Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 37
Capítulo 36 – Fuga


Notas iniciais do capítulo

Oi amigos leitores, tudo bem? Como começaram a semana? ^^
Hoje meu dia foi cansativo! Estava lá lendo um livro e peguei no sono por isso tô postando um pouco mais tarde hoje :D Espero não ter que parar de postar todos os dias, mas se precisar fazer isso aviso vocês ;)
Espero que gostem do capítulo de hoje!



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 Estava deitada em minha cama no chalé de Atena. Não tive coragem de ir encarar Percy. Eu estava sendo uma covarde. Mas não conseguia agir diferente. Eu sabia de toda a verdade e não conseguiria olhar para cara do meu namorado e fingir que estava tudo bem. Também não sei se eu aguentaria contar que sabia de tudo. Além de eu ter que confessar que o estava espionando, eu não sabia se aquilo era tão grave para ele como era para mim. Havia uma grande possibilidade de ele não ver nada de mal no que fez. E então ele também ficaria muito magoado comigo. E no fim das contas nos iriamos brigar de qualquer jeito.

Então eu preferia adiar o máximo que pudesse aquele fim inevitável. Iria ficar em meu chalé o fim de semana todo se fosse possível. Eu sabia que cedo ou tarde Percy viria me procurar para saber o que tinha acontecido. Eu o havia deixado plantado me esperando no píer, ele não deve ter gostado nada daquele bolo. Mas, pensando bem, ficar ali seria pior. Seria o primeiro lugar onde ele me procuraria. Então decidi sair para tentar me “refugiar” em outro lugar. Peguei minha adaga a prendi no braço e sai.

Caminhei pelo acampamento tomando extremo cuidado de não ser vista por ninguém. Queria dificultar ao máximo que alguém pudesse me encontrar. Pensei no último lugar onde alguém procuraria por mim. Não foi difícil encontrar a resposta. Me dirigi de forma apressada até o “Punho de Zeus”. Cheguei lá e dei a volta naquela imensa pedra no meio da floresta. Tentei ficar o mais oculta possível para quem viesse da direção do acampamento. Me sentei no chão de terra e encostei as costas na rocha.

Tirei minha adaga da bainha e fiquei analisando-a. Me lembrei de Luke e fiquei imaginando o que ele me diria num momento daqueles. Que conselhos me daria. Senti uma saudade muito grande apertando meu peito. Me dei conta de que ele fora o único amigo próximo que eu tivera além de Percy. Também havia Thalia e Grover. Mas a caçadora não seria a melhor conselheira nesse assunto já que abdicou aos garotos para sempre. E o sátiro, bom, ele simplesmente não via os sentimentos e emoções da mesma forma que os humanos. Se eu pudesse escolher algum dos amigos que eu já tive para estar comigo naquele momento, com certeza seria Luke. Infelizmente ele era o único que eu nunca mais poderia ter.

Sequei rapidamente as lágrimas que insistiam em rolar pelo meu rosto. Agora que eu havia me acalmado e espairecido eu conseguia enxergar com mais clareza o que acontecia. Percy vinha sendo o meu ponto de apoio para tudo, meu porto seguro. Eu colocava minha fé, meu amor, minha confiança, e todas as minhas certezas nele. Era para ele que eu corria todas as vezes que sentia que algo estava mal. Era ele que me amparava quando eu tinha medo, raiva e tristeza. E agora que eu não sabia mais se podia confiar nele, me sentia completamente perdida. Não enxergava nenhuma saída para o meu problema. Sentia que o mundo inteiro iria desabar na minha cabeça, e aquilo seria pior do que quanto tive que sustentar o peso do céu no lugar do titã Atlas.

- Mas olha só quem está aqui – foi a voz de Clarisse que interrompeu abruptamente minhas reflexões – A semideusa desaparecida.

- Não estou desaparecida – resmunguei ao virar meu rosto para olhá-la.

- Pois então diga isso para o senhor seu namorado que está que nem doido te procurando pelo acampamento inteiro – disse ela com aquele tom amargo me encarando.

- Eu estava por ai... – tentei desconversar – Fui dar uma volta pelo acampamento e acabei parando aqui para descansar um pouco.

- Entendi... – disse ela pouco convencida – Então tudo bem se eu for até lá e falar para ele se acalmar que você está sã e salva aqui?

