Capítulo 20

-Vou ser sincero contigo – falou Klaus, quando eu voltei de torturar mais um pouco Ray. – Não acredito em nada do que o Stefan faz. Ele ainda está ligado à sua vida em Mystic Falls.

-Eu sei. Mas ao menos ele está a fazer tudo o que tu pedes – disse e bebi um gole do meu gin.

-Sim, ao menos isso.

Klaus levantou-se e pegou em três setas, molhou-as em wolfsbane e atirou a Ray. Os gritos dele já eram roucos, mas mesmo assim era bastante audíveis.

-Eu conto, eu conto! – rugiu Ray finalmente, e eu tomei atenção. – Eles vão estar na Smoky Mountain na próxima lua cheia.

Ele desprendeu-o e atirou-o para cima da mesa de snooker.

-OK, existem três passos neste processo – explicou Klaus, rondando a mesa, enquanto Ray ofegava. – Este é primeiro: quero que bebas do meu pulso.

-Já te disse onde eles vão estar. O que mais queres de mim? – indagou ele, parecendo derrotado. Tive um pouco de pena dele, mas era o que Klaus queria, e eu jamais me atreveria a ir contra os desejos dele.

-Tens prestado atenção a cada palavra que tenho dito, Ray? – falou Klaus e tirou do bolso das calças uma navalha e encostou-a ameaçadoramente à cara do lobisomem. – Tenho grandes planos para ti.

Cortou o pulso e isso fez-me impressão. Fiz cara feia e desviei o olhar para o meu gin, mas nem por isso deixei de ouvir.

-Vais agradecer-me mais tarde – falou Klaus enquanto eu ouvia Ray a engolir o sangue de Klaus. – Aí vamos nós! Bom menino!

Tocaram-me no ombro, e eu levantei os olhos. Era Stefan.

-Tudo bem?

Acenei com a cabeça, não encontrando a voz, devido ao nó que tinha na garganta. Apontei para Klaus e Ray.

-O vais fazer agora? – indagou Ray.

-Esse é o passo número dois, Ray – respondeu Klaus e partiu o pescoço a Ray. Levantei-me da cadeira, não acreditando no que ele tinha feito. Abri a boca num grande O e os meus olhos arregalaram-se.

Stefan manteve a mão no meu ombro, e pressionou-a com força, impedindo-me de me aproximar deles os dois. Klaus olhou para nós os dois, e não ficou muito feliz por ver Stefan a tocar-me.

-Voltaste – disse ele, vindo até nós.

-Duvidaste de mim?

-Nem por um segundo. Sabia que passarias no teste, porque sei que ainda te importas com o teu irmão e com a tua antiga vida.

-Não me importo mais com nada.

-És bastante convincente, Stefan – disse Klaus. – Quase acreditei. Para o bem do teu irmão, é bom que ele tenha acreditado.

Klaus aproximou o rosto do de Stefan, tanto que os narizes dos dois quase se tocavam. Eu fiquei apenas a assistir, ainda sem reação.

-Nunca paraste de te importar com a família, não é? Mas cada vez que te alimentas, o sangue ajuda-te a esquecer.

Stefan não respondeu, apenas saiu furioso do bar. Klaus fitou-me e colocou as suas mãos no meu rosto.

-Não fiques assim, sweetheart. Sabes que é um mal necessário.

-E quantos mais males necessários serão precisos para levar a tua a avante? Porque eu sei que apesar de ter um passado bastante negro, não aguentarei o que fazes.

-Sim, aguentas, e sabes porquê? Porque tu foste feita para mim. (N.B: A mim parece-me que ele a fez para ele…)

-Não sou tua escrava ou amante, Klaus.

Ele pareceu confuso e limpou com o polegar uma lágrima de fúria que desceu para a minha cara.

-Eu nunca disse isso, Samantha. Tu és perfeita para mim porque eu também te amo.

Abraçou-me com força e depositou um beijo no topo da minha cabeça.

-Então, por favor, não faças isto à minha frente.

-Shhhhhh – disse ele. – Prometo que me vou tentar controlar, sim? Pelo menos à tua frente.

Acenei com a cabeça.

-Eu amo-te.

-Eu também, minha Samantha – disse ele.

©AnaTheresaC