Eu a olho de cima a baixo. Roupa preta, colada, decotada e provocante. Os cabelos claros soltos e bagunçados. Sexy. Muito sexy. Os olhos verdes realçados pela grossa camada de sombra preta. Os lábios vermelhos como sangue. A famosa ‘vestida para matar’. E eu diria que literalmente.

_ O que você está fazendo aqui? – fecho a porta atrás de mim e ando até ela. Estou tremendo, mas me forço a disfarçar.

_ Você não sabe? – ela se aproxima e me rodeia.

_ Não.

_ É claro que sabe. Não tente me fazer de idiota. – ela diz séria.

_ E eu já disse que não sei do que vo..

_ Shh! – ela leva sua mão até minha boca sem qualquer cerimônia e me impede de continuar.

_ A polícia.. – murmuro com dificuldade. Ela aperta sua mão em meus lábios e aproxima seu rosto do meu perigosamente. Seu nariz chega a ficar colado no meu, enquanto suas orbes verdes analisam as minhas.

_ Eles não são de nada. – ela diz segura.

_ Mas o q..

_ Cala a boca.

_ O que você quer de mim? Eu não vou te dar a l..

_ Eu não a quero. Não agora. – ela diz enigmática e então faz o quê?!

Não, ela não me beija. Ao contrário, ela some! No ar mesmo. Tipo evaporar.

_ Monique? – eu a chamo.

Nada.

E então eu percebo que ainda estou no corredor do meu prédio.. fazendo não sei o quê.

21th December, 12 am.

_ Alô, Stela?

_ Sim.

_ Tá afim de sair pra beber?

_ Haha, só podia ser você. Mas então.. eu meio que já tenho planos.

_ Ah, tudo bem então.

_ Não. Perae, é uma festa fantasia.. você pode ir comigo, se quiser. O que acha?

_ Hm.. é, pode ser.

_ Chego aí na sua casa em vinte minutos.

_ Ok.

Agora eu só preciso pensar em uma fantasia rápida e prática. E, claro, que me deixe mais gostoso (se é que isso é possível).

21th December, 1 am.

Meu Land Rover estava parado na porta do prédio de Stela e eu a esperava ouvindo LMFAO. Vez ou outra abaixava o vidro e admirava algumas garotas andando por ali. A maioria gatas. Elas retribuíam o olhar e algumas até mandavam beijinho ou sorriam divertidas pela minha fantasia. É, eu não estava nada mal.

_ Oi.. – Stela apareceu ofegante e entrou no carro. Ela estava muito gata: usava uma saia justa e curta e uma blusa branca com os primeiros botões abertos deixando um pouco do sutiã vermelho à mostra, os cabelos estavam soltos e ondulados; a perfeita professora sem classe, no estilo Cameron Diaz.

_ Até que enfim. – me aproximei dela e dei-lhe um selinho. Ela sorriu maliciosa.

_ Foi difícil pensar em algo assim. – ela disse, apontando para a própria roupa. Meu olhar acompanhou cada detalhe, é óbvio.

_ Valeu a pena. – mordi o lábio.

_ Party Rock, sério? – ela riu.

_ É pra entrar no clima.

_ Hum.. ta. E, a propósito, você está terrivelmente gostoso.

_ Eu sei. – rebati convencido. E, coincidentemente ou não, a música seguinte foi: I’m sexy and I know it.

Stela e eu cantamos e rimos o caminho todo. Eu mal podia esperar para entrar naquela festa.

21th December, 2 am.

Uma hora na fila. Mas, bem, o que eu posso dizer!? Valeu a pena.

_ Hm, mestre de obras.. posso te pagar uma bebida? – um cara moreno e forte se aproxima de mim.

(MUSIC)

_ Eu, hm, err.. não, eu n-não sou..

_ Gay? – ele ri.

_ É. – respondo sem graça.

_ Nem eu. – ele responde ainda rindo.

Ahá, até parece que ele não era gay.

_ Não me leve a mal, mas eu já estou acompanhado. – respondo e ando até o meio da pista de dança. Várias garotas estão ali. Me aproximo de uma ruiva vestida de marinheira e a envolvo, dançando colado a ela. Ela me olha estranha, mas mantém o ritmo. Olho para o cara no bar, ele me observa atento. Não consigo pensar em outra saída a não ser beijar a garota em minha frente. Ela tenta se afastar de início, mas eu não a deixo fugir. Ela passa suas mãos em meus cabelos e me puxa para mais perto, cedendo ao beijo. Olho de canto para o bar e, quando vejo que o cara não estava mais lá, suspiro aliviado e me solto da ruiva. Ando sem rumo pela boate e então avisto Stela.

