Caminhei até a esquina da minha rua. Precisava ir a minha casa por um minuto para buscar roupas e afins. O Liam não quis me levar e os meninos se recusaram a me levar. Muito preguiçosos. Aproximei-me de casa e os carros da minha família estavam fora da garagem, cheios de malas.

Estranho.

Abri a porta refletindo o porquê de ter malas nos carros e me deparei com minha mãe no pé da escada totalmente estressada e apressada.

- Andem crianças. Temos que nós apressar. Andem, andem. O Brasil nos espera. – ela gritou e eu estremeci.

- Bra...Brasil? Você quer dizer ir para o Brasil? Só me avisa agora? – gaguejei e fui notada pela primeira vez.

- Filha,filha. – minha mãe disse vindo à minha direção.  – Nos vamos para o Brasil.

- Tipo, pra morar? – perguntei com receio da resposta. Ela assentiu.

- Além de voltar as raízes o lindo do seu pai me pos na justiça por não te ver.

Além de não acreditar no que a minha mãe me dizia, eu não podia acreditar no que o meu pai estava fazendo. Por quê? Por que só agora?

- Arruma suas malas. Saímos as 9 pm.

- Mas, mas, mas... E a Jade? – eu gaguejei tentando achar uma desculpa para ficar aqui.

- Fica aqui com algum amigo ou volta pra Chicago. – ela deu de ombros.

- Eu tenho uma vida aqui.

- Então, você quer discutir comigo? Ok. – ela franziu a testa – Eu lamento muito, Hayley. Mas nem tudo é como a gente quer. Seu papai fez questão de atrapalhar as nossas vidas bem agora.

- Mas eu tenho uma vida aqui. Tenho o Liam, tenho amigos e amigas que me fazem felizes. Nunca me encaixei tão bem num lugar assim antes.

- Lamento mesmo. – ela disse me deixando falar sozinha e sumiu.

Subi as escadas pisando tão firme que dava a impressão que o chão ia se abrir a qualquer momento. Eu estava com raiva e parece que o planeta todo percebeu assim que eu bati a porta com uma força que surgiu do nada. Encostei minhas costas na parede e deslizei até o chão, me sentando. As lágrimas já escorriam descontroladamente pelo meu rosto.

Chorona? Eu? Magina.

Peguei meu Iphone no bolso da calça e liguei pro primeiro número que veio a cabeça. Jade.

- Alô ?

- Jade?

- O Hay Linda? Tá tudo bem ? Você tá demorando. – ela disse feliz e sorridente.

- Aconteceu uma parada beeem esquisita aqui em casa.

- O que? Me conta.

- Vou ter que voltar pro Brasil. – eu disse meio envergonhada.

- Tô indo ai agora.

- Vem com a galera que eu já dou ‘tchau, tchau’.

- Mas....porquê?Por quê você tem que ir?

- O lindo do meu pai pôs minha mãe na justiça.

- Vou chamar os minos e já vou, bitch. – ela deu um longo suspiro prevendo que não tinha jeito.

- Okay, bitch.

Encarei o telefone por algum tempo nas minhas mãos. Era 9 am, eu tinha exatas 12 horas pra aproveitar Londres.A raiva aumentou quando vi e que não tinha jeito e eu joguei meu celular longe como se fosse adiantar. Minhas mãos passaram nervosamente pelos meus cabelos mas não tinha jeito.

Como aquilo podia ter ocorrido? E por quê? Logo agora?

- HAY. – ouvi alguém gritar na direção da minha janela.

Corri e fiquei na pequena varanda do meu quarto. Avistei quatro garotas, Amy, Lisa, Jade e Hanna (nova namorada do ZaZa) e os minos mais perfeitinhos do planeta.Sorri involuntariamente ao ver que o Niall carregava um violão nos braços,

- Essa música é dedicada a Hayley Trick, porque ela é nossa fã número um... – o Hazza gritou.

- E nós amamos ela, mesmo ela nos amando muito mais. – Jade completou.

Esbocei um sorriso e sequei as lágrimas que jaziam no meu rosto antes que alguém pudesse perceber.

Os primeiros acordes vindo do Niall chegaram.

“Da da da da, da da da da
Da da da da-da da”

Todos cantaram juntos e animados me fazendo esquecer os meus problemas.

“I don't know if I can yell any louder
How many times have I kicked you outta here?
Or said something insulting?
da da da da-da”

A Jade começou a cantar. Aquela parte realmente lembrava ela. Me insultava, gritava e me expulsava do quarto dela.

“I can be so mean when I wanna be

I am capable of really anything

I can cut you into pieces

When my heart is... broken”

A Jade cantou junto com o Hazza e eu ri. Eles faziam algumas caretas bem engraçadas só pra me fazer rir.

“Da da da-da da

Please don't leave me

Please don't leave me

I always say how I don't need you

But it's always gonna come right back to this

Please, don't leave me”

Todos cantaram juntos. Era uma serenata um tanto estranha e bem ridícula, mas me deixava melhor.

- O que é isso? – minha mãe disse pondo a cabeça pra fora da janela dela. Ignorei e foquei nos meus amigos.

“How did I become so obnoxious?

What is it with you that makes me act like this?

I've never been this nasty”

As meninas cantaram e foi como se elas pedissem desculpas.

“Can't you tell that this is all just a contest?

The one that wins will be the one that hits the hardest

But baby I don't mean it

I mean it, I promise”

O Liam cantou confuso. Como se ele realmente tivesse feito o que ele tinha cantado.

“Da da da-da da

Please don't leave me

Da da da-da da

Please don't leave me

Da da da-da da”

Todos cantaram de novo, me fazendo rir.

“I always say how I don't need you

But it's always gonna come right back to this

Please, don't leave me”

O Zayn e Hanna cantaram e ele encarava ela, que corou fortemente. Fez-me rir muito.

- Ainda quero uma explicação. – minha mãe gritou.

- Hey, o que é isso? – a Brittany chegou na janela do quarto dela curiosa.

Ignorei e continuei prestando atenção na música.

"I forgot to say out loud how beautiful you really are to me

I can't be without you, you're my perfect little punching bag

And I need you, I'm sorry.”

O Boo Bear cantou e eu ri. Era verdade, ele de vez enquanto me dava alguns soquinhos.

“Da da da da, da da da da

da da da da-da da

Please, please don't leave me”

A Lisa e o Niall cantaram juntos me fazendo soltar um “awn” involuntário.

"Baby please don't leave me

No, don't leave me

Please don't leave me no no no

I always say how I don't need you ,

But it's gonna come right back to this.

Please, don't leave me.

No.

No, don't leave me”

A Jade e o Liam cantaram juntos.

- Estão cantando pra você, Hayley? – Peter perguntou

- Awn, que fofos. – Brittany deu um gritinho fofo.

“Please don't leave me, oh no no no.

I always say how I don't need you

But it's always gonna come right back to this”

As meninas cantaram.

O NiNi parou de tocar e todos olharam para mim, na esperança que eu cantasse os últimos versos.

“Please don't leave me

Please don't leave me”

Foi uma gritaria só. O Peter, o Tom e o Matt gritavam e aplaudiam acompanhados por mim e Brittany. Lucas dava um olhar de aprovação e a minha mãe estava confusa. Enquanto o pessoal no jardim gritavam e se aplaudiam igual loucos.

A vizinhaça toda observava de longe nas janelas. Totalmente confusos e sem saber do que se passava ali.

Aqueles eram meus amigos e eu realmente não ia deixa-los.