Vida De Monstro - Livro Dois - A Magia escrita por Mateus Kamui


Capítulo 7
VII - Will


Notas iniciais do capítulo

Mias um capitulo para vocês meus queridos leitores :)



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VII – Will

Mais uma aula de magia, aula para os usuários de magia não para mim, mas mesmo assim eu tinha que estar ali, só havia poucas pessoas ali dessa vez, pra falar a verdade só haviam três pessoas, eu, Amy e o pequeno Thales.

Dessa vez não estávamos no coliseu, mas sim dentro de um castelo que se localizava exatamente no centro da cidade e um pouco mais de cem metros de distância do coliseu, mesmo a cem metros de distância acredito que seria possível ver facilmente o castelo, mas por algum motivo eu simplesmente não tinha conseguido vê-lo ontem.

O castelo era enorme, se erguia mais alto do que a muralha da cidade, o castelo deveria ter trinta e três metros de altura, todo feito com um tipo de pedra esbranquiçada, possuí três torres, duas delas eram idênticas tanto no tamanho quanto na forma, ambas possuíam vinte metros de altura e entre elas se erguia a torre principal do castelo que chegava aos trinta e três metros de altura e no seu topo uma bandeira balançava ao vento. Ainda não conseguia entender como não tinha visto uma construção como aquela.

Todos nós entramos pelo portão da frente do castelo, um portão de três metros de altura feito de uma madeira arroxeada, ao entrarmos vi que o castelo não era glorioso só por fora, mas a decoração dele também faria inveja a muitos senhores feudais humanos, seu chão era todo feito de mármore ate onde sua vista podia alcançar, seus corredores eram largos e armaduras eram dispostas ao longo dos corredores, todas sempre dispostas a cinco metros de distância uma da outra tanto na direita quanto na esquerda do corredor. Muitas eram armaduras medievais, mas não havia apenas aquele tipo ali, haviam também armaduras de templários, armaduras romanas, armaduras espartanas, armaduras mongóis, gibões, coletes feitos de algum tipo de couro e adornado com metal, eram incontáveis tipos de armaduras e todas carregavam um tipo de arma referente a sua era e região de origem, além disso sentia como se eles me encarassem e me dissessem que eu não era bem vindo ali.

Após passarmos por dois corredores finalmente chegamos ao salão principal, um salão perfeitamente círculos com um diâmetro de doze metros, seu chão possuía um desenho bem único, dois homens se confrontando em cima de algo que parecia uma arena, o homem da direita jogava fogo enquanto o da direita atirava lava:

-Vejo que gostou do desenho – falou Morgana descendo uma escada próxima do salão

-É – falei sem não olhar o desenho pelo menos uma vez a cada cinco segundos, aquele desenho me fazia sentir estranho

-Ele representa um dos grandes fundadores da magia antiga enfrentando alguém desconhecido, pelo menos é isso que dizem

-Ninguém sabe o que é de verdade?

-Não, mas se especula isso, dizem que foi uma homenagem, ninguém pode discordar já que os detalhes sobre o quadro se perderam no tempo, alguns dizem que ele é mais antigo que este castelo

Encarei as paredes e as armaduras, o local era obviamente antigo, ele deveria datar do início da idade média ou talvez um pouco antes, mas o desenho era bem mais antigo, tinha certeza que ele datava de antes da vinda de Cristo, e nada me tiraria da cabeça que aquele desenho não tinha nada a ver com qualquer fundador da magia:

-Venham – Morgana falou pegando Amy pelo ombro – a aula vai começar

-Por que só nós estamos aqui? – Amy perguntou vasculhando o local com os olhos

-Vocês são os únicos que ainda não terminaram completamente o seu treinamento, podem estar oficializados como magos, mas ainda não dominam seus poderes perfeitamente e não quero saber de explosões por ai por culpa de um feitiço errado – Morgana encarou Thales e ele a mandou um olhar triste

-Mas explosões são legais – o pequenino disse realmente triste

-Não quando você quase demoliu casas e prédios mais antigos do que todos nós juntos – Morgana falava mais como uma mãe repreendendo do que uma professora

-Mas foi engraçado

-Não quando seu irmão quase foi esmagado pelo prédio

Eu não queria saber do que diabos eles estavam falando então só os seguia calado e observando tudo ao meu redor, como antes várias armaduras ordenavam os corredores, sempre segurando armas, e também aquela maldita sensação de que eu não era bem vindo.

