Era uma noite fria, relâmpagos e trovões assustavam aquela garota.

Olhos azuis, porém obscuros, cabelo laranja e totalmente excluída. Já ouvi falar que assassinaram o pai e mãe na frente dela, logo após o assassinato levaram ela para um orfanato, quando tudo aconteceu ela tinha em torno de 5, 6 anos.

Aquela menina era diferente, algo nela mudou muito depois daquela noite, ela não era mais uma menina empolgada e de bem com a vida como era antes de tudo acontecer.

Acho que no orfanato tratavam ela diferente por ela já ter visto um assassinato, ainda mais dos seus próprios pais, ela tentava levar isso normalmente, mas sempre vinha uma infeliz e fazia piadas com ela:

"Vamos ao shopping? Ah, desculpe-me, seu pai não vai deixar, né?"

Piadas desse tipo. Ela sempre corria para o banheiro, e as vezes deixava vestígios de sangue, mas ninguém sabia de onde vinha. Acho que o nome dela é... é... Cher... Char...

Ah, lembrei, é Charlotte.

Charlotte's P.O.V

– É, sou eu mesmo, sou a filha deles, o que você quer? Ah, quer saber? Tchau. Não falo com estranhos! E não tou afim de falar nem com conhecidos agora. – desliguei o telefone na cara de... de sei lá quem era, nem quero saber, já estou cansada demais dessas empresas que ainda me perseguem com isso.

Eu já estava cansada, cansada de todo dia receber uma ligação diferente, de curiosos que ainda querem saber dos meu pais.

"Poupe-me" - pensei.

Mas a verdade mesmo é que todos os dias essas ligações me derrubavam o resto do dia, sempre, então eu ficava o resto do dia sem fazer quase nada.

Sabe, as pessoas nunca me deram uma chance de tratá-las bem. Sempre me estranhavam como se eu fosse uma doente, eu andava, almoçava e fazia todos os trabalhos em grupos sozinha, quando era para apresentar eu me recusava, mas tinha professores que só aceitavam o trabalho apresentado, então quando eu ia lá para frente as pessoas olhavam para mim demonstrando medo.

Eu nunca entendi porque naquela mesma escola tinha pessoas que demonstravam medo sobre mim, mas tinha outras que ao invés de medo, sentia como se mandassem em mim, como se pudesse fazer qualquer coisa comigo. Acho que meus sentimentos são anormais aos outros.

Mas o único motivo que me mantinha naquele orfanato e naquela escola mixuruca, mas era a única em que eu podia estudar, era o fato de ter um garoto que era a única pessoa que não demonstrava nem medo, muito menos posse sobre mim. Ele sempre foi loiro, olhos azuis, e um aparelho nos dentes que havia colocado recentemente, Não lembro direito, mas se não me engano o nome dele é Niall.

Ele me disse quando meus pais tinham acabado de morrer que já tinha passado pela mesma situação, mas seu pai havia matado sua mãe e havia sido preso, mesmo assim, acredito que ele não seja tão frustrado quanto eu. Eu sempre admirei ele, pois como havia dito ele sempre olhava normalmente sem demonstrar nada para mim, mas depois do almoço de ontem... já não penso mais como antes.

Flashback ON

Estava na hora do almoço e como de costume fui ao refeitório do orfanato comer a mesma comida ruim de sempre, chegando lá, me servi e fui sentar.

Quando estava comendo ele entrou no refeitório bem na hora que eu estava me lembrando quando nós éramos pequenos e bons amigos antes de tudo acontecer... Mas como havia dito, meu pensamento foi interrompido pelo barulhão que ele fez ao tropeçar na barra para deficientes que fica abaixo do balcão para se servir, logo após sua entrada.

Quando se serviu eu vi que ele estava caminhando em minha direção, mas achei que ele fosse virar, mas ele continuou vindo em minha direção e só parou quando chegou até mim.

