Paixão Pós-morte escrita por RoBerTA


Capítulo 9
Por que a razão não pode ser irracional?


Notas iniciais do capítulo

Então, esse também é bem curtinho, mas amanhã vou postar um bem grandinho, afinal, é sexta, e sábado não tenho aula :D
E eu gosto de reviews uú



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Manuela parece feliz, por algum motivo desconhecido. E eu, fico pensando sobre minha mais recente descoberta. Sim, estou com fortes sentimentos sobre alguém que nem ao menos esta viva. Eu não poderia pedir mais. Depois das nossas confissões, eu entrei em um atrito interno. Praticamente fugi dela. Nada másculo, eu sei, mas estava assustado. E então em um acordo silencioso, decidimos ir ao cemitério, e agora aqui estou eu.

Sabe quando você esta com aquela sensação de que perdeu alguma coisa? Pois é, eu estava sentindo exatamente isso, até que olho para o lado, e adivinha? Ela não estava mais ali. Mais por impulso do que por pressentimento, olhei para trás e a vi lá, parada com a expressão de espanto.

- Que foi Manu?

O que quer que tenha deixando-a naquele estado, pareceu insignificante quando sua atenção se voltou para mim. Um misto de sentimentos cruzavam sua face.

-Do que você me chamou?

Olhei incerto para ela. Manuela é muito extenso, e eu queria chama-la de uma forma especial. Será que ela não gostou?

-Desculpe, eu nã...

No outro instante já estava a minha frente, retomando a caminhada, mas mesmo sem ver, eu sabia que havia um sorriso escondido atrás daquele fogo chamado cabelo.

-Eu gosto, Lipe.

Foi impossível não sorri feito um bobo, e que a verdade seja dita, era exatamente isso que eu era.

Corri para alcança-la, pensando que não fazia sentido Manu me deixar para trás, sendo que o motivo de ter vindo caminhando é para me fazer companhia, caso contrário, ela poderia muito bem ter feito uso de seus superpoderes.

-O que você viu lá trás?

Começa a remexer na bainha do vestido, e parece nervosa com alguma coisa. Ou alguém.

-Se lembra do Peter que te falei? –fico feliz ao perceber que dessa vez ela não cora—Acho que você viu ele. É um loiro alto, olhos cor areia? –quem se refere a uma cor de olhos como ‘cor areia’? Manu, aparentemente. Pensando melhor, acho que vi esse talzinho sim. Tudo bem que ele tem uns musculuzinhos lá, mas não são grandes coisas. Já vi de melhor. –Então, ele tava tomando um sorvete com a Lauren –ela praticamente cuspiu a palavra.

-Você odeia ela, né?

Que pergunta mais esplendida. Palmas para mim.

-É tão obvio assim? –ela sorri irônica para mim. Nesse momento quase sou atropelado por uma bicicleta.  Ela espera eu me recuperar do meu choque que provavelmente vai apresentar sequelas daqui de alguns anos. Meu Deus, desde quando tenho pensamentos assim? Desde que eu a conheci, obviamente.

-Nem, se eu não tivesse prestado atenção, nem teria notado toda essa afeição que você tem por ela.

-Ok, chega disso que daqui dum pouco cabeças vão rola.

O pior é que ela tem razão.

Quando menos percebo, estamos diante do cemitério local. Acho que é assim que o chamam, tanto faz. Sabe o que me faz mais infeliz? O fato do cemitério parecer uma praça para passar as tardes em família. Ele não parece com nada do que deveria parecer. É colorido, cheio de flores coloridas e bancos também. Cadê as caveiras? Os túmulos lascados? O aspecto assustador?

-Eu sempre gostei daqui.

-Você é maluca, isso sim. Mas quem fez isso –fiz um gesto abrangendo todo o lugar—é bem mais.

-Deixa de ser chato. É um lugar muito agradável, eu pessoalmente fico feliz de estar aqui, no duplo sentido.

De repente sinto um tremor. Penso que seu corpo, no qual nunca conheci e jamais conhecerei, está aqui, em algum lugar. Enterrado.

-Vamo! Não fica aí parado feito um poste! Você já é esquisitão demais sem fazer esquisitices.

Agradeço mentalmente, e atravesso o enorme portão, esmagando uma formiga sem querer.

-Você sabe onde tá?

Ela deu de ombros.

-Vamo procura, tipo uma caça ao tesouro.

-Será que não estão em ordem alfabética?

Tudo bem, eu admito, dessa vez eu exagerei, mas Manu só rolou os olhos e se dirigiu a uma parte mais afastada do cemitério. Em silencio, a segui. Conforme ia prosseguindo, o cenário mudava. Tudo ainda era perfeitinho, mas as cores iam perdendo intensidade, ficando desbotadas, até tudo ficar branco. Havíamos chegado aos túmulos.

Eram de diferentes formas e variavam de um branco até um tom não muito escuro de cinza. As flores eram todas brancas, e tudo era ordenado, nada fora de lugar.

Ficamos parados olhando. Ambos fascinados, ela recordando, e eu conhecendo.

-Você procura por ali, que e vou tentar achar aqui.

Credo, que mandona. Quando me afastei, indo na direção que ela apontou, senti aquela sensação de perda novamente, mas dessa vez não olhei para trás.

Fiquei andando sem rumo, pensando em quantas histórias estavam enterradas ali, em quantos finais sem fim estavam ali. Senti uma atração inexplicável em direção a um tumulo simples, branco com uma rosa vermelha em cima. Chegando perto o suficiente, percebi que a flor não era o único ponto de cor ali. Uma foto descansava sob a lapide, e eu conhecia muito bem quem estava sorrindo nela. Era a mesma foto que vi no pé da escada. A que me fez ficar com a boca escancarada.

-Achei.

Falei não muito alto. Quem sabe se não tem outro alguém por aqui.

Levei um susto quando senti aquele friozinho. Manu apareceu onde instantes antes não havia nada. Ela se ajoelhou e pôs as mãos sob a lápide, onde havia seu nome. Parecia em transe com os olhos fechados, e
minha parte irracional queria toca-la, apesar da parte racional dizer não ser possível. Por que a vida tem que ser tão injusta?


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