Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 20
Capítulo 19 – Bronca


Notas iniciais do capítulo

Boa noite leitores amados! Tudo bem? ^^
Primeiramente quero agradecer a todos porque hoje a fic alcançou mais de 100 reviews! Muito obrigada a todos que estão lendo e acompanhando *-* E você que só lê e não comenta, obrigada também! ;)
Preparem-se porque o capítulo hoje está #tenso! D:



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Percy manteve a cara fechada durante todo o trajeto da praia até o acampamento. Não sabia se era pelo que Quíron poderia nos dizer, ou se era por causa da forma como Connor tinha olhado para mim. Provavelmente as duas coisas. Antes que fossemos buscar o centauro, porém nos separamos e cada um foi até seu chalé para poder tomar um banho e colocar uma roupa limpa.

Tentei não me prender muito àqueles últimos acontecimentos. Preferi ficar lembrando-me do dia maravilhoso que havia passado com meu namorado na praia. De cada momento em que estivemos abraçados, de cada beijo, cada sorriso, casa palavra. Eu poderia me acostumar com aquilo. Não me importaria nenhum pouco se todos os dias da minha vida fossem daquele jeito dali pra frente. Decidi deixar de viajar um pouco para terminar de me arrumar. Coloquei uma calça jeans, um tênis e a blusa laranja do acampamento. Fiz uma trança no cabeço e depois sai de meu chalé.

Tinha combinado de encontrar Percy no refeitório. Iriamos jantar e depois procurar Quíron para ver o que ele queria. Cheguei lá e não vi Percy em sua mesa nem em lugar algum do refeitório. Estranho, ele costumava chegar primeiro sempre que marcávamos de nos encontrar. Resolvi ir me adiantando e pegando minha comida. Mas antes que eu fizesse isso, alguém me parou no meio do caminho se colocando a minha frente. Era Connor Stoll. Dei um sorriso bem amarelo pra ele enquanto olhava o semblante de travesso que ele sempre mantinha.

– Srta. Annabeth Chase, boa noite. Acho que não tivemos o prazer de nos cumprimentar mais cedo – Enquanto ia falando ele pegou em minha mão e a foi levando até perto da boca. Deu um leve beijo nela depois sorriu.

– Boa noite – eu disse num tom cauteloso e com uma expressão de estranhamento. Soltei minha mão da dele logo que tive chance.

– Como tem andado? Sei que não nos falamos muito, mas eu sempre te admirei. É uma das melhores guerreiras que existem, com certeza.

Ele sorria enquanto falava com toda a confiança do mundo. Me sentia acanhada com todos aquele elogios. Não entendida a que se devia aquilo. De repente Connor queria ser meu amigo? Meus instintos, que estavam mais aguçados do que nunca naquelas últimas semanas, me diziam que não. Ele queria mais do que isso. Suas atitudes eram típicas de alguém que está interessado em algo além de amizade. Fiquei espantada com aquilo já que ele sabia muito bem que eu tinha namorado e que inclusive o conhecia e o considerava seu amigo.

– Obrigada Stoll, bom agora eu vou pegar algo para comer e...

– Espere – ele me segurou pelo braço quando eu fiz menção de tentar sair dali – Será que poderia te pedir uma coisa, se não for muito abuso.

– Depende do que vai pedir – dei uma risada curta e o som saiu fraco e com um toque de receio.

– Com certeza para você vai parecer bobagem, mas para mim é importante. Queria que me ajudasse com o treinamento de defesa. Eu sou péssimo nessa parte.

– Hmmmm – pensei que se ele estivesse tentando arrumar alguma desculpa para ficar perto de mim, ele tinha tido bastante criatividade. Simplesmente não tinha como eu recusar ajuda a ele – Claro, posso te ajudar com isso sim, sem problemas.

– Muito obrigada Annie, vou ficar te devendo essa! – e para completar, ele me deu um abraço totalmente inesperado. Nem consegui reagir direto.

Quando ele me soltou eu pude ver que alguém adentrava o refeitório. E como uma cruel trapaça do destino, esse alguém era Percy. Ele nos lançava um olhar assassino. Então tratei de me afastar de Connor o mais rápido possível.

