Vida De Monstro - Livro Dois - A Magia escrita por Mateus Kamui


Capítulo 13
XIII - Michael


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo fresquinho paras vocês queridos leitores
Acabei atrasando esse capitulo, mas tudo tem um porque, esse é o maior capitulo até agora da série então ele acabou demorando mais, mas espero que mesmo ele sendo grande todos vocês gostem, e nesse capitulo finalmente temos algo muito especial acontecendo com um dos personagens principais



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XIII – Michael

O dia havia começado bem, nenhuma dor relativa a maldita marca, na verdade desde ontem a noite não estava sentindo mais nada, cheguei a aproveitar e fazer uma rápida ronda pelo colégio, mas não vi Amy, ela provavelmente nem se lembrava mais que nós éramos os fiscais do colégio, ela deveria estar muito entretida com seu novo namorado monstro.

Tomei banho, fiz minhas necessidades e tomei um rápido café da manhã, o café consistia basicamente de um copo razoável de Nescau acompanhado de dois pães, parecia que o diretor não estava mais poupando dinheiro nas merendas, e o meu estômago faminto agradecia.

Peguei meu caderno e guardei dentro da minha mochila, o caderno estava na minha cama, mas não me lembro de ter dormido com ele ontem. Estava bastante disposto hoje e assim que terminei de me arrumar fui para a aula. Já haviam algumas pessoas passeando pelo colégio quando cheguei, mas só haviam duas pessoas na minha sala, os dois lobisomens.

Fui até o meu lugar e peguei meu caderno, tentei ignorar o máximo possível os dois lobisomens, mas podia sentir seus olhos em cima de mim, tentei folhear o caderno e ver os desenhos antigos, mas antes de chegar até a parte que queria não agüentei mais e me virei na direção deles:

-O que vocês dois querem? – perguntei encarando aqueles dois

-Você sabe que dia é hoje? – um dos dois perguntou

-Não, por que?

-É hoje – falou o outro – a sua primeira lua cheia desde que você foi selecionado

-Hoje você se transformara pela primeira vez – completou o outro

Senti um arrepio correr pela minha espinha e chegar até minha mão esquerda. Na noite anterior evitei olhar para o céu, eu sabia que noite era hoje e tentei apagar isso da minha cabeça, mas esses desgraçados me fizeram lembrar:

-Eu não vou me transformar – tentei controlar minha voz o máximo possível para não gritar

-Vai sim, você não é uma exceção caçador – falou um dos lobisomens

-Você precisa vir conosco hoje após a aula – cortou o outro lobisomem antes que eu falasse palavras que não deveria

-Por que? – falei encarando aqueles dois e me levantando do chão

-Você não tem noção de como é a primeira transformação, dos riscos que você corre e que aqueles ao seu redor também correm

-Você vai precisar de ajuda, isso lhe garanto – completou o outro

Saí da sala pegando meu caderno, não suportava mais aqueles dois. Saí do prédio do colégio e sentei embaixo de uma árvore, estava cansado daquela historia, eu não podia me transformar em lobisomem, antes o vampiro maldito disse que ia me transformar e eu consegui voltar ao normal, se eu consegui evitar me tornar um chupador de sangue estúpido eu também poderia impedir de me transformar em um lobo idiota.

Coloquei o caderno sobre as pernas em busca de apoio e procurei algum lápis nos bolsos, mas esqueci todos eles na sala de aula e não voltaria aquele lugar até que estivesse com um bom número de pessoas. Sem escolha comecei a folhear o caderno, o barulho que os outros alunos faziam era alto demais para que conseguisse dormir.

Passei por todos os desenhos, incluindo os de lobos, até que cheguei à última página, pra minha surpresa não havia nenhum desenho, apenas um número. Fechei o caderno e olhei para o céu, daqui a algumas horas a lua iria aparecer e tudo poderia mudar.

Abri o caderno de novo para tentar apagar a idéia da lua da cabeça. Passei por todos os desenhos novamente, eu realmente já tinha desenhado bastante e aquele caderno era a prova disso, ali tinha um número incontável de desenhos, ou será que dava para contar?

Folheei pela terceira vez os desenhos e contei um por um, até que parei em um desenho em particular, ali estava ele, o desenho que representava a luta entre vampiros e lobisomens, e aquela sinistra criatura aparecendo, estava tudo ali e aquele desenho era exatamente o de mesmo número que aparecia no desenho da noite passada.

Tentei entender aquele desenho da primeira vez que vi ele, tentei, mas não dava, não conseguia ver nada ali alem de um bando de monstros idiotas se batendo, mas tinha algo de especial, algo muito especial e estranho ali.

Tocou para o começo das aulas, olhei ao redor e as poucas pessoas que ainda estavam do lado de fora começaram a correr para a aula. Levantei e comecei a andar rumo a sala de aula com o caderno na mão. Quando entrei em sala a aula já havia começado e o professor me encarou com raiva quando entrei, mas não me impediu de ir para o meu lugar.

Sentei e peguei um lápis de dentro da mochila, as provas estavam tão próximas que cheguei a sentir medo, John iria reclamar bastante se chegasse com mais um péssimo boletim escolar, ele sempre tentava me cobrar dedicação nos estudos, mas aquilo simplesmente não era pra mim, eu não conseguia me sentar e passar horas a fio estudando aquelas irritantes matérias do colégio, preferia mil vezes caçar um bando de trolls sanguinários a ter que fazer uma prova.

