Confesso: eu estava completamente fora de mim quando abracei George. Eu poderia ter dito que era uma grande admiradora do trabalho dele, ter pedido um autógrafo... Mas fã brasileira gosta de contato físico. 

                       E ele me abraçou de volta. Meu Deus, meu coração nunca tinha ficado tão acelerado antes. "Ele é ainda mais lindo pessoalmente", pensei. Quando ele falou conosco, minhas pernas ficaram bambas, e os pelos de meu braço, arrepiados. Bia e Jeh estavam mudas. Só Dani parecia um pouco senhora de si, e ela disse nossos nomes a George.

         Começou a cair uma garoa, que logo virou uma chuva forte. Não queria que meu cabelo encaracolasse e meu vestido, se ensopasse. Pelo menos, não queria que isso acontecesse enquanto abraçava meu Beatle favorito.

          George nos convidou para entrar. É claro que as garotas e eu não hesitamos. Soltei-o, muito contrariada. Mas acho que a última coisa que meu magrelo queria era ter uma fã maluca agarrada a ele.

             Dissemos a ele que éramos do Brasil. Ele respondeu que tinha um amigo em Liverpool que havia ido ao Brasil, e que esse amigo lhe dissera que as mulheres do Brasil, em geral, eram lindas, e que agora ele tinha a prova. Ao dizer isso, George olhou para mim e sorriu. Fiquei vermelha e sorri de volta. Então, além de lindo, talentoso, inteligente e fofo, George era cego... Porque só sendo cego para me achar bonita.

       Ele nos disse que tinha visitas. Essas visitas eram ninguém mais, ninguém menos que Ringo, Paul e John. Agora eu estava decididamente à beira do surto. Nós nos apresentamos a eles.

       Bia fazia um enorme esforço para falar com John sem gaguejar, Jeh olhava com os olhos arregalados para um Paul sorridente e Dani fitava Ringo, ambos parecendo que vomitariam arco-íris a qualquer momento.

        Então George apontou para minhas costas e perguntou:

- O que é isso?

          Era à minha mochila que ele se referia. Era natural que estivesse surpreso. As fotos dos Beatles estampadas na mochila eram da época do Álbum Branco.

- Hã... São vocês. - falei, sem jeito.

- Até que eu fico bem de bigode. - comentou Ringo.

- Você fica bem de qualquer jeito. - Dani falou, e corou. Ringo sorriu para ela.

- Oh, que lindo. - riu John. - O que diabos estou fazendo de óculos?

- Espere. - disse Paul. - Nós nunca tiramos essas fotos. Nunca nem sequer tivemos essa aparência! Como você...

- Nós viemos do futuro. - falou Jeh. - De 2012.

       Antes que eles duvidassem, tirei da mochila meu celular e meu tablet. Os rapazes olharam para os aparelhos, fascinados.

- Ok, acreditamos. - disse John.

- Como chegaram aqui? - quis saber Paul.

- Transportadas por uma máquina do tempo que eu construí. - falou Jeh.

- E como são as coisas em 2012? - perguntou George.

- A tecnologia evoluiu muito. Há uma coisa chamada internet. É meio complicado... Bom, com ela pode-se conseguir informações, ver imagens e vídeos, ouvir música, conhecer outras pessoas...

- E a música em geral é medonha. Mas pelo menos vocês são considerados a melhor banda de todos os tempos. - falei.

            Os rapazes ficaram muito felizes em saber que ainda seriam lembrados dali a 48 anos. George nos ofereceu hospedagem.

             Eu mal podia acreditar que ficaria hospedada na casa dele. Jeh tirou do bolso uma versão portátil da máquina do tempo, que parecia um controle remoto. Com o aparelhinho, pôde voltar a 2012 para buscar nossas coisas na casa dela.