Passamos por vários corredores, o castelo era maior do que eu pensei, havia uma quantia de corredores e salas ali que eu jamais imaginei que caberiam ali tendo apenas a vista externa do local.

Depois de um tempo paramos em frente a uma porta dupla feita de carvalho com dois metros e meio de altura, sua largura permitia a passagem de duas pessoas lado a lado sem problemas. Morgana empurrou a porta e nós entramos na sala, um cômodo amplo cheio de mesas e cadeiras, cada mesa tinha três cadeiras acopladas e também havia uma mesa e uma cadeira para o professor totalizando cem cadeiras e trinta e quatro mesas ali. Além disso existiam algumas estantes onde tinham vários livros e frascos em cima, os frascos tinham líquidos multicoloridos ou então alguma parte de algum animal dentro.

Morgana andou ate a mesa do professor enquanto eu, Amy e Thales fomos até a mesa mais próxima da mesa do professor e nos sentamos lá. Amy tirou um caderno pequeno e o diário de Morgana da bolsa enquanto Thales tirou um enorme caderno com mais de quinhentas páginas de dentro de sua mochila, eu simplesmente me sentei e fiquei encarando as paredes:

-Então que tal começarmos com algo bem básico – Morgana falou pegando um livro de uma estante que havia do seu lado – que tal vocês fazerem algumas perguntas sobre curiosidades que tiverem sobre o mundo da magia?

-Ótimo – Amy se ajeitou na cadeira após falar – que tal me responder uma dúvida?

-Faça sua pergunta

-Jesus Cristo era um mago?

-Muitas pessoas fazem essa pergunta, todos os cristãos e muitos outros também, mas devo dizer que não, Jesus não era nenhum tipo de mago, ele era uma espécie um pouco diferente, seu dom era relativo a outra coisa, ele era o que chamamos de um Abertor

-Abertor?

-Sim, abertores são pessoas com o dom de abrirem os pontos de aura de outras pessoas, mas não venha pensando que isso gera magos, essa aberturas é temporária, normalmente só dura poucos segundos, diferente da magia o dom dos abertores já vem ativo desde que nascem então não precisam de um treino ou algo assim, mas diferente do que ocorre com os magos, o filho de um abertor não vai ser necessariamente um abertor e por acaso a proporção de abertores no mundo tem diminuído junto com a proporção de magos, mas por abertores não serem magos eles não são mortos por caçadores

-Se eles só podem abrir os pontos de aura por um certo período pequeno de tempo então que é a sua função?

-Normalmente é para cura, todos os curandeiros e até mesmo alguns médicos são abertores mesmo sem saber, para entender a função deles é melhor eu pegar um exemplo, existem pessoas ditas como abençoadas por deus com o dom de curar as pessoas e entoa se iniciam verdadeiros eventos para pessoas doentes irem ver esse homem e se curarem, quando o abertor toca na pessoa, não importa onde tocar, ele abri os pontos de aura da pessoa então a fé da pessoa em se curar fundida a esse fenômeno acaba gerando uma espécie de magia, mesmo que por um misero segundo o desejo da pessoa se curar foi tamanho que a aura dela assumiu o papel de uma magia de cura e a curou da sua doença, seja ela qual fosse

-Ou seja, os curandeiros não curam nada nem ninguém, são as próprias pessoas que se curam utilizando sua fé, os curandeiros só agilizam o processo abrindo os pontos de aura – falei encarnado minha “professora”

-Exato, mas voltando a pergunta original, Jesus não era um curandeiro, ou seja, um mago que usa magias de cura, mas sim um abertor, ele curava as pessoas usando a própria fé delas literalmente, existem também vários outros milagres atribuídos a Cristo como andar sobre as águas ou transformar água em vinho, e esse já é um ponto que não poderia explicar para vocês, ninguém pode

-Não existe a chance de uma pessoa nascer um abertor e um mago? – perguntou Amy, ela anotava tudo que Morgana dizia no seu caderno – Assim explicaria os outros milagres

-Não, ou você é um ou você é o outro, é igual com os monstros, você não pode ser um monstro e usar magia, é como se o seu lado monstro, ou abertor, bloqueasse a magia, isso já foi averiguado antes quando um mago em busca da imortalidade se transformou em vampiro esperando virar um vampiro bruxo, mas assim que foi transformado ele perdeu seus poderes

-Enquanto aos lich? – falei, a conversa estava tomando um rumo interessante

-Os lich não são monstros, eles são humanos que dividiram sua alma, mas continuaram a preservar sua natureza humana mesmo que aos poucos ele assuma uma espécie de aparência meio morto-vivo

-Entendo – Amy encarou Morgana como se esperasse alguma coisa – mas então como pode-se explicar os milagres?

