Caixa De Bombons escrita por Hoshino Yume


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Típico de minhas fics, história curta e objetiva. Não tem lemon, como sempre, e é meio romântica demais, como de costume. Mas aqui está, espero que gostem.



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Todos os dias, um garoto ia à confeitaria de meus pais e comprava um bombom de sabor diferente, com o olhar apaixonado e sempre sorrindo radiante. Parecia a pessoa mais feliz do mundo enquanto escolhia o sabor, o que me fez pensar no quão bom seria ter alguém assim, que me amasse e pensasse sempre em mim.

Sem perceber, comecei a reparar em cada detalhe seu: os cabelos e olhos castanhos, estatura baixa, as pintas em seu rosto, a franja jogada para a esquerda, os braços finos, marcas de roupa favoritas e que ainda era bem jovem, provavelmente um colegial.

Meus olhos sempre se dirigiam a ele, independente do número de clientes na loja. Quando ouvi sua voz pela primeira vez, pensei no quão doce ela era. Por fim, como se fosse a coisa mais normal do mundo, apaixonei-me pelo garoto sem sequer saber seu nome... Apesar de ambos sermos do mesmo sexo.

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Numa certa manhã de segunda-feira dos meus 19 anos, faria exatamente um mês desde que o vi pela primeira vez. Acordei totalmente disposto a saber o nome do garoto, e sem sequer notar, arrumei melhor meu cabelo e passei mais perfume que o normal; estava ansioso, e meu coração batia tão rápido que eu mal podia acreditar.

Eu sabia que meu amor não seria correspondido, afinal, ele já tinha uma namorada. Mesmo assim, eu não podia mais aguentar tudo sem fazer nada e abandonar essa pequena paixão sem sequer tentado fazer com que ela desse certo. Eu ainda era jovem, ainda teria muito tempo pela frente. Se não desse certo, eu provavelmente poderia tentar outra vez, com outra pessoa.

O expediente logo começou e assim que deu 13h ele apareceu. Estava diferente do normal, porém. Seus olhos se encontravam vazios e apenas observava os bombons sem qualquer expressão. Respirei fundo e após muita relutância, fui até o garoto.

– Posso ajudá-lo?

Percebi seus olhos marejados. Estava prestes a chorar e, por impulso, abracei-o. Foi então que deixou todos os seus sentimentos saírem junto com suas lágrimas, que caíam sem parar.

– Todos os dias... Todos mesmos, eu vinha aqui e comprava alguns bombons. Eu amava escolhê-los e ver o quão feliz ele ficava... Era algo mágico, fruto de nosso amor. Mas sabe, nem tudo dura para sempre. Hoje mesmo, ele confessou que iria se casar. Com uma mulher! É tudo culpa minha, por que eu nasci homem?

Ouvi todo seu desabafo silenciosamente e, por todo esse tempo, continuamos abraçados. Talvez, o melhor a fazer era dizer tudo a um estranho, afinal, era algo difícil de ser confessado a alguém conhecido.

Por sorte, a loja estava vazia e meus pais se encontravam na cozinha produzindo seus maravilhosos doces. Eu apenas acariciava seus cabelos e ele continuava chorando desesperadamente. Por alguns minutos, o mundo parecia ter parado, até que ouço a porta abrir.

– Henry! O que faz abraçado nesse funcionário? – disse um loiro que acabara de entrar na loja.

Ele se afasta rapidamente de mim e olha para o dono da voz, limpando seu rosto com a manga de sua blusa. Era, certamente, o motivo de suas lágrimas.

– Desculpe-me pelo inconveniente – se dirigiu a mim, se desprendendo de meus braços. – Por que está aqui? Não ia se casar?! – gritou.

– Eu gostaria apenas que me perdoasse! Saiba que eu realmente te amei, mas não teríamos um futuro juntos! Meu sonho sempre foi ter um filho, e achei alguém que pode me dar um...

– Isso tudo porque não sou uma garota? Se eu fosse uma, me amaria? É isso? Não sou alguém digno de ser apresentado aos seus pais? Vá embora, por favor!

– Eu... Eu sinto muito... – disse por fim, antes de deixar a loja.

Após alguns instantes, desabou de joelhos no chão. Estava tudo acabado, afinal. Henry esperava que, ao menos, o outro fosse mais insistente. Mas não, ele simplesmente fora embora, sem sequer negar o que o moreno falara.

– Acho que eu realmente sou novo demais... Sou um idiota por tê-lo amado tanto...

– Ele não merecia seu amor – falei. – Porque ele não deve ter realmente te amado, já que te trocou por uma mulher.

– É, parece. Aliás, por que está me consolando? Eu mal sei o seu nome – disse sorrindo, apesar dos olhos vermelhos.

– Eu te observava todos os dias. Parecia tão feliz quando comprava os bombons. Eu notei que cada dia escolhia um sabor diferente, mas costumava repetir principalmente o sabor morango – ri.

– Sim, era o favorito dele – fechou os olhos e sentiu certa nostalgia. – E eu também adoro morango. Mas ainda não me disse o seu nome.

– Nicholas. Espero que mesmo que não compre mais bombons àquele homem, continue frequentando a loja. É um prazer tê-lo aqui... – suspirei fundo. – Eu te amo.

Henry apenas sorriu a mim, um pouco assustado com a confissão, e levantou-se. Acenou e saiu da loja. Logo a porta se abriria novamente e um cliente chegaria.

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Um mês passara-se e o garoto não voltara novamente. Eu já entrava em desespero, pensando todos os dias no dito cujo. Observava a porta da loja abrindo-se e fechando-se, mas nada de Henry.

– Hora do almoço – minha mãe avisou. – Pode fechar a loja, às 13h abriremos novamente. Seu pai e eu iremos sair e comprar alguns ingredientes que faltam, já que aquele ajudante faltou hoje. Estava doente, coitado.

– Sim, mamãe. Podem ir tranquilos, eu tomo conta de tudo.

Assim que eles saíram pela porta dos fundos e deixaram-me sozinho, sentei-me no banco atrás do balcão e mantive meu olhar perdido em direção à porta. Fechei os olhos por alguns instantes e quando os abri, lá estava Henry. Sorri e ele sorriu de volta.

– Uma caixa de bombons, por favor. Coloque um de cada sabor – chegou a mim e colocou sua mala sobre o balcão.

– Sim. Mais alguma coisa? – perguntei enquanto preparava uma caixa de papelão.

– Você – corou. – Eu pensei muito nessas últimas semanas, decidi que alguém como você é muito melhor. Gostaria de conhecer-te cada vez mais e ser amado pela sua pessoa. Afinal de contas, sinto que possamos ter um futuro juntos – disse com a cabeça baixa pela vergonha. – Você foi gentil quando precisei e sequer tentou se aproveitar de mim quando eu estava mal. Durante esse tempo que não apareci, você não saiu da minha cabeça. Eu passava pela loja e te observava, sem ter coragem de entrar, e notei o quão dedicado é. Acho que é a pessoa ideal para mim. Desculpe a demora, eu ainda sou imaturo, estou no 2º ano do colegial, mas prometo que crescerei rápido. Espero que me aceite, apesar de ter demorado tanto tempo para perceber isso.

Abracei-o carinhosamente e assim que o soltei, coloquei minha mão em seu pescoço e lentamente aproximei-me de seu rosto, beijando seus lábios. Eram doces e macios, como o esperado.

– Obrigado por retornar. É um prazer tê-lo em nossa loja novamente – falei por fim.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro avisem. Se gostou, odiou, não sentiu nada ou qualquer que tenha sido sua reação, mandem reviews com sua opinião ;;