- Não! – exclamei com mais urgência do que gostaria – É... Não precisa. É que daqui a pouco eu já vou voltar pro meu chalé mesmo. Então, por favor, pode não dizer a ele nem a ninguém que me encontrou aqui?

- O que está tramando, Anna? – disse ela sacando na mesma hora que eu não estava no meu estado normal – Porque não quer que saibam que esta aqui? Está fugindo de alguma coisa? Ou melhor, de alguém?

- Claro que não! – disse aborrecida como se ela estivesse falando um absurdo, mas era a mais pura verdade – Só quero ficar um pouco sozinha, não posso?

- Pode fazer o que quiser... – disse ela fazendo pouco caso, como se não se desse a mínima para o que eu ia fazer – Mas porque não disse isso ao seu próprio namorado? Por que ele está que nem louco de procurando em tudo que é canto?

- Por nada... – disse de forma mais mansa, ponderando se seria uma boa opção contar a ela o que estava acontecendo - Pra que você quer saber? Nas vezes que fui pedir sua ajuda você sempre fez questão de deixar bem claro que não gosta dessa nossa “aproximação”.

- É, tem razão, Anna! – disse ela me lançando um olhar de puro desprezo e decepção – Não gosto nada disso. Então se você não quer me dizer o motivo pelo qual está se escondendo aqui, ótimo. Não vou contar nada a ninguém. Adeus!

Ela me mediu com o olhar e fez um sinal negativo com a cabeça antes de se virar para sair. Alia estava eu novamente metendo os pés pelas mãos e arruinando tudo de novo. Iria desperdiçar a chance de conversar com alguém sobre o que se passava comigo? De botar pra fora toda aquela angústia que estava sentindo? Tudo bem que Clarisse não era a pessoas mais doce e gentil do mundo, mas ela já tinha me ajudado em outras duas situações parecidas com aquela. Se eu a deixasse ir agora poderia não ter mais a chance de conversar com alguém sobre aquilo. Fiz um grandíssimo esforço para engolir o orgulho e impedir que ela fosse embora.

- Percy está mentindo pra mim! – quase gritei para Clarisse que já tinha dado uns três passos para longe de mim.

- O que? – perguntou ela ao se virar em minha direção e retroceder. Ao menos eu tinha conseguido chamar sua atenção.

- Eu acabei de descobrir que Percy está mentindo para mim numa coisa. E, além disso, tem um segredo que deveria ser só nosso e ele contou a alguém – torci para que ela não pedisse maiores explicações de quem era esse alguém e do que se tratava esse segredo.

- E está fugindo dele por isso? – perguntou ela como se não pudesse acreditar naquilo – O que está esperando para ir até lá e dar uma lição naquele herói metido a besta?

Fiquei surpresa com a resposta que havia me dado. Esperava que ela fosse tirar sarro da minha cara, falar que estava sendo infantil por me esconder ou me dizer que aquilo tudo deveria ser pura paranoia da minha cabeça. Entretanto ela simplesmente acreditou em mim e ainda estava me incentivando a me defender. Não sabia se aquele era o melhor conselho do mundo, mas alguma coisa em mim me dizia aquela não era uma ideia tão má.

- Ainda que eu vá lá e “dê uma lição nele”, Clarisse, será que isso resolverá as coisas? – eu ainda estava insegura e completamente confusa com aquilo - Pode ser que ele não entenda porque eu fiquei tão desapontada pelo que ele fez. E ele com certeza vai se zangar pelo modo como eu descobri todas essas coisas.

- Não importa o que ele vá pensar. Se isso que ele fez te deixa tão abalada ao ponto de você fugir para não encontra-lo, então é porque é algo sério. Não vai adiantar nada ficar aqui sentada esperando que esse problema se resolva sozinho. Vá tirar satisfação com ele e exigir uma explicação. É o mínimo que você merece.

- Eu não sei se eu consigo fazer isso – falei sinceramente. Com certeza uma briga com Percy me deixaria ainda pior do que eu já estava – Por mais que eu sinta que tenho razão. Tenho medo de perder a cabeça e acabar falando o que não devo ou então não explicar direito as coisas e ele me entender mal...

