Narrador: Draco.

Sabe, Hermione, desta vez eu cansei. De verdade...
Me diz, porque em cada minuto com você, me diz que não me importo com você, que não te dou a mínima...? E então, frases ficam presas na minha garganta, prontas para me sufocar. Eu gostaria de dizer que sou completamente louco por você, que te dou meu coração, é só você vir buscar...
Porque você não vem correndo até mim, e se entrega para cessar minha angústia?
Não é fácil amar você, Hermione. 
Porque tudo com você é tão complicado? Porque você tornou tão difícil para eu amar você? Eu odeio isso... Porque, se você realmente quer ficar sozinha, pode ficar... Eu viro as costas. Você me conhece, eu sou frio. 
Eu tentei de tudo com você. Mas é tão complicado... Ás vezes eu fico com você, e não entendo a razão para eu te amar. Eu posso querer te abraçar, posso querer te afastar... Eu quero que você me ame, mas você não o faz, e isso literalmente me deixou á beira da loucura, como se alguém lançasse um Crucio invisível em mim por muito, muito tempo. Mas a diferença é que essa dor é no meu coração.
Sabe por que sempre fui rude com você? Sabe por que sempre me fiz de preconceituoso em relação á sua origem? Sabe por que sempre fui arrogante com Potter e Weasley...?
Ah, Hermione. A tarefa que para mim já era difícil pode estar simplesmente impossível e impassível agora. Eu não suporto te ver com Weasley, as mãos entrelaçadas e seu profundo olhar de desprezo em mim... Amar, para mim, é algo inútil e que só poderá me ferir. Assim como você.
Você é uma droga que me vicia, Hermione. Sua imagem, ou seja, apenas te ver já me faz suar frio.
E eu gostaria de me livrar disso. Eu sei quem sou, eu sei que graças á mim Dumbledore está morto. Mas você acha que não me arrependo? Você acha que eu não sabia que isso era errado e que não devia fazê-lo?
Ele ia me matar, Hermione. Á mim e á toda minha família.
Meu pai podia ser um Comensal, minha mãe podia ser levemente arrogante, mas eu os amava. Eu não sei quem você pensa que eu sou... Mas eu estou perdido nas minhas próprias idéias, quando penso em você, principalmente.
Weasley pode não saber, mas você se lembra de que já nos beijamos?
Foi meio á força, mas de que importa? Naquela época, era apenas o início da minha perca de sanidade... Agora, Hermione, eu estou louco. Louco. E por você.
Você pensa que não dói te ver com ele? Você pensa que meu impulso é jogá-lo dentro do lago para a lula-gigante comê-lo?
Você provavelmente nunca foi sincera em relação á seus sentimentos, não é?
Quando te beijei, o que você sentiu? Você tão bom pra você quanto foi pra mim?
Você tem lábios doces, macios e suaves... Alguém já te disse isso? Eu sei que não. Eu fui um tolo em relação á mim mesmo.
Soube que, agora que Hogwarts está finalmente reformada, a nova diretora é a McGonagall. Meu pai escreveu á ela, pedindo "de joelhos" para permitir que eu voltasse.
Você acha que eu queria isso? Só para te ver com ele, e sofrer ainda mais?
Você está tornando tudo muito, muito complicado, Hermione...
Isso é uma paixão proibida, creio que ninguém tenha conhecimento dela, ou assim espero... Não, eu não me envergonho de gostar de você. Muito pelo contrário.
Eu já disse que eu te amo? 
Eu sei que sou frio, e você quente. Sou Sonserino, e você Grifinória. Sou arrogante, e você gentil. Sou gelo, mas você é o fogo...
Fogo derrete o gelo, que vira água e apaga o fogo... Você entende isso?
Todas as noites, Hermione, todas elas, me vejo pensando em você. Eu me sinto angustiado, e, é claro, isso é algo que ultimamente mexe demais comigo. Eu quero te ver, sentir sua pele quente e macia na minha tão fria e dura como pedra.
