A Casa Imoral escrita por Ao Kiri Day


Capítulo 35
Chapter 35: Himitsu


Notas iniciais do capítulo

E aí estamos! Faltam 5 capítulos para o fim o/! Aproveitem o capítulo.
Boa leitura.



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A primeira coisa que os olhos oceano viram foi um borrão. Seu corpo parecia amolecido e mais leve do que o normal. Suas pálpebras estavam pesadas e sentia que estivera dormindo muito tempo.

Len levantou a mão até o rosto, coçando o olho com irritação. Ele não se lembrava de ter ido dormir outra vez. Ele não tinha ido para o colégio? Pensando nisso, sentou-se, a textura abaixo de si não parecia um colchão, mas tampouco era um futon ou mesmo um sofá. Para sua surpresa, quando abriu completamente os olhos e olhou em volta, abriu a boca de susto e tapou-a.

Estava sob um vermelho, no centro de um espaço quadrado, enquanto à sua frente se encontrava uma poltrona preta de couro de escritório. Em cima dela, algo parecido com uma coleira com um guizo prateado.

Len piscou duas vezes antes de olhar em volta. Não havia ninguém.

-Onde estou? -perguntou a si mesmo, ouvindo a ressonância das paredes rebaterem sua voz com intensidade. Parecia um fundo oco, por isso sua voz voltou alta e tremida. Assustador.

O loiro engoliu em seco, segurando seu braço e verificando se estava tudo bem com seu corpo. Nada fora do lugar aparentemente.

O rapaz respirou fundo. Não havia porta, então como entrou ali? Len ficou pensando em como chegou nesse lugar enquanto chegava perto da parede. Estendeu sua mão, tocando os dedos na cor branca. Dali, um som estridente aconteceu, fazendo-o se afastar e cair no chão e ver com pavor a cor oscilar, como se fosse água.

-Mas que diabos é isso?! -Len se levantou, se afastando para o centro e olhando para a poltrona de novo. Um guizo.

Len ficou receoso de tocar em mais alguma coisa, mas não aparecia ninguém para explicar onde estava então arriscou. Seus dedos tocaram o metal que ao contrário da parede fez um barulho melódico e até familiar.

Uma dor alucinante tomou sua cabeça e com um grito um flash atravessou sua mente, trazendo cenas vivas.

Len segurou a cabeça, ajoelhando-se. Uma dor insuportável abatia, seus olhos ardiam.

-AHHH!!!

“Não os mate... Essa é a nossa promessa.” Uma voz feminina soou, os olhos dela brilhavam em um azul celeste e seus cabelos dourados estavam sujos por manchas de sangue.

Em seguida, Len sentiu as lágrimas escorrerem por seu rosto enquanto o filme continuava. Nos braços dela duas crianças encolhidas choravam e ele podia ver daquele ângulo as pernas de uma pessoa. O que ocorreu em seguida o fez sentir um tipo de arranhado no cérebro! Doía como o inferno e, realmente, não era muito diferente disso. A imagem subiu, mostrando a expressão daquela pessoa, os cabelos louros arrepiados e olhos vermelhos felinos, sério e com um risco vermelho em seu rosto. Ele chorava apesar do modo maligno com que olhava para a mulher com os bebês.

Não era preciso muito para entender quem era ela e quem era essa pessoa que avançou, tocando a mão em seu pescoço e fazendo-a perder a consciência. Depois de ela cair, ele segurou as crianças, abraçando-as.

“Eu juro protege-los com a minha vida.” E dito isso, ele tirou essa coleira do pescoço, jogando-a ali ao lado do corpo.

Após isso a imagem borrou e Len tossiu, caindo contorcido no chão. Isso era... Era tão repentino.