-Entenda uma coisa, Cristo é uma peça muito complicada, a bíblia conta uma historia sobre ele, existem manuscritos feitos por magos da época que contam outras histórias, os evangelhos agnósticos já contam outra, a vida de Cristo se perdeu nas areias do tempo, eu diria que o próprio tempo quis perdê-lo, nós só o consideramos um abertor porque não existe o nome dele na pedra da iniciação ou algum relato de que ele tenha estudado magia

-Mas ninguém pode negar que aquele homem era especial – falei lembrando-me das historias que meu pai me contou – ele conseguiu enganar os lordes do inferno e os fez comer na palma da sua mão, o único na historia dos humanos e dos monstros a conseguir fazer isso, e soube de historias que quando ele chegou ao inferno nenhum demônio podia tocá-lo se não queimava

-Sim ele era especial – Morgana visivelmente não queria continuar com aquele conversa – muitíssimo especial, e nesse ponto todos os relatos que li deixavam isso bem claro, eles não deixam claro o que ele tem de especial, mas sim ele era muito especial, na verdade ele........

-VOCÊS PODEM PARAR COM ISSO AGORA?!!!!!!! – já falei que Thales gritava mais alto do que qualquer um que eu já vi? Pois é o moleque gritava

Senti o chão tremer quando ele gritou aquilo, ele não parecia estar muito entretido com a nossa conversa, na verdade eu tinha até me esquecido que ele estava ali, mas agora me lembraria por um longo tempo, o mesmo tempo que passaria surdo graças ao grito dele:

-O que foi Thales?

-Eu não quero saber de nada disso – o garoto pulou em cima da mesa e ficou encarando Morgana – eu quero explodir alguma coisa

-Ei garoto das explosões – falei cutucando ele e no mesmo segundo Thales se virou – que tal se sentar?

-E o que eu ganho com isso?

-Nós paramos de conversar e se você se comportar bem nós dois vamos sair para explodir coisas, que tal?

Por um instante pensei que plano ia falhar, mas então Thales desceu da mesa e se sentou na sua cadeira como se nada tivesse acontecido. Morgana me lançou um olhar que dizia obviamente um “muito obrigado”. Ela não agradeceria muito quando eu saísse para explodir coisas com o moleque já que eu realmente queria explodir coisas.

Acho que ter aulas de magia não era muito diferente de ter aulas normais já que eu passei a aula toda fazendo qualquer coisa, menos prestando atenção no que Morgana dizia. Nas aulas normais eu não me importava porque eu já sabia das matérias, aqui era porque por mais que eu aprendesse não ia mudar nada já que nunca poderia usar magia mesmo.

Por volta das quatro e meia Morgana nos liberou pra sair, voltamos passar por aquelas malditas armaduras e pelo salão principal, não demorou muito para sairmos do castelo e assim que pisamos fora do local um elefante apareceu correndo na nossa direção. Por um momento pensei que aquela enorme massa cinzenta ia se chocar contra nós todos, mas a poucos metros de distancia a criatura deu uma parada brusca. Logo atrás do elefante Sombra e Lua apareceram voando baixo, nenhum animal era permitido no castelo então todos os três tiveram que ficar na cidade sozinhos:

-Vocês não fizeram nada de perigoso fizeram? – Amy falou se aproximando dos dois pássaros que tinham pousado no chão e então ela começou a fazer um cafuné nos pássaros

Lua soltou um barulho baixo enquanto o corvo não parava de me encarar, aqueles olhos dele me traziam lembranças de quando eu ainda tinha meus poderes, meus olhos e o dele eram obviamente diferentes, mas de alguma maneira pareciam iguais:

-ANÍBAL! – Thales gritou enquanto o elefante pegava ele com a tromba

-Aníbal? Você deu o nome do maior general cartaginês conhecido pelos seus elefantes para um elefante? – Amy falou enquanto os dois pássaros voavam em volta dela

-É, eu comprei um livro elefantes e eles falavam sobre esse tio ai então achei um nome feio e estranho então chamei meu elefante assim

-Você deu o nome para o elefante por que achou estranho e feio? – falei encarando aquela dupla bem estranho, um pequeno rapaz montado em um enorme elefante

-Feio e estranho – o garoto me repreendeu como se a ordem mudasse alguma coisa – e então tio vamos explodir coisas ou não?

-É claro

O elefante começou a andar e eu segui ele, dessa vez a criatura não correu a toda velocidade, ele estava andando calmamente como se apreciasse a paisagem. Amy vinha logo atrás com uma cara de duvida estampada, ela provavelmente estava tentando pensar aonde aquilo iria acabar:

-Ei Thales que tal a gente brincar de outra coisa? – Amy falou

-Por que? Explodir coisas é legal

-Eu tenho que concordar com o moleque nesse ponto – falei soltando um riso

-Mas alguém pode acabar se machucando – Amy realmente estava preocupada

-Não precisa se preocupar Amy – falei andando na direção dele e tocando no seu ombro – não vamos machucar ninguém

-É – Thales disse parando e descendo do elefante – somente a diretora mora nessa cidade, nós podemos fazer o que quiser contando que seja longe da zona de treinamento dos outros alunos

-Ninguém mora mesmo aqui? – Amy ficou triste, ela encarava as ruas como se pudesse imaginá-las de outra forma que não fosse naquele clima desolado que se formava ao nosso redor

-Ninguém, li num livro que algumas pessoas moravam aqui no passado, as ruas eram tão cheias que as vezes tinham verdadeiras engarrafamentos humanos, milhares de famílias viveram aqui por centenas de gerações, mas então tudo acabou

Sim tudo acabou, mas tinham um bom motivo, um motivo que cada dia que passava eu percebia que não era tão bom assim. Não sei porque, mas a cada dia vejo que os monstros não precisavam ser tão drásticos com suas ações.

Acertei um soco em mim mesmo, onde eu estava com a minha cabeça para ter aquele tipo de pensamento estúpido? É claro que monstros devem ser drásticos se não jamais seremos temidos, os magos mereceram pelos seus atos, nem mais nem menos.

Voltamos a andar, não muito, só passamos um quarteirão e então paramos, algumas casas estavam na nossa frente:

-Então é aqui que vamos começar a explodir coisas? – perguntei encarando o garoto que abria um enorme sorriso no rosto

-É – o garoto pegou ar – manda ver Aníbal!

Vi o elefante avançando em direção as casas e destruindo tudo no seu caminho, eles não estavam explodindo nada, só colocando tudo a baixo, mas quem eu era para parar um garoto maníaco e um elefante pirado? Se fosse o mesmo de antes só precisava estalar os dedos e pronto, mas agora as coisas estavam diferentes demais.

Eu e Amy andamos lentamente, não havia porque correr, não perderíamos aqueles dois de vista facilmente e mesmo que perdêssemos os dois de vista não perderíamos o rastro de destruição que eles deixavam:

-Amanhã será sua luta contra o Flamel – Amy falou olhando para o céu onde Lua fazia piruetas aéreas em pleno vôo

-Eu sei disso – minhas mãos foram em direção a mochila nas minhas costas e senti o ovo lá dentro – não precisa se preocupar, eu vou vencer

-Será? – Amy parou e ficou me encarando com o rosto cheio de dúvidas – Não consigo ver um bom final para essa luta, eu sei que você vai ganhar, mas algo dentro de mim teima em dizer que você não deveria ir lutar

-Se está com tanto medo então por que não vai também e fazemos uma dupla?

