2.Curiosidade

Integra acordou mais tarde do que o normal na manhã seguinte.

Achou que provavelmente Walter não a chamara como de costume por ela ter ido dormir tão tarde na noite anterior. Normalmente ela se irritaria, mas não estava dando importância a isto agora.
Sentia-se estranhamente calma esta manhã. Vestiu-se rapidamente e desceu para tomar seu café da manhã. Surpreendeu-se por não encontrar Walter, como em toda manhã, e assustou-se mais ainda quando a porta lateral da cozinha se abriu com estrondo. A única coisa que Integra conseguiu ver foi um vulto vermelho sangue caindo por cima da mesa, quebrando-a em dois pedaços. Ficou sem palavras quando viu que o vulto era Alucard, e espantou-se mais ainda quando viu o mordomo andando calmamente na direção do vampiro que agora estava jogado por sobre a mesa quebrada. Integra percebeu que Alucard fazia um grande esforço para se mexer, mas parecia estar preso, e foi somente então que ela reparou nas mãos do mordomo, apontadas na direção do vampiro. Antes que pudesse se impedir, riu da cena a sua frente. Os dois homens se distraíram ao ouvi-la, já que isto não era muito comum vindo dela. Alucard aproveitou-se da distração de Walter, que soltara seu braço momentaneamente, e apontou as duas armas para a cabeça dele.

-Xeque-mate.- Ele sorriu ironicamente e o mordomo o imitou, apertando com força demais seus fios novamente em torno do vampiro, quase fazendo-o gritar.

-Tente não matá-lo por favor, Walter. A organização já tem trabalho o suficiente.- Integra comentou, e Walter sorriu e estendeu a mão para Alucard, que a apertou e usou como apoio para se levantar da mesa agora quebrada ao meio. Ele e Alucard se curvaram para Integra.

-Bom-dia,Integra-sama, não percebi que já havia se levantado.- Walter a cumprimentou. Alucard sorriu para a mulher loira, seus olhos alaranjados a fitando com a mesma intensidade da noite anterior.

-Bom-dia, Walter.- Ela apenas acenou com a cabeça para o vampiro, sem olhá-lo realmente. Ela tomou o seu café da manhã rapidamente, com pressa de voltar ao trabalho. Passou o dia assim, em meio a telefonemas, ordens, papéis, missões... Quase no final da tarde, estranhou que o vampiro a tivesse deixado em paz este tempo todo.

Lembrou-se da reação dele na noite anterior, e com isto, voltou a pensar no convite até então esquecido. Da última vez, a informação recebida fora realmente útil, então desta vez também poderia ser. Resolveu que iria, e então, quase que instantaneamente, Alucard apareceu em seu escritório, sentado exatamente como na noite anterior, porém, agora com seu habitual sobretudo vermelho.

-Você não está realmente pensando em aceitar este convite, não é?- Ele perguntou. Seu tom irônico também estava de volta. Sabia que ela já havia se decidido... Ainda assim, ela respondeu:

-Por que não deveria? Apenas quero saber o que ele tem a me dizer...

Alucard riu. Seu riso frio e sem humor algum parecia ecoar nas paredes.

-É claro. Então, gostaria de lhe fazer um pedido.

-Claro.

-Deixe-me ir com você.- O vampiro sorriu mais, e Integra o olhou, desconfiada.

-Por que?- Ela indagou.

-Maxwell e Anderson... Não confio em Maxwell, aquele porco. Nós ainda temos contas a acertar, do nosso último encontro. Como já deve ter percebido, ele ainda está vivo. Mas se minha mestra prefere um almoço particular com Maxwell...

Ele voltou a rir, mas profundamente desta vez.

Integra rapidamente sacou a arma e atirou, atingindo a cabeça do vampiro moreno,que caiu para trás. Assim que ele se regenerou, ela concluiu:

-Certo. Você pode vir junto, apenas não o mate até eu terminar de falar com ele.

Alucard sorriu novamente, e correu as mãos pelos cabelos negros, "arrumando-os" em sua desordem, como se nada tivesse acontecido. Ele se virou para sair da sala, mas parou no meio do caminho, um sorriso malicioso se formando em seus lábios.

-À propósito, posso saber qual parte a convenceu? O "Querida Integra" ou a parte do "Com amor" ?"

Integra voltou a sacar a arma e disparar ,mas Alucard desapareceu antes que as balas pudessem atingi-lo.