Você fez brotar um sentimento morto para mim no meu coração, Hermione.
Eu não canso de dizer seu nome. É o único que soa tão doce sob minha voz arrogante.
Você tem coisas que jamais sonhei possuir.
Você é gentil, você é bondosa, você é fiel aos seus amigos. Você tem amigos, você tem um namorado (para meu profundo desgosto).
Já me peguei sonhando com você algumas noites. E eu sempre acordo desesperado, quando a luz do teu olhar se apaga, me deixando novamente sob as trevas.
Eu estou me sentindo mal em perder algo que jamais tive, Hermione. Você jamais me pertenceu, jamais gostou de mim (ou nem chegou perto) tanto quanto eu gosto de você.
Eu me sentia obrigado á fingir tanta arrogância por você. Porque, afinal, o que diriam todos se vissem eu lhe dando atenção...? Me julgariam mal, eu que pertenço á uma família que simplesmente sente uma imensa repulsa por nascidos-trouxas... Mas eu errei, e sei disso. Me arrependo também.
Se eu pudesse, mudaria de família. Seria outra pessoa, e eu gostaria apenas de coragem.
Coragem, Hermione, coragem é algo que poucos possuem. Você é corajosa, não duvide disso... Sei que você ficou mais tempo com Potter do quê o Weasley na tal tarefa que Dumbledore lhes passou antes de ser morto por Snape.
Eu queria coragem. Assim, me declararia antes que qualquer outro pudesse fazer isso... Entende porque nunca gostei do Weasley? Eu sabia que vocês tinham algo a ver, algo que no futuro cresceria e os juntaria, para, novamente, meu profundo desgosto.
E sabe por que nunca gostei do Potter? Ele conseguiu sua amizade, o que foi algo que eu jamais conseguiria em nenhum dos 5 anos seguintes.
Sabe por que finalmente adquiri coragem para lhe falar isso?
Meus pais estão mortos. Os ex-seguidores de Voldemort, os mais fiéis de todos, os que ainda sobreviveram, vieram nos buscar. Antes de serem trancafiados em Azkaban, trataram como uma exigência a nossa morte por tamanha traição ao "lorde".
Eu, naturalmente sendo o único herdeiro da família Malfoy, ainda estou na mansão.
Eu consegui fugir. Eu pensei em você, Hermione, tomei como necessidade te ver novamente, tentar te convencer de que realmente a amava.
Meu amor por ti está me matando. Por dentro... Por fora.
Isso é algo inexplicável, porque minha repugnância por você sempre foi convincente, não é?
Porque a cada minuto você muda? As vezes eu te entendo, as vezes não. Você é tão complicada... Até demais. 
Ás vezes quero correr até você, ás vezes quero apenas ficar trancado junto com meu medo e meu desespero.
Pela primeira vez, eu estou sozinho. Eu não estou sob "proteção" de meus pais.
E, por mais que eu já tenha te dito isso, não é fácil te amar.
Facilite as coisas, Hermione. Deixe eu ir até você, tomá-la em meus braços... Para você esquecer do Weasley.
Não, eu não quero ser arrogante com ele... Mas ele é a complicação. Você o ama muito mais do que gosta de mim. Aliás, você nem mesmo gosta de mim. Ele é uma pedra no meio do caminho que me levaria até você, mas essa pedra não é pequena...
Ah, se antes você já soubesse...
Um dos "comensais do ex-lorde" não foi preso, e está aqui por perto. Ele sabe que fugi, sabe que voltei, mesmo sabendo do perigo.
Eu não vou me importar de morrer, Hermione.
Então, finalmente... Lhe peço perdão.
Me desculpe por te chamar de sangue-ruim. Me desculpe por te julgar tão mal de início, por ter sigo tão arrogante com você e com seus amigos. Me desculpe por ter te desrespeitado e julgado você como uma nerd babaca. Me desculpe por ser um insensível, me desculpe por tudo, Hermione. Mas... Me diga algo. Você me ama tanto quanto eu a amo...?

