Sinceramente, eu sempre achei meio estranha essa mania do Johnny Boy de queimar mobília. Mas, graças a essa mania, existe "Norwegian Wood", uma das minhas favoritas dos Beatles.

Porém, ainda mais estranho do que essa mania de John era esse amigo dos rapazes, Joan. Ele foi bastante amável, mas tinha algo de esquisito. Ele não tirava os olhos de mim e de Bia.

Bia foi ao banheiro, pois seu nariz estava muito avermelhado devido à fumaça, e Joan foi junto. Eu a ouvi gritar. Ela disse a John que fora apenas uma barata. Mas eu sabia algo sobre Bia que John não sabia: ela mente muito mal. Ela foi rapidamente até mim, sem que os outros vissem, e cochichou em meu ouvido:

– Tome cuidado com o Joan. Ele me beijou.

– Avise as outras também.

– Sim, claro. Mas parece que ele está mais interessado em nós duas do que na Jeh e na Dani.

Falei que teria cautela, mas, quando Joan me pediu para ver meu celular e meu tablet, levei-o para cima. Entramos no quarto que eu estava dividindo com Dani. Virei-me para pegar os eletrônicos na mochila, e senti braços me envolverem.

– O que pensa que está fazendo? - perguntei, furiosa.

– Você é muito linda, mocinha... Não deveria estar com aquele panaca do George.

– Me largue! E o único panaca aqui é você!

Ele me silenciou com um beijo. Empurrei-o com a maior força que pude e saí correndo do quarto, mas fui agarrada de novo, no corredor. Ia me desvencilhar, mas...

– Calma, Mari. Sou eu.

Respirei profundamente, aliviada.

– Ai, George, ainda bem. Esse doido do Joan me beijou...

– Espere aí que eu vou acabar com a raça dele.

George entrou no quarto e exclamou:

– Você é uma bela porcaria de amigo, Joan! Eu percebi que você não tirava os olhos da MINHA namorada!

– Jamais imaginei que você ficaria com uma garota dessas, George. Paul sempre pegava as melhores... Mas você e John tiveram sorte! - ouvi Joan dar uma risada maquiavélica.

– Não vem ao caso. Mas acho bom você correr pela sua vida, se puder!

Joan saiu correndo do quarto, e George foi atrás. Sem querer, George empurrou-o. Joan rolou escada abaixo.

– Ai, merda. - ouvi George murmurar.

– Calma. Ele deve estar bem. Vamos lá.

Descemos a escada. Joan estava desacordado.

– O que foi que você fez, George? - John abismou-se.

– Eu não tinha intenção... Empurrei-o sem querer....

– Calem a boca! - disse Bia. - Estou tentando verificar a respiração e a pulsação dele. - Bia pousou a cabeça no peito de Joan e falou: - O coração está batendo. Está vivo e bem vivo. Só desmaiou.

– Eu não sou como John, que enlouquece quando fica com ciúmes.

– Pelo amor de Deus, George! A Mari não podia mostrar aqueles trecos do futuro que ela trouxe?

– Aquele filho de uma pura mãe não queria só ver meus aparelhos. - falei. - Aliás, acho que aquilo foi só um pretexto para ficar sozinho comigo. Ele me agarrou e beijou.

– E fez isso comigo também, lá no banheiro. - disse Bia.

– Por isso xinguei-o. - disse George.

– Vou arrancar o couro dele assim que acordar... - John rosnou.

Deitamos Joan no sofá. Ele acordou duas horas e meia depois. Paul e Ringo já haviam dado um jeito de tirar Jeh e Dani do caminho dele. O canalha viu Bia e eu, e disse:

– Ora, então essas duas lindas moças do futuro ficaram velando por mim...

– Eu vou arrancar seus dentes se não calar a boca! - ameacei.

– Deixa que eu cuido disso, Mari! - falou John. - Muito bem, Joan McLee, ficou óbvio que você é um mulherengo que não respeita nem as namoradas dos seus amigos, sendo que uma delas é uma mocinha de só 15 anos.

– Eu tenho culpa se a namorada do George é uma menina de 15 com corpo e jeito de 18?

Joan tinha razão. Sempre pareci ser mais velha do que realmente sou. Mas George falou:

– Não interessa. Você vai embora agora. A não ser que seja um masoquista que gosta de ser esfolado vivo!

– Tá certo, eu vou. Mas continuo achando essas moças as mais lindas que já vi.

– Esse seu papo não está mais colando. - disse Bia.

Joan não disse nada. Levantou-se do sofá e foi embora. Pelo que soube, os rapazes nunca mais o viram, mas ficaram sabendo que ele fora embora para a Nova Zelândia.