Pai E Filhos escrita por Amendo Boba


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ^^



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Brasil suspirou e guardou todos os papéis dentro de uma pasta.Não podia correr o risco de perdê-los. Fez uns movimentos circulares com o ombro a fim de estralá-los e melhorar o desconforto de ter passado tanto tempo encurvado sobre a mesa. Estralou todos os dedos da mão e empurrou a cadeira que deslizou pra trás,se levantou, e saiu do escritório em casa.

        Naquele dia todos os seus filhos estavam em sua casa. Cada um em seu quarto, agora, já que é noite e muito tarde, provavelmente dormindo. Fora um dia bem agitado, que ele havia ansiado por muito tempo. Brincaram e fizeram refeições juntos, tiveram brigas, é claro, há muitas diferencias entre eles, seja na cultura ou no temperamento.

     Ele queria ter passado a parte da noite com eles também, e aproveitar a cessão “cinema em casa” que fizeram,embora tenha certeza que ouve muita discussão sobre escolhas de filmes, mais o que ele queria mesmo, era fazer o que iria fazer naquele momento.

     Dar boa noite pra cada um. Fazia tempo que não fazia isso, andava muito ocupado.

       No corredor, ouviu uma música suave vindo de uma viola, uma voz um pouco desafinada cantando uma música romântica. Ele tinha certeza que era Goiás. E quando entrou no quarto, o dito cujo estava sentado na cama,tocando sua viola de olhos fechados. Parecia calmo.

- Hora de dormir. – disse Luciano docemente.

     Goiás olhou pra ele e sorriu - Ah, oi painho.Eu já vou dormir, só vou tocar mais um pouquinho.
   - Não, já é tarde, hora de dormir. – disse Brasil já puxando a concha da cama e ajeitando o travesseiro pra ele.Goiás deixou a viola em cima da cômoda e se deitou na cama,o país o cobriu com a concha e deu um beijo de boa noite na sua testa. – Bom sonhos. – disse antes de sair e fechar a porta, após apagar a luz.

Entrou na porta da frente e encontrou São Paulo sentado em uma cadeira de rodinhas falando impaciente em um celular. Tão jovem, tão estressado, pensou Brasil, rindo da hipótese de o paulista poder ter cabelos brancos antes dele.

    - Paulo, deixa pra amanhã pra resolver trabalho. Já é tarde.
O paulista olhou pra ele com o cenho franzindo. Sempre assim, essa de “ Por que fazer hoje o que se pode fazer amanhã?”, mesmo que não seja isso que o país queria dizer, mas Paulo já estava ficando estressado pelas obras que não começaram do estádio pra copa. Não dá mais pra deixar pra fazer tudo pro dia seguinte. O prazo, o atraso e a cobrança estavam o deixando em um mau humor insuportável.

   - Não dá. – ele disse tampando o celular pra falar com o pai. – Eu já estou com prazo apertado, não posso perder mais nenhum minuto, meu!
- Eu te entendo. – disse Brasil sincero - Mais ninguém trabalha em obras as ... – e olhou o relógio no pulso - Quinze pras meia-noite. Você mal se divertiu hoje, está trabalhando demais, precisa relaxar.
Paulo ia dizer que ele trabalhava muito por que os outros só ficavam na sombra e água fresca, mais Brasil estava com um olhar sério pra ele, o que não era do feitio do pai, então ele suspirou e cedeu. Encerrou a chamada dizendo que discutiriam sobre o assunto no dia seguinte.
Assim como fez com Goiás, ele ajeito a cama pro Paulo, que deitou,e ele o cobriu.

    - Ei, sai pra lá, meu! Eu não sou mais criança pra receber beijo de boa-noite! - disse desviando-se de Luciano.
   - Você nunca vai ser grande demais pra que eu não te dê beijos de boa-noite. – riu dando um beijo na bochecha do paulista que fez um muxoxo. – Bons sonhos.

    Apagou a luz e entrou na próxima porta após fechar a outra.

    Por ter entrado silenciosamente, quando disse oi pra Alagoas ela deu um salto da cadeira da escrivaninha, olhando pra ele com os olhos mareados e com voz chorosa disse: - Você me assustou!

    - Desculpa morena, só vim te desejar boa noite e te colocar na cama. – disse afagando os cabelos da menina, que corou um pouco com o carinho. Aqueles cabelos negros e ondulados, tão parecidos com os seus. – O que você estava escrevendo?
    - Estava fazendo planos de segurança. – ela disse baixando os olhos – Pra ninguém mais dizer que a minha casa é a mais perigosa... – ela disse isso com a voz amuada.

