Rebound escrita por Livia Herondale Lightwood


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do primeiro cap!



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ONTEM FOI UM SACO, como todos os dias, só que hoje, será pior.

Aliás, todas as mudanças são uma droga, principalmente se você é obrigado a participar dela. O que não é nenhuma novidade para mim, já que sou forçado à quase tudo mesmo.

Virecraw. Uma cidade incrivelmente chata e é pra lá que eu vou; minha cidade natal, sem algum shopping legal pra você ficar de bobeira, algum McDonalds, cinema bom e blá-blá-blá. Voltando a idade da pedra, que ótimo.

— Então, tudo pronto? – perguntou John.

Dei de ombros.

— Quem deveria saber isso é você, John. – continuei mexendo distraidamente no celular. – Você que quis essa viagem.

Ele fez algo parecido com uma careta. Não dava pra saber se era por eu tê-lo chamado de John em vez de pai, - como faço todas às vezes -, ou pelo modo que eu falei. De qualquer modo, não tinha sentido nenhum voltar para Virecraw.

Não depois do que aconteceu.

— Olha aqui, Noah. – não olhei pra ele. – Me dá isso.

Não fiz nada, então ele foi e pegou rapidamente o celular da minha mão. Olhei indignado para ele e John me deu um sorriso. Fiz um som de protesto.

— Você não vai precisar dele agora. – então, colocou o celular no bolso e voltou para as malas enfiando-as na parte de trás do carro. – Agora sim, tudo pronto.

Revirei os olhos.

Depois de alguns segundos, entrei no carro e fiquei esperando John entrar no carro. Ele entrou e começou a ligar o carro.

Ótimo, a viagem começou. Bufei enquanto virava o rosto para a janela, olhando todas as casas indo para trás.

Não sentiria necessariamente saudade de Hill, essa cidade nunca foi grande coisa mesmo. Nunca tive tantos amigos que me deixariam grandes saudades, talvez Link, que pra começar, era um total babaca. E burro.

Muitos pensamentos começaram a me invadir, enquanto olhava distraidamente a janela e fechando os olhos lentamente, deixando minhas pálpebras cada vez mais pesadas. Em segundos, eu havia caído em um sono profundo dentro do carro. 


O céu estava escuro e não havia nenhuma estrela. Eu mal sabia aonde estava, talvez em algum centro de uma cidade, mas não conseguia identificar que cidade. O lugar parecia ser uma praça, ou algo parecido, com alguns bancos distribuídos por quatro cantos. Mas eu não estava sozinho. Havia duas garotas.

— E você pensa que vai conseguir alguma coisa com isso? – sibilou a loira e depois gargalhou. – Eles mal conseguem cuidar de deles próprios, imagine só quando nós aparecermos. Estarão mais do que ferrados.

A morena estreitou os olhos e depois deu um sorriso.

— Você acha mesmo? – ela disse, dando um passo para frente. – Eles têm mais poderes e nós só temos um. Eles não vão ser pegos tão facilmente.

As garotas continuavam a discutir, como se eu nem estivesse ali, ainda nem notaram minha presença. Não sabia se isso era bom ou mal.

Revirei os olhos e comecei a andar em uma direção oposta as garotas. Não estava a fim de ficar ouvindo uma briga idiota de garotas, que mais parecia de gente louca.

Então um estrondo.

Era um som similar a uma explosão, que me fez mexer a cabeça como se o som ferisse meus ouvidos e pude ver uma luz esverdeada se formando na minha frente.

A garota loira estava lá, na minha frente, me encarando.

Você.

Apertei os olhos e comecei a olhá-la bem. Cabelos ondulados, grandes e louros. Olhos azuis vivos e pequenos. Ela tinha uma tatuagem no pulso que ia até o ombro e uma pequena cicatriz no braço direito, que não havia nenhuma tatuagem.

— Quem são vocês? – perguntei, cruzando os braços e olhando em volta, encontrando o olhar da outra garota me encarando. Ela tinha a mesma tatuagem da garota loira, do pulso até o ombro. – Ah, não me interessa mesmo. Já estou de saída.

