Vida De Monstro - Livro Dois - A Magia escrita por Mateus Kamui


Capítulo 2
II - Will


Notas iniciais do capítulo

Mais um novo capitulo para vocês e o último do mês de julho, minhas aulas vão recomeçar semana que vem e o tempo para escrever vai cair consideravelmente, vou tentar lançar o mais rapido que puder, mas é possivel que agora so tenha capitulos a cada quinze dias ou mais



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II – Will

Ótimo, eu aqui pensando que a situação não poderia piorar, eu estava sem meus poderes, me sentia acabado, cada parte de mim doía e de alguma maneira eu sentia meu corpo mais fraco, ninguém precisava me dizer que eu agora estava no mesmo de qualquer ser humano comum na face da terra, mas mesmo assim as coisas conseguiram piorar, e piorar muito:

-Como assim treinamento mágico? – falei antes de todos, aquilo não era bom, todos ali sabiam o que significava praticar magia

-Ora não fique surpreso, só vim fazer meu trabalho – Morgana falava como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo – Amy já despertou os poderes dela então é mais do que obvio que ela comece seu treinamento o mais rápido possível

-Como assim despertou os poderes? – Michael avançou dois passos, ele estava ficando irritado, e não era o único

-Essa pergunta você deve fazer para ela, não para mim – eu e Michael nos viramos na direção de Amy, ela estava vermelha de vergonha, eu estava com raiva, mas ver aquela cara dela me fazia ficar mais calmo, ela era tão fofa – ela despertou sozinha seus poderes e não fiz nada para isso

-Não fez nada? – Amy encarou Morgana, a vergonha do seu rosto sumiu e virou indignação – claro que você fez, você deixou aquele maldito diário na casa do papai, você poderia ter levado ele com você, mas você deixou ele lá

-Sim eu deixei – Morgana encarava Amy, não dava para negar o quanto eram parecidas, mas Amy era infinitamente mais bonita claro, ate um idiota já teria percebido que eram mãe e filha

-Como assim deixou? – Michael avançou, é acho que ele era mais do que um idiota – então é você a mãe dela? – ele a encarava incrédulo e então a ficha caiu, certo esse cara deveria ser retardado

-Sim, sou – a voz de Morgana quase não saiu, foi um sussurro cheio de sofrimento, mas então ela se recompôs – mas você não sabe por que deixei o diário ali não é?

-Não – Amy encarava sua mãe, ela estava fazendo um esforço enorme para manter sua voz raivosa, no fundo eu sabia que ela só queria ir ali e abraçar aquela mulher

-Você não deve saber muito sobre sua outra família não é? Culpa minha, eu nunca quis você nesse mundo, mas agora que despertou não posso negá-la o que é eu por direito

-Onde esta querendo chegar?

-Você é uma pessoa especial Amy, muito especial, não posso ir alem disso sem ter que revelar coisas que não devem ser reveladas para pessoas que na tiveram seu devido despertar

-Mas você que eu despertei, seja lá o que isso signifique

-Não totalmente, você fez isso de uma maneira forçada, mas se me deixar, posso treiná-la do jeito que deveria ter sido feito desde quando você nasceu

-Desculpe interromper a conversa das duas – falei me metendo no caminho delas – se você tivesse algum segredo de real relevância não teria assumido a existência de vocês magos na frente de um demônio como eu

-Você é bem esperto não é? – Morgana me encarou com aqueles profundos olhos verdes, senti algo passando pelo meu corpo, uma espécie de choque – Você sentiu isso? – assenti com a cabeça – Ótimo, significa que nem todos os seus poderes foram embora

-Como é? – não consegui me segurar, avancei ate ela, parei a menos de cinco centímetros do corpo da bruxa – o que quer dizer?

-Você me perguntou por que falei tudo isso na sua frente? Eu vou te dar um bom motivo, mas terá que me seguir, todos os três

Morgana olhou para o diretor que se manteve calado a conversa toda e ele abriu um portal no ar:

-Garanto que os três devem vir comigo – Morgana falou já com uma perna dentro do portal – pode ajudar a trazer seus poderes de volta – ela me olhou depois olhou para Amy – e ajudar você com seus novos poderes, e claro – ela então olhou para Michael – posso dar algumas respostas sobre o que quer saber tanto assim

Eu não sabia o que Michael queria, mas ele não perdeu tempo em seguir Morgana pelo portal, olhei para Amy e ela me olhou também como se perguntasse se eu iria ou não, então ofereci minha mão para ela e ela aceitou. Andamos juntos ate o portal e então passamos, uma sensação ruim passou pelo meu estomago e então chegamos do outro lado.