      Brasil sorriu pra pequena e a pegou no colo, o que foi uma grande surpresa pra ela. A colocou na cama e a cobriu.
     - Tenho certeza que vai conseguir. – disse carinhoso, dando um beijo demorado na testa da menina. – Boa Noite, tenha bons sonhos.
- Boa noite pai. – ela disse baixinho quando ele fechou a porta.

    O próximo quarto que ele entrou era Minas Gerais, mais ele já estava dormindo, então só deu um beijo na testa do menino, que se mexeu um pouco na cama. Seus cabelos castanhos estavam grandes novamente, notou ele, mas parecia que era assim que ele gostava afinal.

     Quando entrou no quarto da Bahia a encontrou ensaiando passos de dança.Parece que ela já estava preparando mais uma música que não sairia da boca do povo.
    - Painho! - ela disse abrindo o maior sorrisão - Oxi, pensei que já estivesse dormindo!
    - Eu é que devia dizer isso! – disse Luciano retribuindo o sorriso – Por que ainda não foi se deitar?
    - Meu rei - ela disse daquele jeitinho só dela – Não tô cansada não! Tô cheia de energia!
        Brasil riu balançando a cabeça numa negativa e olhou pra baiana. O que ele podia dizer? A menina pulou, correu, dançou e falou sobre tudo e sobre nada o dia todo. Sempre alegre tão enérgica. Não o surpreendia ela ainda estar com tanto pique.

       Então ele a segurou pela cintura e a rodopiou no ar, fazendo som de motor de avião com a boca, e ela deu uma gargalhada gostosa , esticando os braços, e umas voltas depois ele a fez pousar na cama, se sentindo um pouco tonto. 

      Não cedeu, quando ela disse que não iria ficar na cama, porque não tinha sono e pediu - com uma carinha muito fofa por sinal – Que ele a deixasse dormir mais tarde.

   - Boa noite minha nega. – ele disse saindo do quarto.
   - Boa noite meu rei. - ela disse se aconchegando na cama pra dormir.


     Rio Grande do Sul foi pego de surpresa quando o pai apareceu a suas costas e perguntou com quem ele conversava tão animadamente no MSN.
    Luciano leu o nome de Santa Catarina e sorriu ao ver o gaúcho todo envergonhado. Ele pousou a mão no ombro do loiro e disse:
    - Não se esqueça que ela é sua irmã. – e isso deixou o menino rubro. – Dá boa noite pra ela que tá na hora de dormir.
    -Está bem. – ele disse com movimentos maquinais, estava muito envergonhado, o pai lera que ele disse que queria se casar com ela, e isso era motivos pra não querer encará-lo por um bom tempo. 
    - Vem, deita aqui que vou te por pra dormir.

Ele ia dizer que estava bem grandinho e todo aquele discurso de pré-adolescente, mais não conseguiu. Se deitou na cama e deixou que o pai o beijasse e o desejasse boa noite, e desejou o mesmo pra ele em voz baixa.

      Quando entrou no quarto da Rio de Janeiro, a encontrou com um Walk-Talk em mãos e estava muito séria, discutindo com alguém, pelo jeito liderava uma missão nos morros.
      Quando ela viu o país, e ele lhe lançou um olhar significativo – Diga-se olhar dela pra cama e da cama pra ela –, ela olhou pro aparelho em mãos e suspirou. Deixou tudo nas mãos de um cara de confiança e desligou.

      - Já saquei, hora de dormir, né? - ela disse jogando os cabelos pra trás – Vô por meu pijama e já vou deitar, falô? – ela disse pondo as mãos na cintura.
     - Está bem. – ele disse se aproximando da menina. A abraçou e beijou-lhe o rosto. Deu-lhe boa noite e saiu do quarto.


      Sergipe parecia dormir tranqüilo quando ele entrou em seu quarto, em posição fetal, todo descoberto. Ele o cobriu, beijou se rosto e afagou seus cabelos. Paraíba também já dormia, toda sossegada, bem protegida caso esfriasse no meio da noite. Ao ver Pernambuco dormindo ele pensou que logo deveria ensiná-lo a se barbear.

      Quando entrou no quarto de Santa Catarina quase levou um susto ao ver todo o rosto da menina coberto por uma gosma verde e com rodelas de pepino. Ela estava deitada na cama com a mão juntas encima do ventre. Parecia até que estava morta.

