The Real Side escrita por Jess Gonçalves


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

:3



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Demorou mais tempo para que eles reorganizassem a sala do que para guardar seus pertences, e no meio da noite todo o apartamento já estava em ordem e eles prontos para partirem, mas como não queriam levantar suspeitas – só Deus sabia como Steve não queria ter que encarar o síndico depois do mal-entendido –, ficou decidido que partiriam pela manhã. Afinal, sequer tinham escolhido o próximo destino. Assim pelo menos teriam mais tempo para decidir.
O problema era que o silêncio reinava soberano no apartamento. 
Steve negaria até a morte que estava desconfortável com a situação, porém Avril podia ver isso em seus olhos, e realmente tentava não rir.
Até que a coisa desandou.
Steve pegou seu escudo jogado no canto da sala para deixá-lo junto de sua mochila e, por algum motivo desconhecido por ele, Avril voltou a rir abertamente, se sentando no chão e escondendo o rosto com as mãos.
— Do que você está rindo agora? – perguntou ele depois de respirar fundo. Era pedir que aquilo fosse esquecido tão rápido.
— Você não quer saber, de verdade – disse ela entre risos, sob o olhar nada amigável do soldado – Você vai desistir de mim e me expulsar se eu falar.
— Só fala, Stark – suspirou ele, sabendo que sua curiosidade acabaria ganhando de qualquer forma. A garota negou mais algumas vezes, mas o soldado estava determinado a sofrer um pouco mais.
— J.A.R.V.I.S. é testemunha de que eu te avisei – Avril puxou todo o ar que conseguia e o soltou de uma vez, tentando ficar séria enquanto apontava para o escudo que o loiro acabara de soltar – Eu ainda sugeri usar proteção e você recusou.
O que fez a mulher voltar gargalhar não foi sua piada horrível, mas sim a expressão incrédula de Steve, que lhe deu as costas enquanto ria abertamente.
— Você não vai me abandonar aqui, não é, Rogers?
— Deveria – respondeu Steve, olhando-a de canto de olho antes de se jogar no sofá – Se troque. Vamos sair para comer alguma coisa.
Avril até chegou a se levantar, mas parou no meio do caminho quando percebeu uma brecha na fala do loiro para constrangê-lo ainda mais.
— Precisamos repor energia, não é mesmo? – comentou Steve antes que ela pudesse dizer aquilo, virando o rosto para Avril, com uma sobrancelha erguida e um sorriso e olhar sugestivos.
Os olhos de Avril chegaram até a brilhar de emoção.
Capitão América estava fazendo um trocadilho malicioso.
— Esse é o dia mais insano da minha vida... – disse ela rindo, caminhando até o sofá com uma mão erguida – E vou te ensinar hoje o que é um High Five.
Depois do estalo de suas mãos colidindo, Avril correu para o banheiro para tirar todo o suor que seu corpo produzira nas últimas horas. Ela não perdia a forma com tanta velocidade, mas não podia negar que aquele mini treino com o super soldado havia a cansado. Tinha completa noção de que Rogers estava se contendo, mas ainda assim era difícil acompanhar o ritmo do loiro, já que ele não se cansava tão fácil.
— Você já tem algum lugar em mente ou vai ser o de sempre? Andar até encontrar algum lugar agradável? – gritou ela do banheiro, surpresa com a bagunça que se encontrava seu cabelo.
— Estava pensando em comer hambúrguer, o que acha? – sugeriu ele, enquanto levantava para pegar seu caderno de desenho. Talvez desse tempo de esboçar algum rabisco enquanto a loira se arrumava.
— Comida não saudável depois desse dia agitado? – riu ela – Eu topo. Com certeza eu topo.
Distraído com seus desenhos antigos, Steve não percebeu que Avril passeava pelo apartamento já praticamente pronta, apenas a procura de seu tênis, que parecia ter desaparecido do ambiente.
— Você não o chutou para debaixo da cama de novo? – suspirou ele, guardando o caderno e pegando sua carteira.
— Você que tem esse costume, soldado – resmungou ela, deitando em cima da cama arrumada para olhar embaixo, os encontrando sem dificuldades. Depois de ter sofrido com o calor nas últimas noites, Avril havia se lembrado de comprar um vestido, o mais simples que havia encontrado na loja: tecido leve, sem estampa, alças finas, de um tom escuro de azul e um pouco acima do joelho. Fazia tanto tempo que ela não usava uma roupa daquele estilo que até já se sentia como uma adolescente novamente, quando mais da metade de seu guarda-roupa era composto por vestidos. Influência de Pepper, claro.
Ao voltar para sala, Steve sorriu para ela, fingindo que fazia nada até aquele e Avril sabia exatamente o motivo: ele havia escondido aquele maldito caderno novamente.
Qualquer dia ela não aguentaria mais de curiosidade e perguntaria a maldita razão de ele sempre sumir com o caderno quando ela se aproximava.
— Vamos? – ela forçou um sorriso, afastando a dúvida da cabeça. Afinal, a fome era mais importante.

