Acabara-se a primeira semana de aula e nenhum aluno havia entrado em meu banheiro ainda.

- Tsc. Me disseram que o filho de Lily estaria aqui, imagino quando ele virá… - Eu resmungava dentro de meu box. - Em compensação, Pirraça já veio aqui duas vezes! Quem ele pensa que é e…

Ouvi um estrondo, ok, ok, foi só a porta se abrindo. Fazer o que, os sentidos de fantasmas são -irônicamente- mais apurados.

Fui para perto do teto, de modo que pudesse observar melhor. Era um garoto loiro e ele estava chorando.

Ia repetir a mesma cena que causou minha morte, reclamar de um garoto no banheiro feminino. Mas então ele se virou e me encarou espantado.

- N-não aproxime-se de mim, sua-sua FANTASMA FEIA!

Eu ri com desdém.

- Queridinho, pense bem, não sou eu que estou em desvantagem aqui.

Ele ficou pálido e se inclinou sobre a pia. Voltara a chorar, mas dessa vez mais alto e forte.

- EI, FAÇA SILÊNCIO! É CAPAZ DE LILY VIR AQUI VER O QUE ESTÁ ACONTECENDO E…

Ele me olhou sem acreditar. 

Sem jeito e em vão, tentei dar uma explicação para tal cena.

- Sabe, é que eu ainda vivo claramente as lembranças do passado e…

Ele de repente sorriu mostrando os dentes brancos e ofuscantes.

- Espere! Você é a Murta que geme?! - Ele riu. - A fantasma mais tola desse castelo! Apesar de ser de corvinal! - Agora ele ria com vontade.

Eu que já estava ficando irritada atravessei o corpo dele. 

Ele vomitou.

- E ENTÃO, QUEM ESTÁ RINDO AGORA SEU PEQUENO PETULANTE?!

- MEU PAI SABERÁ SOBRE ISSO!

Disse ele limpando as vestes. Em seguida bateu os pés e saiu.