   - Cat, pra que isso?
   - Amanhã vai ter concurso de Miss Santa Catarina, eu tenho que estar pronta para não fazer feio quando for apresentar as meninas. – ela disse com voz estranha. Evitava ao máximo mexer os músculos do maxilar pra não grudar a máscara.
    - Ah, entendi. – disse Brasil hesitante - Eu vim dar boa noite. 
    - Gute nacht papa¹. – ela disse sem se mexer e do mesmo jeito que antes.
      - Boa noite pra você também. 


      Ele afagou os cabelos de Paraná também, quando entrou no quarto dele e o menino dormia, embora seu cenho parecesse um pouco franzino,a boinha estava encima do criado mudo. Ceará dormia todo esparramado na cama com vários papéis em volta. Eram piadas que ele havia anotado pro seu show. Luciano havia ouvido que ele iria à casa de Paulo daqui alguns dias. Ele o arrumou na cama e juntou os papéis, e os deixou na escrivaninha, o cobriu e o beijou. Espírito Santo e Mato Grosso também já dormiam assim como Mato Grosso do Sul e Rio Grande. Ele contou uma história rápida pra Roraima dormir e teve que convencer Rondônia a ir se deitar, a menina estava bem séria, mais depois de uma cessão de cócegas ela estava com um semblante mais calmo. Amazonas quis ouvir a história do Boto Cor-de-rosa e ele não precisou terminar, ela dormiu antes do fim da história.

      No quarto de Brasília, o encontrou escrevendo no notebook,sentado na cama. Não teve dificuldades pra fazê-lo ir se deitar. Maranhão dormia com fones de ouvido plugado no Ipod, no qual ele tirou e guardou, Tocantins pra sua surpresa dormia agarrado com um pelúcia. Piauí parecia estar no décimo sono quando o viu, e Pará tinha um sorriso sereno no rosto.


        O país entrou o seu próprio quarto se sentindo cansado. Agora entendia porque não fazia isso com tanta freqüência, mais admitiu pra si mesmo que adorava tê-los tão perto e poder agir como uma família. Seus estados, seus terrenos, seus filhos. Todos era uma parte dele, e ele o todo de cada um deles.

       Ele tinha certeza que tinha dado boa-noite pra todos, então, porque aquela sensação de que se esquecera de alguém?

    - Painho, posso dormir aqui com você? Eu tive um pesadelo... – disse o menino deitado em sua cama.
Ah,claro! Como pode se esquecer do Acre? 
    - Claro que pode. – disse indo se deitar na cama,ao lado do menino que já estava coberto e bem aconchegando – O que você sonhou?
    - Eu sonhei que todo mundo havia se esquecido de mim. – ele disse choroso, e Brasil se sentiu com remorso por ter se esquecido, mesmo que por alguns segundos de um de seus filhos. Ele o abraçou e afagou seus cabelos, dizendo que isso não ia acontecer, porque sempre teria alguém que se lembraria dele. E o menino se acalmou, e dormiu em seus braços, e ele dormiu com Acre o abraçando forte.

   E assim, eles ficaram.




       Brasil não estava conseguindo sentir seus braços e sua pernas, e algo estava prensando seu estomago. Quando abriu os olhos, levou uma pesada na cara. Tentou se levantar, mais estava com os movimentos lentos, e com a circulação do sangue tudo começou a formigar. Ele olhou ao seu redor e viu um monte de pequenos corpos espremidos na cama, lutando por um espaço no colchão da cama de casal.

      E ele não tinha como levantar, e nem como ajeitar todo mundo pra que ninguém estivesse com a perna na cara do outro, o que acontecia com Rio de Janeiro e São Paulo.
     Então ele ficou ali deitado, vendo seus estados, seus terrenos, seus filhos, adormecidos. Imersos no mundo dos sonhos, onde cada paraíso se formava na mente de cada um, qual a sua forma. E embora seus braços e pernas ainda formigassem, e sentisse que haveria discussão quando alguém acordasse e descobrisse que um irmão “folgado” usou suas costas de travesseiro, ele continuou no mesmo lugar.

       E aos poucos, conforme o formigamento ia passando, o sono ia vindo, devagar, sem pressa, e então ele também se entregaria ao seu subconsciente e iria para seu próprio paraíso dos sonhos.


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Notas finais do capítulo

¹ significa Boa noite papai em alemão.
*-* Faz bastante tempo que eu escrevi isso, inicialmente foi postado no Livejournal para comunidade Estados Hetalia sobre os Estados do Brasil. Bem, esero que tenham gostado.Eu queria por com mais detalhe cada Boa noite dele para cada estado, mais ia ficar mais repetitivo e eu também não estava com taaanta criatividade assim >.< ( 27 estados, tenham dó deu T.T) Me perdoem se esqueci de algum (a mesma desculpa da do entre parênteses).