—-



O garçom da lanchonete começava a ficar preocupado com o bem-estar de seus clientes da noite, pela quantidade absurda de lanches que cada um já havia comido. Sem contar as boas porções de batata frita que também já tinham acabado.
Era difícil entender como os dois podiam estar em tão boa forma.
O fato era que a comida não tinha a completa atenção dos loiros, mas sim o celular de Avril, que mostrava os possíveis futuros destinos.
— Boston, então? – suspirou ela, entregando o celular para que o loiro guardasse no bolso de sua calça – Claro que vamos ter outras paradas antes, já que é meio longe daqui. 
— Mais lugares para conhecer – sorriu Steve, mas logo seu rosto ficou sério, o que deixou Avril confusa – Acho que tem uma garota me encarando no balcão.
Ela discretamente se virou para a direção que o loiro indicara, encontrando uma garota que não devia chegar aos vintes anos, que ficou desconcertada quando seus olhos se encontraram com os dela, desviando logo o olhar para outro lugar da lanchonete. Pela postura da garota, ela não havia reconhecido o homem à sua frente como Capitão América, mas, apenas por garantia, Avril achou melhor analisar mais a fundo.
Como suspeitava, tudo na garota estava normal. Se ela tivesse reconhecido Steve, estaria no mínimo exaltada – afinal, o cara tinha sumido no final da Segunda Guerra –, mas até seus batimentos cardíacos estavam na média. No final, ela apenas estava secando a companhia de Avril, o que a fez rolar os olhos mentalmente.
A loira até já tinha alguma fala pronta para deixar o homem ainda mais constrangido, mas sentiu dificuldades em se desligar. Como havia muitas pessoas ao seu redor, o excesso de informações atrapalhava sua concentração, por isso estava confiando apenas em J.A.R.V.I.S. para cuidar da segurança naquela noite. Porém ela não conseguia diminuir a captação de informações, o que a deixou intrigada: apenas tivera problemas de controle quando era criança, e um pouco quando essas habilidades começaram a ser treinadas na S.H.I.E.L.D., e mesmo assim a sensação parecia diferente.
O que a trouxe de volta foi algo tocando sua mão.
Os olhos preocupados de Steve acompanharam cada movimentação mínima de Avril, a procura de um sinal de que ela ainda estava consciente: fazia um bom tempo que ela fitava a garota no balcão – que até havia saído de lá, provavelmente constrangida pelo olhar insistente da loira – mas Avril não dava sinais de que realmente estava focando em algo naquele lugar; parecia perdida em pensamentos, sem ouvir seus chamados.
Quando seus dedos tocaram a mão dela que estava sob a mesa, no mesmo instante ela se virou para ele, com os olhos levemente arregalados.
— Você está bem, Avril? – perguntou Steve, vendo-a franzir o cenho e levar a mão à testa, que ela massageou por alguns segundos.
— Ela não te reconheceu – disse ela por fim, e, ao ver a confusão do loiro, continuou: - A garota no balcão. Ela estava só te secando mesmo.
Steve chegou a abrir a boca para responder, mas desistiu ao ver que sua acompanhante continuava intrigada.
— Você não respondeu se está bem – disse ele, se curvando sob a mesa para se aproximarem – Você ficou um bom tempo olhando para o nada.
— Estou bem, só... – começou ela, suspirando antes de forçar um sorriso – Só me perdi em pensamentos. Devo estar mais cansada do que pensei.
— Quer voltar para o apartamento? – sugeriu ele e Avril concordou sem pensar muito.
Não sabia o que havia acontecido, mas era melhor não ficar em público.
Enquanto Steve chamava o garçom para pagar a conta, ela pediu seu celular, digitando sua pergunta para J.A.R.V.I.S., já que começar a conversar com ele em público chamaria muita atenção.
Alguma alteração?
Nenhuma alteração, Srtª Avril. Não consigo encontrar uma explicação lógica para seu desconforto, respondeu J.A.R.V.I.S. “Acredito que seja uma boa ideia comunicar esses acontecimentos ao Diretor Fury”.
— Não mesmo – suspirou ela, deixando o aparelho na mesa e sorrindo para o garçom, que parecia ter dito algo simpático para ela.
Mal a primeira brisa mais fria os atingiu, Avril sentiu a jaqueta do loiro ser colocada em seus ombros. Como de costume, ela apenas rolou os olhos e aceitou a gentileza em silêncio: Steve parecia incapaz de perder aquele hábito, e bem no fundo ela não queria que ele perdesse.
— O que você estava discutindo com J.A.R.V.I.S.? – perguntou Steve, depois de um bom tempo de caminhada.
Já era bem tarde da noite e as ruas já se encontravam mais desertas, o que permitia os dois conversarem sem se preocuparem com alguém os ouvindo.
— Nada de importante – disse ela simplesmente, lhe lançando um sorriso.
— Engraçado... Tive a impressão que algo te incomodou – comentou o homem, escondendo as mãos nos bolsos da calça e fingindo prestar atenção no horizonte – Depois de ter notado a garota no balcão.
Um sorriso travesso apareceu no rosto de Avril.