Sua mão sobre a boca ao retirar-se estava empapada de sangue, provavelmente vindo de seu nariz. O choque psicológico ao receber as lembranças de volta era grande demais, até mesmo as que vieram depois, quando eles cresceram mais após o gato os deixar em um orfanato, ele os protegia das pessoas ruins e ensinou-os a falar, escrever e criou-os até a idade dos seis anos. Quando o aniversário chegou, Kuro apagou as memórias deles sobre si e sobre as outras pessoas que conheceram. Kuro depois disso tomou a forma de um gatinho preto e manteve na mente dos gêmeos só seu nome, acompanhando-os pelas ruas do Japão.

Len tossiu uma última vez, tocando seu estômago e tentando se sentar.

-Foi o Kuro... -gemeu, sentindo a dor interna aumentar. Ele se lembrava de tudo agora. -Mamãe nos confiou a ele.

O rapaz mordeu os lábios. Por que isso de repente? Onde ele estava há pouco tempo atrás?

Bem lentamente as cenas de quando a van rolou voltaram para trás, até o momento em que tinha sido abordado pelo homem encapuzado. Seus olhos diminuíram de tamanho.

Len se sentou de ímpeto, a poltrona sendo ocupada por aquela mesma figura, em suas mãos a coleira, rodando-a no ar, como se brincasse com ela.

O Kagamine então imaginou que deveria ter algo mais além daquelas cenas que ele não sabia, pois essa criatura quer era capaz de voar e criar foices do nada não estava em seu passado.

-Quem é você? O que quer do Kuro? -Len sussurrou, suas dores diminuindo ao ir se acostumando com as memórias.

A risada se espalhou ecoando, isso fez o loiro sentir um arrepio, mas não desviou o olhar. Por mais que tentasse não conseguia ver por trás daquele fundo preto sem rosto.

-Eu sou o dono dele.

XXX

Kuro segurou o ombro de Kyte.

-Você não pode ir comigo aonde vou. -apertou os olhos, tentando soar compreensível. A questão era que fisicamente era impossível para Kyte.

O azulado soltou um resmungo.

-Eu não posso simplesmente deixar tudo com você. -reclamou entre os barulhos de exaltação das pessoas que se amontoavam para ver o acidente.

Os alunos iam sendo levados para dentro da enfermaria do colégio, o mais próximo, e o rapaz continuava falando com o loiro. Yuma também havia chegado e perguntado o que aconteceu, então Kuro explicou superficialmente e ambos, Yuma e Luki, não tiveram outra escolha a não ser serem levados para dentro também, sendo obrigados a esperar.

Kyte ainda tentou se mostrar útil mais uma vez com um pedido visual forte, como pai de família praticamente, mas Kuro teve que se negar. “Isso é entre os gêmeos e eu.”

-Sinto muito, Kyte-san. Não há absolutamente nada que você possa fazer para ir comigo, você vai enlouquecer. Entenda isso, por favor. E confie em mim, eu o trarei de volta. -os olhos vermelhos apertaram-se, mostrando sua determinação, mesmo que isso talvez resultasse na sua ida sem volta.

O azulado rangeu os dentes por dentro, ficando aborrecido. Foi quando sentiu a mão cálida do gato, olhando-o com compaixão.

-Eu entendo totalmente. Por favor, espere na mansão... É perigoso deixar Rin-chan sozinha agora também. -ele involuntariamente sentiu seus pêlos eriçarem, como uma reação nervosa.

O mais velho então tocou sua cabeça, afagando-a.

-Então vá rápido e não me preocupe moleque! -disse com um sorriso leve, mas cheio de preocupação.

O loiro suspirou de alívio e se preparou. Começando a se distanciar do grande campus escolar, com os olhos vidrados na colina em que havia um rastro de pneus e pedaços de vidro espalhados, Kuro pôs-se a subi-la, seguindo o cheiro que nunca deixou sua mente.

Aquela criatura que tinha vindo pegar o Len estava querendo reivindicar o que era seu por direito. Devido a isso Kuro apertou os punhos.

“Que direito? É só mais uma brincadeira do destino... E eu não quero me submeter a ele novamente. Eu quero ser livre.” Ele alcançou o topo, sentindo o asfalto quente e assimilando no horizonte do grande vale o Sol que saía detrás das nuvens, revelando novamente o verão vermelho.