-Se você me tivesse como sua dupla e você lutasse sozinho ia ser a mesma coisa

-Por que você teima em dizer isso? – me aproximei dela e toquei seu rosto, não entendia da onde ela tirava toda aquela idéia dela ser uma inútil, ela era uma excelente lutadora e super inteligente – Você é muito melhor do que pensa

-Só você pensa assim

-Eu e qualquer um com um cérebro que funcione

Não dava para me controlar por mais tempo, peguei ela pela cintura e lhe cravei um beijo. Pensei que ela fosse se assustar com o beijo repentino e acabasse me empurrando ou fazendo qualquer coisa do gênero, mas ela só retribuiu o beijo com ainda mais vontade.

Gostaria de ter ficado beijando ela ate nosso fôlego acabar, mas Amy acabou me soltando com o susto que levou, na verdade eu também levei um susto, afinal de contas que não se assustaria com o barulho de uma enorme explosão no meio do beijo?

Assim que Amy me soltou me virei na direção da explosão, um cogumelo de fumaça cinza subia em direção ao céu, senti fogo queimando a algumas dezenas de metros. Eu e Amy corremos na direção das chamas, enormes labaredas subiam em direção ao céu, mais de trinta casas queimavam em meio ao mar de fogo a nossa frente. Procurei ao meu redor por Thales e Aníbal, o garoto e o elefante encaravam as chamas e Thales sorria de um jeito animado demais enquanto observava tudo virar cinzas:

-O que você fez? – Amy perguntou se aproximando do garoto

-Eu fiz CABUM!!!! – o garoto riu feito um maníaco psicopata – Mesmo que na verdade eu não tenha feito nada demais

-O que quer dizer?

-Eu e o Aníbal estávamos demolindo casas quando passamos por uma delas e então ela explodiu

-Mas isso não é possível – fiquei encarando aquelas chamas, algo nelas era muito estranho

-Eu sei, as casas deveriam estar vazias – Amy ficou encarando Thales – você tem certeza de que não fez nada?

-Eu já disse que só passei por cima da casa e ela pegou fogo, eu pensei que fosse explodir junto da casa, mas o Aníbal conseguiu me tirar de lá

-Você tem um bom elefante com você – falei sem tirar o olho do fogo – mas você não tentou apagar o fogo?

-Claro que tentei, usei minha melhor magia de água, mas o fogo não apagava, ele cobria a água e então queimava ainda mais forte

-Fogo que não se apaga com água – Amy coçou o queixo – isso não é tão inusitado assim, muitas chamas não se apagam apenas com água, é por isso que existem extintores de incêndio, pode ser que tenha sido sódio metálico, alguém poderia ter guardado sódio metálico dentro da casa, uma grande quantia por sinal, e então quando você demoliu a casa fez a substancia entrar em contato com a umidade do ar fazendo tudo pegar fogo, quando você jogou água provavelmente acertou o sódio metálico e fez ele queimar ainda mais

-Não, algo me diz que isso não foi obra de sódio metálico ou de qualquer outra fonte de fogo humana – não parava de encarar aquelas malditas chamas – mas isso não importa agora, agora nos temos que extinguir esse incêndio

-Mas como? Não estou vendo nenhum extintor gigante

Se eu ainda tivesse meus poderes eu poderia apagar aquelas chamas facilmente, mas eu não tinha. Minhas foram em direção a minha mochila, senti o ovo de dragão esquentando lá dentro e uma idéia me surgiu na cabeça:

-Eu acho que sei como apagar o fogo – peguei o ovo de dentro da mochila e joguei ele em direção ao fogo

-Por que você fez isso? – Amy ficou encarando o ovo enquanto ele caia no meio das chamas

-É, se você não queria podia me dar – Thales falou também encarando o ovo

Foi bom que todos olhassem, assim eu poderia dizer que não estava louco sozinho, não pude acreditar quando vi as chamas dançarem em pleno ar e tomarem a forma de uma espécie de ciclone flamejante, mas em vez dele se mover para os lados ele simplesmente ficou parado e então começou a ser drenado como se fosse água descendo pelo ralo, e o ralo era o ovo.

Em poucos segundos todas as chamas foram absorvidas pelo ovo, tudo se apagou em pouco tempo, era quase como o ovo fosse um imã que atraia fogo no lugar de metal. Andei em direção as cinzas e madeira queimada que havia restado no lugar das casas, o ovo brilhava como uma brasa gigante no meio das cinzas, peguei ele nas mãos e senti minhas mãos queimando, mas nem por isso larguei.