— Ai, meu Deus! Você estava pedindo permissão para ir falar com ela?! – ofegou a loira, levando as mãos à boca – Você devia ter ido porque ela estava totalmente na sua!
Steve apenas pode rir, admirando a habilidade da mulher em mudar os rumos da conversa. E de deixá-lo sem graça, claro.
— Você travou enquanto a analisava, não foi? – continuou ele, ignorando os comentários anteriores e vendo o sorriso sumir do rosto de Avril, silenciosamente o questionando sobre como ele havia chegada àquela conclusão – Sua postura muda quando você está usando sua habilidade. É uma diferença bem sutil, e, como fazia tempo que eu não te via a usando, deu para notar.
— Como eu já disse: é apenas cansaço – suspirou Avril, fazendo questão de olhá-lo nos olhos para que o loiro não pensasse que ela estava mentindo – Esse tipo de coisa acontece quando estou cansada, ou se ficar desligada por muito tempo.
Era mentira.
Avril sabia e temia que Steve também soubesse, mas, como ele apenas assentiu e não tocou mais no assunto, ela acreditou que havia sido convincente.
— Srtª Avril – a voz levemente exaltada de J.A.R.V.I.S. sai de um dos bolsos da jaqueta de Steve – Acredito que seja bom a Srtª e o Cap. Rogers deixarem essa região.
— O que foi J.? – perguntou ela, estranhando a urgência na voz do sistema.
— Há agentes da S.H.I.E.L.D. na área e estão em perseguição.
A sincronia foi perfeita: mal os olhos de Avril e Steve se encontraram e ambos já corriam de volta para o apartamento.
Aquilo não era nada bom. Aquela área era muito movimentada para agentes estarem em perseguição, ou seja, era algo sério. Ninguém havia a comunicado nada, o que apenas a deixava mais confusa. Havia sido combinado que ela seria alertada de qualquer movimentação da S.H.I.E.L.D próxima a ela, então por que não fizeram isso?
— Sabe o que eles estão fazendo, J.? – perguntou ela, quando já estavam poucas quadras do prédio. Quando o sistema respondeu que era “confidencial”, ela continuou: - Me conecte com Fury. Agora!
— Por que todo esse alarde, Avril? – perguntou Steve, desconfiado de todo o desespero da mulher.
— Estamos perto demais. Isso pode causar problemas. O governo ainda está engasgado com a história d’Os Vingadores e não é bom você aparecer de novo na mídia – contou ela, se arrependendo em seguida ao analisar o loiro ao seu lado: sua reação junto com sua resposta fora suspeita demais. Estaria ele desconfiando de que talvez ela não estivesse afastada? O soldado não era idiota, e disso ela sabia. A dúvida estava clara em seus olhos – Sequer eu posso me envolver, Rogers. O Conselho também está no meu pé e minha vida vai virar um inferno se eu der um passo errado.
— Por que o Conselho estaria no seu pé? – estranhou ele e Avril quis atirar na própria cabeça. “Ótimo, ganhar a confiança dele entregando todos os meus problemas. Excelente escolha
— Se você olhar da perspectiva deles, eu sou uma das culpadas do ataque de Loki – explicou ela, depois de terem passado pela entrada do prédio e seguirem para as escadas – Eu era o primeiro nome da Fase 2 e ainda fui atacada diretamente por ele. Não é difícil entender o porquê da confiança em mim estar tão baixa.
O que foi, Stark?, ambos ouviram a voz de Fury e logo a loira puxou o celular, tirando do viva voz, temendo que ele disse coisas que Steve não devia ouvir.
— O que está acontecendo aqui?! – ela praticamente gritou, deixando Steve ir mais a frente para destrancar a porta.
Aqui onde, criatura? Não sou adivinho, suspirou Fury, sem muita paciência para lidar com sua agente.
— J.A.R.V.I.S me avisou que há agentes em ação aqui perto, Fury! – ambos já estavam dentro do apartamento, a procura de suas armas. Enquanto Steve encaixava seu braço no escudo, Avril checava a munição de sua pistola – O que está acontecendo?
Esqueci que você estava em Cleveland... A equipe que está aí está recuperando armas chitauri que civis acharam que era brinquedo. Não é nada muito preocupante, mas saia daí o mais rápido possível. Não é bom você se envolver nesses assuntos.
— Essas coisas são perigosas, Fury – lembrou ela, em dúvida se queria ou não entrar em ação no momento – Não é melhor eu ir lá dar assistência?
A situação está sob controle e não quero o Conselho enchendo meu saco por você estar se envolvendo com problemas relacionadas a Fase 2. As coisas ainda estão muito recentes, lembra? Quero você fora disso, Stark
— Sim, senhor – bufou ela – Vou partir imediatamente.
Steve devolveu o escudo ao canto da sala quando percebeu a mudança na postura da loira: a urgência em seus movimentos havia sumido, sua arma carregada foi jogada na cama arrumada e sua mão livre foi a seus cabelos soltos, em um gesto que deixava clara toda sua frustração.
