Eu estava tão empolgada! Finalmente tinha convencido as minhas duas melhores amigas a irem comigo no show da minha banda favorita! Mas ainda sim tinha uma condição... Tinha que ir há uma boate que abriu há pouco tempo com elas. Não que eu, Ana Fürstin não gostasse de boates, é que eu achava muito cheio e escuro. Sem contar que eu nunca gostei de lugares fechados...

“Eu me sinto tão claustrofóbico aqui
Preste atenção! agora é melhor desaparecer
Você não pode me fazer ficar
Eu vou quebrar tudo
Quebrar tudo”

Sim, realmente esse trecho fala tudo o que eu estou sentindo num lugar desses... Mas o engraçado é que eu não me sinto mal estando no meio de um monte de gente para assistir a um show, principalmente se for deles, Tokio Hotel.

Entretanto, não é porque elas aceitaram ir comigo ao show que eu tenho que ficar perto delas o tempo inteiro. Após o show, íamos nos encontrar na entrada do estádio.

Quando entramos no estádio, eu rapidamente corri para perto do palco, consegui um lugar muito bom, mas mesmo nesse aperto todo, Nicolle e Claire ficaram perto de mim. Melhor ainda.

O show foi demais, cantei todas as músicas olhando para ele, o amor da minha vida, Bill... E talvez ele tenha me reparado no meio dessas fãs loucas.

Após o show, eu fui com aquelas duas para a boate, a nova boate mais badalada do centro de Berlim. Estava lotada e chata, e era só música eletrônica... Aonde eu fui me meter! Aquelas duas aberrações logo me abandonaram e eu fiquei sozinha, não que eu ligasse, era até melhor, assim eu não precisava reclamar nem nada, já que eu estava sem voz. Pensei até em ir embora, mas seria mancada, já que elas ficaram no show inteiro comigo. Queria que o show tivesse demorado mais, mas foi tão rápido, entretanto, foi inesquecível. Talvez eu não tivesse tantas chances como essa, já que as minhas aulas começariam nessa segunda. Eu estava fazendo meu tão sonhado intercambio de jornalismo em Berlim, nem acreditava! Ficaria um ano, antes de voltar para o Brasil e terminar a faculdade.

Bem, eu estava naquele lugar fechado, escuro e abarrotado de gente. Passou um garçom por mim, e eu peguei uma taça com alguma bebida, não sei ao certo o que era, pois quando a peguei alguém me empurrou, e eu derrubei todo o conteúdo da taça numa pessoa que ia passado.

- Ah mein Gott, me desculpe... É que me empurram. – falei rapidamente olhando para o estrago que eu havia feito na camiseta do rapaz.

- Ahm, não tem problema... Tenho uma camiseta igual a essa. Não se preocupe. – ele falou sendo gentil.

O tal rapaz era bastante alto e tinha os cabelos compridos e pretos, estava usando um gorro e óculos escuros. Me diga, por que uma pessoa em sã consciência estaria usando óculos escuros num lugar que já é escuro? Mas deixa pra lá. O rapaz foi super gentil e pareceu pouco se importar com a camiseta molhada, ainda sim, eu peguei um monte de guardanapos e dei para ele se secar um pouco.

Ele me agradeceu e do nada surgiu uma conversa atrás da outra. Ele estava sendo gentil, mas apenas não respondeu quando eu perguntei qual era o nome dele. Deu um sorriso sacana.

- Ei, você não quer ir para a cobertura? Lá não tem essa música e esse barulho todo, sem contar que dá para respirarmos um ar e conversarmos melhor. – ele falou me indicando umas escadas.

- Ah, tudo bem... Eu não gosto muito disso mesmo. – falei indicando as luzes.

Ele apenas sorriu de canto e me puxou pela mão. Enquanto nós dois subíamos as escadas, reparei que um homem de terno preto ficou na ponta dela, fazendo aquela comum pose de seguranças.

A vista lá em cima era linda! As luzes da cidade deixavam aquela vista tão bonita... Corri que nem uma criança para a beirada da cobertura, e olhei para baixo. Ouvia o rapaz sem nome rir da minha ação. Eu olhei para ele e ri... Mas o meu riso parou ao notar que ele havia tirado os óculos escuros. Eu estava frente a frente com ninguém menos que Bill Kaulitz!

- Mas, mas... O que você está...? – eu não consegui concluir a minha pergunta.

- Acho que não preciso falar o meu nome, não é? – ele me perguntou divertido.

- Não.

- Eu a vi no show... Você era uma das garotas da frente, a que mais chamava a atenção. – ele afirmou olhando para mim e se aproximando.

- Eu chamei a atenção? – perguntei espantada.

