Pés Descalços escrita por gudoritos


Capítulo 1
Pés Descalços




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- Por que está descalço, Dean?

- Quero sentir o mundo, Cas…

Dean ainda segurava a garrafa de cerveja entre os dedos da mão direita, quando Castiel sentou-se ao seu lado, no parapeito do prédio. As luzes dos carros, na rua alguns metros abaixo, moviam-se depressa, mas alheios aquela movimentação, os dois apenas olhavam em direção ao horizonte, sem nada a dizer. E foi Castiel quem quebrou o silêncio, indagando Dean sobre algo que perturbava-o desde o primeiro momento em que encontrara o jovem caçador:

- Quando você vai aceitar isso?

- Não sei do que você está falando, Cas. – respondeu Dean, tomando mais um gole da cerveja.

O arcanjo observou o outro com um olhar curioso, antes de esticar a mão e tomar a garrafa de Dean, levando-a aos lábios, e bebendo mais da metade do conteúdo. Dean acompanhou a ação do anjo com um misto de surpresa e satisfação.

- Eu sabia que essa abstinência toda não iria durar muito…

- É o meu corpo humano que necessita, que isso fique bem claro! – argumentou Castiel, com um sorriso, até então desconhecido nos lábios.

Os dois continuaram se encarando por um tempo, até que Castiel repetiu seu questionamento, e dessa vez, Dean respondeu:

- Talvez quando eu achar alguém que substitua isso que eu sinto. Eu sei que é errado, Cas. Pensei que com essa segunda chance, eu pudesse, não sei se consegue me entender, mas eu pensei por um momento que tudo acabaria… Depois de tudo que eu passei naquele lugar, mas parece que só serviu para aumentar ainda mais o que eu sentia.

- Será mesmo que aumentou, Dean?

Os olhos desafiadores de Castiel perfuraram Dean novamente, sem piedade. O caçador fechou os olhos por um instante, e quando abriu-os novamente, eles estavam marejados.

- Eu não sei, Cas… Não sei mais.

Os braços de Castiel envolveram os ombros de Dean em um abraço desajeitado, mas o loiro não se importou, e deixou que sua cabeça encostasse no peito do anjo, que o apertou com mais força. As lágrimas molharam a camisa azul de Castiel, e quando se separaram, Dean sentiu-se envergonhado pelas lágrimas. Desceu do peitoril e caminhou em direção a porta que levava para dentro do prédio.

Mas antes que ele entrasse, Castiel exclamou:

- Por que está descalço, Dean?

- Quero sentir o mundo, Cas…

- Não precisa ser assim. – respondeu o anjo. – Eu não conheço os mesmos sentimentos que você, mas eu sei, que, por mais que possa doer agora, haverá um significado para tudo isso no final.

- Eu tenho medo dessa resposta, Cas… Não sei se vou gostar tanto dela.

- Estarei com você, então não precisa temer.

E antes que Dean pudesse retrucar mais uma vez, Castiel tinha ido embora, junto com a mesma brisa quente que afagou o rosto do Winchester mais velho. E que o fez sorrir ingenuamente, como uma criança que acabara de ouvir uma história de sua mãe antes de dormir.

Mas Dean não adormecera. O calor daquele abraço ainda estava rodeando seu corpo. Protegendo-o.

E de certa forma, ele se sentiu realmente protegido.


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