— Vamos ter que partir agora, Steve – suspirou ela, vendo o soldado se aproximar em passos lentos até parar a sua frente – Alguns civis estão com armas do exército de Loki e eu não posso estar por perto. Por causa daquele problema com o Conselho, que eu te contei mais cedo.
— Vou avisar o síndico que estamos saindo, tudo bem? – sorriu o homem, afagando os cabelos de Avril e deixando a mão em sua nuca – Enquanto isso, você troca de roupa e descansa um pouco, certo?
— Certo – concordou ela, contrariada.
Avril só percebeu que estava realmente cansada quando deitou na cama para esperar o loiro voltar, e seus olhos pesaram e ela não se opôs a deixar que eles se fechassem, aproveitando aqueles poucos minutos para tirar um cochilo.
Havia sido uma sequência de acontecimentos tão inusitada que parecia que tinha apenas aumentado seu cansaço – tanto físico como mental. Afinal, a distância que eles haviam corrido para voltar para o apartamento não foi pouca. Sem contar o susto que havia tomado por ter agentes perto e...
Ah, Fury iria matá-la.
Ele havia a designado para aquela missão exatamente por conseguir informações com mais facilidade do que qualquer outra pessoa e ela tinha ligado para ele completamente desesperada por não saber o que estava acontecendo. Até havia dito que J.A.R.V.I.S. que lhe avisara sobre os agentes, não que ela havia sentido a presença da equipe.
Agora Fury tinha certeza de que havia algo de errado.
— Av? – ela ouviu a voz distante de Steve, seguida de uma risada leve sua quando ela resmungou algo em resposta – Acha que vai conseguir não cair da moto mesmo com todo esse sono?
— Eu não estou com sono – resmungou ela, sendo traída por si própria ao não conseguir conter um bocejo.
— É, estou vendo – riu ele, pegando sua mochila e a dele e saindo do apartamento com a loira em seu encalço – Sabe dizer para que lado a equipe está?
— Na direção oposta à que vocês vão seguir, Cap. Rogers – J.A.R.V.I.S. respondeu, com sua voz saindo da jaqueta de Steve que voltara a ser usada pelo dono, já que Avril colocara uma blusa sua – Uma reserva em um hotel da cidade vizinha também já foi realizada para que vocês passem a noite.
— Obrigado, J – agradeceu ele, tirando o aparelho do bolso e erguendo uma sobrancelha quando foi entregá-lo à mulher – Você realmente deve estar com a cabeça longe para ter esquecido isso comigo.
— Shiu, Rogers – resmungou ela, forçando um sorriso para o síndico quando deixaram o prédio – Como foi se despedir do Sr. “seja-mais-delicado-com-a-moça”?
Steve riu alto antes de subir na moto.
— Acho que ele até tentou perguntar se era por isso que estávamos indo embora, só que ele ficou vermelho e não disse mais nada depois – contou ele, atento para caso Avril caísse ao se sentar às suas costas. Ele não estava acreditando muito em suas afirmações de que estava tudo bem, e, como ela que tinha que se segurar para não cair no caminho, sua atenção estava redobrada.
Sem mais delongas, Avril envolveu o tronco do loiro com seus braços, apoiando seu rosto em suas costas largas. Céus, ia ser difícil não dormir ali, pensou ela.
Até Rogers acelerar e ela mudar de ideia.

—-


O farol fechou à frente de Steve, mas ele não achou que era uma boa ideia parar. Já era bem tarde da noite e as ruas estavam desertas, e, mesmo ambos sendo capazes de se defender, não era bom criarem problemas. Fazia poucos minutos que eles haviam saído da autoestrada e loiro tentava se lembrar das instruções que J.A.R.V.I.S. passara sobre onde eles passariam a noite.
— É esse o hotel, não é? – perguntou Steve mais alto que o normal por causa do vento, sem obter resposta – Avril? Está me ouvindo?
Por continuar sem resposta, ele freou a moto, vendo que a mulher parecia entretida em algo do outro lado da rua.
— O que foi?! – gritou ela, depois que Steve berrar seu nome algumas vezes – Quando nós paramos?
— Enquanto você dormia – respondeu ele, descendo da moto e a ajudando a descer em seguida – É esse hotel mesmo, certo?
— Sim, e eu não estava dormindo – resmungou Avril, abraçando o próprio corpo enquanto Steve estacionava a moto. Esfriara consideravelmente naquelas últimas horas.
— Minhas costas devem ser muito confortáveis para você ter simplesmente dormido!
— Está bem saidinho hoje, hein, Rogers?
Depois de fazer o check-in e subirem para o quarto, Avril decidiu tomar outro banho antes de dormir, o que obrigou o loiro a esperar que o banheiro fosse desocupado.
— Ei, o que você está fazendo? – perguntou Avril, saindo do banheiro com uma toalha na cabeça. Steve, ou perceber que não estava mais sozinho, se apressou em fechar o caderno e guardá-lo em uma mochila, respondendo um simples “nada” para a mulher – O que tem nesse caderno que eu não posso ver? Não é a primeira vez que você o esconde quando eu chego.