Estávamos dentro de uma sala, ela era bastante espaçosa, havia uma mesa e uma cadeira em um canto, as paredes eram recobertas por estantes cheias de livros e frascos, todos os fracos tinham algo dentro, penas, pedaços de dedos ou órgãos, e também tinham algumas adagas e uma espada na parede:

-É um bom lugar para se passar o tempo – falou Morgana se sentando na cadeira – e também para conversar, a desculpe esqueci os lugares de vocês, cadeiras por favor – Morgana estalou os dedos e então três cadeiras apareceram

Cada um de nós se sentou em uma, Amy ficou de frente para Morgana na cadeira da esquerda, Michael se sentou ao seu lado e eu fiquei na cadeira da direita:

-Sejam bem vindos

-Aonde? – Michael perguntou

-A cidade de Magicka

-Magicka? – Amy perguntou

-Sim, foi aqui nessa cidade onde a magia nasceu pode-se assim dizer, os primeiros rituais mágicos de verdade foram feitos aqui nesta cidade a vários milênios atrás, desde então é aqui que reside a cidade de Magicka, a cidade da magia, e por acaso a verdadeira origem da palavra magia vem em homenagem ao nome desta cidade, é aqui onde todos os magos de verdade são ensinados a arte da magia

-Não é a toa que me sinto tão bem aqui, parece ate que fiquei mais forte quando entramos aqui

-Você consegue sentir algo minha querida? – Morgana perguntou encarando Amy

-Sinto, uma espécie de poder fluindo pela sala inteira e ele parece se espalhar para fora

-Isso é magia Amy, ou pelo menos a origem dela, é o poder dos elementos, nessa cidade esse poder é mais fácil de ser percebido graças ao enorme números de rituais aqui feitos, isso faz com que com o tempo o poder dos elementos seja emitido mais forte, mas ele existe em todo o planeta, como também em cada coisa, animais, plantas e humanos, esse poder já teve muitos nomes ao longo dos anos, chi, ki, cosmos, chakra, psi, mas nos chamamos normalmente de aura, todos os seres possuem aura, mas somente alguns poucos conseguem utilizá-la

-Por que?

-A aura flui pelo corpo humano naturalmente e expelida pelos pontos de energia do corpo, existem centenas deles espalhados pelo corpo humano, mas apenas poucas pessoas conseguem abrir esses pontos, essa abertura dos pontos mágicos de liberação de aura é o chamado despertar, essas pessoas estão então propícias a fazer algum tipo de magia, mas pessoas assim são muito raras, no começo da humanidade uma em cada dez nascia com esse dom, mas ao longo das eras isso foi mudando, ninguém sabe o porque disso, mas hoje em dia apenas uma em cada cem mil nasce com isso, mas mesmo assim ainda tem outro porem

-Qual?

-Mesmo que você esteja apto a usar magia, não significa que vai conseguir abrir seus pontos, e mesmo que consiga isso não siginifica que vai ser capaz de utilizá-la, é por isso que criamos uma escola, para achar essas pessoas e treiná-las, e isso hoje em dia com a magia sendo considerada crime é mais do que necessário, já vi centenas de pessoas morrerem por acabarem despertando seus poderes por acidente e acabarem sendo achadas por caçadores e assim serem mortas, nosso trabalho é impedir isso e treinar a pessoa ao caminho certo

-Por que magia é tão odiada assim? – Michael perguntou

-Magia pode ser usada para muitas coisas jovem, muitas, infinitas aplicações, alguns magos um dia tentaram criar um novo ramo da magia que fosse capaz de dar uma cera habilidade ao ser humano, a imortalidade

-E daí? – falei – ate onde eu saiba nenhum humano é imortal

-Porque mataram todos os que conseguiram

-Como é? – Amy se levantou da cadeira, mas Morgana fez um gesto e ela se sentou

-A muitos séculos um homem desenvolveu um método capaz de dividir a alma humana em partes e selá-las em objetos chamados de filactéria, esse processo gerava o que hoje chamamos de lich, um humano imortal, com isso não importava se o corpo envelhecia a pessoa nunca morria, sua alma ficava presa no corpo pela eternidade, os humanos gostaram dessa idéia e começaram a fazer o ritual, mas ele não era fácil, era necessário atender certas condições para efetuá-lo

-Por exemplo?