Eu tentei arduamente prestar atenção no que o professor explicava, tentei anotar cada palavra que ele escrevia e tentei lembrar de todos os conselhos que ele deu sobre a prova, mas não consegui, eu tentei agir como um bom aluno, mas era simplesmente impossível pra mim decorar tudo aquilo e depois ainda ter paciência de estudar mais tarde toda aquela matéria.

Assim que a aula terminou rasguei todas as páginas com anotações, antes tentei ler e ver o que eu entendia e não entendi nada. Era tarde demais pra mim, nunca fui um aluno dedicado e sabia que se cheguei tão longe nos estudos foi graças ao meu pai adotivo ser o vice-diretor do colégio, eu provavelmente sequer teria chegado ao ensino médio se fosse pelos meus próprios conhecimentos.

Quantas mais chatas aulas se passaram? Eu simplesmente não sabia, perdi a noção total de tempo depois de rasgar as páginas do caderno, poderia ter corrido de sala, nenhum professor se importaria com isso, poderia até ter feito um escândalo ou em um caso extremo talvez ter chorado, mas me mantive forte, não podia simplesmente me deixar cair logo agora, eu passei por todos esses anos e ia agüentar mais um, e outra coisa, não podia demonstrar fraqueza na frente daqueles dois lobos, algo me dizia que se e agisse como fraco ali eu poderia acabar morrendo.

O toque para o início do intervalo pareceu explodir nos meus ouvidos quando ele tocou loucamente por vários segundos, tampei os ouvidos quase que instantaneamente, não lembrava que aquela coisa era assim tão alta. Os dois lobisomens começaram a andar na direção da minha carteira, os dois estavam determinados a falar comigo por bem ou por mal, ou pelo menos era o que parecia com os dois fazendo aqueles rostos sérios e zangados. Ambos me cercaram antes que eu pudesse levantar e sair da sala:

-Você vir com a gente – falou um dos dois

-Por bem, ou por mal – completou o outro

-Acho que escolho a segunda opção

-Ótimo então, só espero que tenha convicção das conseqüências dessa sua escolha

Os dois se viraram e saíram de sala com os rostos mais sérios do que antes, alguém provavelmente iria apanhar muito hoje a noite, e se os lobisomens pensam que sou eu então eles estão muito enganados. O tempo passou, mais aulas, mais algumas pequenas tentativas de aprender alguma coisa, todas fracassadas, mas então finalmente tocou para o fim das aulas.

Os lobisomens passaram por mim sem dizer uma única palavra, estavam concentrados demais conversando algo sobre correntes. Saí de sala rumo ao dormitório, se queria que meu plano desse certo precisaria achar algumas coisas.

Cheguei ao quarto e revirei algumas caixas que estavam embaixo da cama e então encontrei, uma pequena embalagem contendo quinze balas, quinze balas de prata pura, assim que toquei nelas senti minha mão queimar, era quase como se eu estivesse tocando em uma brasa recém tirada do fogo.

Coloquei elas de volta na caixa, aquelas quinze eram mais do que o necessário para o plano que tinha em mente, mas ainda precisava do mais importante, uma arma. Desde a biblioteca não tinha comprado nenhuma arma nova, não conseguia me adaptar a nenhuma outra arma mesmo que fosse do mesmo calibre e tamanho, não era a mesma coisa. Ainda tinha esperanças que John tivesse alguma arma parecida com uma das minhas, mas não podia esperar ele chegar.

Andei em direção a cidade, bem no centro comercial existiam algumas poucas lojas de armas e acho que poderia agüentar usar alguma outra arma por uma noite. Antes de tudo fui até o banco e retirei uma quantia de dinheiro rapidamente, vantagem de ser um caçador pertencente a uma das três grandes famílias era que você tina uma boa conta bancaria no seu nome, até onde eu saiba a família Winchester tinha uma fortuna avaliada em algo de por volta de um bilhão e meio de dólares.

Guardei tudo na mina bolsa e fui rumo ao centro, andar por aquelas ruas não era um problema, conhecia bem a cidade e não me perderia, mas algo não me cheirava bem naquele dia, não sabia se era o lixo na rua ou outra coisa. Entrei em um beco par cortar caminho e então uma dupla de caras fechou a saída, eu não queria nenhuma briga logo agora então me virei para sair pelo outro lado e então outros dois caras fecharam aquele lado também:

-Hey amigo – falou um deles se aproximando – Soube que você carrega algo bem interessante na sua mochila, que tal mostrar pra gente eim?

-A não acho que você vá gostar – disse ajeitando a mochila nas costa, John sempre disse para não sair do banco com muito dinheiro, e tentar gastar o mais rápido possível evitando lugares pouco movimentados, eu deveria escutar mais ele

-E como pode ter tanta certeza?

-Bem é que aqui só tem livros e até onde eu saiba vagabundos de quinta categoria como você não são de ler muito

-Engraçadinho – o cara disse fazendo um movimento com as mãos e os outros três caras se aproximaram carregando um punhal cada – Vamos ver se vai rir tanto assim quando te dermos um trato

Joguei a mochila no chão e me preparei para um combate, não que eu achasse que poderia ganhar de três caras armados, mas não ia simplesmente dar meu dinheiro pra eles. Os três avançaram praticamente ao mesmo tempo, mas assim que o mais próximos dele chegou perto senti minha mão arder e movi o braço direito fazendo uma espécie de arco torto em pleno ar.