— Você tem seus segredos, eu tenho os meus – retrucou ele, se levantando para tomar seu banho – Você não mexe nas minhas coisas e eu não mexo nas suas. Ótimo acordo, certo?
— Não acho que eu concordo com isso – suspirou Avril, agradecendo pelo loiro não ter a ouvido. Ela estava incrivelmente tentada a pegar o caderno naquele momento, mesmo com Steve tão perto ao ponto de ser idiotice tentar, mas foi seu celular tocando que a fez mudar de ideia.
— É seu pai, srtª Avril – avisou-a J.A.R.V.I.S.
— Que horas são em Oxford?
— 4:30AM – respondeu J.A.R.V.I.S., e Steve se colocou na porta para ver o que estava acontecendo.
— Pai, você já ouviu falar de algo mágico chamado “fuso horário”? – suspirou a mulher, se jogando em sua cama com o celular na orelha – É algo que explica que não são as mesmas horas em todos os lugares do globo.
— Até onde eu me lembre, você não tinha o costume de dormir cedo – comentou Tony, terminando sua bebida.
— Pessoas mudam, hábitos noturnos também – disse ela, tentando ignorar o homem apoiado no batente da porta do quarto. Precisaria conversar com Steve sobre privacidade mais tarde – Como estão as coisas por aí?
— Cansei de revisar os projetos da Torre dos Vingadores e resolvi te ligar, pensei que talvez voc...
— “Quisesse entrar oficialmente para o time?” Preciso assinar alguma coisa? – cortou-o ela, ouvindo o riso alto do pai em seguida – Não foi piada! É só falar que eu aceito.
— Pensei que talvez você quisesse revisar ou alterar alguns detalhes do projeto – continuou Tony – Se você tiver algum tempo livre, claro.
— Claro, pode me mandar. Não estou exatamente muito atarefada ultimamente. Por incrível que pareça, Fury até que está pegando leve comigo.
— Uh, então a conversa que eu tive com ele surgiu efeito? – brincou Tony, continuando antes que sua filha pudesse perguntar se ele havia ameaçado seu chefe – Vou te deixar dormir e voltar a trabalhar. Boa noite, Av.
— Noite, pai.
— Tony não sabe que você está afastada – constatou Steve, cruzando os braços e olhando para a mulher que encarava o celular em suas mãos.
— Os únicos que sabem do meu estado são você e Fury. Os outros acham que eu estou em missão – contou ela, olhando de relance para o loiro antes de fingir interesse no teto – Não quero preocupá-lo. 
— Só acredito que ele ficaria feliz se você contasse para ele, mesmo que isso signifique triplicar o número de cabelos brancos dele – insistiu Steve – Afinal, não deve ser nada fácil te ter como filha. Ele já deve ter se acostumado.
— Você começou bem, mas me perdeu no final – sorriu ela, assistindo o loiro entrar de vez no banheiro e fechar a porta - Boa noite, Steve.
— Noite, Av.

—-



A maior parte daquele dia Avril havia passado analisando os arquivos que seu pai lhe mandara, em alguns momentos até explicando alguns detalhes para Steve, sem acreditar que aquilo seria um problema. Se a torre seria d’Os Vingadores, não tinha motivos para esconder aquilo do líder da equipe, certo?
Era um bom argumento, caso precisasse futuramente.
— Stark! – chamou-a Steve, cansado de ser ignorado, então apelou para o objeto mais próximo, que foi lançado na direção do rosto da loira.
— Por que eu fui atacada por uma almofada? – perguntou ela, arrumando a tela do notebook que fora atingida no processo.
— Você não estava me respondendo – explicou ele, fazendo cara de inocente, o que a fez rir. Chegava ser um pouco irônico, mas Steve parecia uma criança em alguns momentos – Que horas partimos amanhã?
— Você que escolhe, querido. Você é o piloto.
— Pensei que você soubesse pilotar.
— Você vai me deixar pilotar sua moto?
— Não nessa vida.
Avril ergueu os braços e deixou que eles caíssem ao seu lado na cama, pedindo que o loiro fosse fazer algo mais útil, como arrumar algo para que eles jantassem.
Apenas depois de vários minutos após a partida de Steve que ela percebeu exatamente o que estava acontecendo: Rogers não estava perto, demoraria um tempo considerável para retornar e sua mochila estava ao lado da porta, encarando-a como se perguntasse quanto tempo mais ela precisava para entender que aquele era o momento perfeito para matar sua curiosidade sobre o maldito caderno.
Avril não pensara até aquele momento no que poderia ter naquele caderno que fosse tão importante, e só assim ela percebeu que era realmente uma incógnita. Ela não levantara nenhuma hipótese sobre o que teria ali. Por isso sua surpresa foi enorme ao constatar que aquelas páginas estavam repletas de desenhos.
Não o tipo de desenhos que ela fazia, esboços de protótipos de máquinas e derivados. Sequer se comparava às suas tentativas de desenhar qualquer outra coisa. Eram desenhos dos mais diversos, com uma riqueza de detalhes e capricho que a deixou estupefata. Traços tão perfeitos e delicados que era difícil acreditar que foram feitos por um soldado.