_ Graças a Deus eu te encontrei. – vou até ela.

_ O que foi? – ela pergunta divertida.

_ Acabei de ser cantado..

_ Isso é ótimo! Você não adora que as mulheres se joguem em você? – ela comemora.

_ Você disse bem: mulheres, não homens!

_ O QUÊ?

_ É. Acho que o cara pensou que eu também fosse gay..

_ Isso é hilário. – ela ri descontroladamente.

_ Não é não!

_ Vem, vamos dançar. – ela pega em minha mão e me puxa de volta para a pista de dança.

_ Hum.. nada mal. – Stela murmura vendo meu corpo se mover sensualmente na batida da música.

"This is the night, this is the time

I can't stop moving

This is the night, this is the place

I can't stop moving"

Sorrio perverso e colo meu corpo ao dela, provocando todas as garotas à nossa volta. Era quase patética a forma como elas me olhavam. Quero dizer, eu e Stela sabíamos que estávamos juntos apenas como amigos. Amigos com benefícios. Mas o resto das pessoas ali, não. E elas nos olhavam descaradamente; tanto os homens para ela, quanto as mulheres para mim.

_ Acho que vou pegar uma bebida. – Stela sussurra para mim e sai.

_ E eu vou dar uma volta.. – digo, e assim que me viro para sair dali, uma mulher esbarra seu corpo em mim.

_ Perdão. – ela me encara profunda sob a máscara negra e sai.

Eu posso estar enganado, mas acho que ela fez de propósito. O que eu não entendo é ela ter saído sem nem pedir meu número, ou perguntar meu nome..

_ Oi.. – uma voz meio grossa soa atrás de mim.

_ Ah, não. Você de novo? – pergunto descrente.

_ Não é o que você está pensando.. eu só quero conversar com você. – ele se defende.

_ Vai, aceita! É só um drinque. – ele insistiu.

_ Ok. – cedi à contra gosto.

Nos sentamos no bar e ele me pagou um drinque como combinado. Tudo estava bem (e normal!) até que ele abriu a boca.

_ Antes que você pense, ainda mais, que eu sou gay.. eu quero te fazer uma proposta.

_ Estou ouvindo.

_ Você é jovem, tem um corpo bonito, é carismático e parece fazer muito sucesso com a mulherada..

_ E faço mesmo.

_ Pois bem, eu quero que você venha trabalhar comigo.

_ Trabalhar.. fale mais sobre isso.

_ Eu sou dono de outras duas boates como essa aqui: outra aqui em São Paulo mesmo, e uma no exterior.

_ Sim.. continue.

_ E eu gostaria que você trabalhasse com uma equipe de dançarinos. Preparando-os e, de preferência, se apresentando juntamente com eles.

_ ÃN? – perguntei perplexo.

_ Você quer que eu seja seu gogo boy?

_ Sim, mas vo..

_ O senhor tem ideia do que está me propondo!? Isso é um absurdo! Absurdo! – levantei a voz e quanto vi já estava gritando. Várias pessoas nos olhavam.

_ Não, não, me deixe te explicar direito.. – ele pediu, mas não dei chance para que ele continuasse e saí imediatamente dali.

Cambaleei até o banheiro e tamanha foi a minha surpresa ao dar de cara com a mascarada negra outra vez.

_ Hum.. parece que vamos nos encontrar muito essa noite. – ela se aproximou do meu ouvido, arrepiando os pelos da minha nuca.

_ E eu posso saber o porquê?

_ Você foi o escolhido.

_ Escolhido pra quê? – perguntei confuso.

Porque, estranhamente, todos estavam me dizendo coisas sem nexo essa noite?

A mascarada negra não respondeu nada. Senti meu corpo amolecer e antes que eu fosse ao chão, outras duas garotas se aproximaram de nós e ajudaram-na a me carregar. Só não sei para qual lugar..

21th December, 4 am.

(MUSIC 2)

“Louis, acorda. Acorda..”

Sentia alguém me tocando, tentando me acordar, mas meus olhos estavam pesados demais.

