Três longos, cansativos e silenciosos dias de viagem se passaram até Ino finalmente chegar em Suna. Passou pelos portões com a ajuda valiosa de Temari e parou por alguns instantes para analisar a vila, que era muito diferente de Konoha. Olhou em volta e viu construções muito grandes e de formato arredondado, tinha areia por todos os lados e o sol ardia no céu. As pessoas andavam de um lado para o outro, tão absortas em seus afazeres que nem tinham tempo de reclamar do calor sobrenatural que fazia naquele lugar.

-É sempre quente assim?

-Não...

Ela estava pronta para soltar um "ufa" quando Temari completou:

-É muito mais quente.

Ino fez uma cara forçada de desapontamento e abaixou a cabeça, fazendo a loira de Suna rir.

-Vejo que já está melhor...quero que saiba que não vou te forçar a contar nada, mas que pode me confidenciar qualquer coisa.

-Obrigada. Juro que assim que tomar coragem eu te conto tudo.

Temari deu um sorriso extremamente sincero para ela e foi guiando-a pela vila até chegarem a um prédio muito parecido com todos os outros, só que muito maior.

-Aqui é o prédio do Kazekage, vamos falar com Gaara. Depois vou te mostrar aonde vai ficar e aí eu te liberto.

Ino sorriu pela primeira vez desde que tudo começara. Adentrou o prédio e subiu muitas escadas, até parar na frente de uma grande porta. Temari bateu e avisou que era ela. Um "entre" em voz grave foi dito, assim ela abriu a porta e deu espaço para Ino entrar. Gaara estava com os olhos fixos no papel a sua frente, mas ao perceber a presença da Yamanaka levantou o olhar, dirigindo-o primeiro a ela e depois a Temari, como se pedisse uma explicação.

-Gaara, ela veio comigo.

-Percebi.

Ino sentiu vontade de rir quando a kunoichi ao seu lado levantou uma sobrancelha, visivelmente irritada com os modos do irmão.

-Encontrei ela no caminho e...provavelmente ela vai ter que ficar.

-A Hokage sabe?

-Não...

-Então só avise a ela.

A musculatura de Ino relaxou ao ouvir que poderia ficar. Despediram-se e Temari a levou até uma grande casa atrás do prédio principal da vila, onde mostrou o quarto de hóspedes que agora pertenceria à kunoichi de Konoha. Depois ela falou um breve tchau e foi embora, deixando Ino sozinha pelas ruas de Suna. Ela andou um pouco e logo avistou um grande hospital, então resolveu ver se o bebê estava bem. Entrou e logo foi atendida por uma médica muito simpática.

-Grávida com essa idade, mocinha?

-Aconteceu...muita coisa.

-Bom, isso não me diz respeito. A única coisa que eu quero saber é: você sofreu alguma queda grave?

Imediatamente surgiu na mente dela a lembraça de Sasuke a empurrando.

-Digamos que sim. Por que? Aconteceu alguma coisa?

-Seu corpo ainda não está preparado para receber a criança e com essa queda, houveram algumas complicações. Sua gravidez será de risco, vai mesmo ter a criança?

-Vou. 

A resposta decidida fez a doutora sorrir de orgulho. Ino saiu do hospital um pouco atordoada com a notíca de sua queda ter prejudicado a gravidez. Será possível que até nisso o Uchiha atrapalhava sua vida? Andava depressa e tão distraída que tropeçou numa pedra e chegou a palmos do chão, quando sentiu que alguém a segurava. Olhou para cima e encontrou um par de olhos castanhos muito acolhedores.

-Ei, tome mais cuidado! Epa...você é a guria de Konoha que vai morar com a gente?

Depois de se levantar ela ainda demorou algum tempo até reconhecer o irmão de Temari e Gaara.

-Yamanaka Ino. Desculpa...qual é mesmo seu nome?

-Kankuro. Você não deve ter me reconhecido porque estou sem as pinturas no rosto.

-É, pois é.

Um silêncio reinou por alguns minutos, enquanto Kankuro analisava bem a garota a sua frente. Depois desse tempo, concluiu:

-Você é linda.

Ela corou levemente com o comentário e acabou deixando escapar:

-Pena que isso vai mudar daqui a algum tempo.

-O que? Por que? 

Percebendo sua falha ela tentou desconversar, mas foi impossível fugir dele. Sentaram-se num banco de praça e ela contou-lhe tudo, desabafou.

-Cretino.

-Quem?

-Esse Uchiha Sasuke. Cretino.

-É.

-Você não merecia isso, sabe. Vai mesmo encarar essa barra sozinha?

-Vou. Quero mais é distância dele.

-Quem tanto sabe?

-Você.

-Então tive exclusividade na notícia?

-Não conte a ninguém, por favor. 

-Relaxa, eu vou ficar na minha. Mas se quiser companhia e alguém pra desabafar...eu estou aqui.

Ele colocou sua mão sobre a dela, que sorriu acanhada.

-Não acho que esse seja um bom momento...

-Pode ficar tranquila que eu não vou tentar nada que você não deixe, ok? Não sou de me apegar a garota nenhuma, mas você parece que vale a pena.

-Pelo visto você gosta de pessoas complicadas.

-Tenho que gostar né...vivendo com um sarcástico e uma mulher em eterna TPM eu faço o possível.

-Ah, ele é o senhor perfeitinho?

-Com certeza não. Eu sou pegador, galinha e impulsivo.

-Está me confessando que é galinha assim, na lata?

-Normalmente sim, mas como eu disse antes...você vale a pena.

Ele se aproximou para beijá-la, mas foi parado pelas mãos delicadas da ex-florista.

-Vai com calma aí, playboy.

-Ok, ok.

Ele riu e depositou um beijo na testa dela.

-Amigos, então?

-Por enquanto sim.

Kankuro sorriu de lado ao ouvir isso. Levou-a até em casa já que "a maluca da Temari esqueceu de entregar a chave."

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Enquanto isso, em Konoha, Sasuke e Karin passeavam como se nada tivesse acontecido. A ruiva parou por um instante e disse que tinha um compromisso e que o Uchiha podia ir na frente. Certificou-se de que ninguém estava olhando e foi até alguns ninjas que a esperavam.

-Vocês seguiram o plano com perfeição, aqui está o dinheiro que faltava.

Eles pegaram o maço de notas da mão dela e foram embora tão rápido que um deles deixou cair seu hitaiate com o símbolo da aldeia da névoa. 

"Tudo correu como esperado, meu plano foi um sucesso!" 

Ela pensava alegremente enquanto entrava numa loja de artigos de casamento, onde Uchiha Sasuke a esperava impaciente.