Meu braço acertou em cheio o nariz do cara mais próximo que caiu no chão cobrindo o rosto com as mãos. Os outros dois se aproximaram, senti a marca queimar de novo e me abaixei rapidamente fazendo ambas os punhais passarem por pouco da minha cabeça.

Rolei pelo chão e acertei um chute na parte de trás do joelho de um dos dois caras, ele se ajoelhou e entoa acertei uma cotovelada direto no seu nariz, senti a marca queimar e então rodei para o lado, uma faca passou por pouco fazendo um leve corte na minha bochecha esquerda. O cara que parecia o líder do grupo estava segurando algo que parecia um facão de cozinha:

-Você pode desistir agora ou pode ganhar um belo corte na sua cara – disse o cara rodando o facão na mão e se aproximando do outro cara que não estava machucado

Enquanto isso os dois caras ensangüentados se levantaram, estavam com o nariz inchado e cheio de sangue, mas a raiva que expressavam parecia fazê-los ignorar a raiva:

-Qual é caras não precisamos fazer isso precisamos? – falei tentando me aproximar da minha mochila

-Não tenho nada contra você moleque, mas se não pegar o seu dinheiro não vou poder fazer minhas oferendas para Plutão

-Oferenda?

Antes que eu pudesse entender o que ele quis dizer os quatro caras avançaram novamente, senti minha marca queimar e depois disso nem mesmo eu acreditei no que fiz. Esquivei rapidamente para o lado vendo duas lâminas quase cortarem o meu peito, depois agarrei o braço mais próximo e com um rápido movimento quebrei o cotovelo dele, aquilo havia sido tão fácil que parecia até que eu estava mais forte.

O cara caiu no chão gritando de dor e por sorte era o líder do grupo, os três restantes me encararam como se não soubessem como reagir então simplesmente atacaram. Corri na direção dos três sem hesitar, eles tentaram fazer algum ataque, mas deslizei pelo chão com um rolamento meio desleixado e então peguei a faca de um deles e apontei para a garganta do cara que tinha acabado de pegar a faca:

-Se vocês prezam pela vida do seu amigo aqui e pelas suas próprias vidas então é bom que saiam daqui agora

Os dois caras se entreolharam e então saíram correndo do beco enquanto o líder deles os seguia tentando manter o braço no lugar, joguei o cara que estava mantendo como uma espécie de refém no chão e deixei ele correr pra longe, depois peguei a faca e entortei sua lâmina facilmente e joguei ela no chão.

Andei até a mochila, peguei-a e saí dali o mais rápido que pude, em pouco tempo já estava de frente para a melhor loja de armas da cidade, ela pertencia a um senhor que a algumas décadas atrás fora um caçador de monstros, mas que com a idade decidiu desistir das caçadas, ele era um velho conhecido de John então não se importaria em me vender algumas armas contanto que eu tivesse o dinheiro.

Entrei na loja e encarei a parede recheada das mais diversas armas existentes, haviam desde os modelos mais convencionais de pistolas e escopetas, como também modelos personalizados com diversas alterações visando uma precisão e uma potencia bem superior a da arma original:

-Senhor Winchester – disse o velho dono da loja, o senhor Herald Flink, o homem já um pouco corcunda e seus cabelos eram totalmente brancos – Faz um bom tempo desde a última visita de seu pai a minha loja, o que lhe trouxe aqui?

-Estou atrás de uma arma nova

-E qual sua preferência? – o velho entendia tudo de armas, só precisaria dizer pra ele o necessário e ele me entregaria a melhor arma

-Preciso de algo portátil, uma pistola de preferência, mas com um poder de fogo intenso, quero fazer o maior estrago possível com uma única bala, mas o calibre dela não pode ser qualquer um – mostrei uma das balas de prata para ele

-Uma bala de prata – o velho ajeitou o par de óculos que quase caiam do seu rosto – Hoje é noite de lua cheia e a combinação de balas de prata com lua cheia nunca é boa

-É só uma bala Herald, foi a primeira que achei e acabei trazendo ela

-Se você diz – o homem me devolveu a bala e encarou a parede de armas – Levando em conta que a lua só aparece a noite então acho que vai precisar de algo especial

Ia falar alguma coisa, mas ele já tinha percebido minhas verdadeiras intenções então não adiantaria de nada falar:

-Acho que essa é a melhor para a situação

A arma que ele me mostrou era semelhante as minhas antigas pistolas, mas seu cano era longo e tinha um silenciador acoplado:

-Ela não é um pouco grande? – peguei a arma e testei seu peso, era bem leve para seu tamanho  

-Sim ela é, mas essa é a versão completa, se você quiser pode desacoplar o silenciador e também retirar algumas partes do cano, mas se fosse você deixaria ela do tamanho que está, dessa maneira ela causara um estrago um pouco maior e quase não fará barulho, ela também tem uma mira a laser, mas não acho que um atirador do seu nível vá precisar disso então retirei a mira, o pente da arma comporta até sete balas e tem uma mecânica simples e rápida de recarga

Peguei e guardei a arma entregando o dinheiro para ele, não iria discutir com o homem, ele era um especialista e sabia o que era melhor:

-E uma última coisa, tome cuidado, ouvi rumores de coisas estranhas acontecendo na cidade

-Tipo o que?

