Eu não parava de pensar nele, eu odeio quando me chamam de Gabizinha, mas ele me chamou de um jeito tão fofo e ao mesmo tempo tão irritante.. Parecia que ele sabia que eu odeio quando me chama assim.
Segunda feira foi mega agitada, não sei por quê. Fomos apenas pegar a papelada de transferência e fomos para o outro colégio me matricular. Foi mega rápido, e voltamos pra casa.
Eu fui para o parque com uma enorme esperança de encontrá-lo de novo, mas ao mesmo tempo, eu não queria. Eu fui sozinha, Josh estava na escola, e eu estava sem paciência pra aturar minha mãe.
Sentei no banco e comecei a escutar Wide Awake. A música estava alta, e mesmo assim eu ouvi algo em meus ouvidos que não faziam parte da música, e quando eu viro, era Harry. Deu-me uma enorme vontade de socar esse garoto.
-Hey GABI..zinha
-Para com isso!
-O que faz aqui pequena? Não tem escola não?
-Hoje não, só amanhã, eu mudei de escola.. E você? Não estuda? É vagabundo? Hahaha.
-Eu não queria ir hoje, odeio primeiro dia de aula. E algo me disse que eu deveria vir pra cá, rs.
Eu comecei a corar, eu mal o conhecia e ele já me causava isso. Eu estava odiando passar por esse momento.
-O que a senhorita esta ouvindo? AH! Eu amo essa música!
-É a minha preferida.
-Me passa seu telefone? Vou te atazanar agora hahaha!
Passei meu numero ao Harry, ficamos conversando mais e mais, até que nós começamos a falar sobre escola.
-CARA você ta na mesma escola que a minha? Como assim?
-É verdade! Hahaha, vou te atazanar muito mais! – me olhou com uma cara safada.
-Vou te chamar de Hazz, ok?
-Tá, só não pode Hazzinha.
-Ok, Hazz..inha.
-Ah para.
-Você me chama de Gabizinha e eu odeio, então eu vou começar a te chamar de Hazzinha.
-São 12:00 já, borá comer?
-Bora! To sem paciência pra aturar minha mãe mesmo, vou só ligar pra ela e avisá-la.
-Ok! Vamos aonde?
-McDonald’s?
-Sim.
Chegando lá, nos fizemos nosso pedido, eu paguei o meu porque eu comecei a brigar com Harry, ele pagou o dele e fomos pra mesa, parecíamos dois bêbados.
-Sabe o que eu acho engraçado?
-O que?
-Que a gente nem se conhece direito, mas estamos aqui no McDonald’s, conversando, como se fossemos melhores amigos.
-Pois é – Enquanto ouvia Harry dizer aquilo, eu tentava abrir um ketchup. E eu tinha feito um furinho de um lado.
-Deixa que eu abro. – Quando Harry pegou o ketchup, ele apertou, fazendo com que o ketchup fosse na minha cara e na minha blusa toda.
-HARRY!
-Gabi..zinha?!
-EU VOU TE MATAR, SEU VIADÃO.
Todos começaram a olhar pra gente, eu não estava acreditando que aquilo havia acontecido.
-Eu te ajudo a limpar isso.
-Nem tenta amenizar o teu lado, você me paga Styles.
Fomos ao banheiro, ele me ajudava a limpar toda a sujeira, eu não via a hora de ir pra casa e tomar um banho. Eu não parava de repetir pra mim mesma: ‘Você me paga Styles, você me paga’
-Gabi, você que fez o furinho no sache, eu não tive culpa.
-Quem sabe se você não tivesse apertado o ketchup quando foi pegar, nada disso teria acontecido.
-Mas foi engraçado.
*risos e mais risos*
Lavei meu rosto, e Harry me secou, para tentar aliviar sua culpa.
-Boa comprar um sorvete?
-Ok, mas eu pago, flw?
-Tá Harry, paga..
Compramos o sorvete e voltamos ao parque, sentamos em uma das mesinhas ali e então começou a chover, choveu fraco, depois foi aumentando de uma forma inexplicável. Fomos correndo para casa de Harry, já que era mais perto.
Fomos tomar um banho, porque estávamos encharcados.
- Toma banho nesse banheiro.
– Tá, mas eu to sem roupa.
- Vou buscar uma toalha pra você, enquanto isso, vai lá ao quarto da minha irmã pra escolher uma roupa pra você, ok?
-Ok
Fui ao quarto de Gemma, ela era um fofa, ela me ajudou, contei a história toda da chuva e me emprestou uma roupa.
-Toma a toalha e a blusa.
-Obrigada, Harry.
Eu entrei no chuveiro, tomei um banho e troquei de roupa. Quando sai do banho, Harry estava sentado no sofá, já de banho tomado, o que me fazia mal porque eu achei que tinha demorado. Ele tava com a mesma cara de mal de ontem, me encarando. Harry deu um suspiro.
-Nossa!
-O que?
– Nada.
-Bom, tenho que ir. Obrigada por tudo e tal e.. – Olhei para fora, estava impossível de sair dali, chovia muito, eram gotas doidas.
-Liga pra sua mãe, você não vai conseguir sair daqui.
-Ok.

*telefone on*
-Mãe?
-Oi filha, aonde você ta?