“Continuará vermelho para sempre... Esse passado. Não posso apagá-lo.”

Os olhos do rapaz fecharam-se ao mesmo tempo em que sua sombra se expandia e se tornava uma sombra de um gato negro, sumindo na escuridão das sombras dos prédios.

A viagem não seria possível para um humano normal, mas para ele, nascido nas profundezas do mundo, era algo bem rápido, como voltar para o lar. Só que Kuro tinha jurado nunca voltar se não fosse extremamente necessário. Esse caso, por exemplo, era de vida ou morte. Não sabia o que poderia ter acontecido com Len unicamente nesse tempo em que houve o acidente. Para as pessoas esse tempo físico não era tão fatal, mas Kuro sabia que cada segundo poderia mudar a vida inteira de quem fosse para “aquele lugar”.

Foi um feixe de luz que atravessou sua visão, fazendo-o entender que sua forma de sombra atravessava os portões dimensionais invisíveis. Numa mudança de tempo e espaço, sentiu a energia de trevas brotando de todas as partes.

Havia chegado. Aqui era o Inferno.

Isso pode ser um pouco estranho à primeira vista, mas é verdade. Nascido ali, com o sangue dos seus ancestrais correndo perfeitamente, o recipiente sem alma vivia com um coração roubado.

Quando seus pés pararam, estava em frente a uma casa de aparência normal. Isso era nostálgico... E estranho para um lugar de céu negro e estrelas vermelhas. Esse era seu mundinho, o que tinha construído e abandonado.

A porta abriu e Kuro reviu a sala que fazia alguns anos que não via, mais precisamente 16 anos. Foi bem ali que a Kagamine-san pegou seus gêmeos e fugiu escadas acima.

Sentindo estar perto, tentou fazer contato mental, mas Len estava bloqueado. “Isso quer dizer que ele está naquele lugar.” O gato começou a percorrer o mesmo caminho que a mulher loira em sua fuga naquele trágico dia.

Seus passos fizeram um barulho irritante nas escadas carpeteadas, lembrando como ele as subiu com o corpo da Kagamine-san. Cada memória vivia em sua mente e o apunhalava para puni-lo por sua inutilidade.

O corredor do segundo andar dava vista para três portas. Uma de cada lado e uma ao fundo, esta última era seu objetivo.

Kuro mordeu o lábio, sentindo que estava ali dentro duas coisas distintas, uma amada e uma odiada. Assim que parou, seus dedos foram com cuidado na maçaneta dourado redonda e o som da porta rangendo o fez se arrepiar ao conseguir sentir a presença de Len. Porém, seu medo só aumentou, percebendo que algo havia mudado.

Os olhos azuis opacos o fitaram, os lábios pintados de sangue, lágrimas grossas escorrendo pelo rosto. Naquele instante Kuro sentiu suas emoções caírem e negativarem como se subisse montanhas de gelo. Len havia lembrado de tudo, era claro.

Sem querer, Kuro ficou com os olhos cheios e embaçados, foi então que viu ele na poltrona.

Len fungou e se levantou, caminhando em sua direção. A única coisa que Kuro conseguia pensar era que ele iria bater em seu rosto e abandoná-lo ali.

-Kuro. -chamou o loiro. Diferente do que pensou, não sentiu dor nenhuma, mas nem ao menos tinha percebido que estava com os olhos fechados por ele.

-Len, desculpa. -Kuro estremeceu ao sentir os braços em volta de si. -Desculpa...

O garoto fungou de novo, sentindo-se aliviado por Kuro ter vindo. Pelo que entendeu, ele não poderia sair dali sozinho.

A figura na poltrona, sustentando o guizo nos dedos se levantou, tirando o capuz. Um sorriso largo se formou... Cabelos arrepiados negros, olhos vermelhos felinos. Era uma cópia de Kuro morena.