-Soube que algumas novas religiões estranhas estão se espalhando por ai, cultos a alguns tipos de divindades e já estão arrastando milhares de pessoas tanto aqui quanto pelo resto do país, soube que existem até rituais de sangue envolvidos em alguns cultos

-Outros caçadores já sabem disso?

-Já informei a todos que vieram aqui, a alguns amigos próximos e ao seu pai também, e pelo que seu pai me disse não é só aqui que esta tendo essa febre de novas religiões, várias cidades na Europa de acordo com ele também estão tendo milhões de adeptos para essas novas religiões

-Acha que são perigosos?

-Não sei, podem ser somente um bando de fanáticos idiotas como a maioria que vemos por ai, mas esses rituais de sangue são o que me preocupam

-Eles já mataram alguém?

-Não, até onde eu ouvi dizer só mataram ratos, galinhas, gatos e cachorros, mas isso não torna isso menos sinistro

Agradeci pela informação e saí da loja, além de ter que lidar com uma provável transformação hoje a noite agora tem um bando de malucos fanáticos por ai, isso não era bom, deveria falar com a Amy o mais rápido possível. Enquanto andava pelo centro da cidade vi uma loja de artigos esportivos e havia alguns tipos de cordas ali, algumas capazes de suportar cerca de cinco a seis toneladas e fiquei surpreso quando vi que os dois lobisomens estavam comprando algumas daquelas cordas, eu não sabia que tipo de fantasia sado-masoquista eles tinham em mente, mas aquilo também não era nada bom.

Saí dali antes que eles me vissem e enquanto andava para longe vi um prédio bem estranho, ele tinha a parede toda azulejada com azulejos laranja, comecei a observar o lugar, haviam dois seguranças na porta do local, a porta tinha quase três metros de altura e nela havia o desenho de um sol, a cima da porta estava escrito um nome com letras garrafais e amareladas “Curso de reforço intensivo” e abaixo do nome havia uma frase escrita com letras pequenas  “Porque colégio é para os fracos”.

Um grupo de alunos da minha academia saiu de lá, todos estavam sorridentes vestindo suas roupas laranja e comentando que se as aulas do curso continuassem assim eles não teriam problema algum com as provas do colégio. Até pensei em entrar, muitos vagabundos do colégio, alguns bem piores do que eu, estavam saindo dali confiantes e alegres, era quase como se não tivessem mais medo de nada relativo ao colégio.

Por um momento pensei em entrar também, ver o quão bom esse curso realmente era e finalmente poder levar pra casa um boletim com notas boas e jogar na cara de todos o quão bom nos estudo eu podia ser também, mas minha marca estava queimando quase como o sol na porta do curso só pelo fato deu ter pensado nessa possibilidade, eu não gostava quando aquela coisa ficava doendo e latejando daquele jeito, mas devia a ela graças ao incidente no beco e ouviria ela dessa vez.

Cheguei até a academia com a tarde chegando ao fim, tinha que ter tudo preparado antes que a lua chegasse no céu ou então tudo poderia ir por água baixo, enchi o pente da arma e preparei outro para algum caso de emergência e então guardei a bala restante no meu bolso. Respirei fundo e sentei na cama, a tensão da situação estava me dominando quase que por completo, estava suando frio mesmo sem ter motivo e então escutei uma batida na porta:

-Quem é?

-Entrega para o senhor

-O que seria?

-Uma carta

-Uma carta? – quem diabos me mandaria uma carta? – Pode passar ela por debaixo da porta

Vi quando a carta passou pela fresta a porta e entrou no quarto, andei até ela e abri lendo o conteúdo, “Venha até a floresta antes de chegar as oito da noite, garanto que não vai querer se atrasar se tem amor a sua vida e a das pessoas dessa academia”.

Amassei a carta, não precisa ser um gênio para adivinhar quem foi eu escreveu aquilo, aqueles dois realmente me queriam com eles, mas eu não iria, não por bem. Abri a janela e joguei o papel e pude ver os dois lobisomens me encarando lá em baixo:

-Bem ou mal? – perguntaram os dois juntos

-Eu já disse, mal!

Assim que gritei um deles pulou na direção da janela, pensei que ele não conseguiria chegar até ali, mas ele chegou lá facilmente e ficou me encarando, minhas mãos foram na direção da pistola:

-Não vai querer lutar comigo novato, eu sei controlar meus poderes melhor do que você e sei usufruir deles abertamente durante a lua cheia, não poderia me vencer em um combate corpo-a-corpo

-Tem razão, mas meu objetivo não é lutar com você, pelo menos não diretamente

Tentei pegar a pistola com minha mão esquerda, mas ela simplesmente não obedecia então peguei com a direita mesmo e dei um tiro na direção dele, mas o desgraçado conseguiu evitar que eu acertasse seu cérebro dando um pulo, mas a bala ainda acertou sua coxa fazendo com que ele caísse no chão. Pensei que eles fossem revidar, mas simplesmente me encararam e então saíram dali, o ferido saiu apoiado no ombro do outro.

Deitei na cama, senti meu coração pulsar loucamente e uma dose de adrenalina cobrir meu corpo. Tentei me acalmar e dormir, então resolvi fechar os olhos, mas escutei algumas batidas na porta, quando me aproximei vi um prato de comida na porta, nem olhei direito para o jantar e ele já estava no meu estômago.

