Naquele dia à volta para casa foi mais estranha do que nunca. Uma dança de olhares tomava a viagem. Quando ele olhava ela desviava, quando ela o fazia, era a vez dele. Seria improvável afirmar que tocariam no assunto se estivessem a sós, mas com as duas irmãs presentes tudo ficou mais difícil. Provavelmente foi uma brincadeira da princesa. A realeza adora fazer joguinhos, mas ela está um pouco vermelha, não? Merda, eu não deveria ficar feliz com isso.
-Rukia, você está muito quieta hoje. Meu irmão te fez alguma coisa?
Conteve o engasgo. Um beijo contaria como alguma coisa? De canto fitou o ruivo que manteve a compostura. Em nada a pergunta o havia abalado. Talvez... Bem é isso mesmo! Por que ele estaria? Diversas vezes mostrou sua apatia por mim e eu... Eu não acredito que disse aquilo. Acho que até mesmo eu me enganei. É foi isso, eu me enganei. Um cara bonito isso eu tenho que admitir. que geralmente é rude comigo, foi gentil e me deu o meu... O meu PRIMEIRO BEIJO... Eu simplesmente reagi àquilo. E da pior maneira possível, sou mesmo uma princesa? Oras, tenho que concertar isso.
-Não Yuzu, eu só estou pensando no jantar que realizaremos daqui a uns dias. Vossa Majestade até mandou polir os talheres mais caros. Deve ser alguém muito importante.
-Uau! Um jantar da realeza. Fico imaginando todos aqueles vestidos e princesas... Deve ser um sonho!
-Contenha-se Yuzu. Sua baba tá escorrendo.
-Ah Karin, mas imagina não seria legal? Você com aqueles vestidos cheios de laços e babados? Quem sabe não encontra o seu príncipe lá? - Só de imaginar-se vestida de tal forma sentiu um calafrio, mas teve que concordar que seria legal ir numa coisa assim.
-Não é tão legal assim como vocês pensam. É um tédio total.
-Ichigo como você sabe?
-Ah é, só tem gente careta nesses jantares não? Cheios de regras e essas coisas. Isso não faz o meu estilo.
-Não faz não é mesmo? Mas que droga eu estava pensando? Rukia pensava cabisbaixa, coisa que não passou despercebido pelo ruivo que só pode cerrar os punhos.
-Ei Rukia, é chato assim mesmo? Karin perguntou.
-Já sei, tive uma ideia. Porque vocês não veem com os seus próprios olhos? Se vocês forem não será tão chato. O que acham?
-Podemos? Podemos mesmo? receberam um aceno de cabeça em sinal positivo.
-Chamarei também Orihime. Prometi a ela que a levaria no castelo qualquer dia desses. Hmm acho que vou chamar todos da turma.
-Todos? Legal irmão, você mais também!
-Não! Eu não vou.

(...)

A noite já havia chegado e era muito bom senti-la acomodando-se em seus braços para escapar do frio. Estava feliz somente com isso. Sabia que assim que ela acordasse levaria um sermão, mas acho que isso não tem problema agora. Abraçou-a.
-Grimmjow, o que pensa que está fazendo?
-Te aquecendo. Não mereço um obrigado?
-Acho que o efeito da bebida já passou pelo jeito. Posso saber por que o imbecil não me acordou?
-Você parecia tão calma embaixo de mim e é tão raro você parecer um anjo...
-Ah cala boca! tentou se levantar, mas não pôde. Dá para me soltar?
- Ei falou próximo ao ouvido dela Isso não te lembra a nossa primeira vez?
-Você ainda se lembra disso? Seria melhor eu ter escolhido outro. Mas você sabe o motivo de ter acontecido entre nós.
-Você gostava de um cara que já tinha experiência e não queria passar vergonha.
-Se lembra disso eu não preciso dizer que...
-O que importa é que a sua primeira foi minha. Sua ultima também será.
-Se quiser sonhar...
-Eu melhorei muito desde aquela época.
-Eu sei. A quantidade de garotas que frequentam esse quarto é a prova.
Ele relaxa os músculos deixando folga para ela se mover. Senna se vira e ficam de rostos próximos.
-Grimm eu preciso de ajuda para conquistar o Kurosaki. Quero que você fique amigo dele e descubra do que ele gosta.
-Eu não vou com a cara dele, mas eu farei alguma coisa a respeito, mas em troca eu quero uma recompensa adiantada. - Puxou-a mais para perto e prendeu-a com as pernas. Quero que durma comigo.
-que espécie de recompensa é essa?
-Awanami... Eu te amo. Ela não parecia surpresa.
-Eu sei... Agora me solta que eu tenho que ir. não teve resposta Ei, não acredito que você já dormiu. Ela se remexia acorda. Não é possível tá mais pesado do que antes. Está fazendo de propósito! Grimmjow! Grimmjow revirou os olhos tá! Já entendi. A recompensa é dormir com você. Pelo menos fica direito para eu dormir bem. Ele a puxa ajeitando-a em seu peito fazendo dele travesseiro. A garota se aconchega e fecha os olhos Grimm, seu idiota diz antes de adormecer. Ele apenas sorrir. como se qualquer outra garota frequentasse aquele quarto...