Senti a carne das minhas mãos queimando, senti meus ossos queimarem, mas nem por isso soltei, queria sentir aquelas queimaduras ate o fim, já estava dando para sentir o cheiro de carne queimada, a dor estava se alastrando por dentro do meu corpo, as queimaduras se espalhavam pelos meus braços, mas nem por isso eu iria soltá-lo, eu precisava daquilo, precisava sentir.

Mas então a dor passou, o ovo parou de brilhar como uma brasa e retornou a cor original, Amy se aproximou e tirou o ovo das minhas mãos e encarou aquelas queimaduras horrendas que estavam no lugar das minhas mãos:

-Se eu ainda fosse o mesmo de antes não teria me queimado – falei encarnado as queimaduras – e mesmo esses ferimentos se fechariam em segundos – um peso invisível caiu sobre os meus ombros e acabei abaixando os braços e encarei o céu – você não é uma inútil Amy, eu sou

Ela não falou nada, só me deu um abraço, um forte abraço e então me deu um rápido beijo, não acredito que o objetivo dela fosse me dar um beijo tão rápido, mas nós tínhamos sido interrompidos pela chegada de Morgana:

-O que aconteceu aqui?

-Uma explosão – Thales disse correndo na direção de Morgana – a senhora tinha que ter visto enquanto o ovo engolia as chamas, FOI MUITO IRADO!!!

-Como assim? – ela olhou na nossa direção – o que aconteceu com as suas mãos?

-Coisas – levantei e encarei o ovo, dava para sentir as queimaduras se curando, mas demoraria demais com meus poderes atuais, quem sabe um três ou quatro dias inteiros

-Você não deveria ter se deixado ferir a esse ponto, você tem um duelo de magicka amanhã – Morgana andou ate chegar perto da gente – vamos ter que curar essa sua queimadura, Amy, Thales, me dêem as mãos, mas antes, Amy você poderia pegar o diário, por favor?

 Amy puxou o diário e entregou para Morgana, mas ela recusou com um aceno da cabeça:

-Procure ai um feitiço de cura, sei que tinha escrito um em uma das páginas

Amy não demorou, em poucos segundos ela foi em direção a página certa e encarou suas palavras:

-Achei

-Perfeito, agora me de suas mãos e recite as palavras do diário

O trio fechou um círculo ao meu redor e Amy começou a falar algumas palavras, parecia latim, mas com um toque de grego, ou talvez hebraico, eu realmente não saia dizer o que era aquilo, mas dava para saber que era um feitiço.

A aura dos três começou a sair dos seus corpos e irem em direção as minhas mãos, senti aquele poder entrando em mim e então as queimaduras começaram a se fechar enquanto Amy recitava aquelas palavras. Um minuto depois minhas mãos tinham voltado ao normal:

-Como foi que fizeram isso?

-Magia querido – Morgana soltou as mãos e encarou minhas mãos com um sorriso – Eu poderia fazer isso sozinha, mas demoraria demais e eu acabaria me cansando demais também, uma lição para os novos magos, sempre tenha companheiros de magia, dois magos sempre são mais fortes do que um, e três magos são mais fortes do que dois, quando combinamos outras auras com as nossas nossos feitiços ficam mais fortes e cobram menos esforço físico e mental de nossos corpos

Ergui meu corpo do chão e guardei o ovo dentro da mochila, o sol já quase se pondo totalmente, eu e Amy teríamos que ir embora agora. Amy guardou o diário e puxou a chave do seu bolso, fiz o mesmo e então abrimos o portal mágico para voltarmos a academia:

-Ei tio já vai? – Thales perguntou me encarando e o elefante fez um barulho estranho com a sua tromba

-Já moleque, mas amanhã, depois que eu acabar com o mago playboy, nós dois vamos andar por ai e explodir mais coisas – Amy e Morgana me mandaram um olhar de reprovação, as duas eram realmente muito parecidas, mas Amy era mais bonita

Nós dois já íamos passar pelo portal quando Morgana falou:

-Dá próxima vez tentem se controlar com os beijos está bem?

Vi o rosto de Amy ruborizar violentamente, senti o meu também ficar vermelho, mas não chegava nem perto do dela.

Não consegui controlar um riso e passei pelo portal, amanhã seria um dia bem longo e teria que me preparar bem. 


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Notas finais do capítulo

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