Capítulo 8

Depois de explicarmos tudo a Jeremy e de levá-los à casa das bruxas, voltámos para casa do Damon.

-Ainda estás em choque?

-Um pouco, mas mil anos de experiência dizem tudo: já vi tudo, já quase nada me parece novidade, mas isto… ele tornou-se frio, racionalista, obcecado. Não gosto deste Niklaus.

-É o que temos no momento. Ou tens-me a mim – disse ele e sorriu de lado. (N.B: Completamente típico de Damon! )

-És um bom passatempo, mas ambos sabemos que nunca irá passar disso. Agora o meu objetivo é outro.

-E qual é?

-Vou proteger Elena dele – decidi. – Aquele não é, definitivamente, o Nik que eu conheci. A partir de agora, farei o possível e o impossível para ele não lhe tocar num fio de cabelo.

-E porque deveria acreditar em ti?

-Porque estou a dizer a verdade. Nik mudou e eu também. Ao longo dos anos tenho-o observado, mas ele acabou de elevar tudo a outro nível. E como não gosto do jogo que ele está a fazer, vou mudar-me para o outro lado da equipa. (N.B: Uhh. Samantha vai entrar em acção!!)

-E quanto ao amor que sentes por ele? Sim, porque apesar de tudo, eu sei que é possível vampiros amarem.

Sorri para ele.

-Eu sei que sabes muito bem, até por experiência própria. Amor também é fazer ver as pessoas que elas estão erradas, e Niklaus está errado. Vou fazê-lo ver isso, mudando-me para a outra equipa. Elena é uma inocente no meio de isto tudo, e há maneira de ela não morrer.

-Como sabes?

Damon abriu a porta de casa e Elena correu para nós.

-O que lhe fizeste?

-Por favor, acalma-a – falou Damon para Stefan.

-Não fales como se não estivesse mesmo à tua frente.

-Por favor, acalma-te.

-Sabias, não sabias? Tu sabias que se ela canalizasse todo aquele poder ela ia morrer, não sabias?

-Sim. Sim, sabia – respondeu Damon muito calmo.

-Ah! – exclamou Elena e deu-lhe um estalo na cara.

-Elena, acalma-te e ouve-nos – pedi.

-Precisas de me ouvir, e preparar-te para o que estou prestes a dizer. Bonnie tinha que morrer. Klaus a usar o corpo de Alaric foi uma surpresa total, ela não estava preparada para isso! E ele não ia parar, e nós não o conseguiríamos parar até ele saber que ela estava morta. Ele tinha que acreditar! Ela usou um feitiço.

-Bonnie está bem, Elena – completei.

A pura dor que havia no olhar de Elena passou para alívio e felicidade. Damon subiu para o quarto dele, mas eu fiquei ali em baixo com Elena.

-Elena, quero que saibas que eu não fazia ideia que ele ia fazer uma coisa destas – falei. – O Niklaus que conheci não era tão vingativo e tão frio. Lamento muito. Eu juro que não sabia de nada disto!

-Eu acredito em ti, Samantha – disse Elena, para meu alívio. – Mas tens que perceber que ainda não posso confiar em ti.

Stefan passou por nós os dois, indo em direção a Damon.

-Eu sei Elena, mas espero um dia possas. E há algo que eu quero eu saibas: eu fiquei profundamente desiludida com ele, e percebi que toda aquela frieza que eu antes pensava que ele tinha, era vingança e ganância. E isso eu não entendo, porque eu nunca pensei assim e ele não era assim antes de se ter transformado. Por isso, a partir de agora, eu estou ás tuas ordens. Só te peço uma coisa: quando a altura chegar, e acredita, vai chegar, deixa-me estar lá para o trazer de volta à razão. Irei embora com ele, e nunca mais serás incomodada.

-Mas eu vou morrer.

-Elijah sabia algumas coisas sobre isso – falei num tom mais baixo e aproximei-me dela. – Mas eu posso falar com Bonnie e alguns bruxos que eu conheço. Pode demorar um pouco mais de tempo, mas irá resultar, tenho a certeza que sim. Boa noite, Elena.

Subi para o quarto de hóspedes que eles me tinham oferecido, tomei um banho e mudei de roupa. Deitei-me na cama e apaguei as luzes, olhando a luz da lua minguante na janela e apreciei aquele momento.

Já se tinham passado várias horas, e como não conseguia dormir, resolvi levantar-me e ir comer alguma coisa. Alguma coisa que seja suculento e bom para o meu organismo, ou seja, sangue.

Incrivelmente, a porta da cave estava aberta. Andei devagar esperando que não fosse nenhuma visita inesperada. A porta que guardava o corpo de Elijah estava aberta. Espreitei lá para dentro, e Elena estava com a adaga na mão, a dormir.