Estrondo novamente. E agora a garota morena estava na minha frente.

— Noah, acorde.

— O quê? – perguntei ainda atordoado pelo som. - Como você sabe...

— Acorde!

Abri os olhos de repente. John me encarava de um modo muito estranho.

— Hm – ele murmurou. – hora de acordar, garotão.

Dei um leve gemido ao levantar do banco do carro. Então eu dormi de mal jeito. Então eu estava sonhando. Claro, como eu não percebi? Não é todo dia que pessoas somem numa espécie de explosão e aparecem bem na sua frente. E ah, ainda sabem seu nome mesmo você nunca tendo visto ela.

Quando saí do carro, estava escuro, provavelmente oito horas. Olhei em volta e vi apenas deserto, a não ser, é claro, pelo vagalume-hotel a nossa frente. Fiz uma careta.

Isso vai ser o nosso hotel?

— Pois é. – disse John. – Tem dinheiro pra um hotel cinco estrelas, por acaso?

Lancei um olhar para ele e começou a sorrir.

— É apenas essa noite, não vai ser tão ruim.

Não, não vai ser ruim.

Vai ser péssimo.

De fora, era apenas um troço brilhando no meio do nada. De dentro, era um lugar mofado, paredes sujas, tinta saindo e ainda fedia. Eu optaria para dormir no carro, se pudesse.

O quarto era bem feio, não que eu me importasse com a decoração, desde que a cama não me desse à sensação que eu estivesse dormindo em uma pedra. Isso se eu conseguisse dormir nesse lugar.

O fato de eu ter dormido praticamente toda a viagem ajudava o sono não vir, mas também era todo o caso de Virecraw. Talvez eu estivesse ansioso, - não é exatamente essa palavra -, agitado para chegar lá.

Ajeitei-me na cama de pedra e fiquei olhando para o teto, conseguindo ouvir os roucos silenciosos de John em alguns momentos. O teto era totalmente branco, deixando tudo mais entediante e chato. Fechei os olhos.

Era o momento de um monte de coisa passar na minha cabeça, pensar na vida e tudo mais, como sempre fazia quando iria dormir. Não que isso me ajudasse a dormir ou algo do tipo. Apenas ficava pensando em tudo. E nesse momento, eu tinha muitas coisas para pensar. Virecraw. Obviamente era uma delas, sendo a primeira da lista. Então vai toda a história do porque temos que voltar para lá.

Aos quatro anos, tivemos que sair de lá por um grande acidente, acabando abalando toda a cidade. Mas não mais como abalou meu pai. Ele simplesmente saiu de lá devastado com seu filho perdido. Fomos para Hill, uma cidade não tão grande mas bem melhor que Virecraw, na esperança de recomeçar na vida. Eu era muito pequeno, tinha uns quatros anos, então acho que no começo a mudança não me afetou muito. Mas John não pareceu se recuperar muito, apenas tentava se manter firme e forte na minha frente em alguns momentos. Mas eu sabia que a verdade era totalmente o oposto.

John conseguiu um pequeno emprego em uma empresa, no começo, o dinheiro era mediano e assim foi aumentando. A vida foi melhorando, pelo menos, financeiramente. Eu não conseguia me adaptar. Não que eu fosse um tipo de excluído, eu só não conseguia, não conseguia gostar desse lugar. Parece que eu não “nasci” pra tudo isso, essa vida irritante e de tentar a todo o momento reconstruir tudo o que passamos. Mas nenhum de nós conseguiu. O passado vinha nossa busca, sempre. Então tudo começou desmoronar, incluindo o dinheiro. Se esvaindo, se esvaindo. Cada vez mais.

Então, essa vai ser a segunda mudança da minha vida.

Virei-me para o lado já sentindo as pálpebras pesarem e o corpo mais relaxado. Era um sinal de que em breve iria dormir. Finalmente.

Em alguns segundos, eu caí no sono tendo um sonho ainda mais estranho do que o outro.



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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Reviews com opiniões, por favor?? :3



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