Por um momento pensei que o jantar havia sido servido mais cedo do que o normal, mas então olhei no relógio, já eram sete e meia. Eu não havia sequer dormido, só fechado rapidamente os olhos, mas já haviam se passado mais de uma hora, tentei relaxar, mas minha mão esquerda começou a doer e rapidamente se espalhou pelo resto do meu corpo, caí no chão de tanta dor e acabei soltando a arma também. Puxei a bala de prata do bolso e esfreguei na marca.

Foi quase automático, antes queimação estava espalhada por todo o corpo, mas então ela começou a diminuir e foi se concentrando somente na mão esquerda, minha mão doía e quase pensei em arrancá-la, mas era melhor aquilo do que ficar com o corpo inteiro dolorido.

Quando a dor começou a aliviar me virei na direção da janela e então a última coisa que vi foi um bastão prateado me acertando na cara. Depois disso só vi tudo a escuridão, apenas o escuro até ver uma luz, a típica luz no fim do túnel, mas quando andei na sua direção vi que era a luz da lua cheia e ao meu redor centenas de corpos estavam, mortos e ensangüentados, uma mistura de cadáveres de lobos e de vampiros e então olhei para a colina a minha frente, uma batalha inacreditável entre um vampiro e um lobisomem acontecia, mas então um ser surgiu atrás da montanha, um ser monstruosos e alada, uma criatura quase que demoníaca. E então a criatura rugiu e eu acordei.

Abri os olhos lentamente, ainda estava um pouco tonto, mas conseguia ver, estava na floresta. Tentei mexer meu corpo, mas eu não conseguia, olhei para mim mesmo, estava amarrado por um daqueles cabos que vi os lobisomens comprarem:

-O que fizeram comigo!? – gritei encarando os dois lobisomens que estavam preparando outras cordas

-Fizemos o que era melhor pra você – falou aquele em que dei um tiro, ele parecia estar andando com dificuldade – Não podemos deixar um novato se transformar e destruir tudo, é nosso dever te impedir o máximo possível

-Vocês não podem fazer isso comigo

-Claro que podemos, temos permissão do seu diretor para isso

-O que você disse? – aquele diretor maldito!

-Ele próprio nos deu o dinheiro para comprar as cordas e também nos informou a melhor loja, essas cordas suportam até seis toneladas, levando em conta que eu sou o mais forte entre nós três e eu só consigo levantar uma tonelada então estamos bem, mas só para ter certeza que você não vai se soltar

Ele pegou um pote do chão, o pote tinha uma espécie de pó prateado dentro, ele então pegou e colocou uma luva e depois retirou um pouco do pó prateado e esfregou na minha testa, senti aquilo queimar meu corpo:

-O que você está fazendo?

-Aquelas suas balas foram bem úteis, destruí todas elas e fiz esse pó de prata, ele queima e pode até matar, mas em compensação ajuda a reter sua transformação, se estivéssemos em outro lugar, talvez uma reserva florestal ou simplesmente um local sem humanos poderíamos deixar você se transformar calmamente e curtir seus poderes a vontade, mas não podemos correr o risco de você matar alguém no processo então temos que fazer isso

Ele continuou a esfregar aquela coisa em mim, era quase como se estivesse me banhando em água quente ou até mesmo me prendendo dentro de uma fogueira, tentei me soltar enquanto gritava e me debatia, mas não conseguia me mover um único milímetro.

O lobisomem então parou e foi em direção a uma árvore, mesmo com o desgraçado tendo parado de me banhar naquele pó meu corpo continuava a queimar.

Os dois lobisomens então começaram a esfregar o pó em seus próprios corpos, eles gritavam de dor durante o processo, mas em momento algum eles pararam

-Por que estão fazendo isso? – perguntei enquanto me debatia de dor, aquilo era horrível, mas mesmo assim os dois faziam o mesmo

-Não podemos correr o risco de machucar inocentes – disse o outro lobisomem que não estava ferido – Eles não têm culpa de sermos imaturos e sem auto-controle, eles não tem culpa de termos nascidos com o poder de nos transformarmos em monstros sanguinários, nós vamos tentar enfraquecer a transformação o máximo que pudermos mesmo que nossos corpos queimem e nos gritemos de dor, garanto que isso é bem melhor do que carregar o peso de dezenas de vidas inocentes nas costas porque não sabia se controlar, existem lobisomens que conseguem carregar esse peso, mas eu não sou um deles

O lobisomem pegou uma corrente de prata e amarrou os próprios braços nela, escutei o grito enlouquecedor dele e vi quando sua pele começou a ficar vermelha e a esfumaçar, tentei ver se meu corpo estava do mesmo jeito, mas não, pelo contrário, a dor no meu caso estava diminuindo com o tempo:

-Força irmão – o lobisomem ferido disse – Nossa dor será a salvação e muitas pessoas, nós não podemos nos dar por vencidos da dor

O lobisomem assentiu com a cabeça e então o lobisomem ferido pegou uma corrente de prata e amarrou os pés do outro. Depois de amarrar seu companheiro ele então foi na direção de uma árvore e puxou um dos cabos especiais e começou a se amarrar enquanto seu corpo se contorcia de dor. Aqueles dois estavam quase morrendo de tamanha dor só para poderem proteger os alunos da academia, pessoas que eles provavelmente odiavam e que já devem ter imaginado matando, mas a imaginação era uma coisa, a vida real era outra. Se imaginar matando um monstro era fácil, mas matar era difícil, mas mesmo assim eu nunca senti culpa por aquilo, simplesmente estava fazendo o que era certo, todos os monstros que matei eram traidores de seus grupos, ladrões, assassinos, não eram como esses dois que se auto-flagelavam para proteger os outros. Mesmo assim eu critiquei eles, eu xinguei eles, pensei até em matá-los, mas eles só estavam pensando em um bem maior, algo que eu nunca tinha pensado, algo que eu nunca quis, eu matava monstro porque eu os odiava, nunca pensei em deixar nenhum deles viver, nunca pensei na vida que eles tinham, no que faziam quando não estavam agindo como bestas irracionais, só matava.