-Por exemplo você devia matar um outro ser humano no processo, e quem dera fosse só isso, os detalhes do processo se perderam, mas não seus ingredientes, alem de um humano eles precisavam do objeto onde selariam sua alma e também de uma espécie de vinculo sobrenatural

-Vinculo sobrenatural? – eu não tinha gostado daquilo

-Sim, um monstro, qualquer monstro, não se sabe ao certo como ocorria o vinculo, mas o monstro era morto, magos ao redor do mundo ao saberem disso começaram a se transformar em lich e então um grande números de pessoas e monstros começaram a morrer

-Então os monstros não gostaram e mataram todos os magos, ou pensaram que mataram – já era algo esperado, não havia outro motivo para os monstros odiarem tanto a magia

-Certo, nem todos os magos eram loucos e ansiavam algo como a imortalidade, mas eles pagariam o mesmo preço daqueles que queriam, alguns poucos conseguiram escapar e continuaram a ensinar a magia nas sombras da humanidade, volto a dizer que a magia não é algo ruim, alguns que ousaram fazer mal uso dela e todos pagaram o preço

-Isso foi injusto – Amy falou triste – uma medida extrema demais

-Ou não – tive que discordar dela agora – acredito que muitos dos magos que escaparam não ensinaram somente a magia, mas semearam o espírito da vingança também

-Exato, esse era o grande problema, muitos magos tiveram suas famílias mortas e isso gerou um ódio neles fazendo com que usassem seus poderes contra a humanidade e os monstros, isso reforçou o ódio pela magia e causou todo o preconceito que existe desde então, mas por sorte as novas gerações não carregam mais esse espírito, muitos ate concordam com a idéia de proibir a magia porque compreendem do que ela é capaz em mãos erradas

Amy ficou em silencio, ela não parecia concordar com tudo, mas também não mostraria seu ponto de vista, não agora:

-Mas não é isso que importa, isso só foi uma pequena aula de historia e um aviso para não usar seus poderes por ai sem bom senso minha querida – Morgana disse para Amy

-Não me chame assim, você não tem esse direito

-Tem razão, eu não tenho, eu abandonei você quando você ainda estava de colo, o maior arrependimento da minha vida, mas foi algo necessário, não podia viver com você sem ameaçar sua vida e a do se pai

-Como assim?

-O filho de um mago sempre será um mago, a lei dos cem mil só serve para nascidos em famílias de sem pessoas completamente humanas, se eles soubessem que você é minha filha saberiam que você era uma maga e lhe matariam mesmo que você tivesse apenas alguns dias de vida

-Por que? o que um bebê poderia fazer?

-Nada, mas no futuro ele poderia, se soubesse que foi sua família inteira com exceção de sua mãe e seu primo foram mortos por terem sangue mágico

-O que você disse? – Amy empalideceu, ela estava tão branca que suas veias e artérias apareciam

-Foi o que você ouviu, seus avós e seus tios foram mortos a alguns anos atrás por um grupo de caçadores, eles descobriram e mataram todos deixando apenas o seu primo vivo

-Onde ele esta? Onde meu primo esta? – Amy estava quase gritando, estava angustiada, dava para sentir na pele o que ela estava sentindo por dentro, eu também ficaria daquele jeito na situação dela

-Bem ai, sentado ao seu lado

Amy e Michael se levantaram e então se entreolharam por longos segundos e entoa Michael se virou na direção de Morgana:

-O que você quer dizer com primos?

-Que você é filho do meu irmão mais velho, Artur Solomon

-Mas o que? – Michael caiu na cadeira com força

-Você se lembra como foi parar na casa dos winchester?

-Eu só me lembro de algo atacando a minha família e então um monstro, um monstro atacou a casa

-Sim um monstro, mas não era um monstro no começo

-O que quer dizer Morgana?

-Sua mãe estava ferida, uma ferida mortal, e para salvá-la da morte seu pai usou um feitiço muito poderoso, alguns caçadores perceberam e foram atrás deles, meus pais, seus avós, tentaram impedi-los, foram mortos nessa tentativa

-Como os caçadores souberam? – Amy continuava pálida e de pé, provavelmente só não havia caído ainda porque estava com o corpo estático

-Eles estavam caçando lobisomens nas redondezas e viram o brilho da magia, eles não perderiam aquela chance de matar uma família de magos

-E por que eu estou vivo? – Michael estava ficando vermelho de ódio – por que logo eu?

