Choro dos céus. escrita por LittleR
Chuva.
Um choro dos céus.
Ele odiava a chuva.
–
–
–
Ela nunca entendeu o seu ódio por chuvas.
Quando os céus derramavam grossas lágrimas, ele sempre se escondia.
Solitariamente escondido em seu quarto, olhando pela janela. Enquanto ela observava-o na calada da escuridão. O olhar inexpressivel, e a respiração pesada.
Ela nunca entenderia seu ódio por chuva.
–
–
–
A vodka de limão descia verozmente, deixando rastros de fogo em sua garganta e no canto da boca escapes de pequenas gotas. Bateu o copo na mesa, e com um gesto fez o barman lhe servir novamente a bebida.
Contínua, a sua saga foi o resto da noite.
Depois de várias quantidades de líquido alcoólico, o enjôo abordou-a enquanto despistava dentre as pessoas daquele bar. Gastou dez minutos ali, no banheiro, tentando segurar todo aquele líquido preso dentro de si, até não aguentar mais e finalmente livrar-se do que a encomodava.
Sua visão era nebulosa, suas pernas estavam cambaleando. Sentou-se no canto do banheiro e esperou até sentir-se um pouco melhor, o suficiente para poder sair dali.
As mulheres que por ali passavam olhavam-a com desdém. Hipócritas, umas até lhe ofereciam ajuda ou falsas palavras de consolo. Abriu a boca para mandá-las ao inferno, mas fechou em seguida sem uma sequer palavra proferida. Estava exausta.
Após mais meia hora naquele banheiro enojável, com certa dificuldade, levantou-se. Pela primeira vez na noite se olhou no espelho, ou ao menos pela primeira vez na noite se olhou com atenção no espelho. O preto de sua maquiagem borrava as maças de seu rosto, suas madeixas estava totalmente desalinhadas.
– Maldito.
Jogou água no rosto e tirou o excesso de maquiagem em seus olhos e limpou suas maças, e ajeitou - ou ao menos disfarçou - o cabelo.
– Maldito.
Praguejava baixinho, num sussurro. Quase inaudível.
Num movimento brusco retirou-se do banheiro e seguiu na batalha de passar por dentre todas as pessoas.
–
–
–
Em seu habitual pijama e os cabelos num coque mal feito - às 2h:00 da manhã,a ressaca lhe invadindo com mais intensidade - , ela escorregou a mão pela maçaneta e lentamente abriu a porta.
E lá estava ele.
Como idiota que era, lá estava ele. Esperando o silencioso convite para entrar e proferir suas desculpas inescutáveis.
E lá estava ela, também. Como a idiota que era, entendeu-o como sempre fez.
Por volta das 5h:00 da manhã, o som da chuva pesada acordou-lhe. Arqueou as costas sobre a textura macia dos lençóis, sentindo-se confortável.
Sua boca estava ressecada, sua têmpora latejava levemente. Jurou mentalmente nunca mais beber tanto, nunca mais afogar-se na bebida em vez de problemas.
Tateou a cama em procura de algo, sentido o toque delicado de toda extremidade da cama, até não encontrar nada. Vasculhou com seu olhar todo o quarto até achá-lo, sentado solitário em uma cadeira perto da janela, observando.
Novamente, ele estava alimento seu ódio pela chuva.
–
–
–
Quando os céus choram é por algum motivo.
Quando as gélidas lagrimas atingem a terra é para,numa mínima tentativa, purificar o pecado.
Ele odiava ter a consciência de ser um pecador.
–
–
–
Ele odiava estreitar seu olhar com as lágrimas que cainham dos céus.
Odiava se sentir imundo.
Odiava saber que era um pecador, por corrompê-la, por amá-la, por magoá-la.
Odiava mais ainda saber que não poderia parar de pecar.
Definitivamente, ele odiava a chuva. E ela jamais descobriria o porquê.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Eu simplesmente amo essa one, e ela ser confusa e dramatica faz contar um ponto nessa minha paixão por ela(e não, não sou narcisista). Espero que a entendam tão bem quanto eu quando a escrevi e apreciem! =)