-Elena – chamei baixinho.

Ela acordou, surpreendida por me ver ali.

-Que estás a fazer?

-Tu disseste que ele sabe de soluções para não morrer, mas também disseste que já não sabias do que Klaus era capaz de fazer. Ele sabe.

Acenei com a cabeça e sentei-me ao lado dela.

-Elijah conhece-o bastante bem. Eu… nem por isso. Há algumas semanas atrás diria que sim, mas agora… - comecei a desabafar. – Nunca pensei que ele fizesse algo deste género. Eu sei que quebrar a maldição é o mais importante para ele, mas matar tantas pessoas para chegar até ti… Acho que neste momento tenho medo dele.

-Porquê?

-Porque se calhar ele já não me ama. Da mesma forma que eu o amo. Eu esperei muito tempo, Elena. Quando ele se transformou, eu pedi a Kol para me transformar e assim fez. Eu queria passar a eternidade com ele, estar ao lado dele, mas Nik… desapareceu com Rebekah e Elijah. Por muito tempo tentei procurá-los, assim como a minha melhor amiga, Bridget, mas não os encontrei. Depois, encontrei-os em 1492, que foi também a época em que conheci Katerina. Falámos, divertimo-nos, Bridget apareceu e éramos perfeitos. Fazíamos tudo juntos. Mas então, quando vi as suas verdadeiras intenções, e vi que Elijah estava encantado por Katerina, fugi com Bridget. Ambas estivemos mal e por muito tempo não os procurámos. Éramos só nós as duas, as melhores amigas invencíveis. Até ao dia em que ela disse que se ia embora, que queria fazer outras coisas, conhecer outras culturas, e eu queria ficar pela Europa. Nos anos 20, ela voltou a contactar-me: Niklaus estava em Chicago, e o seu melhor amigo era o Estripador de Monterrey. Fui até lá, mas… uma coisa muito má aconteceu e ele fugiu de mim. Vim-me embora, e entretanto reencontrei Katerina. Ficámos amigas, e as duas queríamos distância de Niklaus. Ela contou-me algumas coisas engraçadas sobre o seu passado e divertimo-nos muito. Mas Katerina, apesar de amiga não é leal aos seus, e um dia foi-se embora. E agora, aqui estou eu, com medo de Niklaus, sentindo-me uma inútil.

-Lamento imenso.

Sorri fraco.

-Não lamentes. Eu não. Ser a segunda da linhagem é muito bom, mete respeito aos mais novos.

Rimos as duas baixinho e de repente Elijah começou a mover-se. Contorceu-se de uma maneira nada elegante e nós rodeámo-lo.

-Está a acordar – falei e ele abriu os olhos.

-Katerina – disse ele, olhando para Elena.

-Elijah, sou eu, Elena. E Samantha.

Ele olhou para mim, ainda aturdido.

-Samantha – falou ele. – Meu Deus.

Ele deixou cair a cabeça no chão e fechou os olhos.

-Isto é normal, segundo ouvi falar – disse para Elena. – Eles acordam confusos.

Ele virou-se para Elena e ela aninhou-se toda na pedra. Ele levantou-se e eu amparei-o.

-Não consigo… Não consigo respirar – disse ele, com dificuldade em falar.

-Ele não foi convidado – afirmei para Elena.

Ele fugiu dos meus braços e bateu na parede. Acompanhei-o, com Elena no meu encalço. Na nossa velocidade que os humanos não conseguiam atingir, ele saiu de casa e eu fui atrás.

-O que estás aqui a fazer? – perguntou ele, apertando o meu pescoço com força e prensando-me na parede, elevando-me do chão, de maneira a não poder respirar.

-Elijah… - falei e tentei libertar-me dele, mas ele era demasiado forte.

Ele desviou o olhar de mim e fixou-se em Elena. Avançou para ela, deixando-me escorregar até ao chão, mas foi parado, porque não podia entrar em casa. Arfei por ar e massajei o pescoço.

-O que aconteceu? – perguntou ele, furioso. Elena apontou para o ouvido e depois para o andar de cima.

-Eu conto-te, mas não aqui. Posso confiar em ti?

-Posso confiar em ti? – perguntou ele, devolvendo a pergunta.

Elena respirou fundo e entregou-lhe a adaga. Ele guardou-a no fato e olhou para mim.

-O que estás a fazer aqui?

-Eu conto-te. Vou com vocês. Só preciso de mudar de roupa, assim como Elena.

-Eu espero – disse ele e deixou-me entrar em casa.

©AnaTheresaC