Uma luz começou a surgir do céu, era a lua cheia. Assim que um único raio de luz da lua bateu no meu corpo senti algo dentro de mim se expandir, era quase como se corpo estivesse aumentando de tamanho descontroladamente, senti meus ossos estralarem e meus músculos romperem. Escutei quando meus tendões se partiram e alguns outros ossos também. Gritei de dor quando percebi que meu crânio estava se destorcendo, se alongando, minha boca estava se rasgando, senti as bochechas se partirem, os dentes aumentarem.

Meus olhos começaram a arder, meus ouvidos latejavam, meu nariz coçava, meu corpo inteiro estava se transformando, se alterando rapidamente e de uma maneira brutal. Senti meu ombro quebrar e minha perna esquerda e esticar toa rápido que meu músculo se separou. Comecei a sentir falta de ar, meu tórax aumentava, mas as correntes não permitiam eu me esticar o suficiente então comecei a me sentir apertado, mas nem por isso meu corpo parava de aumentar.

Se o pó de prata deveria surtir algum efeito em mim ele não estava fazendo, os dois lobisomens ainda estavam começando suas transformações, lidando com elas até facilmente, sem soltar grito algum diferente de mim que gritava feito um maluco, o corpo deles também parecia aumentar, se bestializar, mas no caso deles parecia algo controlado, até calmo, não sabia se era por eles já terem se transformado mais vezes, ou a prata, ou talvez ambos. Mas não importava o que estava ajudando eles, porque esse algo parecia não estar me ajudando.

Senti meus pulsos se rasgarem em contato com a corda apertada, senti a casca da árvore se amassando pelas minhas costas, e a dor que eu sentia antes começou a diminuir, aos poucos ela dava lugar a uma nova sensação, eu estava escutando coisas, barulhos como animais se mexendo, fugindo. Comecei a sentir um cheiro forte no ar, o que antes era noite agora brilhava feito o dia, mas em um tom escarlate. Foi então que eu olhei para o céu e encarei aquela lua cheia que parecia uma bola de sangue no céu avermelhado, quando vi aquilo uivei, eu na verdade estava tentando gritar, mas a única coisa que saia da minha boca era um uivo agudo e sinistro.

Olhei para os outros lobisomens, pêlos estavam crescendo pelos corpos deles, e no meu corpo também, mas mesmo assim a transformação deles continuava a parecer mais lenta que a minha.

A falta de espaço que estava sentindo estava me deixando mais louco ainda então tentei escapar novamente, coloquei força nos braços, comecei a tentar romper aquelas cordas somente colocando pressão nelas, mas elas não se moviam, tentei mais ainda, mas nada, tentei colocar mais força, tanta força que meus músculos latejavam, e então escutei um estralo.

Assim que escutei aquilo meu corpo automaticamente uivou e então colocou ainda mais força e quando percebi a sensação de falta de espaço passou. Abri meus braços, estiquei cada pedaço do meu corpo, estava livre. Uivei novamente, dessa vez ainda mais alto do que qualquer outra vez anterior. O lobisomem ferido me encarava como se não acreditasse no que estava vendo, eu então corri para longe dali:

-Não – o lobisomem tentou gritar – Não faça isso, você não pode sair daqui, se você sair vai matar a todos!

Ele gritou, mas eu já estava longe demais para prestar atenção, ou talvez só não quisesse dar ouvidos a ele. Corri pela floresta banhado pela luz da lua, não sabia o quão fundo na floresta eu estava, mas não parecia que iria demorar muito até eu chegar a academia. Era aquele o lugar que eu precisa chegar, precisa morder algo, destruir algo, matar algo.

Comecei a sentir um cheiro de sangue no ar e corri ainda mais rápido, muito sangue, e não era apenas o mesmo, era uma mistura embriagante, escutei algum barulho e vinha da mesma direção do sangue, parecia uma luta. Corri e quando olhei para os lados vi alguns bancos e um chão ladrilhado, estava na academia.

O cheiro de sangue aumentou loucamente, mas o barulho também, sem duvidas era uma luta, e eu queria estar nela. Corri mais ainda na direção da batalha e então vi a cena, um corpo estava no chão morto com um corte na garganta, e em pé haviam três pessoas que lutavam, uma mulher que carregava uma espada e dois caras vestidos com a farda da academia:

-Tolos vampiros, filhos de satanás, você jamais poderão vencer a minha pessoa, eu a abençoada pelo senhor, Joana D’Arc 

-Calada sua vadia estúpida – falou um dos caras e eu reconheci a voz como sendo de Drake – Você nunca ira nos vencer, e vai se arrepender de ter me chamado de filho de satanás quando eu arrancar a sua cabeça

-Bestas satânicas, vocês filhos do mal jamais me venceram, já matei um de vocês, matar outros dois será fácil

A mulher avançou com sua espada e se aproximou da dupla, Drake mandou uma onda de gelo no chão e prendeu os pés da mulher, mas ela partiu o gelo com um golpe de espada e então com um veloz movimento cortou fora as pernas do vampiro que estava do lado de Drake. Sangue foi derramado no chão e assim que o cheiro foi em direção ao meu nariz eu avancei.

