Todos estavam felizes, menos Orihime. As coisas estavam entrando nos eixos. A vida em Karakura voltava a ser aparentemente a mesma depois do fim da Batalha de Inverno. Rukia e Ichigo estavam namorando. Mesmo eles não tendo contado para ninguém, ela sabia. Ela os vira certa tarde num banco de um parque se beijando apaixonadamente, sem se importar com ninguém.

            Mesmo ficando decepcionada, ela entendeu. Na realidade, bem no fundo, ela já esperava por isso. Quando ela soube que Ichigo estava indo resgatá-la, ela ficou feliz, pois antes ele havia resgatado Rukia e agora estava indo por ela. Mas depois, a realidade veio forte e cruel: ela era apenas amiga dele. Se Chad ou Ishida estivessem no seu lugar, Ichigo faria o mesmo, com a mesma força e a mesma fúria. Só com Rukia foi: ela a resgatou porque a amava, para levá-la com ele de volta para o mundo real.

            Orihime fingia que estava tudo bem. Ela fingia para todos que estava tudo normal. Mas a convivência com Ulquiorra deixou marcas profundas nela. A forma como ele se despediu dela quando morreu, a angústia que ela sentiu quando o viu se dissolver no ar, ela se lembrava de tudo, como se estivesse vendo um filme na sua cabeça. Ah, por que isso!?

            Ela acordava de noite, suando e com a respiração pesada, depois se sonhar com o momento final, quando Ulquiorra estendeu sua mão para ela que, automaticamente, estendeu a sua para ele. Por quê? Por que isso não saía da sua cabeça? Por que ela havia corrido até ele no final? Por que ela chorava quando se lembrava que ele não existia mais? Ele, justo ele que foi seu algoz e que a torturou psicologicamente durante todo o tempo que esteve em Las Noches. Mas mesmo assim, ela não conseguia esquecer o olhar dele antes do fim. Ela só podia estar enlouquecendo.

            Certo dia, quando estava voltando para casa sozinha depois da escola, ela encontrou Rukia na forma shinigami esperando por ela.

            – Kuchiku-san, quanto tempo, como vai?, – disse Orihime sorrindo.

            – Estou bem, Inoue, – Rukia respondeu, sorrindo ao reencontrar a amiga. – Eu precisava falar uma coisa com você e estava te esperando.

            – Podemos caminhar juntas até em casa e daí eu faço um lanche para gente e conversamos, pode ser?

            – Bem, eu não posso, estou de ronda. – Rukia não estava mentindo, ainda bem, pois ela não gostaria nenhum pouco de ter que comer as comidas estranhas de Inoue. – É muito urgente, não podemos conversar aqui?

            – Bem, já que você quer assim, tudo bem? Mas o que foi? Aconteceu alguma coisa na Soul Society?

            – Não, não é isso. Bem, na realidade, aconteceu uma coisa que eu não esperava. O ni-sama vai se casar de novo, com a Unohana-taichou. – Disse Rukia, enrolando para entrar no assunto.

            – Sério! Que bom! Fico muito feliz que Byakuya-san se case novamente. E você, ficou feliz também?

            – Mas é claro que sim. Eu quero muito que o ni-sama seja feliz e tenho certeza de que também minha irmã está muito feliz. Unohana-taichou é uma pessoa muito boa e gentil e estou contente com a escolha do ni-sama. Mas não é sobre isso que eu vim falar. Bem, é que, bem... eu e o Ichigo, bem..., é que... nós... estamos namorando, Inoue.

Continua...