-Achou que podia fugir... Kuro? Ahh, se bem que você conseguiu manter-se longe por 16 anos! Posso dizer que era o mínimo esperado de você, minha criação. - a voz era ecoada e brincalhona mesmo passando um ar de perigo.

Kuro afagou a cabeça de Len e o passou para trás, fazendo-o ficar sentado. A dimensão deveria estar afetando seu corpo físico.

-Então, não vai contar passo a passo para o pequeno Kagamine? -riu o de olhos vermelhos, seus lábios crispando malignamente, lambendo-os como se estivesse sentindo o gosto de algo saboroso. Seus dedos jogaram o guizo para Kuro e isso o fez se lastimar por dentro. Ter que segurar essa corrente outra vez era algo que ele não queria.

-O que aconteceu? -Len perguntou, ainda sem acreditar em suas lembranças. -Eu sei que não sabemos de tudo. Como quem é você... Por que fez aquilo?!

Len levantou a voz, sem entender porque ele matou sua mãe e cuidou deles todo o tempo. Alguém tinha que dizer!... Por que ele era perseguido pelo mal.

-Kuro é um demônio.

Len piscou algumas vezes antes de fitar a expressão de Kuro que não negava a afirmação. Como assimilar?

-Demônio?

Kuro rangeu os dentes.

-Esse cara é o verdadeiro demônio. -disse sussurrando, irado por sofrer as consequências de tomar a decisão certa.

-Oh, é verdade. Hahahahah... É... Eu sou o Deus da Morte. -o de cabelos negros de um olhar vazio para Len, como se fosse engolir sua alma apenas com isso. Ele se aproximou lentamente, materializando aquela mesma foice de antes, cinza e adornada, mas que exalava uma energia podre. -Eu purifico as almas e as mando para o Inferno, Kagamine. Quer saber qual é a sua história e a de Kuro? Eu conto.

Len se afastou até a porta, sentindo seu corpo doer todo quando ele ficava perto.

-Fique longe dele. -Kuro se interpôs, não inclinado a deixar que ele enganasse o loiro e o levasse.

-Hm. Kuro foi um filhote que eu criei e cuidei com todo o carinho, ensinado a roubar almas e enganar as pessoas, eu lhe dei a mesma função que eu tenho. De matar os humanos em seu devido tempo.

Len arregalou os olhos, encolhendo-se. Sentia o perigo aumentar e aumentar a sua volta, seu corpo e sua mente lutando para enlouquecer e suportar a irracionalidade que estava vivendo.

-Sua mamãe e toda sua família foram condenadas por uma tragédia, uma magia negra que destruiu suas vidas há 16 anos. Eu o mandei levar vocês em especial, porque sua mãe era uma adúltera e o motivo da vingança.

Kuro apertou o punho, não sabendo se aguentaria ouvir a mesma história e na frente de quem menos queria que ouvisse. Ouvir a verdade é difícil para qualquer um, até mesmo para ele.

Len olhava de um para o outro, buscando algum sinal de mentira. Não sabia discernir certo de errado no momento.

-Só que ele é uma falha completa. Ele fez um contrato com sua mãe para poder fazer uma brecha na maldição e salvar você e sua irmã. E achou que tirando a marca poderia fugir de mim.

-Eu não pretendia fugir. -Kuro sibilou rapidamente. Se havia possibilidade de fuga, era o momento para apelar a seu plano premeditado.

Len engoliu em seco.

-Eu me distanciei para poder cria-los e manter minha promessa. Depois eu não pretendia mais continuar com eles. -Kuro forçou sua personalidade, tornando-se maligno e frio para o demônio.

Len tentou se levantar.

-E A RIN, KURO?! E A RIN? VOCÊ A ENGANOU! -o berro veio como um soco, mas Kuro não tinha opção.

-Isso não importa mais.

-VOCÊ ENGANOU TODO MUNDO QUE TE AMAVA! -Len bateu a mão no chão, sentindo sua voz falhar em cada palavra.

O demônio riu sarcasticamente, vendo como Kuro tentava suportar com suas máximas forças para não negar aquilo tudo.

