Team Reset escrita por TheForgottenBoy


Capítulo 11
O significado da família.




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Dia normal em Shirahoshi Gakuen, pelo menos na medida do possível para os Resets. Shishi ainda se recuperava dos ferimentos causados por Joe. Para disfarçar, sempre que algum colega o perguntava dizia que tinha sido atropelado e por isso teve de ficar algum tempo fora do ambiente escolar.

Akayuri dava aula para os garotos, Shishi prestava atenção na aula e copiava como sempre fazia. Kaya continuava com seus hábitos de ficar olhando para ele, como uma típica stalker faria, e Kai não prestava tanta atenção na aula. Assim que a professora terminou de anotar o assunto no quadro, se virou e deu de cara com dois alunos desatentos. – Akimoto-san, Kai-kun... Distraídos de novo? Vocês não tomam jeito. Akimoto-san, você tem que parar de olhar para o Akamatsu-kun, isso não é bom para o seu desempenho escolar. – A garota se levantou e fez uma reverência como um pedido de desculpas, embora ambas soubessem que isso continuaria acontecendo. – Não tem jeito, Akimoto-san, vá para a diretoria. Nossa diretora terá que tomar umas providências em relação a você.

A garota entendeu o recado: Miki gostaria de falar com ela sobre alguma missão que provavelmente iria acontecer. Ao também entender, e após alguns minutos após Kaya ser levada a diretoria, Shishi se levantou. – Hanabi-sensei, eu posso me retirar um pouco? Não estou me sentindo muito bem. – Comentários em tom baixo de outros alunos eram ouvidos, diziam algo como “Será que ele está bem?” e “Ouvi dizer que ele ainda não se recuperou do acidente”... E de fato, o garoto não estava totalmente recuperado da ultima batalha. Ainda sentia o peito e as costelas doerem irritantemente, atrapalhando alguns movimentos dele. Mesmo assim, não poderia deixar de ir a uma missão.

Ao chegar à Diretoria, Miki iniciou a explicação. – Há alguns dias... Relatos de pessoas que desaparecem quando passam por um lugar em especial. Mais ou menos 20 pessoas até agora. Isto ocorreu em Tóquio, os desaparecimentos ocorrem próximos a um prédio abandonado, vizinho a Akimoto Company. – No mesmo instante em que ouviu aquele nome, Kaya estremeceu, parecia preocupada de uma hora para a outra... Como se aquele relato tivesse mexido bastante com ela. Shishi olhou para ela e preferiu não comentar nada. A mulher também preferiu ficar calado, afinal, se a rosada não desse permissão para falar, não poderia dar nenhuma informação além daquela. – Por enquanto, tudo o que eu posso fazer é mandar você até lá, Kaya-san. – O garoto de olhos cinza, percebendo o nervosismo dela tomou uma decisão rápida. – Eu vou com ela, Miki-san. Ainda devo uma por ter tomado conta de mim no hospital. – Ele sorriu... A diretora olhou diretamente nos olhos dele e assentiu. – Permissão Concedida, Akamatsu-kun. Acompanhe a Akimoto-san até o local, por favor... Vocês ficarão acampados no prédio abandonado e vigiá-lo. Com certeza encontrarão alguma pista importante. – Miki estalou os dedos e o portão começou a se abrir, ela jogou algumas malas com roupas e suprimentos para os dois. O garoto continuou observando Kaya até que o teleporte fosse terminado.

No minuto seguinte, estavam no prédio abandonado. Ajeitaram seus pertences em um local mais seguro, onde caso alguém entrasse pensaria que não havia ninguém ali. A garota se aproximou de Shishi. – Shishi-kun, eu vou investigar os arredores. Já volto ok? – Ele assentiu, embora desconfiasse que ela não fosse investigar e sim procurar algo sobre “Akimoto Company”... Decidiu que iria fazer sua própria investigação, ir atrás dela no momento em que ela se descuidasse. Deu-se conta ali de algo, Kaya nunca havia mencionado sobre a família dela.

Kaya foi em direção ao prédio da família sem perceber que era seguida por Shishi. Entrou na recepção e recebeu cumprimentos formais de todos os funcionários. Ele foi andando pelos cantos enquanto a “stalkeava”. Ela chegou a uma sala e perguntou para uma moça. Provavelmente teve um “não” como resposta, já que baixou a cabeça assim que os lábios da mulher pararam de se mover.