– Oi, tudo bem com você? - ele perguntou mesmo com minha cara de "WHAT?" - Ah, desculpe chegar assim sem pedir licença nem nada, sempre faço isso... Me diz uma coisa?

– Oi, o que você quer que eu diga? - não estava entendendo nada.

– Porque você anda tão sozinha? - perguntou como se não fosse testemunha.

– Olha aqui garoto, não te devo satisfação nenhuma, e não estou afim de te responder.. Até porque você já sabe a resposta.

– Mas porque tanto irritamento por uma coisa tão besta? - ele falou sendo idiota.

– Coisa besta pra você que tem vários amigos e é fácil falar, né? E eu não estou irritada.

– Ah, claro que não, só levou um choque então. - ele já estava se estressando.

– Se foi um choque mesmo? E daí, não vai te interessar mesmo. - falei pegando minha bolsa e me afastando daquele inútil.

– Ei, Char me espera? Desculpa, não era isso que eu queria que acontecesse! - olhei para trás, mas fingi ser forte e continuei andando, ele correu e me puxou pelo braço.

– O que foi? - parei e virei pra ele para não me machucar mais.

– Me desculpa, eu sei como você leva sua vida, e eu não queria fazer isso. Me desculpa? Por favor. - corri para o banheiro antes que caísse alguma lágrima...

Flashback OFF

Agora sim eu tinha a certeza de que queria sair daquele lugar, agora até ele tinha mal olhares pra mim. Estava louca para completar 18 anos, pois iria sair dali e iria trabalhar. Iria conseguir meu próprio dinheiro e graças a Deus, fazer o que EU quiser com ele.

Passei 1 mês inteiro pensando no que iria fazer quando saísse dali, sabe, acho que minha vida seria meio ruim, mas pra mim seria a melhor maneira pois as outras seriam pior, mas quem sabe eu não conheço alguém legal, ah, mas ninguém nunca foi com a minha cara... Tudo bem, iria ter mesmo aquela vida.

Um mês antes de sair daquele lugar lá eu iria andar de dia na rua procurando trabalhos... Quando achasse um, iria procurar um flat pra morar com outras pessoas. Sim, eu tinha uma vontade imensa de conhecer pessoas novas, mas sempre estragava tudo...

Pois bem, como tinha 16 anos, o tempo passou, e quando completei 17 Niall saiu daquele orfanato porque ele já tinha completado 18. Dei um GRAÇAS A DEUS, mas lá no fundo nunca queria que aquilo tivesse acontecido, mas... o destino quis assim.

O tempo passou muito rápido, pois a rotina sempre se repetia, todo dia a mesma coisa, não mudava nada, nunca. Quando me dei conta, já faltava 1 mês pra eu finalmente deixar aquele lugar, então logo fui procurar empregos.

Achei todo emprego que você imaginar, até garota de programa me ofereceram, mas preferi não aceitar. Procurei, procurei, e então, ATÉ QUE FIM ACHEI!

Faltam 8 dias para sair da daqui, ufa, já não estava mais agüentando... Bem, agora que achei um emprego com salário bom estou dando graças a Deus, mas depois de tanto que eu estudei eu merecia, iria trabalhar em um banco, o... Citybank, isso, esse era o nome do banco!

Bem, saí do orfanato, e assim que entrei no trabalho, aluguei meu quarto em um flat! E.... O QUÊ!?

Não acredito, era aquele amigo do Niall que vivia lá no orfanato com ele, não acredito que eu estava morando ali no mesmo lugar que ele!

Porque? Porque aquela mulher não me falou? Ok, vou superar, somente fingir que nunca o vi.

No primeiro dia cheguei cedo ao trabalho. Arrumei minha mesa, vi o que eu teria que fazer naquele dia... E quando estavam chegando os outros funcionários... AI MEU DEUS!

NÃO ACREDITO, ELE AQUI TAMBÉM!