiquei com dó dele, de verdade! Caramba, ele viu a mãe apanhar todos os dias por causa do ciúme do pai, teve que suportar a morte dela por causa disso também e ele tem que ser forte por causa da irmã!

- Minha irmã fica com dó dele, procura ele nos bares, compra remédios para ressaca, mas eu acho que ele tem a ver com o que aconteceu com a minha mãe, ele que fez ela se matar!

Não sabia o que responder, mas ele esperava a minha resposta.

-Desculpa, mas eu não imaginava tudo isso...

-Ninguém sabe. Minha mãe nunca contou para ninguém. Amo minha irmã e tenho que proteger ela dele, mas ela fica indo atrás...

-Ele tem ciúmes dela também?!

Ele suspirou, fez que sim com a cabeça e em seguida a abaixou.

-Quantos anos ela tem?

Diogo entrou.

- Eu não achei!Você não deixou no convento?

Aquela palavra era totalmente inadequada para um hotel de quinta, deu vontade de rir, mas com tudo que eu ouvi não consegui achar graça.

- Pode ser! Eu queria poder falar com a sua irmã, mas como ela não ta aqui eu vou embora, quando ela estiver nos voltamos!

Ele levantou a cabeça e me olhou diretamente nos olhos.

-Tudo bem. Eu vou acompanhar vocês até a porta!

- Até depois.

- Adeus.

- Tchau Padre, obrigada pela conversa Madre Camila!

Ele fechou a porta e nós entramos no carro.

- O que você descobriu?

 Abri um sorriso.

- Tudo o que precisamos saber!

Ele revirou os olhos e eu um sorriso torto.

-Liga para o Thiago.

 Peguei meu celular e vi que horas eram: 20h40min, nós tínhamos 3h20min para achar o Fernando e matá-lo.

Thiago já atendeu brigando comigo.

-Você sabe que horas são?

- Eu sei! Segura a Ana, eu e o Diogo vamos achar o Fernando e vamos matá-lo!

- Então ta. Estamos aqui no nosso quarto!

Desliguei.

Eu e o Diogo saímos à procura desse Fernando.