- Sim. – ele respondeu como se fosse obvio parando a meu lado.

Não era para tanto... Meu cabelo era preto, normal... Está bem, quem eu estou querendo enganar? Meu cabelo era preto sim, mas no meio era loiro perola, ou seja, branco.

- Ahm, se você diz... Eu só não acredito que você está aqui. – fui sincera. Era muita sorte para alguém como eu encontrar ele.

Ele apenas riu e me olhou.

- Eu estou aqui. – afirmou sorrindo.

Voltamos a conversar bobagens, eu não sei como, mas ao saber quem ele era realmente eu me soltei mais ainda... Quanto mais conversávamos mais assunto vinha. Ele me contou que não era comum ele fazer isso, conversar com alguém desconhecido. Eu disse o mesmo, na verdade eu nunca tinha feito isso. Ficamos conversando durante um bom tempo até que... acabou o assunto! Ele ficou em silêncio olhando o movimento da cidade e eu fiquei observando-o pelo canto dos olhos. Apesar do silêncio e do clima parecer ter pesado, eu estava me sentindo bem lá.

- Sabe, eu nunca fiz isso antes... Mas acho que com você não seria tão... – ele começou quebrando o silêncio, mas tornou a ficar quieto de novo.

- O que foi? – perguntei me virando para olhá-lo.

Bill ficou me observando em silêncio, por um momento achei que ele fosse me responder, mas tornou a fechar a boca e olhar para baixo. Admirou um pouco o tênis da Addidas que ele usava e tornou a me olhar.

- Eu posso beijá-la? – ele perguntou do nada – Eu sei que está indo meio rápido, mas eu não sei se terei outra chance como está.

Primeiro eu fiquei sem ação, depois olhei para ele abismada... Ele estava falando sério ou apenas me testando?

- Isso não é coisa que se peça. – falei olhando seriamente para ele.

Por um momento ele me olhou atentamente, observando as minhas feições e depois se aproximou mais. Achei que meu coração ia sair pela boca, mas não. Ele acertou uma mecha do meu cabelo e eu fechei os olhos. Sentir o toque dos lábios gelados dele me esquentou. Eu nunca imaginei que beija-lo seria tão bom, e muito menos que ele iria tentar algo assim. Nos separamos pela falta de ar. Eu observei seu rosto, suas feições eram perfeitas e muito belas. Ele me olhou e sorriu, me puxou pela cintura para mais perto dele e tornou a me beijar.

Um tempo depois, enquanto nós estávamos sentados no chão da cobertura conversando e encostados um no outro, um dos seguranças apareceu chamando por mim, dizendo que minhas amigas estavam atrás de mim para irmos embora.

Eu me despedi do Bill rapidamente me levantei. Porem antes de eu sair, ele me chamou e pediu meu celular, disse que me ligaria amanhã para combinarmos algo. É claro que eu dei o meu número para ele.

Claire e Nicolle estavam entusiasmadas, e talvez bebido um pouco. Fomos para casa comigo dirigindo enquanto elas me contavam sobre o que haviam feito. Não mencionei o que havia acontecido comigo, mas ainda sim eu estava quase explodindo de felicidade por dentro.

Chegamos em casa e eu fiz aquelas duas tomarem banho, nossa casa era junto a universidade, por isso não pagávamos nada, apenas tínhamos que manter as nossas notas e sermos exemplares... Era coisa do intercambio. Eu tomei um banho e coloquei o meu pijama.

A parte do dormir foi fácil, eu estava cansada e exausta, dormi rapidamente. E quando parecia ter passado muito pouco tempo, meu celular começou a tocar.

Quando eu atendi, eu estava grogue. Falei em português, primeiro erro.

- Alô?

- Hallo?

- Hallo.

- Ana? – a voz perguntou.

- Ela mesma, quem é? – perguntei completamente grogue.

- Bill. – respondeu.

- Que Bill? – estava com uma preguiça de me levantar.

- De ontem a noite, não se lembra? Eu te vi no show, e depois, na boate.

Eu me sentei rapidamente na cama.

- Não foi um sonho?

- Não. – ouvi risos – Então, tem algum compromisso para hoje? – Bill perguntou ainda meio rindo.

- Não.

- Topa um almoço e depois um passeio no shopping? Hoje estou livre também. – ele falou.

- Ahm, claro que sim. – olhei no relógio, já passavam das onze.

- Certo, eu passo te buscar...

Rapidamente eu passei meu endereço para ele, e logo ele reconheceu o lugar. Disse que passava me pegar daqui uma hora e desligamos.

Não podia acreditar ainda, eu ia sair com Bill Kaulitz!