- Você quem sabe, se prefere ficar se martirizando por uma coisa que na qual não teve culpa, tudo bem – disse ela aparentemente desapontada com a mina atitude – Só te digo uma coisa, se deixar isso passar, as mentiras só vão crescer e daqui a pouco vocês vão perder totalmente a confiança um no outro. Agora deixa eu ir antes que me deem por desaparecida também...

- Espera! – disse antes que ela se virasse de novo para ir embora, me coloquei de pé e guardei minha adaga – Eu vou com você - falei aquilo decidida e acompanhei Clarisse de volta ao acampamento.

Já estava quase no horário do almoço então ela ia em direção ao salão do refeitório. Antes de chegarmos lá, porém encontramos uma pessoa no caminho. A última, ou penúltima pessoa que eu queria encontrar naquele momento. Rachel Elizabeth Dare. Ela tinha uma expressão de tranquilidade no rosto o que me deixou com ainda menos vontade de encará-la. Infelizmente ela veio em nossa direção para falar conosco. Clarisse parou de andar e eu fiquei ao seu lado com os braços cruzados e a cara fechada quando Rachel parou a nossa frente.

- Hey garotas, ai estão vocês! – ela parecia aliviada em nos encontrar, então lembrei que Percy devia ter alarmado todo o acampamento ao me procurar – Annabeth, onde você estava? Percy está super preocupado!

Minha vontade naquele momento era de derrubar aquela garota e dar uns bons cascudos naquela cabeça ruiva. Como ela conseguia olhar na minha cara com tanta naturalidade? Como ela conseguia ser tão falsa? Ela sabia que Percy mentia pra mim. Ela sabia de tudo que tinha se passado entre nós nas noites que passamos na cachoeira. E ela parecia achar aquilo super normal. Não transparecia ter um pingo de dor na consciência. E isso conseguia me irritar ainda mais.

- Clarisse tinha ido me mostrar o novo navio de guerra que estão construindo para o chalé de Ares – inventei aquela desculpa em tempo record. Torci para que Clarisse não me desmentisse quando vi que ela me lançava um olhar de estranheza.

- Ahhh sim... – disse Rachel que também devia ter estranhado muito aquela minha desculpa esfarrapada – Bom, então acho que você deveria procura-lo para que ele se tranquilize. Até mais garotas.

Ela saiu e eu mantive a minha cara fechada enquanto a olhava se afastar de nós. Clarisse seguia olhando-me com aquela cara confusa. Provavelmente ela não deve ter entendido nada. Eu respirei fundo e a encarei.

- Posso saber por que você mentiu?

- É ela. Ela é a pessoa pra quem Percy contou... O que não deveria ter contado a ninguém! – disse aquilo, pois precisava desabafar, não aguentava mais guardar aquilo só para mim – Eu nunca gostei muito da Rachel, mas agora ela conseguiu entrar para minha lista de inimigos.

- Então você tem uma lista de inimigos? – debochou-se ela.

- Não – respondi revirando os olhos enquanto ela ria – Mas acho que vou começar a montar uma a partir de hoje.

- Não se esqueça de me incluir nela, por favor! – ela falava bem sério.

- Pode deixar! – respondi com um sorriso amarelo.

- E o que pretende fazer em relação a ruiva intrometida?

- Como assim?

- Não pretende deixar que ela saia dessa ilesa, não é?

- O que você está sugerindo? Que eu tire satisfação com ela também?

- Não, até porque ela não é sua amiga e não te deve lealdade, ao contrário do mané do seu namorado. Mas isso não quer dizer que você não possa mostrar para ela que é melhor ela pensar duas vezes antes de se meter na sua vida de novo.

- Eu entendi mal ou você está me dizendo para aprontar alguma com ela?

- É exatamente isso que estou dizendo! – disse ela sem rodeios.

Era a segunda vez naquele dia que Clarisse me dizia para fazer uma coisa evidentemente má e errada, e eu considerava dar ouvidos a ela. A minha dor e meu sofrimento estavam se transformando em raiva. Eu me sentia realmente traída e feita de boba. Eu queria que eles pagassem pelo que fizeram. Queria que sentissem o mesmo que eu senti ao descobrir o que eles faziam as minhas costas. Clarisse havia conseguido plantar a semente da vingança em mim e não ia demorar nada para ela começar a desabrochar suas primeiras folhas.


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Notas finais do capítulo

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beijos ;**
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