-Eu vou contar, só espere um pouco, eu estava com seus pais também, eu e ele tentamos salvar sua mãe, por acaso nos falhamos, ela morreu durante o ritual. Eu, seu pai e você corremos em fuga, seu pai foi acertado enquanto fugia, um tiro direto na perna, a bala tinha acertado a artéria femoral então era morte certa se não fizéssemos algo logo, mas ele não deixou, ele me mandou fugir com você, era tarde demais para ele e se fosse para alguém escapar que fosse eu, sua irmã amada, e seu filho. Depois disso ficamos correndo ate escutar o barulho de um tiro, seu pai estava morto provavelmente, você parou de uma vê e correu na direção dele, tentei lhe segurar, mas estava cansada pelo feitiço e o máximo que consegui foi derrubar nos dois na floresta, vimos um caçador se aproximando, somente um, eu não podia deixar você morrer então me preparei para lutar, mas então vi quem era, John, ele também ficou surpreso quando me viu, aquela era a primeira vez que nos víamos desde que deixei Amy com ele, ele abaixou a arma e se aproximou de mim, não sei como tive coragem, mas naquele momento sua vida era mais importante que a minha então pedi para que ele me matasse e deixasse você viver, John balançou a cabeça negativamente e me apontou a arma e atirou

-Como é? Por que meu pai faria isso com você? – Amy não estava mais tão pálida, mas ainda estava longe da vermelhidão de Michael

-Ele atirou, mas não me acertou, na verdade o tiro parou longe, seu pai não disse nada e apena pegou Michael nos braços e lhe deu uma injeção, era uma espécie de calmante e fez você dormir como se estivéssemos no meio de uma caçada, ele me mandou um olhar e o máximo que pude fazer foi lhe dizer um obrigada antes de voltar a correr para longe, eu não sei o que aconteceu depois, mas parece que ele salvou você, e como o agradeço por isso, ele salvou as duas pessoas que eu mais amava sem jamais pedir satisfação ou algo do gênero, nunca vou encontrar alguém como ele novamente

-Foi isso? – Michael estava ainda com raiva – ele me botou para dormir e pronto

-Sim, não pediu satisfação nem nada, só o salvou e pronto, o tiro foi só uma maneira de despistar fingindo que tinha matado alguém lá atrás, só vim a saber que você estava vivo a poucos meses depois do ocorrido quando estava observando John e vi ele com duas crianças, vocês dois

Michael ficou em silencio, Amy também, ninguém ousava mais falar ate que Michael respirou fundo, deixou seu rosto voltar a coloração normal e falou:

-Então você me trouxe aqui para treinar também já que sou filho de mago

-Na verdade não, só lhe trouxe aqui porque você e Amy tinham que saber da verdade, não quero que odeiem John por isso, ele fez o melhor que pode não duvidem disso

-Mas enquanto a magia, eu só preciso despertar para usá-la não é?

-Não querido, você não pode despertar porque você não é um mago, você é outra coisa

-O que quer dizer com outra coisa?

-Você é especial Michael, mas não do jeito de um mago, de outro jeito

-Que jeito?

-Não posso lhe falar, não ainda, você ainda não esta pronto

-Por que não?

-Porque se dependesse dos seus pais você teria sido criado como um garoto normal, longe da magia, longe das caçadas e de tudo isso, não pude impedir que entrasse nesse mundo louco dos monstros, mas ao menos se limite a caçar monstros, não tente alguém alem disso

-Por que esta me escondendo isso? Você não escondeu o fato dos magos existirem, algo que pode culminar com a sua morte e de muitos outros, mas teima em me dizer o que eu sou, por que?

-Já lhe disse que foi um pedido do seu pai, e principalmente da sua mãe, principalmente dela

-Eu sou igual a ela?

-Sim e esse é o problema, mas contanto eu continue do jeito que esta não precisa se preocupar com mais nada

-Tem razão, não precisava, mas depois do que aconteceu na biblioteca não tenho outra escolha

-O que aconteceu lá dentro?

-Você ai me dizer o que eu quero?