Com um único pulo cai em direção a mulher, mas ela me parou usando a espada, a lâmina não me cortou mesmo me acertando com o gume da espada, mas mesmo assim eu cai para trás, eu então uivei e avancei novamente. A mulher tentou parar a mordida que daria na sua perna, mas com uma rápida mordida parti a espada em pedacinhos. Joana recuou e ficou me encarando:

-Maldito seja você, cão do satã – Joana disse e assim que ela fechou sua boca ao terminar de falar eu fechei a minha boca também, só que a minha boca se fechou ao redor da sua garganta fazendo sangue jorrar pelo chão  

A mulher caiu no chão, seus olhos ficaram me encarando mesmo após ela ter morrido, senti o cheiro de alguma coisa podre, era quase como o cheiro de carniça, mas nenhum daqueles corpos estavam ali a mais do que poucos segundos, não tinha tido tempo suficiente para ter aquele cheiro, encarei aquele líquido que saia do corpo dela, não era da mesma cor do sangue dos vampiros, era escuro, praticamente negro.

Aquele cheiro era ruim demais, precisava de mais sangue, e dessa vez era bom que fosse sangue comum. Olhei para os dois vampiros restantes, o cheiro de sangue que saia do ferimento do vampiro me fez avançar, mas antes que minhas presas acertassem o meu alvo alguma coisa me parou, uma prisão de gelo:

-Da onde você saiu lobisomem? – Drake falou, mas a única resposta que consegui emitir foi um uivo, mas um uivo tão alto que fez a prisão de gelo e tremer e o gelo rachar, aproveitei e então quebrei o gelo com uma patada

Corri na direção do vampiro ensangüentado, não havia lógica em pegar Drake agora, primeiro o cara que já estava sangrando, depois eu fazia o outro vampiro sangrar. Tentei abocanhar o vampiro manco, mas antes de poder devorá-lo estacas de gelo acertaram a lateral do meu corpo me fazendo rolar para o lado:

-Não me ignore saco de pulgas! – Drake disse com garras de gelo ao redor das mãos

Se ele queria a minha atenção então ele havia conseguido, corri na direção de Drake e pulei com a boca aberta mirando direto na garganta dele, um erro, o desgraçado mandou duas estacas de gel na direção da minha boca e por muito pouco elas não me acertaram.

Uivei de raiva e ergui meu corpo do chão ficando sobre duas patas, ficar andando de quatro era um saco, não sei como os animais agüentavam. Corri na direção de Drake tentando manter o andar sobre as pernas e então ataquei, uma sequencia de garras direto no peito do vampiro, mas as malditas garras de gelo dele suportavam cada um dos meus ataques.

A luta estava mais equilibrada do que eu queria, cada golpe meu era defendido perfeitamente pelo vampiro como se não fosse nada e aquilo estava me irritando bastante. Para acabar com aquela idiotice ritmada eu tentei morder Drake, mas não consegui mover meu pescoço, ele estava preso:

-Finalmente – o vampiro falou com um sorriso no rosto – vocês idiotas sempre caem nessa, a cada golpe eu congelava parte do seu corpo com exceção dos braços para que você não percebesse e graças ao seu corpo peludo você não percebeu o frio que está ao nosso redor, mas é claro que eu não vou deixar seus braços livres não é mesmo?

Senti meus braços começarem a se prender, tentei me mover, quebrar aquela droga, mas meu corpo não estava se mexendo e aos poucos o gelo começou a subir em direção a minha cara:

-Você dará uma bela estátua saco de pulgas – o vampiro disse desfazendo seu gelo dos braços

-Não vamos congelá-lo senhor – falou o vampiro aleijado se arrastando para perto de mim, suas pernas já pareciam estar voltando, mas elas estavam se regenerando lentamente então ainda poderia demorar meia hora para ficarem perfeitas – Ele pode fugir, temos que matá-lo agora

-Nós não vamos matá-lo – Drake disse me encarando

-Ele tentou machucar um membro da realeza senhor, o mestre Vlad tem que saber disso e ele também vai querer ver a cabeça do desgraçado quando dermos a mensagem

-Eu já lhe disse que não vamos matá-lo, e meu pai não vai saber desse incidente

-Um lobisomem atacando um vampiro sem motivo algum é uma ofensa a nossa raça senhor, ele tem que ser punido junto de toda sua raça

-Nós não vamos fazer isso! Eu não quero saber de intrigas entre nós e esses vira-latas estúpidos me entendeu, não podemos correr riscos de acontece ruma guerra me entendeu?

-Mas senhor....

-Entendeu?! – os olhos de Drake brilharam, ele estava com raiva, e eu também, eu não queria ficar, eu tinha que sair, eu tinha que matar

Quebrei o gelo usando o máximo da minha força e agarrei a garganta do vampiro aleijado, levantei ele acima da minha cabeça e cravei meus dentes na garganta dele quebrando todos os seus sete ossos da garganta com uma única mordida e fazendo sangue jorrar, aquele sim era sangue comum, não aquela porcaria negra de antes.