(...)

Quem dera que se deveras linda e tão bela perfumada flor
Deslumbrasse o orvalho o âmago imaginário de um beija-flor.
Mas se de longe te admiro, tanto é o meu deslize que caio em dor...
Se fosse eu o orvalho toca-lhe ia com o meu amor?

FLAP FLAP FLAP FLAP ouviu o som de tímidas palmas.
-Ishida-san! O que está fazendo aqui? Quando chegou? Você me ouviu?
-Quantas perguntas Inoue-san. Mas, sim. Eu ouvi você. Declamas muito bem. Quem é o autor?
-Na verdade fui eu quem escreveu Isshida-san.
-Que surpresa. É uma artista.
-Não, não, não é para tanto. Disse meio envergonhada.
-Não precisa ser tão modesta. Uma flor deve aceitar ser acariciada pelo orvalho, não?
-S-sim... Ah, Isshida-san, quando começaremos com os treinos para o festival de inverno? Eu não consegui pensar em nada para a nossa apresentação. Você sabe, não? Cada apresentação deve contar uma história.
-Que tal a Princesa Rosa? Conhece?
-A lenda que conta porque das rosas terem espinhos?
-Sim. Uma princesa deusa tinha inúmeros poderes e uma beleza incomparável, um dia um homem encantado por ela a prendeu em seu castelo. A princesa teve uma filha e aos poucos seus poderes foram esvaindo-se já que não podia mais ficar na forma de rosa e ela implorou para que o homem a libertasse e a sua filha, mas ele não o fez. Um dia ela conseguiu escapar do castelo, mas a menina estava muito doente, e para que a morte não lhe tomasse precocemente usou de suas ultimas forças para transferir vitalidade para sua criança. A menina sobreviveu e a Princesa voltou à forma original de rosa, sem poderes, mas com espinhos para que ninguém jamais a capturasse.
-Que história triste! Mas ela fez de tudo pela filha. Porque pensou nessa história?
-Porque eu já conheci uma Princesa Rosa.
-Hmm?
-Bom Inoue-san, eu já vou indo.
-Ah sim, eu o acompanho até a porta e... Ei, Isshida-san, porque vieste até aqui?
-Er... Ah, sim! Eu vim pegar um livro.
-Um livro? Qual?
-É... Você diz qual... Era... Qual era mesmo? Ah, O Canto dos Rouxinóis.
-É uma pena, mas não devolveram esse ainda.
-Não tem problema, eu pego ele outra hora.
-Isshida-san gosta mesmo de ler, já terminaste com o livro que pegaste ontem.
-É... Bem eu já vou indo. Até mais ver Inoue-san.
Saiu esbaforido deixando a menina confusa.

-Sempre bom ver um rapaz que gosta de ler. a figura rustica saiu não se sabe de onde.
-O que desejas Urahara-san?
-Não precisa ser tão formal comigo, Isshida-kun.
-Então, liga logo o que quer aqui.
-Só conhecendo a cidade e as pessoas... Quer dizer então que conheceu uma Princesa Rosa? Não sabia que era Conhecido da Senhora Kurosaki.
-Tsc!
-então eu acertei? Foi apenas um chute. Mas realmente ela fez de tudo pelo filho, uma mulher incomparável não?
-Não foi para isso que você veio até aqui...
-Realmente, mas as moças daqui são mesmo muito belas. Não faz mal se eu ler um pouco... E calma, calma, não precisa fazer essa cara, não tocarei na sua rosa. Afinal, eu já tenho uma e bem espinhenta.
-Eu já vou indo. Com sua licença.
-Ei Uryuu, vai começar amanhã?
-Uryuu? Que intimidade... E o que vai começar amanhã?
-A seleção.

(...)

-Obrigado por nos trazer até aqui, princesa.
-Irmão, não precisa ser tão formal.
-Rukia, amanhã é o nosso aniversário. Se quiser aparecer para comemorar conosco ficaríamos bem felizes.
-Yuzu, não chame a princesa para lugares que ele não quer frequentar.
-Rukia, não quer comemorar conosco?
-Claro que sim Yuzu. Eu adoraria.
-Bem você já sabe o caminho da nossa casa, então apareça.
-Pode deixar, até. Boa noite meninas, Ichigo.
-Boa noite.
A carruagem partiu e as meninas estavam alegres pelo dia que se seguiria, porém, Ichigo toucou o ombro das duas que festejavam. Ele estava com um olhar muito sério.
-Ei meninas, me digam como é que ela já sabe o caminho da nossa casa?