Steve entrou no quarto com a refeição de ambos em uma sacola, encontrando Avril não mais com seu notebook no colo, mas sim um caderno muito semelhante ao seu, folheando-o sem pressa, passeando os dedos pelas imagens com cuidado.
— Acredito que eu tenha dito que eu não queria você mexendo nas minhas coisas - rosnou o loiro, deixando a sacola no chão e fechando a porta do quarto.
Avril chegou a fechar o caderno no susto, tentando escondê-lo com o corpo, mas era inútil: ela já havia sido flagrada.
— Você não entendeu ou sentiu falta de espionar pessoas?
— Eu... – não havia desculpas para inventar, não tinha como ela simplesmente ter esbarrado com caderno, que estava sempre bem guardado. Ótimo, ela estragara a porcaria da missão por causa de curiosidade idiota.
Nervoso, Steve marchou até a mulher e arrancou o caderno de suas mãos, guardando-o novamente na mochila enquanto ela continuava paralisada. Fazia tanto tempo que não via o soldado alterado que ela sequer sabia o que fazer.
— Você tem talento, Rogers – disse Avril, incerta, tentando mudar o rumo da conversa. Steve não gostou: mais uma vez ele via que a loira tentava enrolá-lo. Não dava para simplesmente confiar nela cegamente. Era idiotice.
— O que você queria mexendo nas minhas coisas, Stark?
— Você anda com esse caderno para cima e para baixo. Toda vez que eu chego perto, você o esconde. Eu estava apenas curiosa - explicou Avril, que parecia estar falando a verdade. Mas como acreditar em uma espiã?
Essa desconfiança estava tão estampada nos olhos azuis do soldado que era impossível ignorar. Ela tinha completa noção de que Steve estava sempre atento a qualquer deslize seu, especialmente depois do incidente de Cleveland, que sequer completara um dia, mas por que aquele olhar frio estava a incomodando tanto?
— Você realmente não confia em mim, certo? – constatou ela, tentando sorrir, mas tudo o que conseguiu esboçar foi uma careta frustrada.
— Não, não confio - respondeu Steve sem rodeios.
— Então por que continua me mantendo perto?
Steve não sabia, mas aquele poderia ser considerado o primeiro momento em que a sua frente estava apenas Avril, não a agente Stark. Não havia mais o que se salvar ali, não dava para reconquistar a confiança do loiro – que na verdade sequer existia. A missão em si não era mais importante.
Ali ela apenas queria respostas.
— Sei que seus ideais te impediam de me deixar ser assaltada ou sei lá o que aquele cara queria fazer comigo quando você me encontrou, mas nenhum de seus atos depois disso era algum tipo de obrigação. Você não tinha nenhuma obrigação de me fazer companhia, ou cuidar de mim durante essas últimas semanas. Então por que você fez isso tudo se não confia?
— Porque eu quero confiar em você - disse o loiro finalmente - Você... Você não ajuda, sabia?
— Não, você não quer. Estamos discutindo porque eu peguei um caderno de desenhos seu sem permissão. Eu só queria ver o que você tanta fazia com ele quando eu não estava perto. É por causa dessa ação minha que você não confia em mim? – ela respirou fundo, se entregando a curiosidade de analisar o homem: batimentos cardíacos levemente acelerados, mas estabilizando; e músculos aos poucos relaxando. Ela estava o ganhando. Ponto para a loira – Você quer ver a espiã. Você quer algum motivo para não conf...
Avril não conseguiu terminar a frase porque não estava absorvendo a informação antes de entregá-la ao loiro e isso a assustou. Esse tipo de ação não era comum em qualquer tipo de pessoa e mesmo assim ela via essas ações no homem à sua frente, que parecia tão surpreso quanto ela.
Ela conseguia interpretá-lo, mas não conseguia entender o que isso significava.
Steve percorreu com seus olhos os traços leves da garota sem nenhuma pressa. Aquilo de fato era assustador: era como se ela pudesse vasculhar sua mente em segundos e entender seus pensamentos antes que ele próprio. Aqueles pensamentos o atormentavam há dias e ela os traduzira em palavras com tanta facilidade...
— Como você faz isso? As interpretações - perguntou Steve, se rendendo a curiosidade, sentando-se em sua cama de frente para Avril – Você usou isso em mim. Eu percebi.
Avril riu incrédula. Aquilo era realmente Steve cedendo às suas dúvidas e a aceitando mais uma vez.
— Não é necessário ler mentes para entender as pessoas - explicou ela, sem tentar esconder como estava desconfortável - Seus gestos e expressões te denunciam. É só saber interpretar.
— Você foi treinada para isso?
— Se eu disser que não, estarei mentindo. Claro que é quase impossível encontrar outra pessoa que faça isso tão bem quanto eu, mas eu não seria tão boa sem treinamento.
— Me analise - pediu Steve de repente, a deixando confusa com a pergunta - Diga se eu confio em você.
Steve realmente conseguira pegá-la de surpresa.