Podia sentir o gosto do sangue na boca, não era bom, sangue de vampiro era horrível na verdade, mas pelo menos não cheirava a morte. Mesmo com aquilo eu ainda precisa matar mais, ainda não tinha o suficiente. Encarei Drake e ele me encarou de volta fazendo seu gelo aparecer.

Antes que eu pudesse atacar Drake fui acertado por um jato de fogo, rolei para trás com meus pêlos queimando, tentei apagá-los com as mãos e então encarei na direção de onde tinha vindo o ataque flamejante, o pequeno demônio vinha acompanhado de Amy e daquele pequeno dragão dele, uivei quando vi o grupo e me preparei para atacar, mas então vi atrás dele uma figura meio monstruosa, parecia uma pessoa, mas seu corpo tinha medidas desproporcionais e ele era cheio de pêlos, era um dos lobisomens:

-Então o que fazemos agora lobo? – Will perguntou me encarando

-Vocês têm que derrubá-lo e tentar paralisá-lo o mais rápido possível e ai é só esperar o dia amanhecer – disse o lobisomem

-Mas ainda faltam muitas horas pro sol nascer – Amy disse pegando sua adaga

-Eu sei, mas é isso ou nada

-Rubys – Will falou e o dragão foi para no seu ombro – Você acha que consegue derrubar aquele ali? – o dragão silvou e então ficou me encarando, Will então sorriu e olhou para Drake – Ei vampiro vamos precisar do seu gelo pra prender aquele ali

-Você não manda em mim demônio – Drake disse enchendo todos os seus dois braços com espinhos de gelo – Eu já ia fazer isso antes de vocês chegarem

 Will arremessou algo para Drake e então avançou por um lado e Drake avançou pelo outro, quando percebi os dois haviam me cercado, Drake atacou arremessando suas estacas de gelo, destruí todas elas com uma rápida sequencia de golpes, mas isso me deixou com a guarda aberta e então senti algo batendo nas minhas costas.

Caí no chão com minhas costas pegando fogo, tentei rolar no chão, mas não adiantava então rasguei minhas próprias costas com minhas garras e deixei ela se regenerar aos poucos:

-Você não é tão idiota quanto pensei Michael – Will disse se aproximando de mim, tentei falar algo, mas a única coisa que saiu foi um uivo – Mas é uma pena que não seja esperto o suficiente para me enfrentar

Will desferiu um soco no ar e um dragão de fogo veio na minha direção, pulei para o lado escapando do fogo, mas antes que pudesse me preparar para atacar uma prisão de gelo se formou ao meu redor. Uivei de ódio e fiquei golpeando a prisão, mas ela parecia mais resistente do que as anteriores:

-Desculpe Michael, mas vamos ter que te machucar – Will disse erguendo o braço na minha direção – E vamos machucar bastante, Loue!

Eu deveria concordar com o monstrinho, aquilo doeu bastante, a prisão de gelo explodiu ao meu redor me prendendo dentro de uma espécie de bola de fogo e fumaça. Caí no chão sem forças, senti o corpo pesar:

-Boa idéia essa sua demônio – Drake disse jogando para Will um saco – Misturar pólvora no gelo foi uma boa idéia, mas poderia ter me deixado matar ele com minhas estacas mesmo

-Nosso objetivo não é matá-lo – disse Amy andando para perto de Will – Era só paralisá-lo até a lua sumir

-Você teve sorte então caçadora, se um dos meus vampiros tivesse visto esse idiota me atacando reportariam ao meu pai Vladimir e vamos dizer que se meu pai souber de um lobisomem me atacando as coisas não vão acabar muito bem para ninguém

-A culpa é toda minha – falou o lobisomem maldito – Eu deveria ter sido capaz de pará-lo, mas a transformação dele ocorreu rápida demais, nunca vi um lobisomem novato se transformar tão rápido e ele ainda estava banhado de prata, ele jamais poderia se transformar tão rápido a não ser que fosse um puro sangue

-O que quer dizer com puro sangue? – Amy andou na direção do lobisomem que parecia travar uma luta consigo mesmo, seu corpo estava quase todo transformado, mas ele ainda mantinha sua sanidade

-Todas as raças possuem seus nobres, nós lobisomens chamamos os nossos de puros sangues, são muitos poucos nos dias de hoje, mas eles ainda existe, talvez ele seja descendente de algum puro sangue já morto, ou talvez não, ele só seja especial – o lobisomem se jogou no chão, ele não agüentaria mais muito tempo – Eu tenho que voltar para a floresta, não vou me controlar por muito tempo, mas devo conseguir me amarrar a tempo, vocês tem que prendê-lo antes que ele se regenera e impedi-lo de destruir tudo

O lobisomem correu rumo a floresta, enquanto isso os outros três andaram na minha direção e senti o gelo me cobrir aos poucos:

-Pronto – falou Drake – nosso amigo não vai mais se erguer

O vampiro então pegou algo do bolso, o que era aquilo? Uma bolsa de sangue, ele pegou o pacote e o cheiro do sangue foi até o meu nariz, senti meu corpo ganhar força e a última coisa que lembro foi que avancei.


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Notas finais do capítulo

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