_ Gato, vai perder toda a diversão.. – uma voz quente sussurra em meu ouvido, me fazendo quase dar um pulo. Abro os olhos com dificuldade e quase volto a dormir, pensando estar em um sonho: três garotas estavam ali, à minha volta, todas fantasiadas, sexys e me bajulando. Só podia ser miragem!

_ Quem são vocês? Onde eu tô? Cadê a Stela? Eu n.. – uma delas me interrompe, sentando-se em meu colo.

_ Shh, você fala demais, gato. Nós somos a Tríade. – a segunda garota se aproxima e também senta em meu colo.

Ok, isso está ficando muito estranho. Tipo, bizarro. O que é Tríade?

_ O que é Tríade? – olho para as duas esperando algo que faça sentido. Mas, para a minha surpresa, quem responde é uma terceira garota: a mascarada negra, que também estava ali.

_ A Tríade é uma das ramificações da máfia Chinesa. – ela parou na minha frente e abaixou seu rosto até estar cara a cara comigo.

_ Vocês só podem estar brincando.. – ri. A segunda garota, uma ruiva, segurou firme em minha camisa, puxando-me pela gola.

_ Pode apostar que não. – ela disse séria.

_ E o que a máfia chinesa quer comigo? – não contive outro riso. Era patético sequer pensar na hipótese.

_ Com você nada. Já com os seus companheiros.. – a primeira garota, uma loira, disse enigmática.

_ O que eles querem com o Zayn?

_ Não é com ele, idiota! Estamos falando do terceto. – a terceira garota, morena, respondeu com um sorrisinho cínico.

_ Eu não sei do que vocês estão falando. – tentei parecer o mais seguro possível, mas minha voz estava quase tão trêmula quanto meu corpo inteiro. E elas perceberam, é claro.

_ Pobre Louis, está com medo? – as três disseram juntas e me colocaram de pé, ficando cada uma colada a uma parte do meu corpo.

_ Na-não.

As três riram. Tentei me desfazer daquele “abraço” triplo, mas não deu certo; ao contrário, elas me apertaram ainda mais, e duas delas (a morena e a loira) subiam e desciam suas mãos por meu ‘abdômen nu de mestre de obras’, enquanto a ruiva beijava meus ombros me fazendo suspirar. Elas queriam me deixar louco, com toda certeza.

_ O que você faz pra ser assim, tão gostoso? – a loira agarra meu pescoço e passa a pontinha de sua língua pelo lóbulo da minha orelha.

_ N-nada. – respondo sentindo a tensão em meu corpo se intensificar.

_ É claro que faz.. – a ruiva passa à minha frente e também me provoca, mas no pescoço.

_ O que vocês estão tramando? – pergunto às duas tentando me manter são.

_ Por enquanto nós só queremos nos divertir. – a loira responde.

_ Espera, aonde é que está a amiga de vocês? – pergunto desconfiado.

_ Ela deve ter ido ao banheiro. Sei lá. – a ruiva responde.

_ Ahn, tem coisa errada aí. Vocês estão acobertando ela.. é isso! – consigo escapar do chamego das duas e saio correndo.

_ Claro que não! Vem cá, vem. – a loira me chama. Ela e a ruiva começam a rebolar na minha frente e não consigo resistir. Acabo indo até elas.

_ Procurando por mim? – a morena chega por trás e sussurra perto do meu ouvido.

_ Acabei de encontrar. – sorrio malandro.

_ Ótimo! – ela responde e passa à minha frente, empurrando as duas companheiras que antes se insinuavam para mim.

_ Vai judiar de mim?

_ De maneira alguma. – ela sorri maliciosa e se vira de costas para mim, colando seu corpo no meu. Sua bunda empinada e suas pernas descobertas atiçavam meu brinquedinho enquanto ela subia e descia em minha frente no ritmo da música.

_ Wow. – coloco minhas mãos em sua cintura e controlo os movimentos dela, girando-a de frente pra mim e roubando-lhe um beijo.

_ Hey, calminho aí gatão. – a morena diz, me impedindo de beijá-la.

_ Vocês não querem calma. – sorrio confiante.

_ Tem razão. – ela sorri maliciosa e cola seus lábios nos meus com urgência.

O que essa tal Tríade queria do terceto? Deve haver algo que eu não saiba nesse rolo todo. Tem que ter.

Não é mais seguro fazer parte disto. Ou melhor, daquilo. O meu esquema é outro. E antes que eu seja pego, eu é quem vou pegá-los de surpresa.