Demorou alguns segundos para Avril conseguir se concentrar na expressão vazia do homem, que sequer entendia o que planejava com aquele ato repentino. Mesma sendo ela, quando uma pessoa sabe que vai ser analisada, fica mais difícil a tarefa. E tinha fatores externos que interferiam a ação.
Fato e desejo estavam se misturando intimamente, de uma maneira inseparável em sua mente.
Avril estava vendo o que queria.
Nenhuma pessoa até aquele dia confiara completamente nela, com exceção de Pepper, e Steve pelo menos se esforçava em tentar confiar, de uma forma que chegava a deixá-la desconcertada. Ele não sabia tudo sobre sua vida, mas sabia de coisas o suficiente para querer mantê-la longe – exatamente o contrário do que ele fazia. Steve sabia que não eram coisas boas que ela omitia, e mesmo assim ele insistia saber. Mesmo sabendo que pessoas evitavam se aproximar dela, ele se aproximava mais.
Avril queria acreditar que Steve queria confiar nela.
Porque se ele não pudesse confiar, parecia que mais ninguém seria capaz.
Não tinha algo a ver com a missão: era um desejo seu. Por mais estranho que parecesse, Avril queria alguém que confiasse nela sem que ela precisasse mentir, alguém que mesmo sabendo que ela tinha consideráveis habilidades para enganar, continuasse se arriscando ao permanecer ao seu lado.
Steve estava fazendo isso, por mais absurdo que parecesse.
— Não sei se posso responder isso - disse Avril, por fim, desviando seu olhar para o chão. De repente parecia difícil manter sua expressão vazia até mesmo usando a segunda habilidade que tanto ela queria esquecer.
— Por quê? – perguntou Steve confuso. Ela havia passado tanto tempo o estudando, com tanta determinação e dúvidas em seus olhos, que não conseguia acreditar que aquela resposta era verdadeira
Avril voltou a encarar aqueles olhos azuis, sabendo que era uma péssima ideia. Ela morreria se admitisse isso em voz alta, mas sentia que estava se envolvendo mais do que devia.
— Está tarde, Steve - desconversou Avril, passando as mãos pelos cabelos - Melhor nós irmos dormir.
Avril não voltou a fitar Steve até a manhã seguinte. Apenas desejara boa noite antes de se deitar. Ele não fizera questão também: Steve vira algo de diferente nos olhos castanho da garota, como se ela finalmente tivesse chegado a uma conclusão importante. Por isso ele a deixara se isolar.
Steve sabia muito bem o que era ficar confuso consigo e sabia que não havia nada que pudesse fazer aquela noite.

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De manhã, os dois acordaram ao mesmo tempo. Tiveram um sono leve demais para terem dormindo completamente bem e isso era claro no rosto de ambos.
Steve se sentia cansado, física e mentalmente. Mais uma vez ele queria estar em casa, só que sua casa estava longe, em outra época. Avril queria estar trancada em seu laboratório, não importava se fosse em NY ou UK, apenas longe já era o bastante.
— Bom dia - desejou o loiro, sem receber resposta. Em silêncio, ele assistiu a mulher caminhar até o banheiro e fechar a porta, e o único som que ele ouviu pelos próximos minutos foi o do chuveiro ligado. Ele não podia dizer que não esperava aquele tipo de reação, afinal, ele não fora a melhor pessoa do mundo na noite anterior. Claro que Avril também não dava todos os motivos para ser tratada melhor, mas ela estava se esforçando nos últimos dias. Isso ele não podia negar.
A mulher que ele conhecera no porta-aviões da S.H.I.E.L.D. e aquela trancada no banheiro sequer pareciam ser a mesma pessoa.
— Quando vamos embora? – ele ouviu a voz de Avril próxima, denunciando que ela saíra do banheiro. A expressão em seu rosto era a mesma que ele vira poucas horas antes, mas não foi isso que atraiu sua atenção, mas sim a postura da mulher: sua habilidade estava ligada.
Avril estava na defensiva e a culpa era toda dele.
— Que tal depois do almoço? – sugeriu ele, antes de entrar no banheiro para sua higiene matinal.
Quando saiu, alguns minutos depois, o loiro a encontrou sentada em sua cama, discutindo algum detalhe dos projetos de Tony com J.A.R.V.I.S.
— Desculpe por ter mexido nas suas coisas – disse ela, sem desviar os olhos do notebook – Não ia gostar se você mexesse nas minhas, então eu deveria ter previsto a sua reação.
— Um erro não justifica o outro – suspirou Steve, apoiando as coisas da parede ao lado da porta do banheiro – Minha reação foi exagerada. Também peço desculpas.
Avril pareceu surpresa, mas não deixou de esboçar um sorriso ao loiro, voltando sua atenção os projetos mais uma vez e o loiro passou o resto da manhã assistindo algum programa aleatório na TV.
Próximo ao horário de almoço, eles deixaram o hotel para comer, rondando os arredores do prédio para escolherem um local. Mesmo que tivesse melhorado, o clima entre os dois ainda estava pesado. Haviam trocados poucas palavras depois das pazes de manhã, conversando apenas o necessário.
