- Fui eu quem errou primeiro e fim de papo! – disse Percy convicto.

- Mas o meu erro foi muito pior – insisti. Não podia deixar de lado aquela minha mania de querer sempre ter razão em tudo. Mesmo quando isso significava uma coisa ruim em relação a mim. Eu já esperava que aquela conversa não fosse fácil. Mas lá estávamos nós discutindo para ver quem tinha mais culpa na história toda.

- Acabou que seu erro não foi assim tão grave no fim das contas... – ele tentava diminuir o estrago que eu tinha feito, mas não conseguiu me convencer.

- Foi sim, Rachel ficou arrasada! Seria melhor que ela nunca tivesse descoberto sobre Travis e Drew.

- Não diga besteiras! Claro que foi melhor ela saber disso logo de uma vez – ele falava aquilo enquanto eu negava com a cabeça, mesmo sabendo que ele no fundo estava certo – O fato é que nada disso teria acontecido se eu não tivesse pisado na bola primeiro...

- Mas você não fez com má intenção. Como você disse, só contou aquelas coisas a Rachel porque ela também contou sobre suas “intimidades” com Travis a você. Só estavam tentando ajudar um ao outro. Acho que se eu tivesse alguma amiga tão próxima teria feito o mesmo. Então sua mancada não foi assim tão grande – conclui achando que enfim eu colocaria um fim aquela disputa pelo título de “pior erro”.

- É, mas você está se esquecendo de contar que eu também menti pra você quando me perguntou quem é que me ajudava com as coisas lá na cachoeira... – ele parecia que não iria desistir tão fácil.

- Tá certo. Você não precisava ter mentido nisso. Mas de qualquer forma não foi algo tão grave. Você sabia que eu não ia gostar dessa ideia por isso não contou.

- Então tecnicamente ficamos empatados. Pode ser? – disse ele rendendo-se enfim.

- Está bem. Ambos erramos igualmente. E pelo que eu entendi, ambos estamos arrependidos e dispostos a esquecer do que passou, certo? – disse sorrindo e me aproximando para abraça-lo.

- Você está completamente certa, como sempre, meu amor! – ele riu retribuindo meu abraço e me apertando mais forte contra ele.

Nos beijamos demoradamente. No fim das contas não tinha sido tão ruim assim acertar as coisas com Percy. A princípio ele não tinha gostado nada da minha ideia de vingança e de como eu tinha me comportado com Rachel. Mas depois ele reconheceu que também tinha sua parcela de culpa naquela trama toda. Acabamos por concluir que os dois pisaram na bola e tinham muito que aprender com esse episódio.

Não pude evitar me lembrar de Afrodite nesse momento. Seria ela tentando colocar nosso amor a prova outra vez? Será que Rachel ou Percy, ou até mesmo eu havíamos sido influenciados a fazer alguma daquelas coisas? Não, aquilo já seria absurdo demais. Preferi acreditar que tínhamos agido por contra própria. Nossa insegurança, imaturidade e desconfiança fizeram-nos cometer aqueles erros. Não precisávamos da influência de nenhuma deusa para quebrar a cara de vez em quando. Mas felizmente havíamos conseguido passar por aquele obstáculo e ainda aprendemos valiosas lições. Afinal o que não te mata de faz mais forte, não é assim que dizem?

Percy, porém não estava muito preocupado em pensar nessas coisas. Parecia estar mais interessado em recuperar o tempo perdido. Ele não deixava de demonstrar o quanto sentira a minha falta. Mesmo enquanto ainda discutíamos ele mantinha o contato entre nós, segurando minhas mãos, acariciando meu braço, mexendo em meu cabelo. E agora que tínhamos resolvido dar uma trégua, ele aproveitou para, literalmente, tirar o atraso. Ainda tínhamos o restante do domingo para aproveitar então ele não pensou duas vezes. Segurou minha mão e me conduziu mata adentro, rumo ao nosso “santuário”.

Ainda faltavam algumas horas para o sol se por, tínhamos um tempo considerável até a hora do jantar. Mas logo me lembrei de que não teríamos que nos preocupar com isso já que nossa barraca sempre estava repleta de suprimentos. Percy nunca deixava faltar nada. Ou Rachel não deixava. Eu ainda me sentia desconfortável com aquilo. Será que ela continuaria ajudando Percy depois de tudo o que aconteceu? Eu teria que perguntar, não iria mais tentar descobrir nada por mim mesma. Mas deixaria isso para outra ocasião. Tenho que confessar que também estava ansiosa para poder matar as saudades do meu namorado. Estávamos há quase dois dias inteiros afastados.