– A gente se vê no treino então Connor, tchau!

Logo depois de dizer aquilo fui saindo, sem deixar ele responder. Caminhei rapidamente na direção de Percy. Cheguei bem perto e fui dar-lhe um selinho, mas ele virou o rosto na hora e acabei beijando seu rosto. Ele mantinha aquela expressão de ódio enquanto ainda olhava na direção de Connor.

– Oi meu amor, porque demorou? – tentei puxar algum assunto para fazê-lo se acalmar e voltar a si.

– Encontrei Nico no caminho e fiquei conversando com ele um tempo – ele respondeu com uma voz muito séria – O que estava falando com o Stoll?

– Nada de mais – respondi rapidamente percebendo a desconfiança em sua voz – Ele só estava me pedindo ajuda com umas coisas do treinamento.

– Ajuda com o treinamento, sei... – ele acentuou o tom sarcástico enquanto ria – Não quero você perto desse cara!

– E posso saber o por quê? – ele estava tendo um comportamento extremamente infantil. Muito diferente daquele Percy compreensivo de uns dias atrás. Eu não pensava aceitar aquilo de forma alguma.

– Porque ele não me inspira confiança. Acho que está querendo alguma coisa com você.

– E você acha que eu não percebi?

– Percebeu?

– Claro!

– E porque não deu um ‘passa-fora’ nele logo de uma vez?

– Primeiro porque ele ainda não fez nada de mais para que eu tivesse que dar o fora nele.

– Está esperando ele avançar mais para poder ter certeza? – Percy começava a me provocar o que já estava me deixando nervosa.

– Pode deixar que eu sei me defender sozinha.

– Eu sei Annie, você é muito boa de briga. Mas sabe que quando o assunto é ‘paquera’ você ainda é meio “inocente”. Como sabe que vai conseguir conter os avanços dele?

– Meus deuses! Não acredito no que estou ouvindo – nesse momento meus olhos começaram a marejar – não quero continuar essa discussão ridícula.

Virei-me para sair dali e dei de cara com Quíron. Ele nos olhava cauteloso, percebendo o clima de tensão que estava entre a gente.

– Annabeth, Percy, depois do jantar quero que se reúnam comigo na Casa Grande. Tenho um assunto muito importante para tratar com vocês.

– Tem que ser hoje? – tentei apelar. Não sabia se teria me acertado com Percy até lá.

– Claro que tem. E, por favor, não se atrasem.

No instante seguinte o centauro estava trotando para fora do refeitório. Nem me dei ao trabalho de olhar para trás para ver de novo a cara de Percy. Apenas segui em frente, peguei minha comida e fui me sentar à mesa do chalé de Atena ao lado de meus irmãos. Vi de longe quando Percy fez o mesmo, sentando-se sozinho a sua mesa. Alguns minutos depois Nico adentrou o local e foi se juntar a Percy. Fiquei satisfeita por ele não estar mais sozinho. Assim eu poderia continuar a ignorá-lo por mais tempo sem me sentir tão culpada.

O restante da noite seguiu normalmente. Oferecemos parte de nossa comida aos deuses e depois todos jantaram. Havia aquele ruído costumeiro de conversas por toda parte enquanto eu comia. Ou ao menos, tentava comer. Ainda estava muito chateada com o que Percy havia me dito. Tudo bem que ele devia estar com ciúmes de Connor. Agora eu não via nenhum motivo para ele ter falado daquele jeito comigo. Como se eu fosse uma menina boba que ia cair na lábia do primeiro que aparecesse. Eu podia não ser a pessoa mais experiente nesse assunto, mas ele ao menos podia confiar no amor que sinto por ele.

Pensar naquilo só me fez sentir ainda pior, então tentei focar minha mente em outra coisa. Lembrei-me de Rachel com o outro dos irmãos Stoll. Eles eram engraçados além de muito simpáticos. Em outras circunstâncias teria sido legal conhecer Connor melhor. Mas ele nunca tinha demonstrado o mínimo interesse em mim até então. E do nada vinha com aquela história de que precisava da minha ajuda. De onde tinha surgido esse interesse repentino dele na minha pessoa? Eu ia ter que descobrir, nem que eu precisasse dar uma de professora de defesa em combates.

