Eu já estava sem esperanças. Eu tinha três dias para arranjar um lugar para morar por um preço razoável ou então teria que me mudar junto com meus pais de volta para Kentucky. E foi ai que eu vi aquele anuncio. Eu estava passeando pelos corredores da universidade de artes, pensando que talvez eu não tivesse muito tempo por ali, e acabei dando de cara com um pequeno papelzinho grudado no canto do painel de recados que havia no corredor.

“Procura-se por colega de apartamento, de preferencia do sexo feminino. Ligar para: 7854 883827. Eleanor.”

Com pressa, tirei meu celular do bolso e disquei o número, impaciente ao ter que esperar uns 10 segundos para ser atendida.

“Alô?” A voz, que eu imaginei ser de Eleanor, falou do outro lado.

– Eleanor? – Eu perguntei animada, acredito que ela achou que eu a conhecesse por estar falando desse modo.

"Sim, quem é?" Ela perguntou meio confusa.

– É a Lola! Você não me conhece – Eu soltei uma risada e escutei um “ah” – Eu vi o seu anuncio, do apartamento e tal.

"Está interessada?" Eu ia responder com um sim, mas ela continuou "Claro, por que mais estaria ligando, não? Que idiotice a minha." Ela riu "O apartamento é de bom tamanho, se é isso o que quer saber, eu diria que é o bastante para duas garotas."

– Isso não importa tanto assim, eu estou desesperada – Eu andava em círculos de tamanha felicidade, e não conseguia tirar um sorriso da cara. – Eu só queria saber o preço e o local pois preciso fechar acordo o mais cedo possivel, talvez a gente pudesse se encontrar em algum lugar para resolver isso, o que você acha?

Ela acabou sugerindo uma Starbucks próxima daqui, e disse que me encontraria lá em trinta minutos. Eu rapidamente coloquei meu casaco e saí apressada, apertando-o contra o corpo com uma mão enquanto a outra segurava o guarda chuva, pois chovia bastante lá fora.

Eu cheguei à Starbucks e soltei um suspiro quando o ar quente do ambiente entrou em contato com a minha pele depois de eu tirar o casaco. Eu havia acabado de fazer meu pedido quando eu vi uma garota alta e de cabelos pretos entrar pela porta e parecer procurar algo pelo lugar. Acho que ela logo descobriu que era eu, pois éramos as únicas no lugar, fora um casal e as pessoas que trabalhavam lá, claro.

– Lola? – Ela perguntou com um sorriso, sentando se à minha frente sem nem esperar uma resposta.

– Oi – Eu sorri timidamente.

Passei as próximas duas horas falando sobre como havia ido parar ali. Como meu pai havia sido transferido para Londres três anos atrás, fazendo com que toda a minha família se mudasse para cá, como eu havia conseguido uma bolsa para estudar em Camberwell e que agora meus pais haviam resolvido voltar para Kentucky, me dando duas opções: 1 – Voltar com eles para lá, abandonando tudo o que eu consegui por aqui. 2 – Arranjar um apartamento no prazo de uma semana por um bom preço, que seria bancado por eles, mas arranjar também um emprego para me sustentar em qualquer custo adicional.

Ela me disse que o apartamento tinha duas suítes, um banheiro, sala de estar e de jantar e cozinha. O preço era ótimo, e a localização melhor ainda, não ficava nem há dez minutos dali, ou seja: perto da universidade.

Em dois dias eu já havia me mudado para o apartamento. Estava animada e ao mesmo tempo com medo, pois agora estava certo de que eu não voltaria para Kentucky com meus pais, e eu não sabia se estava preparada para ficar tão longe deles.