Meu celular tocava Sweet Child O'Mine pela quinta vez essa manha. Tentei ignorá-lo as primeiras quatro vezes, adorava essa música, mas ninguém consegue dormir com o volume máximo ao seu lado. Claro, surdos são exceções.

Olhei no relógio eram 9:30. Quem é que está acordado de madrugada em um sábado chuvoso como esse e querendo me ligar?

— Quem é que quer morrer? — Atendi o celular com uma pergunta desnecessária, já sabia quem era a senhorita-estou-nem-ai-se-minha-melhor-amiga-está-dormindo.

— Não resmunga e me ouve! — Ok, meus tímpanos aguentam. — Adivinha, adivinha, adivinha!

— Ai, sua louca, não grita. O que foi Sam?

— Eu falei pra adivinha. — Santa paciência.

— Não sei Sam fala logo cacete! — Não sou uma pessoa muito meiga de manhã cedo, se é que pode-se perceber.

— Porra, adivinha dorminhoca.

— Não sei, um alien te pego e agora você está sendo abusada sexualmente por ele e tá me ligando pra fala que me ama? — Pode me chamar de louca, mas nunca se sabe. Minha tática sempre da certo, ela iria me contar.

— Não boba. Meu pai conseguiu os ingressos! — Não era necessário nem terminar, ela estava a meses falando de bla, bla, bla, One Direction, bla, bla, bla, show... — E, nós vamos ficar no melhor hotel, no melhor lugar, ter os dois melhores meses das nossas vidas!

O pai da Sam é um empresário famoso aqui em Londres, isso significa que ele tem dinheiro e pode comprar tudo. Antes que você pense que a Sam é uma daquelas biscates riquinhas, que se acham as gostosonas, devo dizer que ela não é. Pelo simples fato dela ser minha melhor amiga podemos comprovar isso. Não que se ela não fosse minha amiga ela seria assim, eu apenas nunca andaria com esse tipo de garota...

— Espera, você disse nós? — Eu ouvi direito? Acho que preciso consultar um otorrinolaringologista.

— Sim! Nós! Em um hotel de luxo, vendo os meninos mais lindos do mundo e com direito a piscina e diversão!

Falou piscina. To dentro.

— Mas como assim, eu não tenho dinheiro pra bancar tudo isso mulher, ta louca? - Ao contrario da Sam, moro só com a minha mãe que trabalha e não ganha muito e meu irmão mais velho, que a única coisa que ele faz é... Nada.

— Meu pai vai bancar tudo, relaxa semana que vem depois que aulas acabarem a gente viaja. Hoje a tarde na lancheria ok? Tchau, beijo na bunda.

— Espera, eu não...

— Às 14 horas. — certo, alias e o direito da pessoa ter compromissos e dizer não, cadê?

Eu já havia desistido de rejeitar os passeios que o Sr. Smith bancava, ela me arrastava para tudo qualquer canto, pagando tudo que eu precisasse. Sim, eu fico agradecida. Não, eu não me aproveito disso. Só que, há ameaças se eu não aceitar como: "Se você não vier, eu contrato um psicopata que no meio da noite ira até sua casa e retirar um rim seu."

— Tchau indecência, até. — Botei meu celular no silencioso e voltei para meu sono.