- Você beijou o Kabra? – Sinead falou me olhando espantada.

                - Foi sem querer ué, me empurraram – falei sentando com as pernas cruzadas na cama dela.

                - HAHAHAHAHAHAHAHA – Sinead começou a rir muito. Eu apenas a olhei com um olhar mortífero.

                - Acho que está passando muito tempo com o Hammer, Sid – cruzei os braços – Vai me deixar continuar ou não?

                - Ok, Ok, continue –ela falou sem fôlego.

[FLASHBACK ON]

                Estava frio quando saímos do avião. Agora eu entendia porque a Natalie tinha pedido para eu trazer um casaco, mesmo fazendo calor. Vesti e saí, com a minha mala. Passaria o fim de semana lá. Entramos num carro que já nos esperava e fomos para a Mansão Kabra. Londres era realmente uma cidade linda. Passamos pela London Bridge e o Big Ben. A casa deles ficava um pouco afastada da cidade, e logo notei o porquê. Era enorme. Não acho que teria um espaço suficientemente grande para ela no centro de Londres.

                Um homem pegou nossas malas e a Natalie me chamou para dentro da casa. Dentro era mais impressionante do que fora. Tudo perfeitamente arrumado e planejado.  Um salão, na entrada, com piso quadriculado de preto e branco,alguns arranjos de flores em cima de mesinhas aqui e acolá, e por fim duas grandes escadarias que se encontravam, dando acesso ao primeiro andar. Á minha direita, tinha um salão com uma televisão e sofás; á minha esquerda, outro salão com uma lareira, mais alguns sofás e um piano no canto esquerdo.

                - Lola! – Natalie falou e uma mulher de uns quarenta anos apareceu rapidamente. – Essa é Amy, uma prima nossa, e vai ficar aqui pelo final de semana. Leve-a para o quarto de hóspedes.

                - Claro. Me acompanhe senhorita. – ela falou pegando a minha mala e eu a acompanhei. 

                Ela subiu as escadas e virou á esquerda. O corredor era largo, e com algumas portas do lado esquerdo e com um salão no final do corredor. Uma porta, duas portas, Garoto acordando agora, três portas... Para tudo, garoto acordando agora? Olhei de novo e vi o Ian coçando a cabeça, com cara de quem acabou de acordar.O cabelo bagunçado e usando uma camiseta e uma calça de moletom. Adorável. Ok, Amy, foco!  Ele bocejou e me olhou com uma cara de interrogação.

                - Senhor Ian, que bom que acordou. Gostaria de tomar café ou pular logo para o almoço? – Lola falou gentilmente e ele coçou os olhos tentando acordar.

                - Eu vou almoçar logo, Lola, obrigado. – ele falou com uma voz rouca de sono. – O que você tá fazendo aqui a essa hora da manhã? Pensei que só viesse de meio dia, por aí.

                - Já é meio dia, Ian. – falei naturalmente e Lola abriu a quarta porta, colocando a minha mala lá dentro.  Ele entrou no quarto de novo, deixando a porta  um pouco aberta. Não resisti e me estiquei um pouco para ver dentro do quarto.  Ele apenas se jogou de novo na cama, dando a mim uma visão privilegiada do seu corpo. OMG, como eu estou tarada hoje.

                - A senhorita deseja mais alguma coisa? – me assustei quando a Lola saiu do quarto e se dirigiu a mim.

                - Não, não, muito obrigada. – falei ficando logo vermelha e entrando no quarto rapidamente. Que mico, nossa. Ainda bem que ele não percebeu nada. Já imaginou o quanto o ego dele ia aumentar se soubesse? Não que eu acreditasse que fosse possível ser maior do que já era, mas tem vez para tudo né?

                Enfim, tirei algumas coisas da mala para tomar um banho. Tomei um banho demorado, lavando meu cabelo. Sequei-o e me vesti, colocando um casaco fechado azul marinho com capuz, junto com uma calça jeans normal e um tênis preto. Logo a Lola veio me chamar para almoçar e nós descemos. O almoço foi silencioso, apenas com Natalie e Ian, devidamente vestido agora. O resto da tarde passou-se rápido, já que eu deitei para dormir e acordei de noite já. Droga de fuso-horário. Prendi meu cabelo e fui jogar uma água no rosto, para acordar. Desci e fui tomar um copo de água, na cozinha. Ela tinha uma vista para o jardim magnífica e eu fiquei o observando por algum tempo, bebendo a água mais lentamente do que o normal. O caminho no meio dele era iluminado com pequenas lanternas, fazendo-o não ficar nem muito iluminado nem pouco. Haviam alguns pontos de luz perto das flores e mais atrás, um muro coberto de trepadeiras e árvores grandes com iluminação em suas copas. Era perfeito.

                - Problemas com o fuso horário? – uma voz perguntou e eu quase cuspi a água que estava bebendo de susto. Me virei e o Ian estava apoiado na bancada.

                - Um pouco, eu acho. – falei assim que me recuperei.

                - Me desculpe, não quis assustar você.

                - Tudo bem. Eu é que estava distraída. Vocês tem um jardim muito bonito. – falei apontando para a vista da cozinha.

                - É nós temos. – ele parou e olhou para mim com um sorriso de lado. – Gostaria de ver mais de perto? – A forma como ele disse, o olhar que me lançava, tudo isso me dizia que não era uma boa ideia sair por aí andando pelo meio do mato com o Ian Kabra.

                -Claro, eu adoraria!– falei o mais ironicamente possível.

                - Sério? – ele me olhou com uma cara de incredulidade.

                - Não.  – ele rolou os olhos – Continue tentando, Don Juan – dei uma tapinha no seu ombro quando passei por ele e subi para o quarto novamente. Peguei um livro que eu estava lendo no avião, As Crônicas de Gelo e Fogo e recomecei de onde havia parado. Bateram na porta e eu disse para entrar.

                - O que você está fazendo aí ainda? Levanta, vamos levar você para conhecer Londres! – Natalie entrou no quarto, arrancando o livro da minha mão.

                - Qual é Natalie, me devolve o livro. Eu já estive aqui, se lembra? 

                - Duvido que tenha tido tempo para visitar os pontos turísticos. O que custa Amy?

                - Tá, tá, tá eu vou. – ela bateu palmas, animada. – Daqui a pouco eu desço.

                - Estaremos esperando. – ela saiu animada e eu finalmente entendi o que o plural significava. O irmão dela ia junto.