-Isso realmente não importa. Eu não quero apenas meu filhote de volta.

Os dois deram atenção ao Deus da Morte, assustados com as palavras.

-Uma vez que uma magia é feita ela precisa ser cumprida. Essas duas almas estão faltando, Kuro. -os olhos vermelhos das trevas se tornaram sérios e acusadores.

O chão então, no momento em que ele ficou de pé, rachou onde estava a poltrona.

-Vocês estão fora do mapa. Vocês desde o começo não existem... Kagamine. Sua casa, sua raça, sua família e seu nome. Tudo o que você conquistou vai ser destruído agora, pois suas almas já estão condenadas. Você e sua irmã estão vivendo uma realidade como fantasmas, ela vai ser dissipada e ninguém nunca terá te conhecido. -riu ele, estendendo a mão e apoiando a foice no ombro.

Kuro rosnou, sentindo da rachadura um brilho avermelhado como fogo subir e iluminar todo o quarto. Seu corpo contorceu-se sem sua permissão e foi então que percebeu estar se transformando novamente.

-K-KURO! -Len tentou alcança-lo, mas quando andou alguns passos, o chão despedaçou.

O demônio flutuou enquanto os pedaços lentamente subiam no que parecia vácuo e a forma de Kuro ia sendo revestida por uma pelagem negra, além de uma cauda negra surgir, como o corpo de uma pantera.

Len viu a coleira com o guizo se prendendo no pescoço de Kuro e um brilho dourado dele criar correntes do nada, prendendo as patas daquele felino que era sua forma real. Ele choramingou, pedindo perdão em sua mente.

“... Eu não desisti de você, Kuro.” -Len sussurrou em sua mente, sentindo aquela realidade ir se despedaçando e sumindo no céu negro enquanto o demônio parecia submeter Kuro como um animal qualquer.

“Eu já não posso fazer nada. Ele quer todos nós, Len... Eu nunca consegui salvar ninguém. Eu sabia que isso ia acontecer, mas resolvi me afundar numa ilusão de ser um humano e poder me apaixonar e criar uma família, igual à Kagamine-san.”

Kuro sentia as mesmas dores de quando foi obrigado a matar pela primeira vez, de quando a alma da mãe de Len foi tirada à força, antes do tempo devido. Ele tinha rompido as leis do mundo e não teve mais chances de mudar o que era por natureza.

O moreno virou-se entediado para Len e arrastou Kuro para mais perto, até tocar o pescoço de Len.

-Agora só falta sua querida nee-chan.

“Ele não pode nos ouvir?” Len perguntou, olhando tristemente para aquela criatura que nem em sonhos imaginaria que era seu irmão.

“Não. Meu contrato diz que vocês são meus guardiões, que somente vocês têm meu poder em suas mãos.” Kuro olhou para o moreno, que estralava os dedos e logo apareciam dois animais à sua frente, uma serpente que lembrava uma mamba-negra e um corvo com bico de metal.

Len arregalou os olhos, forçando suas pernas para se levantarem. Mesmo que parecesse um espaço vazio como vácuo, Kuro o tinha feito com um nível de gravidade suficiente para que pudesse se mover bem.

“O que está fazendo?” Kuro se desesperou, imaginando o que aconteceria caso Len tentasse ir contra o Deus da Morte. “Não saia daí!”

O loiro arriscou, se levantando e contando cada passo para mais perto de Kuro. O moreno notou e virou-se.

-O que foi? Está querendo se despedir? AHAHAHA, humanos são tão idiotas! -ele estalou os dedos, fazendo Len cair no chão de joelhos. -Viu? Como é fácil manipulá-los.

Len roeu os dentes e levantou de novo, continuando sua caminhada, até poder tocar a cabeça da pantera.

-E então, o que você pode fazer? Um condenado não tem direito a nada. -ele veio se aproximando. -Vou retirar sua alma antes que sua irmã venha. Será interessante ver como ela chora perante seu corpo destroçado.