O jantar terminou e todos foram para o lado de fora, onde seria feita a fogueira. Eu me adiantei para conseguir chegar logo a Casa Grande. Queria ouvir o que Quíron tinha a dizer de uma vez para poder sair o mais rápido possível dali. Subi os degraus até a varanda de entrada da casa. Me apoiei na cerca que havia ali e esperei. Infelizmente Percy chegou antes que Quíron aparecesse.

– Ann, está muito zangada comigo?

– Não – eu disse sem nem me dar ao trabalho de olhar em sua direção.

Nesse momento, para minha sorte, a porta de entrada da casa se abriu e Quíron saiu de lá em sua cadeira de rodas. Ele veio se aproximando vagarosamente de nós dois.

– Muito bem, aqui estão vocês – começou ele lançando um olhar de reprovação para nós dois – primeiramente quero perguntar-lhes onde passaram o dia todo hoje?

– Eu... nós dois... é que fomos só... – gaguejei tentando me explicar.

– A culpa foi toda minha Quíron. Eu convidei Annabeth para passar o dia na praia comigo, praticamente a obriguei a aceitar. Por isso matamos o treinamento hoje.

– Isso não é verdade, não me obrigou a ir a lugar nenhum.

– Certo, certo! – interrompeu-nos Quíron – Acho muito bonito que um queira proteger o outro, mas o fato é que os dois estão errados. Sabem que, apesar de esse ser um acampamento de férias, não podem fazer o que bem entenderem aqui. Vocês tem que levar a sério os treinamentos, nunca se está preparado o bastante para o que se pode enfrentar no futuro.

Ficamos calados enquanto o diretor do acampamento fazia seu discurso diplomático. No fundo ele tinha razão. A gente estava agindo como se não houvesse mais perigos no mundo real para enfrentarmos. Como se depois da Guerra dos Titãs, quiséssemos tirar um tempo de folga. Mas sabíamos muito bem que para semideuses não havia folga. Os monstros soltos por ai não nos dariam descanso nunca. Por isso abaixamos a cabeça e levamos a merecida bronca.

– Primeiro foi a ‘viajem’ ao fundo do mar que vocês dois tiveram que fazer no começo do verão – continuou Quíron – Agora, resolvem tirar um dia de descanso na praia enquanto os outros semideuses estão dando duro por aqui? Eu não quero que os novatos pensem que só porque vocês são veteranos, têm privilégios. Vocês têm é que ser o exemplo para eles.

– Nós sabemos disso Quíron – eu disse um tanto quanto envergonhada – Desculpe-nos por tal comportamento, não vai se repetir.

– Eu sei que sempre fui mais como um amigo do que como um professor para vocês. É por isso que tenho a confiança de chegar e dizer de uma vez o problema. Mas acho que já aprenderam a lição. Agora podem ir aos seus chalés.

– Quíron – disse Percy antes que o centauro nos desse as costas – Posso te perguntar o que foi que Nico veio falar com você ontem quando chegou?

– É... – ele parecia ponderar o que iria dizer – Não foi nada de mais, na hora certa vocês saberão. Agora vão dormir crianças!

Então ele deu as costas e entrou novamente na Casa azul. Percy olhou para mim segundos depois e eu me apressei em fugir dali. Dei-lhe as costas e fui descendo as escadas rapidamente. Alguns passos depois senti que ele me alcançava e segurava meu braço.

– Espera Annie, precisamos conversar.

– Não podemos, temos que ir para os chalés agora, não ouviu Quíron?

– Mas é que eu preciso te explicar...

– Depois Percy, agora não, por favor! – disse enquanto ia me afastando, dando alguns passos para trás, ainda estava de frente para ele – é melhor você ir também se não quiser ser comido por alguma harpia.

Entretanto, ele ainda ficou lá parado enquanto eu ia me afastando. Virei de costas para ele novamente e fui para o chalé de Atena à passos largos.



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Notas finais do capítulo

beijos, bom fim de semana a todos!
@SarahColins_
meu blog: http://triipe.blogspot.com.br/