-Não posso

-Então eu também não posso falar – Michael se levantou – acho que o assunto acabou, pelo menos para mim

-Se é isso que acha, abra portal – Morgana estalou os dedos e um portal se materializou – pode ir se quiser

Ele não perdeu tempo, Michael praticamente correu para o outro lado, Amy tentou pará-lo, mas ele foi mais rápido e atravessou o portal. Ficamos só nos três sozinhos ali dentro então Morgana desfez o portal para que ninguém mais saísse:

-Posso ter terminado com ele, mas ainda tenho muito o que falar com vocês dois

-O que vai falar? – Amy se aproximou de Morgana e se recostou sobre a mesa – Mais alguma revelação sobre meu passado que eu já deveria estar sabendo a anos?

-Não, pelo menos no meu ver não – Morgana estava calma e com um simples movimento de seu dedo fez Amy se sentar contra sua vontade

-Você age igual o diretor – Amy disse emburrada, eu sei que não tem nada a ver com o momento, mas que fofa ela ficava daquele jeito, e Morgana não conteve um riso

-Você lembra a mim mesma na sua idade – a maga disse com um longo sorriso no rosto

-Só que sem o visual hippie

-Não, o visual hippie veio um pouco depois, e não colocaria como um erro, eu gostava bastante na época – Morgana retirou o sorriso do rosto – você viu a adaga não viu?

-Claro, ela e o diário são as únicas coisas que eu tinha sobre você, e você ainda não me falou nada sobre eles dois

-Eu vou falar, paciência, essas coisas fazem parte da historia da nossa família, e para falar isso é melhor você me seguir

Morgana se levantou e tocou em um certo livro em uma das varias estantes ali existentes:

-Abra – e então a estante começou a se mover, primeiro Morgana saiu do caminho e a estante foi para a frente e depois para a direita, revelando assim uma escadaria de pedra

-Por que sempre tem que ter escadas? – Amy perguntou emburrada, já falei que amo esse jeito dela? É acho que sim

Morgana foi a primeira pessoa descer, Amy foi logo atrás dela e eu a segui praticamente colado ao seu corpo, e ela não parecia reclamar por isso. Nós começamos a descer, mas antes disso Morgana ergue as mãos e simplesmente falou a palavra fogo e tochas queimaram ao nosso redor iluminando o caminho, descemos por volta de dez metros de escadaria e então paramos. Uma porta estava na nossa frente, ela devia ter três metros de altura e dois de comprimento, ela era feita de madeira de carvalho branco e entalhado com vários símbolos que eu não reconhecia, o que quer que fosse não tinha sido colocado ali apenas para decoração, havia alguma coisa muito poderosa atrás daquela porta, algo muito poderoso mesmo, e eu conseguia sentir isso, meus poderes conseguiam sentir isso entoa eu ainda tinha eles.

Morgana abriu a porta e novas tochas se acenderam lá dentro, a quantidade de tochas era enorme, era tanta luz que quase nenhuma sombra se formava ali dentro. Vários objetos decoravam aquele lugar, vários papeis soltos e livros, alguns pergaminhos soltos, dezenas de potes cheios de líquidos estranhos e alguns contendo partes de corpos tanto humanas, quanto animais e de monstros:

-Desculpem a má organização, fazia algum tempo que não vinha aqui embaixo e acabei deixando tudo desarrumado da ultima vez – Morgana falava enquanto andava em direção a um baú no final da sala

O baú tinha setenta centímetros de largura, um metro de comprimento e sessenta centímetros de altura, todo trabalhado em ouro e uma espécie de madeira avermelhada, mais uma vez os estranhos símbolos estavam ali, havia na frente do baú um grande cadeado de ouro sem espaço para se colocar uma chave. Morgana se aproximou do cadeado e o tocou com o dedo indicador direito, o cadeado se partiu ao meio e caiu no chão.

Morgana então colocou suas mãos no baú passando o dedo pelos vários símbolos e então ergue a tampa do baú, por um momento pensei que sairia algum tipo de luz mística ou quem sabe alguma névoa, mas nada disso aconteceu.

Eu e Amy nos aproximamos para ver o que havia no baú e senti o estranho formigamento de mais cedo novamente, dentro do baú havia apenas uma espécie de pano cobrindo algo que não podíamos ver, Morgana então tirou o pano dali e me entregou:

-É para você, o dragão rei me pediu para lhe entregar, não podia negar o pedido de algo no patamar dele e acho que você entende o porquê

-O que tem aqui? – perguntei sentindo o formigamento cada vez mais forte pelo meu corpo, havia algo ali embalado naquele pano, algo muito poderoso

-Isso ele não me disse e não ousei abrir para saber, só posso dizer que é poderoso, tão poderoso que você conseguiu senti-lo lá na academia mesmo eu fazendo apenas uma pequena parte do poder disso sair por um portal invisível

-Nenhuma idéia do que seja?

