Culminância. escrita por LittleR


Capítulo 1
Juntando os pedaços.




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"I let it fall, my heart

And as it fell, you rose to claim it

It was dark and I was over

Until you kissed my lips and you saved me"



Escuridão...

Escuridão...

... Escuridão


Eu deveria estar acostumado, eu deveria estar...E como se fosse aumentada em muitas vezes a agonia veio, me sufocando, causando um sôfrego aperto no peito. Meus pulmões inflam, meu corpo treme de desespero, meu corpo reage. Meu corpo está reagindo.

Um,

Dois,

Três.

Controlando toda dor e desespero dominante sobre meu corpo, reunindo forças, tentei abrir meus olhos, em vão.

Mais uma vez, mais uma vez. Mentalizei.

 Meus cílios pareciam colados e pesados, a escuridão me cercava, a agonia era mais forte e aumentava a cada tentativa frustrada.

Mais uma vez, Sasuke, mais uma vez.

Aos poucos eles pareciam descolar e minha visão estava sendo tomada por uma luz intensa e tão incômoda quanto à escuridão, mas agora em um aspecto físico. Voltei a fechá-los, porém apertando-os e consequentemente franzindo as pálpebras, pisquei incontavelmente até, pouco a pouco, ir acostumando-me com a luminosidade. 

Como meus cílios, meus lábios pareciam estar colados, mas não foi uma tarefa tão árdua assim descolá-los. Umedeci-os com a ponta da língua enquanto tentava formular os borrões de cores a minha frente. Minha visão era opaca e distorcida, mas ainda sim consegui identificar algumas coisas, como alguém do meu lado esquerdo vestido de branco e do meu lado direito estava... Ela.

 Sakura, com seus inconfundíveis cabelos rosa.

- Saaak-u... - minha voz falhava e eu ansiava pelo controle do meu corpo de volta. - Saakur-aaa...

Eu ainda não tinha nítida percepção a minha volta, apenas ouvi seu gemido surpreso e depois seus soluços. Logo após disso uma luz - mais forte do que a primeira vez em que abri os olhos - estava sobre eles de novo, trazendo consigo todo o desconforto.

-

-

-

-

O ranger e balançar da cama, consequência do meu pulo assustado sobre a cama, a despertou. Minha respiração estava descompassada e minha testa banhada de suor. Procurei um ponto fixo e tentava controlar minha exasperação. Vi sua silhueta se virar e acender o abajur. Seus olhos verdes e preocupados miravam-me intensamente.

Sutilmente, suas mãos alcançaram meu ombro esquerdo, meu corpo ainda tremia e eu continuei parado, sem reação, tentando apagar definitivamente esse pesadelo da minha mente traiçoeira.

Absorto, não a vi se aproximando, passando as pernas ao meu redor e ficando cara-a-cara, suas mãos mornas e aconchegantes passeavam pelo meu rosto, finalmente meu corpo se estabilizou e meus ombros caíram. Ela saiu por um breve momento, me deixando curioso e voltou depois de um breve momento com um lenço, secando meu rosto e voltando sua posição anterior, sobre mim.

- Era a escuridão, novamente? - sua voz era branda.

- O vermelho e depois a escuridão. Eu... - não tinha fim essa frase.

Ela me calou, mesmo sabendo que eu não falaria mais nada. Seus lábios pousaram sobre os meus, me aquecendo por completo. Sua mão estava sobre minha nuca, acariciando meus cabelos. Minhas mãos tomaram seu rosto, eu tomei sua boca, faminto; minha língua ávida tomou a sua. Eu a tomei pra mim, pra sempre.

Meus longos dedos transitavam entre seu rosto e pescoço, ainda a beijando. Meus lábios logo foram substituindo meus dedos que desciam a extensão do seu pescoço e minhas mãos já se encontravam em sua cintura fazendo ali uma leve pressão. Voltei meus beijos para sua face e vi seu olhar estreito, sua boa entreaberta e inchada, tão convidativa. Subitamente troquei nossas posições, colocando-a abaixo de mim, enquanto ainda a admirava. Retirei minha mão direita do encaixe de sua cintura, ajeitei uma mecha de seu cabelo - que insistente, caía sobre a face - para trás da orelha e permaneceu ali, numa mínima tentativa de carinho. 

Seus olhos brilhavam e então de novo, eu já não sabia mais o que fazer, era tudo muito novo.

E fiz o que sempre fazia pra calar o turbilhão de emoções dentro de mim, tomei seus lábios, reprimindo todo medo que sentia naquele momento. Era ela, simplesmente ela. Estava lá naquele campo de batalhas coberto pelo vermelho, era ela que estava lá também quando despertei da escuridão. Sempre seria ela. 

Todos que eu queria pra sempre, se foram. 

Esmaguei todos meus pensamentos enquanto mergulhava no cheiro de seu pescoço, beijando e arrancando arrepios e gemidos baixos dela. Minha mão direita estava ocupada descendo a alça de sua blusa, enquanto a esquerda estava entrelaçada com seus dedos.

Eu a tomei de corpo, eu a fiz minha de novo e de novo, e de novo.

Minha...

-

-

-

08h20min da manhã e nós estávamos fazendo nosso desjejum em silêncio. Ela aprendera a não se incomodar com este fato e se tornara algo até aconchegante para nós. Apenas o barulho dos utensílios era ouvido, ela me olhava de uma forma diferente, travessa e receosa. Meu olhar se voltou pra ela curioso e então abaixou a cabeça, ignorando.

Sakura trabalha no hospital e era raro estarmos fazendo desjejum juntos, aproveitei o máximo que pude com ela ali, ao meu lado. Era seu dia de folga e surpreendentemente o meu também, já que a academia estava em recesso e não haveria aulas, um ótimo descanso para esse sensei comunitário.

Após o café da manha, segui para sala me acomodando sobre o sofá e ajeitando alguns relatórios, eu nunca, em hipótese alguma, me imaginei trabalhando na academia como um sensei, porém eu não iria reclamar, era uma condição para me aceitarem de volta a vila e também não é permanente.

Quando estava quase no fim de toda aquela pilha de papéis, as mãos cálidas de Sakura me surpreenderam, tampando meus olhos. Toquei gentilmente nelas, retirando-as e trazendo-a para minha frente e lá estava novamente aquele olhar.

Fiz um sinal com a cabeça, incentivando-a a falar.

- Hoje você não vai trabalhar Sasuke-kun - disse em voz baixa e risonha - Eu tenho uma surpresa pra você.

- Que surpresa?

- Se é surpresa, não se pode contar, não é mesmo?

Estreitei meu olhar, a intimidando, nada. Não adiantou.

- Eu tenho outra opção a não ser concordar? - ela negou com a cabeça.


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Notas finais do capítulo

Bom,decidi começar a postar aqui as versões longas das minhas histórias. "Longas", essa fic só contém quatro capítulos e ainda não está terminada, porém, já tenho a maioria escrito. Espero que gostem do primeiro capítulo para continuarem acompanhando =)
É uma pequena continuação de um drabble que está no meu perfil, se a história não for suficientemente clara.