Ele começou a gargalhar enquanto empunhava a foice. Até tal ponto, Len tocou o sangue que escorria de seu rosto e tocou onde seria o braço do Kuro humano, e moveu o pêo, avistando a tatuagem 96 que ele exibia vez ou outra. “Se essa numeração é seu nome, quer dizer que ele foi quem te nomeou assim.”

Kuro arregalou os olhos, surpreso.

“A marca não é o guizo. A marca é a tatuagem...” Len sorriu, passando o sangue sobre a tatuagem, redesenhando-a. “E agora eu te nomeio Kuro e você se torna meu e de Rin.”

Onde havia sido marcado a ferro, Kuro soltou um grito que atravessou todo o espaço e reverberou até o Deus da Morte, que surpreso, teve o corpo atingido por uma onda de repulsa.

-Você está me negando?! -ele se aproximou depois do choque, erguendo a foice, mas quando ela veio, Kuro arreganhou os dentes, combatendo a lâmina com os dentes e quebrando-a como se não fosse nada.

“Eu não fui uma falha. Eu fui uma criação mais perfeita.” Kuro sorriu para si mesmo, sentindo a coleira de seu pescoço e as correntes sumirem enquanto avançava, afugentando o demônio.

-Maldito... Maldito seja você, Kuro! Eu te amaldiçoo e a todos os descendentes e os filhos e os filhos deles, para todo o sempre! Nunca antes me roubaram uma alma, nem se fale em duas e muito menos em um servo. E que a alma da Kagamine queime em seu Calvário, essa maldita que estragou tudo.

Ele sumiu enquanto aquela dimensão escura ia sendo engolida por um vórtex branco de luz e a visão de Len e Kuro sumia também, seus corpos sendo puxados.

“Kuro, o que vai acontecer? Está tudo bem agora ou ele vai voltar?” Len segurou firmemente no pelo negro enquanto iam sendo levados e a dor ia se dispersando aos poucos.

“Está tudo bem. Mas não posso garantir nada... Ele é um shinigami afinal.”

XXX

Kyte já estava se levantando da escada de entrada da mansão quando viu a figura cansada de Kuro vindo com Len nas costas, com uma expressão muito relaxada, virando a esquina.

Ele foi ao seu encontro correndo, vendo como as olheiras estavam profundas em Kuro e como Len respirava dificultosamente.

-O que houve? -Kyte acariciou o rosto de Len e de Kuro, assustado. Havia ficado horas esperando, Rin estava em casa, impedida de ir para o colégio e perguntando constantemente onde Kuro tinha ido.

-KURO! LEN! -ela atravessou a porta, correndo até o portão, abraçando o mais velho e tocando Len. -Ai, o que aconteceu? O que aconteceu no acidente? Ele se machucou?

Rin tinha lágrimas nos olhos e estavam vermelhos, tanto que pareceram ter secado.

-Por que estava chorando, Rin? -Kuro perguntou rapidamente, não desejando passar essa curiosidade.

-De repente... Quando você saiu... -ela fungou alto e esfregou os olhos. -Eu me senti realmente triste.

Ela apertou a mão no peito e acompanhou os dois mais velhos para dentro, onde Gackpo esperava pronto para socorros caso necessitasse.

-Sentiu-se triste? -Kuro sentia sua visão ir se apagando também ao colocar o corpo de Len no sofá e Gackpo se aproximar com uma caneca de café. -Isso eu sentia antes também...

O corpo de Kuro balançou um pouco e sua consciência se perdeu depois dele sussurrar e cair sobre Gackpo, que o tinha segurado antes de cair no chão.

-... até agora.

Continua


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Notas finais do capítulo

Yup! Qualquer coisa que não tenham entendido, perguntas são bem vindas o/. Acho que desculpa pela demora, acho que 1 semana de atraso né? Foi mal.
Mas agora>> Romance Kyte e Len, Romance KuroxRin- misturado em 2 capítulos e os 3 especiais.
Daí acaba. Até mais, minna! Obrigada por lerem até aqui!



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