- Nossa, tinha esquecido como esse lugar era longe – me queixei quando estávamos quase chegando à cachoeira – Bem que você podia ter arrumado um lugar mais perto para montar o nosso esconderijo secreto, não tão secreto assim.

- Ei, você não achou ruim ter que caminhar até lá nas outras vezes – disse ele virando o rosto rapidamente para mim e depois voltando a olhar para frente, prestando atenção ao caminho que percorríamos.

- É que só agora me dei conta disso, acho que é porque o dia foi cheio e estou cansada – falei fazendo força para não rir. Na verdade eu não estava tão incomodada por ter que andar tanto, só queria mesmo irritar Percy.

- Bom já que está tão cansada vem cá... – ele disse aquilo enquanto vinha em minha direção. Sem pedir licença e sem que eu pudesse opor qualquer resistência, Percy me pega no colo – te carrego o resto do caminho.

- Percy eu estava brincando – falo depois de me recuperar do susto – Pode me por no chão eu vou andando o resto do caminho sem problemas... – meus braços já envolviam seu pescoço enquanto ele caminhava pelo chão de terra.

- Nada disso. Quem mandou a senhoria ficar reclamando. Agora será carregada até lá – ele falou com tanta convicção que eu desisti de tentar argumentar.

Por sorte já estávamos bem perto da cachoeira. Eu já podia ouvir o som da queda d’água alguns metros a frente. Não sei se Percy me aguentaria por mais muito tempo. Ele era forte mais nem tanto. Aproveitei a minha posição privilegiada para encostar-me em seu ombro e tocar levemente o seu pescoço com a ponta do nariz. Ele pareceu reagir a esse mínimo toque quando me ajeitou em seus braços.

- Amor, eu adoro quando você faz isso. Mas nesse momento especificamente prefiro que não faça. Não vai me ajudar a manter o equilíbrio – ele falava sério.

- Desculpa – disse constrangida enquanto tentava segurar o riso sem sucesso.

Finalmente avistamos nossa barraca e a imensa cachoeira que ficava a sua frente. Percy fez questão de continuar me levando nos braços até chegarmos bem perto dela. Ele se inclinou para me deixar sentada em um das cadeiras que ficava ali a frente, como se eu fosse uma inválida. Nem tive como reclamar, eu merecia aquilo por me fazer de coitada enquanto estávamos a caminho. Percy entrou na barraca e começou a vasculhar em suas coisas como se procurasse algo. Eu não me surpreenderia se ele aparecesse com uma novidade, isso já tinha virado tradição mesmo.

Enquanto isso me virei para a paisagem que havia a minha frente. Fiquei contemplando aquele cenário esplendoroso e instantes depois Percy saiu da barraca. Ele apareceu ao meu lado trazendo uma sacola na mão que eu reconheci na mesma hora. Era aquela sacola que Rachel havia dado a ele quando eu escutei a conversa dos dois as escondidas. Essa parte da história foi a única coisa que não ficou esclarecida. Quando Percy me perguntou como eu tinha descoberto sobre a mentira dele eu desconversei deixando isso de lado. Mas agora vendo aquele embrulho eu me lembrei desse pequeno detalhe, que ainda não tinha contato a ele, mas que também não pretendia contar. Ele veio até mim, tirou uma pequena caixa de dentro da sacola e me entregou.

- Sei que não é nenhuma data especial, mas eu queria te dar isso. Na verdade é um presente para nós dois – ele dizia aquilo com uma ternura que me comoveu. O que quer que estivesse dentro daquele caixa, realmente era muito especial.

- Foi a Rachel que conseguiu isso para você também? – perguntei inocentemente, sem querer recomeçar nenhuma discussão nem dar a entender que eu sabia daquilo.

- Foi sim. Ela me trouxe ontem. Era para eu ter te entregado a noite, mas você me deixou abandonado. Agora eu sei por que foi... – disse ele como se tivesse acabado de se dar conta de que eu havia mentido na noite anterior para não ficar com ele.

- Esquece isso vai... – queria fazer o possível para não deixar aqueles assuntos voltarem a nos atormentar – Agora já está tudo bem e você pode me entregar, o que quer que seja isso. Abri a caixinha com cuidando e mirei seu interior - Oh meus deuses!