— Algum lugar que te interessou? – perguntou Steve depois de passarem pelo quinto restaurante, estranhando não obter resposta. Ao checar a garota, a viu alguns passos atrás, com o olhar desfocado e uma expressão assustada – Avril?
A mulher continuou sem reação e, apenas por garantia, ele checou os arredores, pensando que talvez ela tivesse identificado alguma ameaça, mas tudo parecia normal. Tentando atrair sua atenção, ele apertou de leve seus ombros, mas não adiantou. Avril continuava estática, como se de algum jeito tivesse desligado naquela posição.
— Está tudo bem, cara? – perguntou um dos garçons do restaurante ao lado, que assistia a cena de longe até o momento – Quer entrar com ela? Ela não parece estar muito bem...
— Pode me arrumar um copo d’água, por favor? – pediu Steve, pegando a mulher no colo, acompanhado pelo olhar das pessoas ao redor que tentavam entender a cena – Acho que a pressão dela pode ter caído ou algo do tipo.
O garoto o guiou até o corredor dos banheiros, onde Steve sentou a loira no chão, que ainda tinha os olhos fora de foco e a expressão mais contorcida, assim como sua respiração parecia estar acelerando. Avril só reagiu quando sentiu o vidro gelado do copo encostando em seus lábios e a água fresca invadiu sua boca, afastando a mão de Steve antes de identificar quem estava a sua frente, tentando recuar, mas impedida pela parede às suas costas.
— Ei, calma – pediu Steve, colocando o copo de qualquer jeito no chão e segurando o rosto dela em suas mãos, tentando fazer com que a mulher focasse nele – Está tudo bem, Av... Já passou.
Não demorou para que os olhos agitados olhos de Avril travassem nos azuis de Steve, e em segundos ela já parecia mais calma, tentando normalizar sua respiração. Só que não demorou muito para que um grunhido escapasse por sua garganta, ao mesmo tempo que suas mãos subiram para sua cabeça, como se pudessem tirar aquela dor de lá a força.
— Avril... O que foi? – perguntou Steve, segurando-a mais forte em seus braços, mas se afastou da mulher quando seus olhos voltaram a se encontrar: eles não eram mais de um castanho escuro, mas de um azul claro e límpido – O que d...?
Antes que pudesse conseguir alguma resposta da mulher, Avril ficou inconsciente, deixando-o completamente confuso.
Agradecendo o garçom – agora consideravelmente assustado – Steve deixou o restaurante e voltou para o hotel com Avril em seus braços, sem saber ao certo que protocolo seguir.
Era como se ele tivesse voltado no tempo: a loira aparentemente adormecida e ele sem saber o que fazer.
— J.A.R.V.I.S., você sabe me dizer o que há de errado com ela? – perguntou ele, depois de dar várias voltas no quarto.
— Temo não saber se tenho permissão para lhe passar esse tipo de informação, Cap. Rogers – começou o sistema, mas antes que o homem argumentasse, ele continuou – Mas o Diretor Fury da S.H.I.E.L.D. deve ter algumas teorias interessantes sobre o caso.
— E você espera que eu simplesmente ligu...? – antes que terminasse a frase, seu celular apitou, avisando que recebera uma mensagem.
Me encontre no terraço.
— Não consigo acreditar que esse sincronismo de acontecimentos seja uma mera coincidência – resmungou Steve, marchando para a porta, mas hesitou ao perceber que teria que deixar Avril sozinha.
— Creio que seja uma ótima oportunidade para lhe avisar que a Srtª Avril instalou uma extensão minha em seu celular – comunicou J.A.R.V.I.S. – Serei capaz de lhe informar caso algo no estado da Srtª Avril mude.
Um pouco mais tranquilo – mas nem de perto o suficiente para que ele ficasse tranquilo – ele rumou para o elevador, apertando com mais força que o necessário o botão para o andar que precisava ir.
Pelo horário, o sol brilhava com força total no céu, fazendo com que Steve estranhasse a quantidade excessiva de luz, levando a mão aos olhos para se acostumar. Depois disso, foi fácil localizar o homem de longa capa preta.
— Capitão Rogers – suspirou Fury, assim que ouviu a porta do terraço sendo aberta, sem desviar seu olhar da rua lá embaixo – Como tem passado?
— Você não veio aqui para saber como tenho passado – retrucou o loiro, parando ao seu lado. Fury apenas sorriu de lado, se virando levemente para o homem.
— Não, vim porque estou prestes a perder minha melhor agente. E isso me preocupa.
O desconforto de Steve foi tão evidente que fez com que Fury desconfiasse que talvez o loiro estivesse mais bem informado com ele. Afinal, tudo o que ele tinha eram teorias, já que Avril parecia querer cuidar de tudo sozinha, embora não estivesse tendo sucesso.
— Você sabe o que está acontecendo com ela?
— Sei tanto quanto você, Rogers. Apenas a causa: Loki – suspirou o homem, erguendo os olhos para o seu, se questionando se aquela era uma boa escolha – Tenho uma missão para você, Rogers. 


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Notas finais do capítulo

Daquele jeito, se eu sumir, dá um grito no @JessGonSW

Xx



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