-Então, eu conheci um menino e tal, ele estuda na mesma escola que eu, e nós saímos agora a pouco, estávamos no parque, e começou a chover. Eu não consigo sair daqui, eu vou ficar aqui até a chuva parar, ok?
-Tá filha, se cuida.
-Beijos.
*telefone off*

- Eu vou ter que ficar aqui até a chuva parar.
-Se bobear, só amanhã que passa.
- Cara, e a sua mãe? Ela não vai me estranhar?
- Ela nem liga.
- Ok, vamos fazer o que?
- Vamos ver um filme e comer uma pipoca, que tal?
- Ok.
Nós fomos fazer a pipoca e escolhemos o filme ‘Amizade Colorida’
Estávamos vendo o filme, deitados na cama, com a pipoca no meio, com o ar condicionado (sim, um frio do caralho e a gente querendo mais frio) e cobertor, tava tão
legal, até que chega a parte que eu mais amo, e Harry começou a falar.
-Cara, como você vai pra casa?
-Não sei cara.
-Mas será que amanhã tem aula?
-Não sei cara.
-Gabizinha, qual seu nome?
-Não sei cara.
-CARA, ME OUVE POR FAVOR?!
Eu queria prestar atenção no filme, e Harry só queria conversar. Eu taquei uma pipoca na testa dele, ele pegou outra e tacou no meu nariz, e assim foi, uma guerra de pipoca. Eu estava tacando pipoca e prestando atenção no filme, até que chega a parte que o cara prepara todas as pessoas no aeroporto para dançarem pra mostrar o amor que ele sentia por ela e do jeito que eu sou tão boba, sempre choro nessa parte, eu acho tão linda. Quando Harry viu, ele tirou o pote de pipoca entre a gente e ficou um tempo abraçado comigo, minha cabeça estava encostada em seu peito, e eu ouvia os batimentos acelerados dele, e aquilo me fez chorar mais. Ele olhava pra baixo toda hora, pra ver como eu estava, até que eu levantei minha cabeça na mesma hora que ele me olhou. Aquela cena, boba ou não, significava pra mim. Era alguma coisa que mexia comigo, aquela cena me dava uma ‘esperança’, que um dia eu ia descobrir por que.
- Porque minha Gabizinha ta chorando?
- Minha?
- Porque ta chorando Gabizinha?
- Nada, eu sou uma boba, eu amo essa parte.
Ficamos naquela posição por um tempo, o barulho da chuva era alto demais, e sim, poderia ocorrer enchentes, eram fortes os pingos de chuva.
Eu pedi para Harry passar a pipoca, e saímos daquela posição, ficamos mais um tempo assim, eu estava sem graça, eu tinha conhecido o menino ontem e estava na cama dele (sem duplos sentidos, ok?). Eu me afastava cada vez mais, até que trovejou, e como eu sou uma medrosa, eu dei um grito e pulei pra perto de Harry, fazendo ele me abraçar, e me encarar.
- Porque tá me olhando?
Harry ficava em silêncio, e aquele momento era tão estranho que eu não sabia se dava risada ou se chorava. Comecei a encarar Harry, ele tava com a mesma cara de mal de ontem.
- Assim eu não resisto.
-O que?
Harry me beijou, foi um beijo lento, e estranho, foi como se algo tivesse grudado a gente, como um imã.
Ele terminava com leves selinhos, até que parou, mas continuou com o rosto colado no meu, me olhando.
-Harry, mas o qu- Ele me interrompeu com outro beijo, mais lento, mais gostoso.
Ele terminou o beijo, continuou agarrado em mim, na mesma posição de antes, só que ao invés dele deitar minha cabeça sobre seu peito, ele se ‘afundou’ entre os edredons, e terminou de ver o filme comigo.
O filme acabou e ficamos naquela posição, sem se mexer, sem nada. Era um silêncio tão profundo, tão estranho e tão confortável.
-Vamos fazer o que agora?
- Não faço à mínima.
-São 18:37, vamos deitar, ficar vendo TV até dormir.
-Ok.
Ficamos vendo um filme de terror, e eu ficava com tanto medo que eu me afundava nas cobertas. Teve um momento mais forte no filme, ah como eu sou medrosa. Eu fiquei um tempo debaixo das cobertas.
-Gabi?
-Ah, o que?
-Você tá com medo?
-To.
Harry se afundou no cobertor e começou a me fazer cócegas, e sim, eu também odeio cócegas, dá uma sensação estranha e engraçada. Ele percebeu que eu estava rindo demais, e parecia que ele queria arrancar isso de mim, então eu comecei a fazer cócegas nele também. Nós rimos tanto, que nossa barriga chegou a doer. Harry estava com falta de ar já, eu estava mega cansada, voltamos a ver o filme, voltamos à mesma posição: minha cabeça deitada em seu peito. Aquela posição estava tão angustiante, parecia que eu o incomodava assim. Voltamos ao normal, como se nada daquilo estivesse acontecido, e aquilo me estranhava, eram dois beijos, um ataque de cócegas e uma guerra de pipoca, sem motivo algum.
Ele trocou de canal, ficamos vendo um filme normal, até que dormi, mas eu ainda podia sentir Harry se mexendo, ele apenas ‘afundou’ seu corpo para dormir, e nós dormimos ali, naquela posição, agarradinhos, sem nem saber o porquê.