Eu não conseguia pronunciar mais nenhuma palavra. Estava surpresa, chocada, impressionada, encantada, fascinada e emocionada ao mesmo tempo. Meus olhos comtemplavam aquelas duas alianças de prata que reluziam a luz do sol. Uma delas era maior que a outra. Percebi que elas continham um pequeno cristal na borda e que em seu interior havia algo gravado. Peguei a menor delas para poder ver melhor. “Percy & Annabeth – eternamente” era o que estava escrito nelas em grego antigo. Não consegui conter a emoção e meus olhos ficaram marejados. Percy pegou a aliança menor de minha mão e a deslizou pelo meu dedo anular da mão direita. Eu peguei a aliança maior e também coloquei em seu dedo. Sempre havia achado essas coisas tradicionais uma perda de tempo. Mas lá estava eu me emocionando ao ver toda a nossa história refletida naquelas simples joias.

- Isso é... É lindo Percy, obrigada! – Queria ter falado algo mais criativo ou mais extenso, mas não consegui. Não seria possível expressar em palavras o que eu estava sentindo naquele momento.

- Não precisa agradecer. Eu é que vou acabar levando mais vantagem com esse presente. Todos os outros garotos que estiverem interessados em você verão que já está comprometida.

- Você sabe que para alguns o fato de a pessoa estar comprometida não é impedimento algum para que tentem se aproximar né? – perguntei levantando uma de minhas sobrancelhas – Alias, parece que a aliança serve como um imã para atrair certos tipos de garotas...

- Eu sei. Mas no momento só me interessa uma garota em específico...

- Só nesse momento? – disse encarando-o com a cara fechada.

- Nesse e em todos os outros momentos do resto da minha vida! – disse ele para que eu não tivesse mais chances de implicar.

Seus braços já estavam em volta de minha cintura e suas mãos já me puxavam para junto dele. Sorri ao encarar seu rosto que expressava doçura e malicia ao mesmo tempo. Beijei sua boca até que ambos perdêssemos o fôlego. Ele foi beijando meu pescoço conforme ia me empurrando para dentro da barraca. Levei as mãos a sua barriga e comecei a tirar a sua camiseta. Ele me deu espaço para que eu fizesse aquilo e logo já estava repetindo o mesmo processo comigo. Tiramos nossos tênis e subimos no colchão. Minhas mãos corriam pelo seu peitoral e barriga até chegarem a sua calça quando eu comecei a tirá-la. Ele também se livrou da minha enquanto ainda trocávamos beijos e carinhos mais urgentes.

Aos poucos fomos nos abaixando até ficarmos ajoelhados sobre o colchão. Meus braços rodeavam seu pescoço e eu o beijava lentamente. Dei uma leve mordida em seu lábio inferior o que o fez sorrir e soltar um resmungo de satisfação.  Ele foi deslizando sua boca pelo meu pescoço até chegar ao meu colo. Nesse momento ele removeu a peça que o impedia de prosseguir e deixou que seus lábios e sua língua explorassem toda aquela região. Eu me aferrava a seus ombros de olhos fechados tomada por aquela sensação tão boa que ele me proporcionava.

Quando já havíamos despido o restante das roupas Percy sugeriu uma ideia nova em meu ouvido que me fez corar e rir sem graça. Mas mesmo assim concordei com a cabeça. Ele se sentou no colchão e eu me sentei por cima dele, envolvendo-o com minhas pernas. Nunca havíamos feito daquele jeito. Era interessante poder ver as coisas de uma nova perspectiva enquanto nossos corpos estavam unidos fazendo-nos delirar de prazer. Ele não deixava de sussurrar jurar de amor em meu ouvido conforme eu empreendia um ritmo mais forte as investidas. Quando terminamos, eu estava exausta. Tinha assumido o controle total naquela posição. Mas o cansaço valia a pena, pois o desfecho era ainda melhor dessa maneira.

Deixei que meu corpo relaxasse deitado sobre o colchão enquanto Percy puxava um cobertor para cima de nós. Fiquei próxima a ele como sempre. Mesmo que quisesse não conseguiria me afastar dele naquele momento. Precisávamos desse momento mágico para poder curtir o que acabara de acontecer. Eu fitava o teto da barraca. Minha mente estava tranquila como a muito não ficava. Eu não pensava em mais nada além de nós dois naquele instante. Todos os problemas e preocupações haviam desaparecido de minha mente. Percy virou-se de lado no colchão aproximando-se mais de mim até que sua boca tocou levemente minha orelha.

- Sabe quem te ama mais do que tudo nesse mundo? – perguntou ele numa voz bem baixa e suave.

- Você – disse sem hesitar.

- Acertou – disse ele. E depois riu me fazendo arrepiar com a sua respiração quente que alcançava meu pescoço – Sabe que as surpresas ainda não acabaram, não é?

- Ah não? Tem mais alguma coisa para mim? – perguntei curiosa para saber o que ele estava aprontando.

- Sim, mas acho que vou guardar para outro dia... – disse ele num tom perverso enquanto ria.