A garota andava cabisbaixa de volta para o saguão do prédio. Shishi a observava de uma pilastra. No fundo, sentia-se triste por não poder fazer nada por enquanto. Tinha de ver como Kaya agiria primeiramente e então pensar em uma solução.

Dez minutos se passaram e ela continuava pensativa. Shishi voltou ao prédio abandonado, não queria chamar muito a atenção e aparentar que tinha saído. Kaya voltou para o “acampamento” e se sentou na cama improvisada que os dois haviam feito.

- Por que você não quer contar nada sobre você? Eu vim até aqui para te ajudar... Se você não contar fica difícil de te ajudar. – A garota apertou a mão no vestido, parecia querer chorar, se mantivesse forte. – Você não sabe como me sinto Shishi-kun... Você nem mesmo tem uma família pra se preocupar...

Shishi olhou para baixo... De certa forma, ela tinha razão. Realmente não tinha uma família para proteger, era uma das coisas que ele daria tudo para ter. Cresceu sozinho e sem ninguém para compartilhar suas tristezas, alegrias e tudo mais. – Você tem razão... Eu não tenho uma família, não sei como você se sente, mas... – Ele a levantou e deu uma leve tapa na cara da garota como se quisesse acordá-la. – Isso não vai me fazer impedir de querer ajudar! Não é por eu não ter uma família que isso vai me impedir de ajudar a família daqueles que amo, que considero uma família!

Kaya olhou para ele sentindo seu rosto doer um pouco por causa da tapa. Levou a mão ao rosto, olhou-o diretamente e se levantou sorrindo. – Shishi-kun... Obrigado. – Shishi se sentou ao lado dela enquanto ouvia a história. – Otou-san e Okaa-san são donos de uma grande empresa de transportes, avião, navios e outras coisas. Vivem viajando pelo mundo para negociar com portos, então eu quase nunca os vejo...  Essas ocorrências ocorreram bem quando meus pais voltaram para o Japão. Então, assim que eu soube, tentei investigar em silêncio, mas acho que a Miki-san é mais rápida do que eu. – Ela deu um sorriso, provavelmente a Diretora tinha experiência e informantes suficientes para saber de tudo o que acontecia pelo Japão.

Shishi estava até então estava calado ouvindo, teve uma luz em sua mente. – Espera... Se seus pais deveriam estar aqui e não estão... Quer dizer que a Organização também previu isso, eles devem estar com seus pais em algum canto da empresa. Tem algum lugar subterrâneo ou algo do tipo? – A garota assentiu, então também se deu conta do que ele queria dizer. – Mas se eles estão lá, devem ter alguém despistando os intrusos. Eu poderia entrar lá me camuflando, mas e você Shishi-kun? Como vai entrar? – Ele parou para pensar mais um pouco. – Será que você consegue me camuflar também? Você sobe nas minhas costas e a gente segue pro subterrâneo.

Concordaram, e então após se prepararem seguiram em direção a empresa dos Akimoto. Kaya subiu nas costas de Shishi e camuflou os dois e assim desceram pelas escadas, afinal seria complicado se fossem de elevador. Estavam somente camuflados e não intangíveis, se alguém tocasse onde eles ficavam poderiam sentir o corpo deles.  

Depois de alguns minutos de caminhada, chegaram em um lugar algo semelhante a um esconderijo subterrâneo onde duas pessoas estavam enjauladas. Os olhos de Kaya arregalaram e, dada a reação dela Shishi concluiu que aqueles eram seus pais. A garota correu para a grade e Shishi materializou sua katana. – Eu vou destruir as grades... Afaste-se. – Ele desembainhou a espada e cortou as grades. Kaya correu para os pais e os abraçou, porém, não esboçaram nenhum tipo de reação aparente.

- É como se estivessem hipnotizados... – E então o garoto sentiu uma presença se aproximando do local onde estavam. Um homem de olhos castanhos e cabelos lisos, presos até a cintura, de feições bem japonesas (nas quais lembravam um samurai) apareceu bem atrás deles. – Então, é exatamente como eles disseram. Vocês viriam para impedir meu sucesso... – Kaya reconheceu aquele homem como um antigo sócio da família, no qual foi demitido por desviar dinheiro das empresas e subornar rivais, quase levando uma crise aos Akimoto. – Você... Se não me engano, seu nome é Kaji, não é? – Antes de receber qualquer resposta, o homem pulou em cima dela, sendo impedido por Shishi, o punho do homem foi interrompido pela espada dele, mas nem sequer houve um corte naquela área, era como se o corpo dele fosse feito de metal. O garoto o afastou de Kaya. – Fuja daqui, Kaya. Leve seus pais com você, eu vou segurar esse cara custe o que custar. – Ela ajudou os pais a se levantar. Conseguiam andar se fossem guiados, embora não falassem ou esboçassem algum sentimento.