Narrador: Hermione

Você me faz chorar, Draco.
Você está mesmo pensando que é fácil para mim...?
Antes de ser por ele, foi por você. O quê? Meu sentimento mais precisoso. O amor, Draco, o amor. Sabe porque eu fico com ele? Nós encontramos amor no meio das trevas. Eu te perdôo, Draco, eu te perdôo... Não se culpe por tanta coisa! Eu era uma criança sensível, entenda. Eu sempre chorava por sua causa... Achava que você seria meu maior inimigo, que nunca gostaria de mim.
Eu quero responder á cada interrogação que você colocou nessa confissão.
Porque eu digo que você não se importa comigo...? Você nunca pareceu gostar de mim, e agora, sempre que conversamos, você demonstra interesse em mim, mas antes parecia tão artificial, como se você quisesse esconder seus sentimentos só para parecer uma brincadeira arrogante e de mal-gosto. Bem, não posso lhe negar que fora bem sucedido.
Porque eu não corro até você e cesso sua angústia...? Oh, Draco. Isso seria tão proibido, tão errado... Eu sei que Rony me ama, não posso abandoná-lo, você sabe, não é?
Porque tudo comigo é complicado...? Eu não sou uma pessoa fácil de conviver. Tenho meus momentos chatos, teimosos, bravos ou decepcionados. Eu sou complicada, e tenho certeza disso.
Porque se tornou tão difícil de me amar...? Draco... Eu parei nesta pergunta. Você, novamente, me fez chorar. Antes, era fácil? Eu sei, não tinha a ''pedra'' no teu caminho, mas era fácil...? Eu te entendo, sabe. Quando Rony estava com Lilá, também senti que estava cada vez mais difícil manter meu sentimento inerte...
Eu sempre soube que você não queria matá-lo! Harry, há pouco tempo, contou-me que viu-o desesperado dentro do banheiro da Murta um dia, o dia em que lhe lançou um feitiço idiota de um livro misterioso. Ele disse que sentiu pena de você, Draco, pena. Sei muito bem que você se arrepende de tê-lo encurralado aquele dia e o desarmado...
Sim, me lembro que nos beijamos, Draco. Não há como esquecer disso.
Dói, eu sei que dói. Eu já me senti assim, estar amando alguém e simplesmente não poder ser dela...
Eu nunca fui muito sincera no quesito sentimentos... Me sinto envergonhada por isso, e embora saiba que nunca alguém (não um amigo, pelo menos) me criticaria ou riria da minha cara por causa disso... Não, não fui sincera.
Eu senti que devia sair dali. Senti que você me amava, senti que aquilo era impossível... Mas, de certa forma, houve um curtíssimo momento que eu correspondi com você, lembra-se...? Depois eu quis me aniquilar por aquilo... Se foi tão bom assim pra você, eu não sei, mas para mim foi como se aquilo fosse errado mas prazeroso.
Nunca, nunca me disseram que tenho lábios assim... Admito que corei ao ler isto, Draco. E cá estou eu chorando de novo, seus sentimentos são tão profundos...
Você pode me ver de novo... Você pode conversar comigo... Nunca direi á Rony sobre a existência dessa carta, mas apenas explicarei que nossa inimizade foi encerrada...
Eu realmente não quero que você sofra por minha causa, Draco... Eu estou me sentindo tão culpada, com um peso na consciência... Eu sou a causa da sua dor... Da sua tristeza, sua angústia, seu desespero e seu leve desejo de sucumbir e se entregar para a morte... Jamais, você entendeu, jamais vou querer, já quis ou quero que alguém morra por mim. Não.
Você nunca disse que me amava, mas sempre que me olhava algumas noites depois daquela beijo proibido, eu via em seus olhos o desejo... O amor, algo que eu achava que vindo de você só podia ser ilusão.
Você raciocinou tão bem com essa frase, "Fogo derrete o gelo, que vira água e apaga o fogo", é uma reflexão de como esse amor que de certa forma estamos alimentando é proibido.
Você não devia ligar para os "outros". Você podia ser meu amigo, se simplesmente tão tivesse tido arrogante com Harry.
Você nunca gostou dele porque sentia que ele me amava...? Draco, isso me fez chorar de novo... Eu tenho razão para soltar estas lágrimas, nunca ouvi algum garoto dizer isso...
Eu não mudo a cada minuto. Sou apenas... Diferente das outras.
E agora a questão mais difícil de todas, e com a maior resposta.
Draco...
Eu sempre gostei de você. Mas você me magoou, depois que disse que eu era uma "sangue-ruim". Se viesse e conversasse comigo, pedisse desculpas por ser chato com Harry... Seríamos amigos! Por que você não raciocinou, Draco?
Eu te soquei, Draco, no 3º ano, aposto que você lembra, é claro.
Mas eu me arrependi secretamente. Você mereceu? Sim, você mereceu...
E agora eu o vejo aí, deixando o perfil arrogante bem longe de si e finalmente me revelando esse sentimento tão profundo que certamente estava preso á sua garganta...
Eu o compreendo, sabe.
E, pela primeira vez, eu sinto realmente muita pena de você...
Parei para pensar. Eu agora olho para a foto de Rony que está em minha cômoda. Não sei ao menos porque, mas eu senti raiva dele... Eu te amei primeiro, porque ele foi se meter no meio de nós dois, te impedindo de ser meu amigo?
Ele podia ser só meu amigo, não ter tido "química'' entre nós.
E agora eu simplesmente peguei o porta-retrato e o atirei pela janela. Coloquei minha cabeça para fora, vendo o vidro do porta-retrato quebrado, a foto já imóvel pela queda.
Não sei se você sabe, eu estou na casa da minha tia. Antes da jornada que Dumbledore nos deixou, eu apaguei a memória dos meus pais. Eles nem sabem que existo.
Minha tia é surda e cega, e eu estou ajudando ela, já que é a única que conhece o mundo dos bruxos na minha família. O filho dela era um aborto, mas morreu recentemente.
Então, pelo que me pareceu, ela nem notou que havia um porta-retrato que a foto se mexia voou pela janela de seu quarto e se estatelou em mil pedaços no chão.
Sim, Draco, eu sempre te amei. Eu não sei se isso é uma burrada, mas... Por favor, eu preciso te ver.

