(Pov's Rin)

Gostar ou não gostar dele.

Eu acho que eu gosto. Não, não. O que eu sinto não chega a ser "gostar"... Ou chega?

Eu nunca gostei de alguém antes, já? Eu não sei se isso estranho aqui dentro, palpitando e me queimando por completo, significa algo. Estou confusa, meu coração acelera de um modo louco.

Não é a paixão, mas a confusão. Pelo menos eu acho que é isso, pois a minha cabeça está de pernas para o ar.

Eu gosto ou não?

As declarações dele giram na minha cabeça. "Eu gosto de você" ele me disse hoje. Eu não sei o que responder, o que eu faço?

Gostar ou não gostar de você, e se eu estiver no meio desses dois termos? Ah ah, acho que isso não deve existir.

Acho que devo escolher um, mas tenho medo de escolher o errado.

–Então vamos nos casar. -Len decidiu confiante.

–Ca-ca-ca-casar? -gaguejei, recuando no sofá da sala quando ele segurou as minhas mãos e me fitou, um enorme sorriso formado no rosto.

Ele havia me chamado para conversar à tarde, após chegarmos do colégio. Ficamos conversando, até ele se declarar do nada para mim, no meio de uma conversa sobre pandas. O dia já ia embora, o céu estava num alaranjado bonito e hipnotizante, pronto para te afogar nos seus sonhos. Ele fitava no fundo dos meus olhos, aquilo me fascinava. Mas eu não agüentava retribuir o olhar por muito tempo também, aqueles lindos olhos azuis me deixavam louca. Olhava pela janela, tentando desviar o olhar. Mas aquele céu me deixava mais louca ainda.

Oh céus, minha cabeça vai parar de funcionar.

–Isso mesmo! Eu quero morar numa casa bonita, cercada de árvores e de natureza. Aliás, quero ter três filhos! -ele sorriu.

–Mas... Espera! -meio que gritei, sem querer, o que me levou a corar novamente.

–O que foi? -ele perguntou confuso e soltando as minhas mãos.

–Temos apenas 14 anos! Não podemos nos casar. –resmunguei, enchendo as bochechas de ar e voltando a fita-lo.

–... Não é mesmo? -ele sorriu sem jeito, passando uma mão no cabelo- ah ah, então esperaremos crescer. Você será minha, de qualquer jeito. –aquelas palavras me faziam corar a todo momento.

–Aliás, sobre sairmos juntos... -comecei, encarando os pés.

–O que foi? Eu gosto de você! -ele resmungou, fazendo aquela carinha de cachorro abandonado. Oh, essa carinha não. Balancei a cabeça, tentando afastar aquela imagem. Não iria me entregar.

–Escuta, baka! -ele se calou, me fitando- Você realmente acha que está pronto para isso? Não tem postura alguma, acho que não estamos preparados.

–Uh, uhum. 0ele murmurou, mordendo o lábio e encarando algum ponto aleatório na parede.

Fechei os olhos, me encostando ao sofá. Eu quero gostar dele, quero sim. Mas será que eu posso?

"Leite e panda formam um urso branco." Espera, não era sobre isso que eu tinha que refletir!

O mundo é tão confuso, mas eu realmente acho que o amor consegue ser mais.

Gostar ou não de você. Não gosto de pensar sobre isso, mas será que eu gosto de você?

Muito, muito confuso.

Ele me cutucou no braço, fazendo-me voltar a fita-lo.

–Hey, toma. -ele tinha um dinheiro na mão, e sorria.

–Eh? Para que isso? -perguntei confusa.

–Você queria comprar aquele quartzo arco-íris daquela lojinha, eu percebi. No caminho de casa, eu te vi observá-lo. Eu estava do outro lado da calçada.

–Ah ah, não se preocupe, só estava a observar. -respondi um tanto mal educada. Espere, ele me observava voltar para casa. Meu coração voltou a acelerar, queria colocar a mão no meu coração e ouvi-lo pulsar rapidamente, mas não o faria na frente dele. O silêncio ficou conturbante. Acho que até ele podia ouvir o pulsar do meu corpo. Eu sentia o sangue correr pelas minhas veias. Aquilo me dava calafrios.

Você não faz o meu tipo, mesmo. Mas eu acho que é por isso que meu coração bate tão forte, tão apreensivo. Isso que é gostar? Não sei, realmente.

Agora eu vi seu lado gentil, oh. Fiquei feliz, confusa e chateada, tudo ao mesmo tempo.

Meu coração vai explodir desse jeito, nyah!

–Mas... E se... -ele começou, as bochechas corando um pouco- eu me tornasse um homem... Responsável e sensato, você provavelmente seria minha! Sem dúvidas!

–Sério? -perguntei uma sobrancelha arqueada.

–Sério. Eu gosto mesmo de você. Eu só quero que se entregue, confie em mim. -aquelas palavras me fizeram morder o lábio, apreensiva.

Acho que sei o que é isso dentro de mim.

Você acende o meu fogo, queimando e queimando, destruindo meu coração por completo. Socorro, ele virará cinzas! Alguém me dê um copo d’água, estou a queimar aqui!

"Estou apaixonado por você!" Ele diz. Paixão. Gostar. Isso possui alguma diferença? Deve sim, o que me deixa mais nervosa e com o coração queimando mais ainda. Acho que ele deve se manter aceso. No momento que for apagado, virará cinzas. Deixe o fogo acesso, acho que isso é o melhor para ele, já que as coisas já tomaram esse rumo. Nada disso tem volta.

Não tenho certeza, mas essa provavelmente seria a minha resposta.

"Não sei se devo me entregar, mas, percebi sua gentileza. Você pode ser um completo pervertido, mas... estou sendo tingida. Mais e mais. O amor está tomando conta de mim, isso me dá medo."

Eu não falaria isso. Não e não. Não conseguiria. O fitava nos olhos, ele estava sentado por cima das pernas no sofá, um tanto longe de mim. Vamos, se aproxime mais, quero te sentir ao meu lado.

Eu quero mesmo amar você, mais e mais.

"O panda adormeceu..." Isso não é hora de pensar em pandas, Rin. É hora de pensar nele.

Fechei meus olhos de novo. Dessa vez você se aproximou, conseguir sentir o seu calor, mas não tive coragem de te olhar. Senti seus lábios roçarem nos meus, eles eram quentes, meu corpo se arrepiou. O leve roçar passou para um doce beijo, que eu não pude deixar de retribuir. Como é bom te sentir, nossas línguas se entrelaçando num puro e doce delírio.

Duas pessoas entrelaçadas.

Eu gosto de você. Nós... Amamos-nos.

Mas eu também te detesto, ao mesmo tempo.

Confuso, eu sei. Mas o amor é confuso, certo?

Nós agora... Gostamos um do outro, sim sim. Certo?

Foi então que você se afastou, abriu os olhos e sorriu para mim. Retribui o seu sorriso, as bochechas levemente coradas.

Acho que percebo o que é gostar e o que é não gostar.

Eu gosto de você.

Sempre terá uma época que eu gostarei e outra que e não gostarei, mas...

No fundo, no fundo.

Eu amo você.

Não me decepcione ok? Irei me entregar de olhos fechados. Por favor, me guie.