Vendo que a garota já estava a uma distância segura dos dois, ele voltou-se para o inimigo. – Você não vai passar daqui. – Ele apontou a espada para o céu enquanto percorria sua lâmina com energia, tinha em mente apenas segurá-lo por um tempo. – Eu não sei quanto tempo eu vou aguentar com esse ferimento no peito, mas não posso fraquejar agora. – Por fim desenhou o círculo e abriu o portal liberando sua armadura. Ela ia se montando ao corpo de Shishi.

Ele sentia o corpo ficando pesado por usar a armadura, o ferimento no peito começava a incomodá-lo. Tinha de acabar com a luta antes que fosse tarde ou seu corpo não resistiria. Correu em direção a Kaji e tentou desferir um golpe nele com a espada. No momento em que a lâmina se chocou com o braço do homem, um estalo era ouvido, como se dois pedaços de metal tivessem se chocado com toda força. Sentiu um golpe forte no peito, soltou um grito de dor por causa do ferimento antigo que se abria. A armadura dele estava quebrada na área do peito.

Recuou, levando a mão ao peito. O sangue quente dele começava a pingar no chão do subterrâneo, a respiração dele ia ficando mais e mais pesada. A visão ia aos poucos se embaçando conforme o sangue era perdido. Concentrou a eletricidade pela espada e a lançou, em seguida saltando e desferindo um corte horizontal no inimigo. A energia pareceu ser repelida só de tocar no corpo dele, e a espada ricocheteou no ombro dele e escapou de sua mão. Arregalou os olhos, arriscou tudo naquele golpe e agora sua guarda estava totalmente aberta. No mesmo instante, sentiu vários golpes no peito e no rosto, não conseguia sequer ver o punho dele se movimentando. Foi lançado para longe até se chocar com uma parede. Pôde sentir os pedaços da armadura se despedaçando nos locais onde foi atingido. Ficou bem difícil de ver alguma coisa, o sangue estava caindo sobre seus olhos.

Shishi apoiou-se na parede para se levantar, era impressionante a força de vontade dele mesmo estando ferido de uma batalha anterior. As pernas dele tremiam de exaustão e devido ao sangue que havia perdido. – Eu não posso perder... A família da Kaya-san depende de mim... – Sussurrava para si mesmo... Porém, as energias dele abandonaram seu corpo e ele desabou no chão desmaiando, sentindo a frustração por não ter segurado Kaji o suficiente.

Ao ver Shishi indo ao chão, o homem logo foi atrás de Kaya. Procurando-a por todos os locais do subterrâneo. Dava até para pensar que ela conseguiria fugir, entretanto, Kaji conhecia aquele lugar muito bem afinal já foi um empregado naquela empresa. Calculou qual seria o melhor caminho a se tomar para chegar a saída que a garota tentaria fugir.

Pulou pela escada e apareceu bem em cima dela, criando um barulho ensurdecedor, bem parecido com o de um metal se chocando com outro. A garota tomou um belo susto com um homem caindo do nada na sua frente. Logo concluiu que Shishi não tinha conseguido detê-lo e isso a preocupava bastante. – O que você fez com o Shishi-kun? Responda! – Aos poucos a raiva ia tomando conta dela, não queria imaginar o que poderia haver acontecido com o garoto. Kaji deu uma risada. – O que acha que eu fiz? Acabei com ele. – Ela apertou os punhos e correu para atacá-lo, ele apenas ficou parado e tomando os socos e chutes dela como se não fossem nada, pelo contrário, quem sentia os efeitos dos golpes era ela. – A pele dele é como se fosse de metal... – Então, ele bateu palmas e um som ensurdecedor ecoou pelo subterrâneo lançando a garota contra uma parede.

- O que é essa habilidade dele? É como se o corpo dele fosse só de metal... Não, não é só isso. Tem algo além... – Pensou em usar o próximo nível das suas habilidades, entretanto concluiu que fazer aquilo sem conhecer exatamente o que o inimigo é capaz de fazer, poderia por em risco a vida de seus pais caso falhasse na batalha. A garota correu novamente em direção a Kaji para atacá-lo com seus golpes físicos.