Narrador: Draco.

Como você quer me ver? Se eu saio daqui, esse maldito ex-Comensal me mata no mesmo segundo... Eu escuto os passos dele em volta da casa. Isso me irrita, tenho vontade de ir lá fora e amarrá-lo, lançando-lhe um Avada Kedavra bem dado.
Mas então eu penso sempre em você, e após reler sua carta muitas vezes, me lembro de quem sou agora e que você simplesmente confessou que me ama.
Eu não estou mais aborrecido. Sua carta de certa forma me animou, me deu um motivo para sorrir.
Estou ansioso para te ver...

Narrador: Hermione.

Eu vou até aí. Minha tia nem vai ver, ela está internada no hospital agora. Vou aparatar, não tenho mais aquela droga de rastreador mesmo...
Posso dar um jeito nele.

Narrador: Draco.

Muito obrigado... Agora que ele está em Azkaban graças á você, tenho certeza que poderá vir. Os homens do Ministério já foram embora, eu estava assistindo tudo e vi que ordenaram pra você voltar do lugar de que veio, seja lá qual fosse ele...
Acho que logo quando ler essa carta, poderá aparatar, se quiser. Estou esperando.

Narrador: Hermione. 

Já estou em casa... Minha tia morreu. A casa agora é minha. Enfim...
Já que você é meu namorado agora... Tem algo que você precisa saber.
Eu descobri que meu amor por Rony era artificial.
Não sei explicar, pode ter sido obra de meu "genial" cérebro... Mas pareceu que ele apenas me iludiu, e fez eu pensar que amava Rony.
Não. Descobri quem realmente eu amo. E esta pessoa é você...

FIM.