-Nada, mas você pode descobrir agora, é seu

-Sim é meu, mas por que logo meu?

-Só o dragão poderia lhe responder isso

Ela estava certa quanto a isso, as razões daquela criatura eram indecifráveis ate que o momento certo aparecesse. Andei ate uma mesa e coloquei o pano ali, o que havia dentro não era tão pesado, mas também não era apenas uma coisa, dava para perceber tocando que havia mais de um objeto ali, e todos similarmente poderosos.

Desenrolei aos poucos o embrulho, cada movimento fazia uma sensação de poder se espalhar pelo meu corpo, era quase como se meu poder estivesse voltando aos poucos, quando notei já havia desembrulhado tudo e mãe e filha encaravam os objetos, como pensei haviam alguns objetos.

Peguei em mãos o primeiro deles, não era só um, eram varias lascas de uma espécie de espada, dezenas de pedaços de um metal prateado tão bem polidos que meu rosto estava refletido nele, mas parecia que a espada estava incompleta, só havia alguns pedaços da lâmina, deveria ser o suficiente apenas para uma lâmina de sessenta centímetros, o cabo e a bainha também não estavam ali.

Coloquei os pedaços de metal na mesa e peguei o outro objeto, peguei aquilo em mãos e senti o poder passando pelo meu corpo, os pedaços de metal tinham poder, mas nada comparado aquilo, observei bem o objeto, sua aparência lembrava um ovo, um ovo bem grande, era do tamanho do de um avestruz terrestre, mas ele era diferente, sua cor era vermelha, mas não vermelho como sangue, um vermelho bem mais vivo, um vermelho flamejante, era quase como segurar uma bola de fogo em mãos, o ovo também era cheio de detalhes em alto relevo que lembravam as escamas do dragão rei vermelho e só então a ficha caiu:

-Isso é um ovo de dragão – fiquei admirando aquele ovo magnífico que exalava poder tamanho poder – um ovo de dragão vermelho

-Sim – Morgana se aproximou e iria tocar no ovo, mas automaticamente suas mãos recuaram – meu deus, quanto séculos fazem desde que o ultimo dragão apareceu em terra? O único conhecido era o dragão rei vermelho, mas nenhum outro havia sido relatado, e agora me aparece um ovo

-Você realmente não sabia?

-Não, nunca imaginei que um simples ovo emanasse tanto poder

-Eu sei, ainda não consigo entender como

-Como assim um ovo de dragão? – Amy perguntou em entender nada daquilo – Por que o dragão rei lhe mandou um ovo de dragão?

-Também não sei, mas é importante se não ele não arriscaria a segurança dessa coisa a toa – passei os dedos sobre os alto relevos, era como se tocasse em labaredas de fogo, o ovo era quente, muito quente, poderia queimar as mãos de alguém, mas era um calor tão familiar, tão bom, me fazia lembrar do meu próprio poder

-Que seja – Morgana disse se afastando do ovo – mantenha esse ovo bem guardado por enquanto que não sabemos o que fazer com ele

-Certo – enrolei tudo de volta no pano

-Ótimo, agora Amy me siga, por favor – Morgana estava indo em direção a uma parede do local

-Para onde? – ela perguntou seguindo Morgana

-Vamos para um lugar, um lugar muito especial, você poderia ficar aqui por enquanto William? – Morgana se virou na minha direção – É algo que apenas bruxas podem visitar, acho que você entende isso

Não tinha o que falar, eu não poderia fazer nada contra mesmo que quisesse, não no meu estado atual, Morgana poderia me destruir sem mal usar seus poderes, mas não seria assim para sempre:

-Certo, podem ir

Morgana pegou a mão direita de Amy e a olhou nos olhos, depois disso uma enorme luz branca cobriu a sala quase me cegando e então as duas sumiram, procurar por elas seria inútil, então me sentei e comecei a mexer no ovo novamente, algo me dizia que aquele ovo seria muito importante ainda, e aqueles pedaços de espada também.


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Notas finais do capítulo

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