Ao mesmo tempo em que a garota tentava lutar com o inimigo, Shishi saía de baixo dos escombros. O olhar dele parecia o de alguém hipnotizado. – ... Eu tenho que salvar a Kaya... A Familia dela depende de mim... Eu preciso ir... – Então, ele olhou para o buraco no qual Kaji havia feito para perseguir a garota. Saltou por ali e foi à procura da garota.

Kaji sequer precisava desviar dos golpes de Kaya, a pele de ferro dele era o suficiente. – Já chega de aproveitar minha vingança, vou acabar com isso logo. – Ele juntou as mãos e aparentemente uma energia azul cresceu nas mãos dele, aquilo deveria ser o que faltava das habilidades dele. Porém, Kaya não poderia se descuidar, se o golpe não a atingisse por completo poderia atingir os pais dela. E machucá-los era a ultima coisa que queria. A Energia na mão dele ficou do tamanho de uma bola de basquete, até que ela foi liberada. A garota colocou as mãos na frente para impedir, mas de repente um círculo surgiu bem na frente dela, pela posição dela indicava que alguém o invocou de cima. Viu Shishi caindo na frente dela bem onde o símbolo estava, mas... O garoto não trajava sua armadura. Pensou o que poderia ter acontecido naquela batalha, deveria ter sido bem feroz para só sobrar a parte das pernas da armadura. Assim que ele avistou a rajada de energia chegando, cravou sua espada no chão e concentrou eletricidade nas mãos para conseguir segurar o ataque sem que sofresse mais danos. A energia arrastou Shishi para atrás até que ele a repelisse, e por fim, o garoto andou mais um pouco para perto de Kaji, que não gostou nem um pouco de ser interrompido. – Eu vou proteger a família dela, prometi isso para mim mesmo... – Kaya notou que ele não estava normal, talvez seu corpo estivesse agindo por conta própria. Correu para perto de Shishi e o segurou no momento em que ele desabou, sentiu o sangue quente dele nas mãos e ali sua raiva praticamente tomou conta. Nunca tinha visto o garoto se machucando daquele jeito. Levou-o para um lugar mais seguro e o deitou apoiado na parede. – Eu já volto, Shishi-kun.

A garota fez uma postura que parecia alguma arte marcial e o chão afundou um pouco, claro sinal de que o segundo nível das habilidades dela estava sendo liberado. Ela concentrou a força invisível na palma da mão e a liberou em Kaji, lançando-o contra uma parede. – Não vou perdoar você por machucar minha família... E por machucar o Shishi-kun! – Continuou disparando seus ataques, se tornando cada vez mais difícil para o oponente desviar.

 - Há um ponto cego em suas habilidades! – Ele saltou ficando atrás da garota. Girou o corpo e desferiu um chute bem nas costelas dela, lançando-a na parede. Kaji estava pronto para se vangloriar quando Kaya veio voando em cima dele dando-lhe um soco bem no nariz. Assim que ele recuou ela apontou e disparou mais um pouco de energia no peito dele e assim voou na parede com o impacto. Em seguida a rosada saltou para perto dele e deu-lhe uma voadora no peito. Ela tinha um olhar sério. – Você vendeu sua alma para a organização em troca de uma vingança tola e egoísta. A sua alma será libertada agora. – Kaya apontou a mão para ele e disparou um pouco mais de energia, mas agora dava para notar a saída de uma fumaça escura do corpo dele, como se algo maléfico o abandonasse.

Ela se virou e foi em direção aos pais. Notou que já estavam acordados e bem confusos. – Kaya-chan? O que estamos fazendo aqui? O que aconteceu? – A garota sorriu e abraçou os pais, os olhos dela estavam bem marejados. Ficaram alguns segundos daquele jeito até ela se voltar a direção de onde Shishi estava caído e uma poça de sangue o cobria. A garota o pegou e colocou-o no ombro. Seus pais olhavam com uma expressão bem confusa, afinal, não era todo dia que sua filha que magra levantasse um garoto no qual era mais pesado e estava todo sujo de sangue. – Quem é esse menino, Kaya-chan? – Ela olhou para Shishi e deu um sorriso discreto para ele, esperaria o garoto ficar melhor e assim agradecê-lo apropriadamente. – Ele me ajudou a salvar vocês... E me explicou o significado da palavra “família”.

Kaya levou Shishi para o hospital e deixou seus pais em um local seguro. Aprendeu algo com ele e levaria para a vida toda.


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